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Farmacologia

ESMOT – Escola de Medicina Oriental e Terapêuticas


2022/2023
Brigite Andrade Antunes de Almeida
Farmacologia
Objetivos
Os formandos no final do modulo deverão:
• Dominar a terminologia e conceitos básicos da Farmacologia
• Conhecer as diversas etapas do circuito do medicamento
• Compreender as vias de administração e os processos farmacocinéticos e a sua
influência na terapêutica
• Compreender os processos farmacodinâmicos, descrevendo os principais
mecanismos de ação farmacológica
Farmacologia
O que é

• A farmacologia (do Grego, pharmakos, droga, e logos, estudo) é a área da


farmácia que estuda como as substâncias químicas interagem com os
sistemas biológicos, sendo capazes de promover alterações funcionais e
estruturais.

Estudo dos
Pharmakos logos Fármacos
Farmacologia
Um pouco de História
• Na antiguidade as doenças eram associadas a possessões divinas ou demoníacas,
ou ainda, a castigo dos deuses, sendo tratadas e curadas com preparados de
origem vegetal, mineral ou animal, mas principalmente por plantas. Contudo, a
noção de que estas substâncias poderiam causar tanto efeitos benéficos quanto
nocivos foi relatado por Paracelsus (1493-1541), ainda na Idade Média, ao dizer
que “toda a substância tem potencial tóxico, o que diferencia um medicamento
de um veneno é a dose”. 
• Foi somente no século XIX, através da descoberta da química orgânica, que as
primeiras drogas puderam ser identificadas e isoladas, favorecendo a evolução
para a farmacologia moderna. A primeira droga isolada foi a morfina em 1805
por Sertüner, que a extraiu do ópio. 
Farmacologia
Um pouco de História
• Na segunda metade do século XIX, na França, é importante destacar as pesquisas
de Claude Bernard, na área de fisiologia. Identificou o local de atuação do
curare, no músculo animal. Sem saber a estrutura química das substâncias que
atuavam na placa motora (local da terminação nervosa no músculo), percebeu
que atuavam nesse local específico.
• A partir desta constatação, surgiu um conceito fundamental em farmacologia: o
organismo possui recetores para drogas que, mesmo não visualizados na época
por não haver recursos técnicos disponíveis, inauguraram a ideia de que a ação
dos medicamentos é um evento químico. 
Farmacologia
Um pouco de História
• Outro país onde ocorreu um desenvolvimento intenso da pesquisa química e,
depois, farmacológica foi a Alemanha, com Oswald Schmiedeberg, considerado
o “pai da farmacologia”. Em 1847, depois das pesquisas de Claude Bernard,
surgiu a primeira cadeira de farmacologia como ciência ‘de laboratório’,
separada das demais, na universidade de Dorpat, na Estónia, pelo professor
Rudolph Buchheim.
• Rudolph Buchheim teve como sucessor Oswald Schmiedeberg, em 1869. Este
último foi para a Alemanha em 1872 e, ao contrário de Buchheim, que montou
um laboratório com os seus próprios recursos, recebeu incentivos
governamentais para criar um instituto de farmacologia. Parece situar-se aqui o
primeiro grande ponto de expansão desta nova ciência.
Farmacologia
Um pouco de História
• Na Alemanha, o médico Paul Ehrlich, mais interessado em estudar os tecidos
celulares do que em atuar na prática clínica, introduziu em 1900 o termo recetor
para nomear o que Claude Bernard vislumbrara décadas antes.
• O termo foi criado para designar locais na superfície da célula, com
características moleculares específicas, em que determinadas substâncias
interagem de forma pontual, semelhante ao modelo chave/fechadura. Erlich tem
sido responsabilizado ainda pela introdução da farmacologia terapêutica, que,
diferentemente da farmacologia experimental vigente a partir do século XIX, que
testava drogas em animais saudáveis ou tecidos, passou a provocar doenças em
animais para testar drogas e medicamentos.
Farmacologia
Um pouco de História
Farmacologia
Um pouco de História
• No século XX a indústria farmacêutica revolucionou o mercado farmacêutico. A
produção em massa de substâncias sintéticas fez declinar o trabalho dos
boticários, que manipulavam os medicamentos em farmácias, assim como surgir
novos conceitos em farmacologia.
• O conhecimento da relação entre a estrutura química do fármaco e o efeito
terapêutico resultante foi abordado inicialmente por Fraser (1869), assim como a
teoria de que existem receptores celulares específicos para fármacos no
organismo, por Langley (1878), seguida da teoria da ocupação, por Clark (1920),
onde o efeito do fármaco é diretamente proporcional à fração de recetores
ocupados na célula.
Farmacologia
Um pouco de História
• Vários fármacos foram descobertos neste século, como a penicilina,
por Fleming (1928), o prontosil por Domagk (1935), as trazidas por Beyer
(1950), assim como o propanol e os barbitúricos, que serviram como protótipos
para a descoberta de uma infinidade de medicamentos hoje existentes na
terapêutica.
• A tecnologia permitiu avanços, e hoje temos a biofarmácia, que atua através
da biologia molecular, visando o estudo dos biofármacos, ou seja, de
medicamentos cujo princípio ativo é obtido de microrganismos ou células
modificadas geneticamente
Farmacologia
Um pouco de História
• O ácido salicílico, do salgueiro (Salix alba), planta utilizada desde a Antiguidade
para dores e problemas reumáticos, teve a substância salicilina isolada em 1829.
• No organismo, converte-se em ácido salicílico, que por sua vez foi sintetizado
em laboratório na segunda metade do século XIX para ser utilizado como
analgésico.
• Em 1893, o ácido salicílico teve a sua estrutura modificada por Félix Hoffmann,
funcionário da Bayer, para ácido acetilsalicílico (uma forma mais estável, que
permitiu melhor administração e comercialização da droga, nessa época utilizada
para dores, febres e problemas reumatológicos).
• Em 1899, o medicamento foi nomeado Aspirina®.
Farmacologia
Um pouco de História
• Mesmo entrando para domínio público em 1919 e, a partir daí, sendo
comercializado por outras empresas sob o seu nome químico, continuou
conhecido como ‘aspirina’.
• Este talvez seja o medicamento mais famoso e difundido de todos os tempos. A
sua inserção na vida das pessoas no Ocidente é tal, que talvez seja o único que
conste em dicionários não médicos como vocábulo usual.
• Pode dizer-se até que, algumas vezes o termo ‘aspirina’ transformou-se em
sinónimo de analgésico, de alívio da dor, sendo utilizado como metáfora para se
referir a algo que atenua dores não físicas.
Farmacologia
Um pouco de História
• Atualmente a farmacologia é considerada uma das principais ferramentas para os
profissionais de saúde, assim como para aqueles que têm o contato direto ou
indireto com os medicamentos.
• Ao estudar os efeitos e mecanismos de ação das drogas, pode-se compreender
não somente como os fármacos atuam, mas também conhecer a fisiologia normal
do organismo.
Farmacologia
Um pouco de História
• Atualmente a farmacologia é considerada uma das principais ferramentas para os
profissionais de saúde, assim como para aqueles que têm o contato direto ou
indireto com os medicamentos. Ao estudar os efeitos e mecanismos de ação das
drogas, pode-se compreender não somente como os fármacos atuam, mas
também conhecer a fisiologia normal do organismo.
• Na sua fundamentação, a Farmacologia é uma ciência que compreende o
entendimento histórico, propriedades físico-químicas, composição,
Farmacologia, efeitos fisiológicos, mecanismo de ação, absorção, distribuição,
excreção e terapêutica, relacionados a substâncias químicas que são capazes de
alterar a função normal do organismo.
Farmacologia
Farmacologia
Farmacologia
Ramos da Farmacologia
Com base na evolução das técnicas e métodos farmacológicos:
• Farmacologia Básica,
• Farmacodinâmica,
• Farmacocinética,
• Farmacologia Clínica. 
Farmacologia
Ramos da Farmacologia
Com base no tipo de estudo:
• Farmacognósia: estudo da matéria-prima no seu estado natural;
• Farmacotécnica: preparação, purificação e conservação dos medicamentos;
• Farmacogenética: relação entre a genética e a ação dos fármacos, assim como
das alterações genéticas provocadas por fármacos.
• Toxicologia: ações tóxicas provocadas por fármacos e agentes químicos.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Fármaco: substancia química capaz de provocar algum efeito terapêutico no
organismo.
• Medicamento: produto tecnicamente elaborado contendo um ou mais fármacos.
Os outros componentes do medicamento recebem a denominação de excipientes,
os quais podem ter as mais variadas funções, como melhorar o sabor, odor e até
mesmo atuar como conservantes do mesmo; Do ponto de vista terapêutico o
excipiente é inerte, não devendo também, interagir com o fármaco. Os
medicamentos podem ser classificados em: magistrais e oficinais; por sua vez,
os medicamentos oficiais por sua vez podem ser classificados em: referência,
similares e genéricos.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Fórmulas Magistrais - quando são preparados segundo uma receita
médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina;
• Preparados Oficinais - quando o medicamento é preparado segundo
indicações compendiais, de uma Farmacopeia ou Formulário.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Medicamento de referência - aquele que foi desenvolvido por um
laboratório, para ter sua comercialização autorizada pelo órgão de
vigilância de cada país Infarmed em Portugal). O laboratório necessita
apresentar estudos clínicos que comprovem a eficácia e a segurança do
medicamento. Normalmente, após um novo medicamento ser lançado no
mercado, apenas o laboratório criador tem o direito de comercialização.
Esta exclusividade termina quando expira o prazo da patente, que dura
entre 10 a 20 anos na maioria dos casos. Depois desse tempo, outros
laboratórios podem usar o mesmo princípio ativo e fazer cópias do
