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A epopeia

Nome autores
O género da epopeia

Género narrativo de remota origem e considerável prestígio cultural, a epopeia (do gr. epopoiia)
assenta as suas raízes nas mais vetustas manifestações literárias da Antiguidade. Diretamente
relacionada com valores e referências culturais hoje desaparecidos, a epopeia releva de um
tempo dominado pelo mito, pelo lendário de projeção nacional e por uma conceção orgânica do
Universo.

Carlos Reis e Ana Cristina Macário Lopes, Dicionário de Narratologia,


Coimbra, Almedina, 1987, p. 123.
O género da epopeia

Epopeia

Poema de tom sublime e elevado


Texto narrativo
em verso
Personagens e feitos reais ou míticos
(fusão do real com o maravilhoso)

Herói individual ou coletivo


Elogio e exaltação dos feitos
grandiosos de um herói, tido
como um modelo a seguir Herói que exprime os valores, sonhos e capacidade de realização
de um povo ou de um grupo
Modelos clássicos de epopeia

Epopeia – modelos clássicos

Gregos Latino

Ilíada Odisseia Eneida


(atribuídas a Homero) (de Virgílio)

Narra parte do último Narra a viagem Narra as aventuras do troiano Eneias, que, após a
ano da guerra de Tróia; e as aventuras tomada de Tróia, parte para fundar uma nova
tem como herói de Ulisses, o mais pátria. Navega pelo Mar Mediterrâneo e chega ao
Aquiles, o mais valente esperto dos Gregos, ao Lácio (Itália), onde se fixa. De Eneias
dos Gregos. regressar a casa, depois descenderão Rómulo e Remo, fundadores de
da guerra Roma.
de Tróia.
Modelos clássicos de epopeia

Pintura em ânfora grega representando o


episódio da Odisseia em que Ulisses (atado ao
mastro) tenta resistir ao encontro das sereias,
aqui representadas como mulheres-aves, 490 a.
C.
Modelos clássicos de epopeia

Epopeia – modelos clássicos

Gregos Latino

Ilíada Odisseia Eneida


(atribuídas a Homero) (de Virgílio)

Segue o modelo das epopeias homéricas.

É a obra que Camões procura imitar e superar, segundo


o princípio renascentista de imitação criativa de
A Eneida e Os Lusíadas: obras com a mesma estrutura, cujos modelos da Antiguidade
heróis são protegidos pela deusa Vénus. Clássica.
A epopeia no Renascimento

Renascimento imitação dos grandes modelos da Antiguidade Clássica


e dos géneros literários nobres

Tragédia

Epopeia

Poemas épicos compostos por autores italianos durante o Renascimento:

Tasso – Jerusalém libertada Obras de temática cristã


Ariosto – Orlando furioso (não seguem os cânones da Antiguidade Clássica)
A epopeia no Renascimento – em Portugal

Em Portugal

Recuperação da epopeia Necessidade de celebrar heróis verdadeiros


(género literário nobre e os seus grandes feitos
da Antiguidade Clássica) (superiores aos dos modelos clássicos),
no novo mundo dos Descobrimentos

Vários incentivos à elaboração de uma epopeia, nomeadamente:

no Prólogo do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1516);

por António Ferreira (o principal doutrinário do Classicismo em Portugal), que encorajou a produção de
uma epopeia nacional, para enriquecer a assimilação dos valores clássicos na literatura portuguesa e
engrandecer a língua nacional (Humanismo).
António Ferreira
(autor anónimo)
A epopeia no Renascimento – em Portugal

Projeto de Camões Os Lusíadas Termo criado pelo humanista André de Resende


para designar os Lusitanos – filhos de Luso,
descendente de Baco

Projeto da epopeia camoniana:


seguindo os modelos da Antiguidade Clássica

sobre acontecimentos e heróis verdadeiros,


relevantes a nível nacional e internacional
Ao contrário das epopeias
dos italianos Tasso e Ariosto
(que são poemas cristãos) Ao contrário das epopeias
da Antiguidade Clássica
A epopeia no Renascimento – em Portugal

O porto de Lisboa no
século XVI.
Regras da epopeia

Regras da epopeia

Estrutura externa: narrativa em verso

Estrutura interna:
proposição (apresentação do assunto);
invocação (aos deuses ou musas, para que inspirem o poeta);
narração.

Considerações e reflexões do poeta

Narração in medias res – início da narração já a meio dos acontecimentos, sendo os anteriores apresentados
por analepse

Intervenção do maravilhoso (acontecimentos e figuras da mitologia, elementos sobrenaturais)

Ação – unidade, integridade e variedade

Protagonista – herói real ou mítico


Consolida
Consolida

1- Indica se é verdadeira ou falsa cada uma das seguintes afirmações. Corrige as falsas.

A A epopeia é um texto lírico em verso.

Falsa. A epopeia é um texto narrativo em verso.

B De entre os três poema épicos da Antiguidade Clássica – llíada, Odisseia e Eneida –, é sobretudo o primeiro que serve de inspiração a
Camões.

Falsa. De entre os três poema épicos da Antiguidade Clássica – llíada, Odisseia e Eneida –, é sobretudo o terceiro que serve de inspiração a Camões.

C Os Lusíadas resultam da vontade de, por um lado, imitar um dos géneros literários nobres da Antiguidade Clássica (a epopeia) –
enobrecendo a língua e a literatura portuguesa – e, por outro, de celebrar heróis e feitos dos Descobrimentos, verdadeiros e de
relevância nacional e internacional, ainda que inferiores aos heróis e feitos cantados nas epopeias da Antiguidade Clássica.

Falsa. … de relevância nacional e internacional e inclusivamente superiores aos heróis e feitos cantados nas
epopeias da Antiguidade Clássica. Solução
Consolida

2- Seleciona a opção que não identifica uma regra da epopeia.

A Narrativa em verso

B Estrutura interna: proposição, invocação e narração

C Considerações e reflexões do poeta

D Narração in medias res

E Intervenção do maravilhoso

F Exploração de situações ridículas, do equívoco e do absurdo

G Unidade, integridade e variedade de ação

H Protagonista (herói real ou mítico)


Solução

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