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“A Bíblia não é a história de Abraão,

de Moisés, de Davi…
É a história de DEUS!“
A BÍBLIA
A BÍBLIA E A CULTURA O Testemunho
“Porque daéprópria
a palavra de Deus viva e eficaz,Bíblia
e mais
penetrante do que qualquer espada de dois gumes,
Jo 10:35
e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das
A Bíblia é CULTURAL Joe medulas,
juntas 14:17e é apta para discernir os
A Bíblia é SUPRACULTURAL pensamentos e intenções do coração” 
Jo 17:17(Hebreus 4:12)
A Bíblia é MULTICULTURAL Mt 5:17,18
A Bíblia é INTERCULTURAL Sl 12:6
A Bíblia é TRANSCULTURAL Sl 119.......
A Bíblia é CONTRACULTURAL
Septuaginta  - séculos III a.C. a I a.C.
é a versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego coiné, em Alexandria. Dentre outras tantas,
é a mais antiga tradução da bíblia hebraica para o grego, pelo tempo de Alexandre, o Grande.

Os manuscritos Originais – século I


Os manuscritos mais antigos - os papiros: séculos II-III
Os Unciais: séculos IV-VIII
Escritos em letras maiúsculas (322)

AS Os Minúsculos: séculos IX-XVI


FONTES
Um Novo Testamento minúsculo é uma cópia de uma porção do Novo Testamento escrito em grego cursivo
(desenvolvido do Uncial). Muitos dos minúsculos foram escritos em pergaminhos.

O Textus Receptus de Erasmo(1516) e Elzevirs (1633)


Receptus é a denominação dada a uma série de textos do Novo Testamento em grego 
impressos do século XVI ao XIX, que serviu de base para diversas traduções da Bíblia.
Dentre a primeira edição de Erasmo em 1516 e a edição dos Elzevirs em 1633, há uma diferença de cerca de 300
palavras em 140.000 que compõem o Novo Testamento.

A Vulgata Latina
No sentido corrente, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV início do século
V, por  Jerónimo, a pedido do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã Católica e ainda é muito
respeitada.
Equivalência formal
•King James Fiel AS TRADUÇÕES BÍBLICAS
•Almeida Corrigida Fiel
•Almeida Revista e Corrigida
•Almeida Revisada Segundo os Melhores Textos
•Novo Testamento de Fridolin Janzen

Equilíbrio entre equivalência formal e


dinâmica
•Almeida Revista e Atualizada
•Almeida Edição Contemporânea
•Almeida Século 21
•Tradução Ecumênica da Bíblia

•Equivalência dinâmica
•Bíblia de Jerusalém
•Bíblia do Peregrino
•Nova Versão Internacional

•Paráfrase
•Nova Tradução na Linguagem de Hoje
•Bíblia Viva
•Bíblia A Mensagem
Trabalho de Conclusão de Curso
BÍBLIA... INERRANTE E INFALÍVEL!!

OPINIÕES CONTRÁRIAS
As seguintes opiniões contrárias à inerrância da Bíblia devem ser
refutadas após a leitura do texto acima.

1. INERRÂNCIA é uma ideia nova na história do Cristianismo!


2. INERRÂNCIA é uma ideia literalista e não muito inteligente!
3. INERRÂNCIA não é ensinada pela própria Bíblia!
4. INERRÂNCIA vai contra a própria Bíblia que contem erros!
Papas Durante o Duração do
Nº Concílio Local e designação Concílio Temas principais

Os convertidos do paganismo (novos


cristãos) isentos de algumas práticas da
1 São Pedro Jerusalém Outono de 51 lei mosaica, como a circuncisão. Ver 
Controvérsia da circuncisão