medicamento de referência. Essas cópias são os medicamentos genéricos.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Medicamento genérico - medicamento com a mesma substância ativa,
forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que
o medicamento original, de marca, que serviu de referência. São
representados pelo principio ativo.
• Medicamento similar - têm por característica manter os mesmos
princípios ativos, na mesma concentração, mesma dose e mesma forma
farmacêutica do que os medicamentos de referência ou os genéricos.
A diferença está no fato de que esses medicamentos possuem marca
própria.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Remédio: qualquer tratamento que faça bem à saúde do paciente, o conceito de
remédio é muito amplo, podendo envolver mesmo o medicamento.
• Dose: quantidade de fármaco capaz de provocar alterações no organismo.
Esta dose pode eficaz (DE), letal (DL).
• DE - dose capaz de produzir um efeito terapêutico desejado, podendo ser
classificada em mínima eficaz e máxima tolerada.
• DL - dose capaz de causar mortalidade.
Em ambos os casos (DE e DL) a eficácia pode ser determinada em
percentagem, portanto, DE50 é a dose eficaz em 50% dos tecidos ou
pacientes.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Índice terapêutico: relação entre a DL50 e a DE50, pode ser um indicativo da
segurança do fármaco.
• Janela terapêutica: faixa entre a dose mínima eficaz e máxima eficaz.
• Posologia: estudo da dosagem, de como a dose deve ser empregada
• Forma farmacêutica: forma de apresentação do medicamento:
comprimidos, capsulas, xaropes.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Pró-fármaco: fármaco que necessita ser ativado no organismo para ação
terapêutica. São administrados na forma inativa, sendo ativados apenas após
biotransformação (metabolismo normal). Estes podem melhorar a absorção ou a
ação. Podem ter ativação intracelular ou extracelular.
• Interação medicamentosa: efeito resultante da interação entre dois fármacos,
podendo como resultado final ocorrer o aumento, redução ou atenuação do efeito
farmacológico de ou mais fármacos envolvidos.
Farmacologia
Conceitos Básicos
Efeito indesejado: efeito provocado pela ação do fármaco no organismo diferente do
planeado.
Pode ser classificado em previsível e imprevisível.
Os efeitos previsíveis podem-se dividir em:
• toxicidade por superdosagem,
• efeito secundário (reação provocada pelo efeito principais do fármaco num sítio
diferente do alvo principal), efeito colateral
• interações medicamentosas.
Por sua vez, o efeito imprevisível pode ser dividido em: idiossincrático, alérgico e
intolerância.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Principio ativo - é o composto responsável pela ação, ou seja, pelo efeito
farmacológico. Está presente em alimentos, plantas e medicamentos, conferindo-
lhes propriedades farmacêuticas.
• Desta forma, embora os alimentos, as plantas e medicamentos possuam diversas
substâncias na sua composição, será o princípio ativo o responsável em realizar o efeito
terapêutico. Os medicamentos, em especial, possuem substâncias inertes, conhecidas
como excipientes, e compostos ativos denominados fármacos ou ingrediente
farmacêutico ativo (IFA) na sua formulação 
• Os princípios ativos ficaram muito conhecidos com a chegada dos genéricos, porque
levam o próprio nome da molécula, como o Omeprazol (Pratiprazol®) e Nistatina+Óxido
de Zinco (Pratiderm®).
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Placebo: Um placebo substância inócua e/ou tratamento inerte, cuja ação
teoricamente não deveria produzir qualquer reação, mas quando associada a
fatores psicológicos, acaba por produzir efeitos de melhoria clínica em alguns
indivíduos, por consequência da crença do paciente de que o tratamento será
eficaz.
• Biodisponibilidade: é um termo farmacocinético que descreve a velocidade e o
grau com que uma substância ativa ou a sua forma molecular terapeuticamente
ativa é absorvida a partir de um medicamento e se torna disponível no local de
ação. A avaliação da biodisponibilidade é realizada com base em parâmetros
farmacocinéticos calculados a partir dos perfis de concentração plasmática do
fármaco ao longo do tempo.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Bioequivalência tem por objetivo comparar as biodisponibilidades de dois
medicamentos considerados equivalentes farmacêuticos ou alternativas
farmacêuticas e que tenham sido administrados na mesma dose molar. Entende-
se por equivalentes farmacêuticos os medicamentos que contêm a mesma
substância ativa, na mesma dose e na mesma forma farmacêutica.
• Se nestas condições as biodisponibilidades de dois medicamentos forem
consideradas similares, os seus efeitos, no que respeita à eficácia e segurança dos
mesmos serão essencialmente os mesmos.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Em resumo, a avaliação da bioequivalência é um método indireto de avaliar a
eficácia e a segurança de qualquer medicamento contendo a mesma substância
ativa que o medicamento original, cuja ação seja dependente da entrada na
circulação sistémica.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Recetores - são macromoléculas (proteínas) que participam da sinalização
química dentro da célula e entre diferentes células; podem estar localizados na
membrana de superfície ou no citoplasma da célula.
• Os recetores ativados regulam direta ou indiretamente os processos bioquímicos
celulares (p. ex., condutância de iões, fosforilação de proteínas, transcrição do
ácido desoxirribonucleico DNA e atividade enzimática).
Farmacologia
Conceitos Básicos
Recetores
• As moléculas (p. ex., fármacos, hormonas e neurotransmissores) que se ligam ao
recetor são denominadas ligantes.
• A ligação pode ser específica e reversível. Um ligante pode ativar ou inativar um
recetor, podendo a ativação aumentar ou diminuir uma função celular particular.
• Cada ligante pode interagir com múltiplos subtipos de recetores. Poucos fármacos,
talvez nenhum, são absolutamente específicos para um recetor ou subtipo, porém a
maioria possui seletividade relativa. Seletividade é o grau de ação de uma substância
num determinado local em relação a outros locais; a seletividade refere-se em grande
medida à ligação físico-química do fármaco aos recetores celulares. 
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Para produzir efeito farmacológico o fármaco precisa ter duas características:
A capacidade do fármaco em afetar um
determinado recetor relaciona-se à afinidade
do fármaco (probabilidade de ocupar um
recetor a qualquer instante) e à eficácia
intrínseca (atividade intrínseca — grau em
que o ligante ativa recetores e conduz à
resposta celular).
A afinidade e a atividade de um fármaco são
determinadas pela sua estrutura química.
Farmacologia
Conceitos Básicos
Resumindo:
Um recetor de um fármaco é uma macromolécula alvo especializada, presente na
superfície celular ou intracelularmente, que se liga ao fármaco e medeia a sua ação
farmacológica.
Os fármacos podem interagir com enzimas, ácidos nucleicos ou recetores de
membrana.
Em qualquer um dos casos, a formação de um complexo fármaco-recetor conduz à
resposta biológica, e a magnitude da resposta é proporcional ao número de complexos
fármaco-recetor:
fármaco + recetor  complexo fármaco-recetor  efeito
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Os agonistas e os antagonistas permitem caracterizar melhor a ligação do
fármaco ao seu recetor, o que permite conhecer melhor as características da
ligação.
• Um agonista total é um fármaco que é capaz de produzir num órgão a resposta
máxima que esse órgão pode dar como consequência da ativação de um
determinado sistema de recetores por um ligando endógeno. Ou seja, esse
fármaco tem uma eficácia de 100%.
• um agonista parcial - fármaco que produz apenas um efeito submáximo no
órgão (ou seja, a sua eficácia é superior a zero mas inferior a 100%). A resposta é
inferior à da provocada pelo agonista por completo).
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Moléculas agonistas podem ter frequentemente propriedades agonistas e
antagonistas, desta forma estes fármacos são denominados agonistas parciais
(eficácia baixa) ou agonistas/antagonistas.
• Por exemplo, a pentazocina ativa os recetores opioides, mas bloqueia a ativação
por outros opioides. Assim, a pentazocina desencadeia efeitos opioides, mas
atenua os efeitos de outro opioide se este for administrado enquanto a
pentazocina ainda estiver ligada.
• O fármaco que age como agonista parcial num tecido pode agir como agonista
completo em outro.
Farmacologia
Conceitos Básicos
Um antagonista é um fármaco que
apenas ocupa os receptores (apenas
possui afinidade), não produzindo
qualquer efeito no órgão, isto é, não o
activa. A sua eficácia é portanto zero.
Estes fármacos, ao ocuparem os
receptores, impedem que os agonistas
actuem no órgão
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Os antagonistas de recetores podem ser classificados como:
• Reversíveis: dissociam-se prontamente de seus recetores
• Irreversíveis: inversamente, formam uma ligação química estável,
permanente ou quase permanente com seus recetores
• Pseudo irreversíveis: dissociam-se lentamente de seus recetores.
Farmacologia
Conceitos Básicos
• Antagonistas competitivos - fármacos que interagem com os receptores no
mesmo local do agonista, competindo pela mesma ligação que este. Um
antagonista competitivo desloca a curva de dose-resposta do agonista para a
direita, fazendo com que o fármaco se comporte como se fosse menos potente.
• Antagonistas não competitivos - impedem a ligação do agonista ou impedem a
activação do receptor por este. Um antagonista não competitivo diminui a
resposta máxima.
Farmacologia
Conceitos Básicos
Farmacologia
Exercício

