Você está na página 1de 77

CAPÍTULO 2

Intemperismo e Formação dos Solos

Disciplina: Introdução à
EEC-UFG
Geotecnia
1. INTRODUÇÃO

ROCHA

INTEMPERISMO SOLO

2
2. INTEMPERISMO

 Conjunto de processos que ocasionam a


desintegração (ação física) e a
decomposição (ação química) das rochas e
dos minerais por ação de agentes
atmosféricos e biológicos;
 Também conhecido como Meteorização;
3
2. INTEMPERISMO (cont.)

“Não existe rocha alguma que possa escapar


à sua ação. Até mesmo uma rocha tão
resistente como o granito, quando sujeita por
muito tempo à ação do intemperismo, chega
a desfazer-se entre os dedos.” (CHIOSSI)

4
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Maior importância: destruição das rochas


para originar solos, sedimentos e rochas
sedimentares;
 Produto final:
– Regolito ou manto de decomposição;
– Recobre a rocha inalterada, com espessura
variando de alguns centímetros até dezenas de
metros.
5
2. INTEMPERISMO (cont.)
(LEPSCH, 2002)

6
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Benefícios econômicos:
– Concentração de minérios ou minerais úteis
(ouro, platina, pedras preciosas, etc.);
– Formação de depósitos enriquecidos.
 Intemperismo x Erosão:
– Intemperismo: fenômeno de alteração das rochas
executado por agentes essencialmente imóveis;
– Erosão: remoção e transporte por meio de
7 agentes móveis (água e vento).
PERFIL DE INTEMPERISMO

MARANGON (2005)

Solo
2

Rocha
fraturada

Rocha

8 1 Desintegração da rocha 2 Decomposição química


(LEPSCH, 2002)

9
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Fases do intemperismo:
– Física:
 Ruptura da rocha (fendas) que evolui para partículas de
menores tamanhos;
 No entanto, não há mudança na sua composição;
 Agentes: variação da temperatura, congelamento de
água, etc.

10
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Fases do intemperismo (cont.):


– Química:
 Circulação de água e agentes químicos pelas fendas;

 Esse material em contato direto com diversos minerais,

gera a alteração da composição;

 Agentes: hidrólise, oxidação, carbonatação, etc.

11
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Fatores que influem no intemperismo:


– Clima:
 Regiões áridas ou geladas: ação mais intensa de

agentes físicos (nordeste do Brasil);

 Regiões úmidas e quentes: ação mais intensa dos

agentes químicos (centro sul do Brasil).

12
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Fatores que influem no intemperismo (cont.):


– Topografia:
 Regiões de aclive (elevada): a ação da gravidade
favorece a remoção da camada de solo que protege a
rocha da ação das intempéries;
 Regiões com cadeias montanhosas: barragem de
correntes de ar que influenciam na ação da precipitação

13 (chuvas).
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Fatores que influem no intemperismo (cont.):


– Tipo de rocha:
 As rochas apresentam resistência diferenciadas quanto

ao ataque físico e químico;

 Assim, um ou outro tipo de rocha apresentará maior ou

menor facilidade de sofrer a ação do intemperismo.

14
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Fatores que influem no intemperismo (cont.):


– Vegetação:
 A fixação do solo por meio das raízes da vegetação

contribui para que a camada superficial não seja

removida, protegendo a rocha da ação do

intemperismo.

15
2. INTEMPERISMO (cont.)
(LEPSCH, 2002)

16
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo físico:

17 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo físico (cont.):

18 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo físico (cont.):

19 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo físico (cont.):

20 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico:
– Água pura: inerte, não reagindo com a maioria
dos minerais;
– Água + substâncias dissolvidas (ácidos, sais,
nitratos, óxidos, produtos orgânicos) = ataque
aos minerais.

21
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

22 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

23 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

24 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

25 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

(LEPSCH, 2002)

26
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

27 (LEPSCH, 2002)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

28 MARANGON (2005)
2. INTEMPERISMO (cont.)

 Intemperismo químico (cont.):

29 MARANGON (2005)
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS

 Conceitos:

30
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Conceitos (cont.):

31
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Conceitos (cont.):

32
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição:
– Processo físico-químico de fragmentação e
decomposição das rochas, transporte e evolução
pedogênica;

– Pedo = solo;

– Gênese = geração, criação, formação.