Examina a questão da data da Páscoa,


celebrada diferentemente no Oriente e
2 São Vítor I Concílio (Sínodo) de 197 no Ocidente. Ver 
Roma
Controvérsia da Páscoa.
Cipriano, bispo de Cartago, reúne 87
3 Santo Estevão I Concílio (Sínodo) de 256 bispos africanos. Discutem o Cisma
Cartago novaciano.
Reúne 19 bispos e 24 presbíteros da
4 Sede Vacante Concílio (Sínodo) de 306 península Ibérica. Decretam o celibato
Elvira  do clero.
Convocado em Arles, 33 bispos
5 São Silvestre I Concílio de Arles 314 africanos, na tentativa de evitar o 
Cisma donatista
N.º Papas Durante o Local e designação Duração do Temas principais
Concílio Concílio
20 de maio a Primeiro a reunir a Cristandade. Condena o Arianismo como heresia e exila Ário. Reconhece
1.º São Silvestre I Niceia I 25 de julho de 325 como dogma a igualdade de natureza entre o Pai e o Filho. Compõe o Credo Niceno.
Reconhece como dogma a natureza divina do Espírito Santo no 
Credo niceno-constantinopolitano, que se recita na missa. Estabelece que o 
2.º São Dâmaso I Constantinopla I maio a julho de 381 bispo de Constantinopla receberá as honras logo após o de Roma. Define o cânon bíblico e
reconfirma, a Bíblia declarada como verdadeira tinha 73 livros, mais firmemente no 
Sínodo de Hipona.
Reconhece como dogma a unidade de pessoa do Verbo Eterno com o corpo e a alma
3.º São Celestino I Éfeso 22 de junho a encarnados de Cristo. Condena o Nestorianismo como heresia e proclama a maternidade divina
17 de julho de 431 da Virgem Maria.
A Igreja Assíria do Oriente não reconhece este concílio e nenhum dos posteriores.
8 de outubro a Condenação do monofisismo. Reconhece como dogma a unidade das duas naturezas,
completas e perfeitas em Jesus Cristo, humana e divina. É escrita a carta dogmática "
4.º São Leão I, Magno Calcedónia 1 de novembro de 
Tomo a Flaviano" pelo Papa Leão I.
451 As Igrejas ortodoxas orientais não reconhecem este concílio e nenhum dos posteriores.
5 de maio a Condena os ensinamentos de Orígenes e outros. Condena os documentos semi-nestorianos
5.º Papa Vigílio Constantinopla II
2 de junho de 553  designados Os Três Capítulos.
7 de novembro de 
Santo Agatão e 680 a Reconhece como dogma que em Cristo há duas vontades, uma divina e outra humana. Condena
6.º São Leão II Constantinopla III 16 de setembro de  o monotelismo.
681
24 de setembro a
7.º Papa Adriano I Niceia II 23 de outubro de 787 Reconhece a licitude da veneração de imagens (ícones). Condena os iconoclastas.
5 de outubro de 869 a Condenação e deposição de Fócio, patriarca de Constantinopla. Encerra temporariamente o
8.º Papa Adriano II Constantinopla IV 28 de fevereiro de 870 primeiro Cisma Oriental.
18 de março a
9.º Papa Calisto II Latrão I Encerra a Questão das investiduras. Independência da Igreja perante o poder temporal.
6 de abril de 1123
Torna obrigatório o celibato para o clero na Igreja Ocidental. Fim do cisma do 
10.º Papa Inocêncio II Latrão II abril de 1139 Antipapa Anacleto II
Normas para a eleição do Papa (maioria de 2/3) e da nomeação de bispos (idade mínima de 30
11.º Papa Alexandre III Latrão III março de 1179
anos). Excomungam-se os barões que, na França, apoiavam os Cátaros.
11 de novembro a
Determina que todo o cristão, chegado ao uso da razão, é obrigado a receber a Confissão e a Eucaristia na
12.º Papa Inocêncio III Latrão IV 30 de novembro de  Páscoa. Condenação dos Albigenses, Maniqueístas e Valdenses. Definição de transubstanciação.
1215
28 de junho a
13.º Papa Inocêncio IV Lião I 17 de julho de 1245 Deposição do imperador Frederico II.
7 de maio a Tentativa de reconciliação com a Igreja Ortodoxa. Regulamentação do conclave para a eleição papal. Cruzada
14.º Beato Gregório X Lião II
17 de julho de 1274  para libertar Jerusalém. Institui o conceito de Purgatório.
16 de outubro de 1311
Supressão dos Templários. Discute-se a questão dos bordéis de Roma e a nomeação de um 
15.º Papa Clemente V Vienne  a
6 de maio de 1312 arcebispo em Pequim, na China.

