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ASFIXIOLOGIA FORENSE

Prof. Dr. Geraldo Romanello

MACKENZIE – 23.02.2018
ASFIXIOLOGIA FORENSE

DEFINIÇÃO: É o capítulo da Medicina Legal que estuda as asfixias

ASFIXIA: É a supressão da respiração

DISPNÉIA: É a respiração forçada e difícil

APNÉIA: É a pausa ou suspensão temporária da respiração

HIPERCAPNÉIA: É o acúmulo de gás carbônico no sangue


ASFIXIOLOGIA FORENSE

PROCESSO ASFÍXICO (7 MINUTOS)

 1ª. FASE: Irritação e Esgotamento

a) Irritação – Dispnéia inspiratória (1 minuto) – sorve o ar


(3 minutos) – perda da consciência e convulsões
Dispnéia expiratória
b) Esgotamento – Morte aparente (apnéia) – parada temporária
(3 MIN) respiração
Morte real (terminal) – últimas respirações

 PROCESSO ASFÍXICO – EXCEÇÕES: AFOGAMENTO = 4-5 min


ENFORCAMENTO = 10 min
ASFIXIOLOGIA FORENSE
SINAIS DAS ASFIXIAS MECÂNICAS

EXTERNOS
 CIANOSE DA FACE
 ESPUMA TRAQUEOBRÔNQUICA
 PROCIDÊNCIA DA LÍNGUA
 EQUIMOSES EXTERNAS
 LIVOR CADÁVÉRICO

INTERNOS
 CARACTERES DO SANGUE (cor e fluidez)
 EQUIMOSES VISCERAIS
 CONGESTÃO POLIVISCERAL
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Manchas de TARDIEU – Equimoses arredondadas na


superfície pleural, timo ou vísceras

Manchas de PALTAUF – Equimoses do pulmão dos


afogados

Fígado asfíxico de ETIENNE MARTIN – Fígado pletórico


pela intensa congestão devido à asfixia

Sinal de ETIENNE MARTIN – Baço exangue devido à


contração durante a asfixia
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ENFORCAMENTO

DEFINIÇÃO: É a asfixia mecânica pela constricção do


pescoço por um laço cuja extremidade se acha fixa a um
ponto, agindo o próprio peso da vítima como força viva.

TIPOS DE LAÇOS
 Rígidos – cordões, correntes, fios elétricos, arames, cordas, etc.
 Semi-rígidos – cintos de couro
 Moles – lençóis (teresa), cortinas, gravatas unidas

Constituição do laço – nó (fixo ou corredio) e alça


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ENFORCAMENTO

Suspensão
 Típica ou completa – corpo suspenso no ar
 Atípica ou incompleta – quando corpo toca o solo

Modalidade mais eficaz para a morte


 Ambas

Por que asfixia mais eficaz no estrangulamento ?


 O laço oblitera diretamente a traquéia e desencadeia rápida perda
da consciência
ASFIXIOLOGIA FORENSE
RESPONDA A QUESTÃO:

Do que morreu presumivelmente um cidadão em cujo


pescoço cianosado o perito encontrou um sulco
pergaminhado, oblíquo, interrompido na parte mais alta
do seu trajeto, logo atrás da orelha direita ?

 a) Estrangulamento
 b) Enforcamento
 c) Esganadura
 d) Sufocação
 e) Soterramento
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FENÔMENOS QUE OCORREM DURANTE O ENFORCAMENTO

Constricção dos vasos do pescoço compromente a


vascularização cerebral determinando sensação de
calor, zumbidos e inconsciência

Obstrução das vias aéreas pelo laço e rechaço da base


da língua contra a parede posterior da faringe

Apnéia, parada cardíaca e morte


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FENÔMENOS QUE OCORREM NO ENFORCAMENTO

A rigidez cadavéria é tardia

A coloração pode ser branca ou azul

A putrefação é seca na metade superior e úmida no


restante

Na suspensão completa o sulco deixado pelo laço é na


parte mais alta do pescoço, entre o osso hióide e a
laringe
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SINAIS ENCONTRADOS NO SULCO CERVICAL - ENFORCAMENTO