33
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição (cont.):


– 1º Estágio - Expansão e contração térmica,
alternadas das rochas sãs:
 Fraturamento mecânico;
 Percolação de água e crescimento de raízes de plantas
nas fissuras das rochas;
 Surgem grandes blocos e pequenos fragmentos.

34
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição (cont.):


– 2º Estágio - Alteração química das espécies
minerais:
 Ataque pela água acidulada, ácidos orgânicos,
oxidação...
 Decomposição química, transformando os fragmentos
em argilas e areias.

35
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição (cont.):


– 3º Estágio – Transporte por agentes para locais
diferentes ao da transformação:
 Pode ocorrer ou não;
 Formação dos solos transportados ou sedimentares.

36
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição (cont.):


– 4º Estágio – Evolução pedogênica:
 Processos físico-químicos e biológicos;
 Lixiviação do horizonte superficial com concentração de
partículas coloidais (menores) no horizonte profundo;
 Ocorre impregnação do horizonte superficial com
húmus (matéria orgânica).

37
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição (cont.):

38
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Origem e constituição (cont.):

39
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo:
(LEPSCH, 2002)

40
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Constituintes minerais:
 Remanescentes da rocha de origem (minerais primários
ou originais);
 Produtos secundários, decompostos ou recompostos
depois do intemperismo (minerais secundários ou
pedogênicos).

41
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Matéria orgânica:
 Adição de restos de origem vegetal ou animal;
 Húmus  mineralização  liberação de alguns
nutrientes minerais para as plantas;
 Semelhante ao processo de intemperismo;
 Comum no horizonte A;
 Ciclo do carbono ou ciclo da vida;

42
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

(LEPSCH, 2002)

43
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Matéria orgânica (cont.):
 A matéria orgânica “pura” não tem aplicação direta na
engenharia;
 No entanto, algumas substâncias provenientes da
decomposição podem servir de “cimento” na formação
dos agregados do solo;
 Isto pode gerar melhorias em algumas propriedades dos
solos (permeabilidade, porosidade, retenção de água...).
44
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Água:
 O solo pode reter água;
 De acordo com o conteúdo e a natureza da retenção,
tem-se: solo molhado, úmido ou seco;
 Solo molhado ou saturado todos os poros estão
preenchidos com água e o ar está praticamente
ausente  água gravidativa (infiltra no solo sob a ação
da gravidade);
45
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Água (cont.):
 Solo úmido  ar nos macroporos ( > 0,05 mm) e água
nos microporos ( < 0,05 mm)  tubos capilares 
água capilar (fica retida no solo com tal força que se
mantém por mais tempo nos poros, mesmo contra a
ação da gravidade);
 Solo seco  película de água extremamente fina
localizada ao redor das partículas coloidais  água
46 higroscópica;
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Água (cont.):
(LEPSCH, 2002)

47
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Água (cont.):
 Nem todos os solos têm a mesma capacidade de
armazenar água;
 Isto depende de algumas características como:
– Textura;
– Tipo de solo (areia, argila...);
– Estrutura;
– Presença de matéria orgânica.
48
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Água (cont.):
 Como a quantidade de água presente no solo pode ser
quantificada?
 Determinação do teor de umidade.

49
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Componentes do solo (cont.):


– Ar:
 Situa-se tanto entre os agregados (macroporos) como
entre partículas unitárias de argila e silte (microporos);
 Pode estar livre (em forma de espaços vazios) ou
subdividido em pequenas bolhas dissolvidas na água;
 À medida que o volume de água aumenta, o volume de
ar decresce;
50  Solo saturado x solo não saturado.
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Classificação dos solos:


– Coleta de amostras;
– Realização de ensaios
de caracterização (laboratório):
 Massa específica dos grãos; Mecânica dos
 Glanulometria;
Solos I
 Limite de liquidez;
 Limite de plasticidade.