16.º
Papa Gregório XII e Constança 5 de outubro de 1414 a Extingue o Grande Cisma do Ocidente. Condenação de John Wycliffe, de Jan Hus e de Jerônimo de Praga.
Papa Martinho V 22 de abril de 1418 Eleição do Papa Martinho V.
Sanciona o cânon católico (relação oficial dos livros da Bíblia), tenta nova união com as Igrejas orientais 
17.º Papa Eugênio IV Basileia-Ferrara-Flore 1431-1432 ortodoxas. Reconhecimento no romano pontífice de poderes sobre a Igreja Universal. Ratifica a figura do 
nça Purgatório.

18.º
Papa Júlio II e Latrão V
10 de maio de 1512 a
Papa Leão X 16 de março de 1517 Condenação do concílio cismático de Pisa (1409-1411) e do conciliarismo. Reforma da Igreja.
Papa Paulo III,  13 de dezembro Reforma geral da Igreja, sobretudo por causa do protestantismo. Confirmação
Papa Júlio III,  de 1545 a
19.º Papa Marcelo II,  Trento 4 de dezembro de  dogmática dos sete sacramentos, principalmente dos dogmas eucarísticos. Decreta
Papa Paulo IV e  a versão da Vulgata como autêntica.
Papa Pio IV 1563
8 de dezembro de 1869 Reforça a ortodoxia estabelecida no Concílio de Trento. Condena o Racionalismo, o Naturalismo e o 
20.º Beato Pio IX Vaticano I  a Modernismo. Reconhece como dogmas o Primado do Papa e a infalibilidade papal na definição expressa de
18 de julho de 1870 doutrinas de fé e de costumes.

Abertura ao mundo moderno. Reforma da Liturgia. Constituição e pastoral da Igreja, Revelação divina, 


liberdade religiosa, novo ecumenismo (mais aberto em comparação ao modo tradicional de ecumenismo, como
São João XXIII e 11 de outubro de 1962 mostra a Encíclica Mortalium Animos, de Pio XI), apostolado dos leigos. O Concílio gerou polêmicas por não ser
21.º Vaticano II  a um Concílio dogmático, embora a obediência à igreja não esteja restrita a questões dogmáticas. Os 
São Paulo VI 8 de dezembro de 1965 tradicionalistas alegam que o Concílio Vaticano II rompe de modo herético com a Tradição católica. A 
Missa Tridentina foi substituída pela Missa do Vaticano II e as conferências episcopais abandonaram a língua
latina e o Canto Gregoriano. O modo como os outos sacramentos são celebrados também teve mudanças.
PAPIROS, PERGAMINHOS, ROLOS, TÁBUAS E CÓDICES
A História das Traduções
da Bíblia
Principais Versões
Os Massoretas
Os massoretas ou massoréticos eram escribas judeus que se dedicaram a preservar e cuidar
das escrituras que atualmente constituem o Antigo Testamento. O Texto Massorético foi
preservado pelos massoretas em meados do século VI, um grupo de escribas Judeus de
renome que tinham como objetivo preservar fielmente os textos que eles consideravam ser
divinamente inspirados.
Esse texto foi usado para compor a Bíblia Hebraica e posteriormente como fonte de
tradução para outros idiomas, inclusive para o português, realizada pelos católicos e também
pelos protestantes, inclusive para as traduções de João Ferreira de Almeida.