Qual a diferença entre os agonistas


X e Y? 
Farmacologia
Exercício
A diferença entre X e Y está na potência.
O fármaco X é mais potente que o fármaco Y, pois com uma concentração muito
menor é possível exercer o mesmo grau de efeito que o fármaco Y. Ou seja, a
concentração de fármaco X que gera 50% do efeito (EC50) é menor que a EC50 do
fármaco Y.
Uma consequência importante é que para gerarmos o mesmo efeito clínico,
precisamos usar uma dose menor do fármaco mais potente.
Farmacologia
Unidades de medida
Farmacologia
Ramos da Farmacologia
• Na farmacologia básica são estudados os conceitos gerais de ação dos fármacos,
ou seja, são estudados os aspetos farmacocinéticos e farmacodinâmicos básicos a
todos os fármacos.
• O objetivo é desenvolver os conhecimentos acerca do comportamento geral de
ação dos fármacos no organismo, e em posse desse conhecimento a interpretação
de uma resposta farmacológica fica mais facilitada, bem como, o planeamento
terapêutico que passa a ser feito de forma mais racional.
Farmacologia
Ramos da Farmacologia
• A farmacodinâmica estuda a correlação do fármaco com o organismo, e quais
os processos fisiológicos afetados pelos fármacos, ou seja, pode-se afirmar que o
foco da farmacodinâmica é:
• local e mecanismo de ação,
• relação entre concentração e magnitude do efeito,
• variação de efeitos e respostas.
• Juntamente com a Farmacocinética, a compreensão das ações dos fármacos no
organismo, são fundamentais para o planeamento clínico da terapêutica.
Farmacologia
Ramos da Farmacologia
• A Farmacocinética estuda a correlação do organismo com o fármaco, ou seja,
em que ponto ocorre a absorção, locais no qual o fármaco se acumula no
organismo, rota de biotransformação e onde ocorre a sua excreção.
• A Farmacocinética é comumente aplicada para determinação adequada da
posologia, reajuste posológico, interpretação de resposta inesperada ou ausência
de efeito, melhor compreensão da ação dos fármacos e uso racional de fármacos.