ABROISE PARÉ – Enrugamento e escoriação da pele ao nível do sulco cervical


AZEVEDO NEVES – Livores puntiformes situados abaixo e acima das margens do
sulco cervical
BONNET – Marcas da textura do laço no sulco cervical
LESSER – Vesículas sanguinolentas no fundo do sulco cervical
NEYDING – Idem anterior, porém puntiformes
PONSOLD – Livores cadavéricos dispostos em placas no fundo do sulco cervical
THOINOT – Zona violácea ao nível das margens do sulco cervical
AMUSSAT – Ruptura transversal da túnica íntima da artéria carótida comum
FRIEDBERG – Sufusão hemorrágica da túnica adventícia da carótida comum
DOTTO - Ruptura da bainha do nervo vago
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ESTRANGULAMENTO

DEFINIÇÃO: É a modalidade mecânica por constricção


do pescoço por laço tracionado:

 Pela força muscular da própria vítima


 Por mão criminosa
 Por qualquer força que não seja o próprio peso da vítima
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ESTRANGULAMENTO

SITUAÇÃO DO SULCO: É na parte média do pescoço,


tipicamente horizontalizado pela tração realizada pelo
agressor

FENÔMENOS:
 a) Asfixia, pelo colabameno direto da traquéia
 b) Oclusão dos vasos do pescoço
 c) Compressão dos nervos vagos

PERÍODOS QUE PASSA A VÍTIMA:


 Resistência
 Inconsciência e convulsão
 Asfixia
 Morte aparente e real
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ESGANADURA

DEFINIÇÃO: É a asfixia mecânica por constricção antero-


lateral do pescoço, impeditiva de passagem de ar,
promovida diretamente pela mão do agente.

Morte – Se dá pela asfixia e compressão do vago.


SINAIS EXTERNOS:
Equimoses bilaterais e irregulares na região anterior do pescoço
Rastros escoriativos em várias direções
Marcas ungueais do agressor
SINAL INTERNO:
 Marcas de França – Infiltração hemorrágica disposta
longitudinalmente na túnica íntima da artéria carótida comum
próxima à bifurcação.
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SUFOCAÇÃO
DEFINIÇÃO: É a modalidade de asfixia mecânica provocada pela obstaculação,
direta ou indireta, à penetração do ar atmosférico nas vias aéreas ou por
permanência forçada em espaço fechado

CLASSIFICAÇÃO:
 I. SUFOCAÇÃO DIRETA
Oclusão dos orifícios externos respiratórios – Causa Criminosa
Oclusão das vias respiratórias

CAUSAS JURÍDICAS DA DIRETA:


 Acidental – aspiração brusca de corpos estranhos
 Homicida – introdução forçada de objetos estranhos na boca
 Suicida
SINAIS CADAVÉRICOS:
 Marcas ungueais próximo à boca e fossas nasais
 Fraturas de dentes e petéquias na boca
 Corpo estranho encravado no interior das vias aéreas
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SUFOCAÇÃO DIRETA - SOTERRAMENTO

DEFINIÇÃO: É a asfixia mecânica resultante da


obstrução direta das vias aéreas quando a vítima se
encontra mergulhada em meio sólido ou poeirento.

Causa Jurídica: Acidental

Sinais:
 Cianose na face e pescoço
 Fraturas, contusões, feridas incisas
 Substâncias inerentes ao meio poeirento na traquéia (lesão intra
vitam), esôfago e estômago
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SUFOCAÇÃO DIRETA - CONFINAMENTO

DEFINIÇÃO: É a asfixia mecânica por sufocação direta de


indivíduo enclausurado em espaço restrito ou fechado, sem
renovação do ar atmosférico, por esgotamento do oxigênio
e aumento gradativo do CO2, aumento da temperatura,
alterações químicas e saturação do ambiente por vapores
de água.

