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Amor de Perdição

O narrador
Leonid Pasternak, O Sofrimento da Criação (século XIX).
Leonid Pasternak, O Sofrimento da Criação (século XIX).

Pormenor do frontispício de Amor de Perdição (1862).


O narrador de Amor de Perdição

• Associado à figura do autor.

• Não participante.

• Subjetivo e parcial.

• Avaliador moral das situações narradas.

• Comentador do ofício de romancista.


Características do narrador
de Amor de Perdição

• Está associado à figura do autor, com quem se identifica em vários


momentos do texto.

• É não participante e subjetivo — relata a história de forma parcial,


tecendo considerações sobre comportamentos sociais e humanos.

• Dirige-se a um narratário (interpelando o leitor ou a leitora sensível),


a quem pede que acompanhe os acontecimentos e reflita sobre eles,
supondo a sua compaixão e imaginando até as suas reações.
Características do narrador
«A última pessoa falecida
[…] foi Manuel Botelho,
de Amor de Perdição
pai do autor deste
livro.»
• Está associado à figura do autor, com quem se identifica em vários
(Conclusão)
«Essa, a minha leitora,
momentos do texto. a carinhosa amiga de
• É não participante e subjetivo — relata a históriatodos os
de forma parcial,
«As exceções têm sido infelizes [….].»
tecendo considerações
o ludíbrio sobre comportamentos sociais e humanos.
dos mais assisados (Introdução)
pensadores, tanto
• Dirige-se a um narratário (interpelando o leitor ou a leitora sensível),
no especulativo como
a quem pede que acompanhe os acontecimentos e reflita sobre eles,
no experimental.»
supondo a (Capítulo
sua compaixão
III)
e imaginando até as suas reações.
«A última pessoa falecida «Isto será culpa no tribunal
[…] foi Manuel Botelho, das minhas leitoras […].»
pai do autor deste
(Capítulo VIII)
livro.»
(Conclusão)

«As exceções têm sido


o ludíbrio dos mais assisados
pensadores, tanto
no especulativo como
no experimental.»
(Capítulo III)

Jean-Honoré Fragonard,
A Leitora (1770).
Características do narrador
de Amor de Perdição (continuação)

• Apesar do estatuto de omnisciência que assume, também se coloca


na posição de alguém que obteve informações através, por exemplo,
da leitura de cartas e de outros documentos, o que confere um tom
de veracidade e verosimilhança à história.
«Folheando os livros de assentamentos
no cartório das cadeias da Relação
Características do narrador
no Porto, li […].»
de Amor de Perdição (continuação)
(Introdução)

• Apesar do estatuto de omnisciência que assume, também se coloca


na posição de alguém que obteve informações através, por exemplo,
«Aodaanoitecer,
leitura deSimão,
cartascomo
e de estivesse
outros documentos, o que confere um tom
sozinho, escreveu uma longa carta,
de veracidade e verosimilhança à história.
da qual extratamos os seguintes
períodos […].»
(Capítulo X)

James Campbell,
Notícias do meu Lad (1858).
Características do narrador
de Amor de Perdição (continuação)

• Comenta o desenvolvimento da narrativa e o próprio ofício de


romancista, chegando a comentar outros textos literários.
«A verdade é às vezes
«[…] o estudante [Manuel
o escolho de um
Características
romance.»
do narrador Botelho] continuava esse ano
de Amor
(Capítulo XIX)
de Perdição a(continuação)
frequentar a Universidade;
e como já tinha vasta
instrução em patologia,
• Comenta o desenvolvimento da narrativa epoupou-se
o próprio ofíciodade
à morte
vergonha,
romancista, chegando a comentar outros textos que é uma morte
literários.
inventada pelo visconde de
«Não é bonito a gente A. Garrett no Fr. Luís de Sousa
vulgarizar-se o seu herói […].»
a ponto de pensar na
(Capítulo XVI)
falta de dinheiro
[…].»
(Capítulo VIII)
O narrador na obra de Camilo

«[Na obra de Camilo, encontramos um] narrador que a si mesmo


chama a atenção, para que se reconheça como é engenhoso;
autor competente que enquanto tal se exibe; inventor de histórias;
bom conhecedor dos males e podres humanos; recetor de histórias
de outros, que sabe aproveitar e ajeitar, não se eximindo a fazer-se
encontrado com os protagonistas da ficção.»

Maria de Lurdes Ferraz, «Camilo Castelo Branco»,


Dicionário do Romantismo Literário Português.

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