ABSORÇÃO  DISTRIBUIÇÃO  BIOTRANSFORMAÇÃO 


ELIMINAÇÃO
Farmacologia
Farmacologia
Absorção de Fármacos
É a etapa que compreende a administração do
fármaco até à sua chegada à circulação
sanguínea. Para tal, o fármaco tem de atravessar
barreiras biológicas.
Permeabilidade de fármacos pelas barreiras:
- Mecanismos de passagem
- Grau de ionização
- Coeficiente de partição óleo-agua
- Via de administração
Farmacologia
Absorção de Fármacos
• Determinada por:
• propriedades físico-químicas,
• Formulação
• via de administração do fármaco.
• As formas de dosagem (p. ex., comprimidos, cápsulas ou soluções), constituídas
pelo fármaco e por outros ingredientes, são formuladas para serem administradas
mediante várias vias (p. ex., oral, bucal, sublingual, retal, parenteral, tópica e por
inalação). Independentemente da via de administração, os fármacos devem estar em
solução para serem absorvidos. Assim, as formas sólidas (p. ex., comprimidos)
devem ser capazes de se desintegrarem e se desagregarem.
Farmacologia
Absorção de Fármacos
Farmacologia
Absorção de Fármacos
Farmacologia
Absorção de Fármacos
Farmacologia
Absorção de Fármacos – diferenças
Farmacologia
Absorção de Fármacos
• A não ser que se administre por via intravenosa, o fármaco deve ultrapassar
várias membranas celulares semipermeáveis antes de alcançar a circulação
sistémica.
• As membranas celulares são barreiras biológicas que inibem, de modo seletivo, a
passagem de moléculas de fármacos. Fármacos podem atravessar as membranas
celulares por:
• Difusão passiva
• Difusão passiva facilitada
• Transporte ativo
• Pinocitose
Farmacologia
Absorção de Fármacos – transporte através da membrana plasmática
Farmacologia
Farmacologia
Absorção de Fármacos

Alguns transportadores placentários podem transportar


moléculas grandes para dentro da placenta. Outros
transportadores podem aumentar a eliminação de
fármacos da circulação placentárias.

O tamanho do fármaco também influência a sua entrada


na placenta:
• Peso molecular entre 250 e 500 atravessam
facilmente
• Peso molecular entre 500 e 1000 atravessam
lentamente
• Peso molecular acima de 1000, muita dificuldade
para atravessar
Farmacologia
Absorção de Fármacos
• Às vezes, várias proteínas globulares embebidas na matriz funcionam como
recetores e auxiliam o transporte de moléculas através de membranas.
• Para ser absorvido, um fármaco administrado por via oral deve subsistir a
ambientes com pH baixo e numerosas secreções gastrintestinais, incluindo
enzimas potencialmente degradadoras. Fármacos peptídicos (p. ex., insulina) são
particularmente suscetíveis à degradação e não são utilizados por via oral.
Farmacologia
Absorção de Fármacos – Administração oral
• A absorção de fármacos por via oral envolve o transporte através das membranas
das células do trato gastrintestinal. A absorção é influenciada por:
• Diferenças no pH do lúmen ao longo do trato gastrintestinal
• Área de superfície por volume de lúmen
• Perfusão sanguínea
• Presença de bile e muco
• Natureza das membranas epiteliais
Farmacologia
Absorção de Fármacos – fatores que alteram a absorção
Farmacologia
Absorção de Fármacos – fatores que alteram a velocidade de absorção
Farmacologia
Absorção de Fármacos – Administração oral
• A mucosa oral possui um epitélio fino e rica vascularização, o que favorece a absorção,
mas o contato é, geralmente, muito breve para a absorção substancial. O fármaco
colocado entre a gengiva e a bochecha (administração bucal) ou sob a língua
(administração sublingual) é retido por mais tempo, exacerbando a absorção.
• O intestino delgado tem a área de superfície mais ampla para a absorção de fármacos no
trato gastrintestinal, sendo suas membranas mais permeáveis que as do estômago. Por
essas razões, a maioria dos fármacos é absorvida, principalmente, no intestino delgado, e
os ácidos, apesar da capacidade de atravessar membranas prontamente por serem
fármacos não ionizados, são absorvidos mais rapidamente no intestino do que no
estômago
Farmacologia
Absorção de Fármacos – Administração oral
• O tempo de trânsito intestinal pode influenciar na absorção dos fármacos, em
particular naqueles que são absorvidos por transporte ativo (p. ex., vitaminas B),
que se dissolvem lentamente (p. ex., griseofulvina) ou que são polares (com
baixa solubilidade lipídica, p. ex., muitos antibióticos).
• Para otimizar a adesão, os médicos devem prescrever suspensões orais e
comprimidos mastigáveis para crianças < 8 anos. Em adolescentes e adultos,
administra-se a maioria dos fármacos por via oral na forma de comprimidos ou
cápsulas principalmente por conveniência, economia, estabilidade e aceitação do
paciente.
Farmacologia
Biodisponibilidade
• A biodisponibilidade refere-se à extensão e à velocidade em que a porção ativa
(fármaco ou metabólito) entra na circulação sistémica, alcançando, assim, o local
de ação.
• A biodisponibilidade de um fármaco é predominantemente determinada pelas
propriedades da forma de dosagem, que dependem, em parte, de sua forma e
fabricação. Diferenças na biodisponibilidade entre formulações de um
determinado fármaco podem ter significado clínico; assim, é essencial saber se as
formulações medicamentosas são equivalentes.
Farmacologia
Biodisponibilidade
Causas da baixa biodisponibilidade
• Tempo insuficiente de absorção no trato gastrintestinal. Se o fármaco não se
dissolver rapidamente ou não conseguir penetrar na membrana epitelial (p. ex., se
for intensamente ionizada ou polar), o tempo no local de absorção pode ser
insuficiente. Nesses casos, a biodisponibilidade tende a ser amplamente variável,
bem como baixa.
• Idade, sexo, atividade física, fenótipo genético, estresse, doenças (p. ex.,
acloridria e síndromes de má absorção) ou cirurgia pregressa do trato
gastrintestinal (p. ex., cirurgia bariátrica) também podem afetar a
biodisponibilidade de um fármaco.
Farmacologia
Biodisponibilidade
Causas da baixa biodisponibilidade
• Reações químicas que reduzem a absorção. Elas incluem a formação de um
complexo (p. ex., entre tetraciclina e iões metálicos polivalentes), hidrólise por
ácido gástrico ou enzimas digestivas (p. ex., penicilina e hidrólise do palmitato
de cloranfenicol), conjugação na parede intestinal, adsorção de outros fármacos
(p. ex., de digoxina para colestiramina) e metabolismo por flora do lúmen.
Farmacologia
Biodisponibilidade
Após a administração de um medicamento, amostras sanguíneas podem ser
recolhidas do paciente em intervalos de tempo específicos, e o seu conteúdo em
fármaco analisado. Os dados resultantes podem ser apresentados graficamente de
modo a obter um gráfico da concentração do fármaco no sangue (ou plasma) em
função do tempo.

