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Filosofia do Direito I

Aula 7 – Agostinho de Hipona

Prof. Dilson Cavalcanti Batista Neto


Por que há a corrupção na política e no
direito?
De Aurélio Agostinho
para Agostinho de
1 Hipona
Agostinho de Hipona
◉ Filho de mãe cristã e pai pagão, não
entendia como um mundo mal tenha
sido criado por um Deus bom.
◉ Conversão após ida para a parte
europeia de Roma. Conhece Santo
Ambrósio em Milão. Somente se torna
um sacerdote quando volta para África,
vende tudo e doa para os pobres,
ficando só com uma casa aonde funda
um monastério.
Agostinho de Hipona
◉ Apesar de ser crítico da filosofia, entendia que os
filósofos poderiam ligar a razão eterna ao Deus
bíblico.
◉ Crer que para entender
◉ Grande influência da filosofia platônica – conhecia
Platão através de neoplatônicos como Plotino.
Também foi fortemente influenciado por Cícero
◉ Maior nome da Patrística
2 Conhecimento
Conhecimento

◉ Contrário ao ceticismo (que afirmava ser


impossível conhecer algo), Agostinho entende que
existe verdade. Objetos – Sentido – Ideia e Juízo

◉ Ciência (coisas temporais – razão inferior) x


Sabedoria (atemporais – razão exterior)
Conhecimento

◉ Conhecer – alcançar o permanente, imutável,


atemporal. Ex: 1 coríntios 13:13 – “conhecerei
como sou conhecido”

◉ Conhecer só é possível pela existência de Deus.


Conhecimento

◉ A alma não preexistiu e reconhece (Platão). Nem


apreende as formas por abstração e analogia
(Aristóteles). É a iluminação de Deus que faz com
que se possa conhecer o imutável e atemporal.
3 Deus
Deus

◉ Aproximação com Platão - Deus – o Sumo Bem – é o que é – Ex


3:14 – É o que é. Deus é atemporal – tempo é mudança e morte.

◉ O conhecimento de Deus é interior, espiritual, pois Deus é um ser


espiritual. Ele não tem um ser, mas é o Ser; não tem sabedoria, pois
é a Sabedoria. Na linguajem aristotélica, Deus não é
potencialmente nada.
Deus

◉ A eternidade de Deus não é uma temporalidade infinita,


mas uma falta de tempo. Contra o Arianismo (Cristo
existindo após o Pai). Ele vê, ao mesmo tempo,
passado, presente e futuro.

◉ Alguns entes espirituais são mutáveis (ex. alma


humana). Mas Deus é imaterial e invisível.
Deus

◉ Princípio hermenêutico – qualquer mudança de Deus na


Bíblia, não está falando sobre sua natureza. As teofanias
são sempre símbolos, bem como as “vinganças” de
Deus.
4 Mundo
Mundo

◉ Não há nada novo para Deus.

◉ O mal não existe (contra o maniqueísmo). É falta


de bem. Quando, na Bíblia, fala que Deus inflige
o mal (ou o permite) é porque Ele tem objetivos
maiores (como em Jó).
Mundo

◉ Diferente dos Estoicos e neoplatônicos, Deus cria


(não gera) o mundo do nada (ex nihilo).

◉ O mundo, então, é bom. O tempo começa a existir


com a criação. Interpretação não literal do texto
bíblico (p. ex. dias da criação).
5 Ser humano
Ser humano

Alma Identificada com o espírito,


É a imagem de Deus (imago dei)
Incorruptível
Imaterial
Simples
Abandona o corpo com a morte

Corpo Não é a Imagem de Deus;


Corruptível
Material
Ocupa um lugar no espaço
Ser humano

◉ Pecado original é transmitido – contra os


pelagianos (para quem era possível não pecar).
◉ Atos maus – ação humana; atos bons – fruto da
graça de Deus
◉ Não é o corpo o elemento necessário para o
pecado, mas o mal uso do livre arbítrio.
Ser humano

◉ A felicidade está em comtemplar o eterno. Ser


sábio, conhecer as coisas eternas, é ser feliz.

◉ Predestinação – graça irresistível e o dom da


perseverança.
Cidade de Deus e
6 Cidade dos Homens
Cidade de Deus e dos Homens
◉ Agostinho não escreveu especificamente sobre
política

◉ Cidade de Deus – obra feita para contradizer os


rumores que teriam sido os cristãos os
responsáveis pela invasão bárbara a Roma.

◉ História humana – tensão entre essas duas


cidades.
Amor, gozo e uso – as
6.1 duas cidades
Cidade de Deus e dos Homens

◉ O que nos move é o amor a algo;


◉ Temos duas maneiras de amar – o uso (amor
instrumenta) e o gozo (amor a coisa em si)
◉ Só Deus é digno de ser amado em si

◉ O problema é que o gozo é destinado a coisas


que deveríamos usar. (Pecado, corrupção)
Cidade de Deus e dos Homens

◉ Cidade dos homens – fundada por Caim –


fraticida. – busca o amor a coisas temporais

◉ Cidade de Deus – cidadãos usam as coisas


temporais, mas amam a Deus
Cidade de Deus e dos Homens

◉ A cidade de Deus não é a Igreja e a Cidade dos


homens o Estado.

◉ As cidades são invisíveis e eternas – após o juízo


final serão separadas e terão a retribuição que
merecem.
Cidade de Deus e dos Homens

◉ É a graça divina, a presença de Deus na alma


humana, que restaura o homem e o faz pertencer à
cidade de Deus, que é peregrina, invisível.
Natureza do governo,
propriedade e
6.2 escravidão
Cidade de Deus e dos Homens

◉ Não diz qual é a melhor constituição da cidade


política (como faz Platão ou mesmo Aristóteles)

◉ Mas o governo, as leis, a propriedade, até a


escravidão vêm da autoridade necessária para
gerar humildade até nos eleitos. – São “maus”
necessários – pecado original
Cidade de Deus e dos Homens

◉ Lei humana (temporal e suficiente para a manter a


paz na cidade dos homens) x Lei eterna
(atemporal e é a base para a justiça divina).
Cidade de Deus e dos Homens

◉ A justiça, ainda que humana, é indissociável da


ideia de direito – suprimida a justiça, os grandes
reinos são meros latrocínios.

◉ A lei humana é externa, não se preocupa com o


bem da alma por si só. Busca somente a paz
social, não a paz da alma.
Roma, Cícero e a
defesa da Cidade de
6.3 Deus
Cidade de Deus e dos Homens

◉ Critica um dos principais nomes da filosofia grega


– Cícero – autor A República – ode à
racionalidade e glória de Roma

◉ Agostinho – autocontrole e solidez moral e militar


buscando a glória terrena é insuficiente
Cidade de Deus e dos Homens
◉ Os cidadãos cristãos são os melhores – têm Deus
como a finalidade dos seus atos.

◉ PERGUNTA – “Então o Estado deve forçar o


amor a Deus?”

◉ Não é explícito. Mas no Livro 5 fala que os


príncipes cristãos devem refletir nas Leis a
vontade de Deus.
Cidade de Deus e dos Homens
◉ Os cidadãos cristãos são os melhores – têm Deus
como a finalidade dos seus atos.

◉ PERGUNTA – “Então o Estado deve forçar o


amor a Deus?”

◉ Não é explícito. Mas no Livro 5 fala que os


príncipes cristãos devem refletir nas Leis a
vontade de Deus.

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