CAUSAS JURÍDICAS:
 Acidental – demoronamento de minas

 Criminosa - infanticídio
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II. SUFOCAÇÃO INDIRETA – POR COMPRESSÃO TÓRACICA

DEFINIÇÃO: É a asfixia mecânica ocasionada especialmente pela


compressão do tórax ou tórax e abdomen eficaz para impedir os
movimentos respiratórios e desencadear a morte.

CAUSAS JURÍDICAS: Homicida e acidental

SINAIS EXTERNOS E INTERNOS


 Máscara equimótica de Morestin – intensa cianose cérvico-facial
(estase venosa da veia cava superior)
 Fraturas do gradil costal
 Manchas de Tardieu
 Sinal de Valentin – distensão e congestão dos pulmões
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AFOGAMENTO
DEFINIÇÃO: É a asfixia mecânica desencadeada pela penetração de
líquido nas vias aéreas, com todo o corpo submerso ou apenas a
cabeça.

CAUSA JURÍDICA:
 Acidental
 Suicida
 Homicida
 Suplicial

FASES DA MORTE
 Resistência – Apnéia voluntária
 Exaustão – Dispnéia devido à hipercápnia – COGUMELO DE ESPUMA
 Asfixia – Parada respiratória, inconsciência, convulsão e morte
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AFOGAMENTO

COGUMELO DE ESPUMA: Ocorre nos vitimados que reagiram


energicamente à proximidade da morte e cujos cadáveres foram
precocemente retirados do meio líquido.

RIGIDEZ CADAVÉRICA: É precoce nos afogados

LESÕES DE ARRASTO:
 Decúbito ventral: escoriações da fronte, mãos, joelhos e pododáctilos
 Decúbito dorsal: lesões no occipital e calcanhares.

SINAL DE BERNT: É a pele de galinha ou ganso situada nos


ombros, região lateral das coxas e antebraço.
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AFOGAMENTO – ASFIXIA-SUBMERSÃO
SINAIS EXTERNOS:
 Tonalidade vermelho-rosácea dos livores
 Cogumelo de espuma
 Putrefação – Procidência da língua e cabeça de negro
Lenta se cadáver submerso e rápida se em contato
com o meio externo

SINAIS INTERNOS:
 Líquido em forma de espuma branca, rósea ou sanguinolenta na
árvore respiratória
 Corpos estranhos no interior da árvore respiratória
 Manchas de Paltauf – equimoses subpleural de 2-3 cm cor vermelha
 Enfisema aquoso subpleural
 Ruptura dos pulmões, dos alvéolos e dos capilares sanguíneos
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Tempo médio de permanência da vítima, por submersão-asfixia em


meio líquido é determinado pelo perito, observando-se:

 Maceração da pele
 Período de putrefação
 Natureza do meio líquido
 Antecedentes da fatídica ocorrência
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ASFIXIA POR GASES IRRESPIRÁVEIS

CLASSIFICAÇÃO:

 De Combate: lacrimogêneos, esternutatórios, vesicantes e


sufocantes.

 Tóxicos: Ácido cianídrico e monóxido de carbono (gás de


cozinha, explosões, incêndios, descarga veículo a motor, etc.)

 Industriais: Vapores nitrosos e grisu ou gases dos pântanos

 Gases Anestésicos
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INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO
FASES:
 Fase aguda: O CO reage com a hemoglobina formando-se a
carboxihemoglobina que impede o processo normal da hematose

 Fase superaguda: Inalação brusca e violenta de CO ocorrendo


tremores, vertigens, inconsciência, convulsões e morte

 Fase crônica (cozinheiros, churrasqueiros e foguistas


profissionais) – Sintomatologia psíquica e neurológica, alterações
sanguíneas, etc.

Tempo de rigidez cadavérica: Instala-se precocemente

Tempo de instalação da putrefação: Instala-se tardiamente


FIM

PRIMEIRA PARTE
FIM

SEGUNDA PARTE

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