Relação representativa entre concentração


plasmática e tempo após uma dose oral única
de um fármaco hipotético
Farmacologia
Biodisponibilidade
Tipicamente, o eixo vertical apresenta a concentração de fármaco no sangue e o
eixo horizontal os tempos para os quais foram obtidas as amostras após
administração do fármaco. Quando o fármaco foi administrado (tempo zero), a
concentração no sangue também deverá ser zero. Assim que um fármaco
administrado oralmente passa pelo estômago e/ou intestino, é libertado da sua
forma de dosagem, e dissolve-se totalmente ou parcialmente, e é absorvido. Com a
continuação, as amostras de sangue revelam concentrações aumentadas de fármaco
até atingirem um pico máximo de concentração (Cmáx). Depois, os níveis
sanguíneos de fármaco decrescem progressivamente e se não é administrado mais
fármaco
Farmacologia
Biodisponibilidade
Tipicamente, o eixo vertical apresenta a concentração de fármaco no sangue e o
eixo horizontal os tempos para os quais foram obtidas as amostras após
administração do fármaco. Quando o fármaco foi administrado (tempo zero), a
concentração no sangue também deverá ser zero. Assim que um fármaco
administrado oralmente passa pelo estômago e/ou intestino, é libertado da sua
forma de dosagem, e dissolve-se totalmente ou parcialmente, e é absorvido. Com a
continuação, as amostras de sangue revelam concentrações aumentadas de fármaco
até atingirem um pico máximo de concentração (Cmáx). Depois, os níveis
sanguíneos de fármaco decrescem progressivamente e se não é administrado mais
fármaco poderá eventualmente baixar para zero.
Farmacologia
Biodisponibilidade
Quando os estudos de dissolução ou absorção de um determinado fármaco
demonstram consistentemente que apenas uma fração de fármaco numa
determinada forma de dosagem (por exemplo um comprimido) se encontra
disponível para absorção biológica, o fator de biodisponibilidade do fármaco F
(percentagem decimal de fármaco disponível) pode ser usado para determinar a
fração de fármaco biodisponível.
Por exemplo, se 100 mg de um fármaco forem administrados a um paciente e
apenas 70 mg atingem a circulação sistémica então F é 0,7, ou a biodisponibilidade
desse fármaco 70%.
Farmacologia
Distribuição do fármaco aos tecidos
• Após entrar na circulação sistémica, o fármaco é distribuído a todos os tecidos
corporais. Em geral, a distribuição é desigual em virtude de:
• diferenças na perfusão sanguínea,
• ligação a tecidos (p. ex., decorrente do conteúdo lipídico),
• pH regional
• permeabilidade das membranas celulares.
Farmacologia
Distribuição do fármaco aos tecidos
O índice de penetração de um fármaco num tecido depende de:
• magnitude do fluxo sanguíneo para o tecido,
• massa tecidual,
• características de divisão entre sangue e tecido.
Farmacologia
Distribuição do fármaco aos tecidos
• O equilíbrio de distribuição (quando os índices de entrada e saída são os
mesmos) entre o sangue e o tecido é alcançado de modo mais rápido em áreas
ricamente vascularizadas. Após o equilíbrio, as concentrações do fármaco nos
tecidos e no líquido extracelular são refletidas pela concentração plasmática. A
biotransformação e a excreção ocorrem simultaneamente com a distribuição,
tornando o processo dinâmico e complexo.
• Depois do fármaco entrar nos tecidos, a taxa de distribuição para o líquido
intersticial é determinada principalmente por perfusão. Para os tecidos com baixa
perfusão (p. ex., músculo e gordura), a distribuição é muito baixa, em especial se
o tecido tiver alta afinidade para o fármaco.
Farmacologia
Distribuição do fármaco aos tecidos
• O grau de distribuição de um fármaco nos tecidos depende do grau de ligação às
proteínas plasmáticas e aos tecidos.
• Na corrente sanguínea, os fármacos são transportados parte em solução como
fármaco livre (sem ligação) e parte com ligação reversível a componentes
sanguíneos (p. ex., proteínas plasmáticas e células sanguíneas).
• Das muitas proteínas plasmáticas que podem interagir com os fármacos, as mais
importantes são a albumina, a alfa-1-glicoproteína ácida e as lipoproteínas. Em
geral, os fármacos ácidos ligam-se mais extensivamente à albumina, e os
fármacos básicos ligam-se de forma mais ampla à alfa-1-glicoproteína ácida, às
lipoproteínas ou a ambas.
Farmacologia
Distribuição do fármaco aos tecidos
• Os fármacos ligam-se a muitas substâncias além das proteínas. Em geral,
a ligação ocorre quando um fármaco associa-se a uma macromolécula em
um ambiente aquoso, mas pode ocorrer quando um fármaco é partilhado
na gordura corporal. Como a gordura tem baixa perfusão, o tempo de
equilíbrio é longo, em especial se o fármaco for altamente lipofílico.
Farmacologia
Metabolismo dos fármacos
• O fígado é o principal local de metabolismo de fármacos. Embora a
biotransformação classicamente efetue a inativação de fármacos, alguns
metabólitos são farmacologicamente ativos — às vezes, muito mais que o
composto original. Uma substância inativa ou fracamente ativa que tenha um
metabólito ativo é denominada profármaco, em especial se projetada para liberar
a porção ativa de modo mais efetivo.
Farmacologia
Metabolismo dos fármacos
• Os fármacos podem ser biotransformados por:
• oxidação,
• redução,
• hidrólise,
• hidratação,
• conjugação,
• condensação ou isomerização;
Qualquer que seja o processo, o objetivo é de facilitar sua excreção. 
Farmacologia
Metabolismo dos fármacos
Para muitos fármacos, a biotransformação ocorre em 2 fases.
• As reações na fase I englobam:
• a formação de um novo grupo funcional (oxidação, redução, hidrólise) -
reações não sintéticas.
• As reações na fase II englobam a conjugação com alguma substância endógena
(p. ex., ácido glucurónico, sulfato, glicina) - reações sintéticas.
Farmacologia
Excreção
• Os metabólitos formados nas reações sintéticas são mais polares e, portanto, mais
prontamente excretados pelos rins (na urina) e pelo fígado (na bilis) que aqueles
formados por reações não sintéticas.
• Os rins são os principais órgãos que excretam as substâncias hidrossolúveis. O
sistema biliar contribui para a excreção até ao ponto em que o fármaco não é
reabsorvido do trato gastrintestinal.
Farmacologia
Excreção
• Em geral, a contribuição do intestino, saliva, suor, leite materno e pulmões para a
excreção é pequena. A excreção via leite materno pode afetar o lactente.
• O metabolismo hepático muitas vezes aumenta a polaridade e a solubilidade em
água do fármaco. Os metabólitos resultantes, assim, são mais prontamente
excretados.
Farmacologia
Excreção
Excreção renal
• A filtração renal responde pela maior parte da excreção de fármacos. Cerca de
um quinto do plasma que alcança o glomérulo é filtrado pelos poros no endotélio
glomerular; quase toda a água e a maioria dos eletrólitos são reabsorvidas passiva
ou ativamente dos túbulos renais de volta à circulação.
• No entanto, os compostos polares, que são responsáveis pela maioria dos
metabólitos de fármacos, não podem ser difundidos de volta à circulação e são
excretados, a não ser que exista mecanismo de transporte específico para a
reabsorção (p. ex., glicose, ácido ascórbico e vitaminas B).
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Excreção
Excreção renal
• Com o envelhecimento, há diminuição da excreção renal de fármacos; aos 80
anos de idade, a depuração tipicamente reduz-se à metade do que era aos 30
anos. A excreção renal de fármacos também pode mudar de acordo com várias
condições de saúde
Farmacologia
Farmacocinética
Farmacologia
Farmacologia
Cálculos Farmacêuticos
Em Farmacologia, é essencial saber manipular, preparar ou administrar soluções.