Semíticas Versões Siríacas


1.Pentateuco Samaritano (cerca de 597-586 a.C)
1.Peshitta "a versão simples" (Aramaico)
2.Targuns (hebraico -> aramaico, século II aC)
2.Filoxênia (Filóxeno, bispo de Mabugue 508
3.Targum de Jônatas Bem Uzziel d.C.)
Principais Versões
Versões Latinas Versões Gregas:
1.Antiga Versão Latina
1.Septuaginta (“dos 70” – LXX)
2.Versão Ítala
2.Versão de Áquila
3.Versão Revisão de Jerônimo
3.Versão de Teodocião
4.Versão Vulgata
4.Versão de Símaco
5.Héxapla ("sêxtuplo") de Orígenes
Versões Orientais
1.Versão Egípcia ou Cóptica Versões Européias
2.Versão Gótica
3.Versão Armênia 1. Versões Alemãs
4.Versão Georgiana 2. Versões Inglesas
5.Versão Eslavônica
6.Versão Etíope
80% DO MUNDO
PREFERE APRENDER
POR MEIOS VISUAIS E
ORAIS. ESTA É A
GRANDE CHAVE PARA
A EVANGELIZAÇÃO. RECURSOS
PRÁTICOS PARA
AVANÇAR A
GRANDE COMISSÃO
“Cada vez mais missionários, executivos de missão, pastores e plantadores de
igrejas transculturais estão percebendo e reconhecendo que o Movimento de
Oralidade é transformacional no nosso tempo. 

De fato, alguns reconhecem que a Oralidade está a mudar o rosto das missões e
que é um dos maiores avanços dos últimos 500 anos.

O Movimento de Oralidade procura redescobrir as formas mais eficazes que as


pessoas usam desde o início dos tempos para aprender, comunicar e processar
informação.

Foi assim que o evangelho se espalhou por todo o mundo habitado no século I,
antes da rádio, televisão, imprensa e outros recursos tecnológicos modernos.

Também procura compreender melhor as diferentes visões do mundo e os


sistemas de valores culturais das sociedades orais, e apreciar comparativamente
grupos orais relacionais e comunais e comunicadores de preferência oral.”
“Oitenta porcento da população mundial prefere se comunicar oralmente,
pessoas de todas as origens e com os mais diversos níveis de educação,
primordialmente usa, palavras faladas em vez de escritas para receber, processar,
lembrar e repassar informações.  Enquanto alguns dependem da comunicação
oral por necessidade, outros simplesmente preferem formas de comunicação
não-textuais.

A Rede Internacional de Oralidade (ION, em inglês) é uma rede temática do


Movimento de Lausanne, uma afiliação de agências organizações trabalhando
juntas com o objetivo conjunto de disponibilizar a Palavra de Deus para os
comunicadores orais de formas culturalmente apropriadas para possibilitar
movimentos de plantação de igrejas em todos os lugares.A Rede Internacional da
Oralidade trabalha para influenciar o corpo de Cristo para encorajar todos os
comunicadores orais a seguir Jesus.

A maioria da população mundial se comunica de forma oral, e não consegue ou


não aprende através de formas literárias, e mais de metade deles estão entre os
não-alcançados.”   Compromisso da Cidade do Cabo II-D-2
DEUS E A “ESCRITURA” DA SUA PALAVRA
E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas. Deuteronômio 6:9

E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas; Deuteronômio 11:20

Procurou o pregador achar palavras agradáveis; e escreveu-as com retidão, palavras de verdade.
Eclesiastes 12:10

E naquelas pedras escreverás todas as palavras desta lei, exprimindo-as nitidamente.