51
– Sistemas de classificação dos solos.
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas:
– Raramente um solo é constituído de uma única
granulometria;
– Tipos:
 Pedregulho ou cascalho;
 Areia (grossa, média e fina);
 Silte;
 Argila.
52
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Escala Internacional:

Pedregulho Areia Grossa Areia Fina Silte Argila


2 mm 0,2 mm 0,02 mm 0,002 mm

– Escala da ABNT:
Pedregulho Areia Grossa Areia Média Areia Fina Silte Argila
5 mm 2 mm 0,4 mm 0,05 mm 0,005 mm

53
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações:
 Cascalho e areia:
– São quimicamente inertes;
– Não se decompõem na presença de água;
– Constituem o “esqueleto” mineral do solo;
– A maior parte são minerais primários (quartzo, mica, zircão,
turmalina, magnetita, ilmenita, feldspatos...);
– Podem ocorrer alguns minerais secundários: concreções ou
nódulos de óxido de ferro e partículas de sílica amorfa.
54
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações:

(LEPSCH, 2002)

55
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações:
 Argila:
– Ao contrário da areia, é bastante ativa quimicamente;
– Isto ocorre devido ao pequeno tamanho de suas
partículas;
– Propriedades coloidais: afinidade pela água e por
elementos químicos nela dissolvidos;
– Isto é função da vasta superfície específica e da
existência de cargas elétricas nesta superfície;
56
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):
 Argila (cont.):
– A superfície específica é bastante subdividida, sendo que as
partículas individuais só podem ser vistas no MEV;
– Normalmente, as partículas se apresentam no formato de
plaquetas compostas por lâminas extremamente finas;
– Quando as lâminas estão fortemente ligadas  superfície
externa ativa e superfície interna inativa;
– Quando as lâminas estão fracamente ligadas  a área entre
as lâminas também fica ativa (aumento da superfície
57 específica);
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):
 Argila (cont.):

(LEPSCH, 2002)

58
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):
 Argila (cont.):

59 (LEPSCH, 2002)
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações:
 Argila: constituída de pequenos minerais cristalinos
(minerais argílicos), existindo 3 grupos principais:
– Caolinitas;
– Montmorilonitas;
– Ilitas.

60
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):
Alumínio
Silício

Unidades mineralógicas
61
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):

Só a superfície externa é exposta  menos ativa


62 1 g de caolinita  superfície de 5 a 20 m2
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):

63
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):

As superfícies interna e externa são expostas  mais ativa;


1 g de montmorilonita  superfície de até 800 m2;
Grande superfície interna  expandem muito quando umedecidas;
Capacidade de absorver grande quantidade de moléculas de água e
de cátions trocáveis;
Argilas expansíveis ou de alta atividade.

64
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características das frações (cont.):

65
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características de alguns solos:
 Solo argiloso:
– Coesivo (atração das partículas; interação físico-química);
– A coesão é a propriedade responsável pela resistência à
ruptura do solo;
– Comportamento plástico.

66
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características de alguns solos:
 Solo siltoso:
– Pouca ou nenhuma plasticidade;
– Quando seco ao ar, o torrão de silte pode ser desfeito
com bastante facilidade.

67
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Escalas granulométricas (cont.):


– Características de alguns solos:
 Solo arenoso:
– Não tem coesão;
– O atrito é responsável pela resistência;
– O comportamento depende apenas da granulometria.

68
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos:

69
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Residual:
 Permanece no local em que se deu a transformação da
rocha;
 Conforme a zona de intensidade de intemperismo, é
subdividido em horizontes;

70
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Residual (cont.):

71
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Transportado:
 Quando o produto de alteração é transportado por um
agente qualquer para um local diferente ao da
transformação;
 Tipos:
– Coluvial: gravidade;
– Aluvial: água;
– Eólico: vento.
72
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Transportado (cont.):

73
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Transportado (cont.):

74
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Transportado (cont.):

75
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Orgânico:
 Impregnação de matéria orgânica em sedimentos pré-
existentes (húmus);
 Ou transformação carbonífera de materiais (turfas);
 Solos de cor escura encontrados nas baixadas
litorâneas ou nas várzeas dos rios interioranos.

76
3. FORMAÇÃO DOS SOLOS (cont.)

 Formação geológica dos solos (cont.):


– Solo Pedogênico:
 Origem na evolução pedogênica;
 Destaque - solos lateríticos:
– Recobrem extensas zonas do Brasil;
– Importância técnica em obras geotécnicas.

77

Você também pode gostar