As soluções são definidas como misturas homogéneas de duas ou mais substâncias, cujas
propriedades dependem da composição e da natureza dos seus componentes e que podem
existir no estado sólido, líquido ou gasoso.
• Soluto - é o componente da solução que se encontra presente em menor quantidade
• Solvente - é o componente da solução que se encontra presente em maior
quantidade.

A água é um solvente extraordinariamente adequado para solutos iónicos e polares e as


soluções resultantes são chamadas soluções aquosas.
Farmacologia
Cálculos Farmacêuticos
Para caracterizar a composição de uma solução é essencial determinar a quantidade
relativa dos seus componentes e à qual se dá o nome de concentração. Esta pode ser
expressa de diferentes modos, conforme o fim em vista, sendo os mais comuns:
• Molaridade - número de moles de soluto por litro de solução. É a unidade mais
comum utilizada.
• Percentagem - Esta unidade é frequentemente usada em soluções concentradas,
tipicamente ácidos ou bases.
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Cálculos Farmacêuticos
Nº de moles (n) = massa (g) / peso molecular (g/mol)
Concentração inicial (Ci) x Volume inicial (Vi) = Concentração final (Cf)
x Volume final (Vf)

Conversões de unidades úteis na preparação de soluções:


1 cm3 = 1 mL
1 dm3 = 1 L
1L = 1000 mL
1 dm3 = 1000 cm3
1 g = 1000 mg
Farmacologia
Descoberta de novos fármacos
A criação de medicamentos tem uma série de etapas para garantir que eles
sejam eficazes e seguros e envolve cientistas de várias áreas, como
farmacêuticos, biólogos, químicos e médicos. 

Tudo isto só é possível depois de ser identificado o mecanismo de


funcionamento de uma doença e descoberta uma molécula capaz de
influenciá-lo.
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Descoberta de novos fármacos
Pesquisa de novos medicamentos tem várias fases.
Normalmente, milhares de moléculas são testadas até ser identificada uma
com bom potencial para tratar algum problema de saúde.
Depois começa um longo processo de pesquisa até se tornar num
medicamento aprovado.
Este processo divide-se em pesquisa pré-clínica, que é realizada em
organismos vivos, e pesquisa clínica - que tem várias fases e é realizada com
pessoas voluntárias.
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Descoberta de novos fármacos
Farmacologia
Descoberta de novos fármacos
• A descoberta de medicamentos geralmente começa com a identificação do alvo -
ao selecionar um mecanismo bioquímico envolvido numa condição de doença.
• Até 10.000 candidatos a medicamentos são submetidos a um rigoroso processo
de triagem para estabelecer sua iteração com o alvo da droga.
• Uma vez que os “hits” iniciais (drogas com atividade contra o alvo) são
identificados, uma biblioteca focada de compostos similares será sintetizada para
otimizar as iterações com o alvo da droga; este é o processo de síntese da
biblioteca.
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Descoberta de novos fármacos
Em seguida, a molécula é avaliada na sua eficácia, no tratamento da doença, por meio
de estudos pré-clínicos (testes com animais) e clínicos (testes com humanos saudáveis
e doentes).

Trata-se de uma estratégia de desenvolvimento de fármacos extremamente refinada e


que, além de se focar numa alta eficiência no combate à doença, também se preocupa
em evitar efeitos colaterais inconvenientes que geralmente os medicamentos
apresentam.
Farmacologia
Descoberta de novos fármacos
Por exemplo:
- tomar certos remédios para o enjoo e ter sono como efeito colateral,
- efeitos adversos da quimioterapia tais como fadiga, perda de cabelo, hematomas e
hemorragias.

Isto ocorre muitas vezes porque o medicamento, embora atue no combate à doença,
acaba por interagir também com outras proteínas do corpo, dando origem a efeitos
colaterais.
Por isso, um bom princípio ativo deve ser específico e potente o suficiente para
interromper apenas as cadeias de reações ligadas exclusivamente ao funcionamento da
doença. E este processo não é simples.
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Descoberta de novos fármacos
Na sua fase final, para serem testados em pessoas, inicia-se o processo de ensaios
clínicos que envolve diversas fases, cada uma com um objetivo específico:

Fase I - Avaliação do perfil de segurança em indivíduos saudáveis


Fase II - Avaliação da eficácia e segurança a curto-prazo e determinação da
dose do medicamento
Fase III - Avaliação numa população alargada e frequentemente, por
comparação com alternativas terapêuticas existentes
Fase IV - Monitorização do perfil de segurança a longo-prazo
Farmacologia
Descoberta de novos fármacos
Fase I - Avaliação do perfil de segurança em indivíduos saudáveis
Teste inicial do medicamento na população, geralmente saudável, para reunir
informação de segurança, para perceber como é absorvido, distribuído
metabolizado e eliminado pelo organismo e determinar a forma farmacêutica (ex:
comprimido, injeção, pomada) e a dose do medicamento mais adequada.