Deuteronômio 27:8

Assim Moisés escreveu este cântico naquele dia, e o ensinou aos filhos de Israel.
Deuteronômio 31:22

E aconteceu que, acabando Moisés de escrever num livro, todas as palavras desta lei...
Deuteronômio 31:24

Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir,
para instruir em justiça. 2Tim 3:16
DEUS E A “ESCRITURA” DA SUA PALAVRA
Então disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E
Hilquias deu o livro a Safã, e ele o leu.
Então o escrivão Safã veio ter com o rei e, dando-lhe conta, disse: Teus servos ajuntaram o
dinheiro que se achou na casa, e o entregaram na mão dos que têm cargo da obra, que estão
Escreve
encarregados da casaas coisas que tens visto, e as que são, e as
do Senhor.
que depois
Também Safã, o escrivão, fez saber aodestas hãoO sacerdote
rei, dizendo: de acontecer;
Hilquias me deu um livro. E Safã
o leu diante do rei. Apocalipse 1:19
Sucedeu, pois, que, ouvindo o rei as palavras do livro da lei, rasgou as suas vestes.
E o rei mandou a Hilquias, o sacerdote, a Aicão, filho de Safã, a Acbor, filho de Micaías, a Safã o
escrivão e a Asaías, o servo do rei, dizendo:
Ide, e consultai o Senhor por mim, pelo povo e por todo o Judá, acerca das palavras deste livro
que se achou; porque grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós; porquanto
nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro, para fazerem conforme tudo quanto
acerca de nós está escrito. 2 Reis 22:8-13
FIGURAS DE LINGUAGEM NA BÍBLIA
Ele fez tudo apropriado a seu tempo.
Também pôs no coração do homem o
anseio pela eternidade; mesmo assim
este não consegue compreender
inteiramente o que Deus fez.

Eclesiastes 3:11
Nova Versão Internacional
theopneustos

“Assim diz o Senhor:...”