População-alvo: população muito reduzida e que poderá incluir tanto pessoas com


doença como voluntários saudáveis/sem doença.
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Descoberta de novos fármacos
Fase II - Avaliação da eficácia e segurança a curto-prazo e
determinação da dose do medicamento
Destina-se a avaliar  se o medicamento é adequado para tratar determinada
doença e os seus efeitos não desejáveis (efeitos adversos) numa população
mais alargada.

População-alvo: população limitada e em número superior à fase I


 incluindo apenas participantes com a doença.
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Descoberta de novos fármacos
Fase III - Avaliação numa população alargada e frequentemente, por
comparação com alternativas terapêuticas existentes
Determina a eficácia e segurança da nova terapêutica comparativamente
com outra já existente no mercado ou placebo.

População-alvo: população mais alargada face aos ensaios clínicos de fase


II
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Descoberta de novos fármacos
Fase IV - Monitorização do perfil de segurança a longo-prazo
Reúne informação adicional sobre a utilização do medicamento a longo
prazo após a autorização da comercialização.

População-alvo: população de doentes heterogénea (em contexto de vida


real)
Farmacologia
Descoberta de novos fármacos
Principais riscos de um ensaio clínico

• Eficácia do tratamento experimental


• Não ter a eficácia esperada.
• Não existir qualquer benefício para a condição do doente.

• Integrar no grupo de controlo


• O participante poderá ser integrado no grupo de controlo, e desta forma não recebe a nova
terapêutica, mas sim um medicamento um comparador (terapêutica existente ou placebo),
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Descoberta de novos fármacos
Riscos ou efeitos adversos do tratamento experimental que podem
afetar a saúde do participante
• Riscos associados a efeitos adversos conhecidos
• Riscos associados a efeitos adversos ainda não conhecidos

Se durante o ensaio clínico o voluntário sofrer qualquer perda ou dano


como resultado da investigação ou de procedimentos relacionados com o
mesmo, todas as responsabilidades serão cobertas pelo seguro de
responsabilidade civil contratado pelo promotor.
Farmacologia
Descoberta de novos fármacos
Os ensaios clínicos são  regulados pela Lei n.º 21/2014, de 16 de abril, onde é
estabelecido o regime jurídico da investigação clínica, a sua definição, informação de
aplicação das boas práticas clínicas na condução dos ensaios clínicos de medicamentos
para uso humano e outros estudos clínicos. Esta lei foi alterada pela Lei n.º 73/2015 de 27
de julho e pela Lei n.º 49/2018, de 14 de agosto.  A legislação nacional resulta da
transposição das seguintes diretivas a nível europeu:
Diretiva 2001/20/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de abril, sobre
investigação clínica de medicamentos de uso humano.
Diretiva n.º 2007/47/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de
setembro investigação clínica de dispositivos médicos.
Farmacologia
Grupos Farmacológicos
https://www.mymedfarma.com/pt/grupos-farmacologicos
Grupos Farmacológicos (mymedfarma.com)

Farmacologia
Grupos Farmacológicos
Fármaco ideal
Farmacologia
Análise Custo x benefício

Deve ser sempre analisado o histórico clínico do paciente e realizar uma anamnese completa
(fumador, diabético, idade etc.), as ações farmacológicas e efeitos colaterais dos fármacos.
Farmacologia
Uso racional de medicamentos
Farmacologia
Uso racional de medicamentos
Farmacologia
Suplementos alimentares
Legislação aplicável
Os suplementos alimentares obedecem à legislação específica para suplementos
alimentares e à regulamentação geral sobre géneros alimentícios.

A nível nacional, os suplementos alimentares são regulados pelo Decreto-lei nº. 136/2003,
de 28 de junho, que transpôs para ordem jurídica nacional a Diretiva 2002/46/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 10 de junho, relativa à aproximação das legislações
dos Estados Membros respeitantes aos suplementos alimentares. Este diploma foi
posteriormente alterado pelo Decreto-lei n.º 296/2007 de 22 de agosto e mais tarde pelo
Decreto-lei n.º 118/2015 de 23 de junho.
Farmacologia
Suplementos alimentares
Legislação aplicável
De acordo com o Decreto-lei nº. 136/2003:
Suplementos alimentares - são géneros alimentícios que se destinam a complementar e ou
suplementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de
determinadas substâncias nutrientes (vitaminas e minerais) ou outras com efeito nutricional
ou fisiológico.
São comercializados em forma doseada, tais como cápsulas, pastilhas, comprimidos,
pílulas e outras formas semelhantes, saquetas de pó, ampolas de líquido, frascos com
conta-gotas e outras formas similares de líquidos ou pós e destinam-se a ser tomados em
unidades de medida de quantidade reduzida.
Farmacologia
Suplementos alimentares
Legislação aplicável
O mesmo diploma estabelece que os suplementos alimentares apenas podem ser postos à
disposição do consumidor final sob a forma pré-embalada.

Na primeira publicação do Decreto-Lei n.º 136/2003, era definida a Agência para a