1. A questão da Canonicidade
Antes de seguir com esse estudo, contudo, é importante definir alguns
termos:
(a) Cânon descreve o conjunto de livros reconhecidos/definidos como
autoritários, e nesse sentido, que funciona como a regra para a
comunidade da fé.
(b) Canônico é o livro que é reconhecido/definido como um livro
autoritário pela comunidade da fé;
(c) Canonicidade é a qualidade que um livro deve ter para ser considerado
canônico e assim fazer parte do cânon. Em outras palavras, a definição do
cânon se inicia na identificação da canonicidade de um determinado livro,
e existem basicamente duas abordagens para se fazer essa definição: a
abordagem da canonicidade comunitária e a abordagem da canonicidade
intrínseca.
a. Canonicidade Comunitária
Nessa abordagem, como já sugere o nome, uma comunidade autoritativa
define o escopo e a extensão do cânon. Nesse caso, o cânon é identificado
na coleção de livros que tal comunidade entende como padrão.
Ou seja, uma comunidade autoritativa determina quais livros devem ser
recebidos como livros autoritários. James Sanders, por exemplo, entende
que o “cânon bíblico no que se refere a conteúdo e ordem depende da
denominação ou comunidade em questão.”
Desse modo, o cânon bíblico nada mais é do que uma lista de livros que
recebem o status de autoritária e que funciona como o paradigma para
definir como essa comunidade deve funcionar. As diferentes listas de livros
recebidos como canônicos na introdução servem aqui como ilustração desse
conceito.
b. Canonicidade Intrínseca
Por outro lado, a abordagem da canonicidade intrínseca entende que Deus é quem
define o escopo e a extensão do cânon e a comunidade apenas o reconhece.
Em outras palavras, o cânon é uma coleção autoritativa de livros reconhecidos
como canônicos porque Deus assim os definiu. Isso não significa que a o
reconhecimento fora imediato, nem que não existiram problemas e dificuldades,
nem que o processo histórico de reconhecimento dessa coleção de livros seja
insignificante. Significa apenas que alguns livros têm sua canonicidade intrínseca
devido a inspiração divina que os mesmos carregam.
Ou seja, nessa abordagem existe uma relação muito estreita entre a inspiração e
a canonicidade: “Por muitos séculos, a inspiração e a canonicidade estiverem
intimamente ligadas no pensamento cristão: os livros que foram incluídos no
cânon, acredita-se, porque eram inspirados; um livro é conhecido por ser
inspirado porque está no cânon”.
c. No AT: Canonicidade Comunitária ou Intrínseca?
Tendo observado brevemente a história e o processo de reconhecimento da
lista de livros autoritativos do Antigo Testamento pode-se sugerir que existe
uma relação muito interessante entre o papel da comunidade e o papel dos
textos em si. Como parece evidente, a comunidade rabínica estava
preocupada em definir os livros autoritativos, mas parecia fazer isso a
medida que reconhecia que os mesmos carregavam autoridade intrínseca.
Por isso, é justo sugerir que não existem indicações que nos obriguem a
concluir que o cânon do Antigo Testamento foi definido por uma
comunidade específica, um conselho formal. Evidentemente, alguém teve
que decidir em algum momento quais livros eram autoritativos e poderiam
ser guardados no arquivo sagrado das Escrituras no templo, mas esse
processo se deu mais no reconhecimento da autoridade intrínseca dos livros
do que no depósito de autoridade a textos específicos.
d. No NT: Canonicidade Comunitária ou Intrínseca?
O processo de identificação do cânon do NT é cercado por uma série de fatores
históricos que poderiam nos ajuda a entender a razão do tempo que se levou para
“fechar” a lista de livros autoritativos. Entre todos esses fatores e problemas, a
comunidade teve que labutar para definir uma lista de livros que deveriam ser
recebidos como autoritativos.
Em outras palavras, do ponto de vista histórico, a decisão a respeito de uma lista
de livros autoritativos para o NT aconteceu como resultado de diferentes fatores
em diferentes lugares devido ao “calibre auto-autenticado” dos livros canônicos. 
Em outras palavras, a comunidade cristã funcionou como crivo para definir os
livros que deveriam ser usados nas igrejas ao reconhecer a intrínseca autoridade
que os mesmos atestavam. Ou como Meye corretamente afirmou: “A obtenção do
status canônico consiste no reconhecimento (de valor interno e origem
apostólica) e na afirmação (pela Igreja agindo oficialmente) de que apenas
certos documentos em uso pela Igreja.”
Conclusão
A bem da verdade é que o cânon não é uma definição teológica, é uma definição que tem
implicações teológicas. A história demonstra que o processo de reconhecimento dos livros
recebidos como canônicos não foi monolítica, e isso sugere que seria improvável que uma
comunidade tivesse autonomia para definir quais livros seriam que deveriam ser recebidos e
quais deveriam ser excluídos.
Ao que parece, a análise histórica nos ajuda a compreender que o processo de definição do
cânon aconteceu em um ambiente de confluência entre o papel da comunidade e do valor
intrínseco dos livros selecionados, ao passo que atribuir exclusividade a um em detrimento do
outro seria um grande equívoco.
Vale mencionar que a definição do cânon em última análise é fundamentalmente importante
para a teologia da igreja: Um conjunto diferente de livros proporcionaria um conteúdo diferente
para a reflexão teológica. Ou seja, um cânon maior (ou menor) afetaria diretamente a teologia
da igreja.
Para uma lista comparativa com os diferentes cânons das tradições, ver: Setterholm, Vincent. “Canon of the Bible, Traditions
of the.” Edited by John D. Barry, David Bomar, Derek R. Brown, Rachel Klippenstein, Douglas Mangum, Carrie Sinclair
Wolcott, Lazarus Wentz, Elliot Ritzema, and Wendy Widder. The Lexham Bible Dictionary. Bellingham, WA: Lexham Press,
Razão e Necessidade da
Bíblia
GEOGRAFIA
BÍBLICA

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