Qualidade e Segurança Alimentar como a Autoridade Competente (“organismo
responsável pela avaliação dos riscos dos géneros alimentícios e que, nessa matéria,
colabora com a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos”).
Farmacologia
Suplementos alimentares
Legislação aplicável
Mais tarde, procedeu-se à primeira alteração deste diploma com o Decreto-Lei n.º 296/2007, de
22 de agosto, que estabelecia o Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) como “…a
autoridade competente para autorizar a introdução de novas substâncias e a colocação no
mercado de suplementos alimentares”.
No entanto o recente Decreto-Lei n.º 118/2015, de 23 de junho, que procedeu à segunda
alteração ao Decreto-Lei n.º 136/2003, de 28 de junho, define agora a «autoridade competente»
como sendo a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), enquanto organismo
responsável pela definição, execução e avaliação das políticas de segurança alimentar.
Define ainda a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), no âmbito das suas
competências, como a entidade responsável pela fiscalização do cumprimento das normas
daquele diploma, sem prejuízo das competências atribuídas por lei a outras entidades
Farmacologia
Suplementos alimentares
Legislação aplicável
Os suplementos alimentares têm de ser notificados à DGAV, antes de serem colocados no
mercado nacional.
É da responsabilidade do fabricante, do distribuidor ou do importador notificar à DGAV
essa colocação no mercado, de forma a possibilitar o acompanhamento e controlo oficial
dos mesmos.
Os operadores nacionais de suplementos alimentares, sejam fabricantes,
grossistas/distribuidores ou apenas brokers, são incentivados a proceder ao registo da sua
entidade, junto da DGAV, no sistema SIPACE. O registo permite uma melhor resposta no
âmbito dos controlos oficiais.
Farmacologia
Suplementos alimentares
Relativamente à informação obrigatória sobre géneros alimentícios, nomeadamente
suplementos alimentares, de acordo com o Regulamento n.º 1169/2011 de 25 de outubro e
Decreto-Lei 136/2003 de 28 de junho (nas suas redações atuais) é obrigatório fornecer ao
consumidor as seguintes informações:
- Denominação do género alimentício, sendo que no caso dos suplementos alimentares, a
denominação de venda é “Suplemento Alimentar”
‑ Lista de ingredientes incluindo, entre outros, os nutrimentos ou substâncias que
caracterizam o produto ou uma referência específica à sua natureza;
‑ Indicação dos ingredientes e auxiliares tecnológicos, utilizados no fabrico ou na preparação de um
género alimentício, que provoquem alergias ou intolerâncias e que continuem presentes no produto
acabado, mesmo sob uma forma alterada;
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Suplementos alimentares
‑ Quantidade de determinados ingredientes ou categorias de ingredientes;
‑ Quantidade líquida;
‑ Data de durabilidade mínima ou a data-limite de consumo;
‑ Condições especiais de conservação e/ou condições de utilização;
‑ Nome ou a firma e o endereço do operador económico responsável pela informação do
género alimentício;
‑ País de origem ou o local de proveniência, quando aplicável;
‑ Toma diária recomendada do produto;
‑ Modo de emprego;
‑ Uma advertência de que não deve ser excedida a toma diária indicada;
Farmacologia
Suplementos alimentares
‑ A indicação de que os suplementos alimentares não devem ser utilizados como
substitutos de um regime alimentar variado;
‑ Uma advertência de que os produtos devem ser guardados fora do alcance das crianças;
‑ Declaração nutricional;
‑ Indicação do lote.
Farmacologia
Suplementos alimentares
A rotulagem nutricional de produtos para os quais seja feita uma alegação nutricional e/ou
de saúde deve ser obrigatória, exceto no caso da publicidade genérica.

No caso dos suplementos alimentares, a informação nutricional deve obedecer ao disposto


no artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 136/2003, na sua redação atual (ver secção 4.1.11 -
Declaração nutricional)
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Suplementos alimentares
Alegações de Nutricionais
Qualquer alegação que declare, sugira ou implique que um alimento possui propriedades
nutricionais benéficas particulares, devido:
a) À energia (valor calórico) que:
i) fornece,
ii) fornece com um valor reduzido ou aumentado,
iii) não fornece, e/ou

b) Aos nutrientes ou outras substâncias que:


i) contém,
ii) contém em proporção reduzida ou aumentada,
iii) não contém.
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Suplementos alimentares
Alegações de Nutricionais
As alegações nutricionais apenas são permitidas se constarem do anexo do Regulamento
(CE) n.º 1924/2006, na sua redação atual
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Suplementos alimentares
Alegações de Saúde
Qualquer alegação que declare, sugira ou implique a existência de uma relação entre uma
categoria de alimentos, um alimento ou um dos seus constituintes e a saúde.
São proibidas alegações de saúde que:
(i) sugiram que a saúde pode ser afetada pelo facto de não se consumir o alimento,
(ii) façam referência ao ritmo ou à quantificação da perda de peso,
(iii) façam referência a recomendações de médicos ou de profissionais da saúde e de
outras associações não reconhecidas pelas normas nacionais pertinentes.

A informação sobre os géneros alimentícios não deve atribuir a um género alimentício


propriedades de prevenção, de tratamento e de cura de doenças humanas, nem
mencionar tais propriedades.
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Suplementos alimentares
Alegações de Saúde

As alegações de saúde podem ser


divididas em dois grandes grupos:
a) Alegações de saúde que não
refiram a redução de um risco de
doença ou o desenvolvimento e a
saúde das crianças, também
chamadas de «funcionais» (Art.13º
do Regulamento (CE) n.º
1924/2006)
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Suplementos alimentares
Alegações de Saúde

b) Alegações relativas à redução de


um risco de doença e alegações
relativas ao desenvolvimento e à
saúde das crianças (Art.14º do
Regulamento (CE) n.º 1924/2006)
Farmacologia
Suplementos alimentares
É possível adaptar o texto de uma alegação de saúde, desde que se assegure que o significado do texto
autorizado é respeitado, isto é:
‑ A relação entre o constituinte alimentar e o efeito benéfico na saúde é a mesma (o novo texto reflete
a evidência científica original);
‑ O texto da alegação não é enganoso (não pode levar a conclusões incorretas, embora seja
verdadeiro);
‑ O texto da alegação é bem entendido pelo consumidor comum.

Deverá ser tido em conta que o entendimento do consumidor pode variar nos diversos Estados-
Membros, pelo que a adequação da redação das alegações fica sujeita ao controlo das autoridades
nacionais.
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Suplementos alimentares
Alegações de saúde para plantas e substâncias à base de plantas

As alegações de saúde para plantas e substâncias à base de plantas são um caso particular de alegações
cuja avaliação e decisão se encontra pendente.
O Regulamento (CE) n.º 1924/2006 prevê que as alegações de saúde feitas sobre os alimentos,
incluindo as plantas, só devem ser autorizadas depois de uma avaliação científica por parte da EFSA
(European Food Safety Authority) na qual os estudos de intervenção são um elemento essencial.
Em 2009, nenhuma alegação de saúde para plantas ou substâncias à base de plantas foi avaliada
favoravelmente pela EFSA, principalmente devido à falta de estudos de intervenção, o que levou à
suspensão do procedimento de autorização em 2010.
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Suplementos alimentares
Alegações de saúde para plantas e substâncias à base de plantas

Certas substâncias à base de plantas podem estar presentes na composição de medicamentos


à base de plantas e de géneros alimentícios.
É assim possível que para a mesma substância, a indicação terapêutica dos medicamentos à
base de plantas seja semelhante a uma alegação de saúde de géneros alimentícios, com as
devidas distinções, dado que a utilização de alegações «medicinais» estão proibidas nestes
últimos.
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Suplementos alimentares
Alegações de saúde para plantas e substâncias à base de plantas

Em 2012, a Comissão estabeleceu uma Lista de «espera» na qual aparecem 2.078 alegações
de saúde relacionadas com plantas/substâncias à base de plantas, que, enquanto aguardam
uma decisão final, ainda podem ser utilizadas no mercado da UE sob a responsabilidade dos
operadores económicos e desde que os princípios e condições gerais do Regulamento das
Alegações e disposições nacionais pertinentes sejam cumpridos.
Atualmente a Comissão e o Parlamento ainda não decidiram se estas alegações devem ser
revistas de forma semelhante às outras alegações ou se devem ser definidos requisitos
específicos.
https://
www.ordemfarmaceuticos.pt/fotos/editor2/2022/www/colegios/cear/liliana_marques_suplementos
_alimentares_final.pdf

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Obrigada

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