Boletim Operário é uma publicação semanal de caráter histórico que objetiva resgatar fragmentos de fatos relacionados ao Movimento Operário Brasileiro, notadamente antes de 1930.
Boletim Operário é uma publicação semanal de caráter histórico que objetiva resgatar fragmentos de fatos relacionados ao Movimento Operário Brasileiro, notadamente antes de 1930.
Boletim Operário é uma publicação semanal de caráter histórico que objetiva resgatar fragmentos de fatos relacionados ao Movimento Operário Brasileiro, notadamente antes de 1930.
Our purpose is to motivate the social research and stimulate the exchange relation associated to the collection and production of information about the history of the Brazilian Workers Movement.
Workers Bulletin ------- Year VI ------ N 298 -----Friday ------- 08/15/2014 -------- Caxias do Sul Rio Grande do Sul Brazil
O Paiz Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1885. Pgina 2 Seo Estrangeira Portugal Porto, 06 de janeiro de 1885. Greve Estado de Stio Mortes H cinco dias que o Porto se encontra em Estado de Sitio e de revolta. A esta situao anrquica e assustadora deu lugar uma nova tabela de impostos municipais, que principiou a vigorar no dia 2 deste ms. Por ela se estabelece que cada carro tirado por bois, que entrar na cidade, pague nas barreiras o imposto de trnsito de 200rs, em vez de 120, como at aqui. Os carreteiros, logo que receberam a intimao, declararam- se em greve, deixando de vir cidade e causando graves transtornos ao comrcio, por falta de veculos para a conduo das mercadorias. Grupos de grevistas apresentaram-se logo de manh nas proximidades das barreiras, impedindo a entrada de carros na cidade. Para aqueles locais foram logo foras de infantaria, cavalaria municipal e polcia civil; uma comisso de carreteiros, acompanhada por grande nmero deles, reunidos na praa de D. Pedro, foram a Cmara reclamar contra o aumento do imposto.
A comisso ficou satisfeita com as explicaes do presidente, retirando- se pacificamente.
Dia 3 Apesar desta soluo, continuou hoje a greve dos carreteiros. Grande nmero de grevistas foi postar-se fora das barreiras, impedindo a entrada na cidade aos carreteiros que vinham de longe, as leiteiras e vendeiras de legumes e aves, ameaando-os, se viessem no dia seguinte cidade vender os gneros. Foras militares e de policia civil continuam de preveno. Por ora no h desordens.
Dia 4 A Greve continua. Durante a noite os grevistas impediram a entrada dos carros que tinham de vir carregar adubos para as terras. A meia noite travou-se grave desordem na Rua do Pinheiro, em Companh. Intervindo a polcia, prendendo o carreteiro Antnio Tavares e apanhando grande nmero de tamancos que outros carreteiros tinham deixado para mais depressa se evadirem.
As estradas que ligam as cidades com os conselhos limtrofes estavam ao romper do dia ocupadas por muitos homens, armados de paus, gadanhos e outros instrumentos de lavoura. Proibiam a passagem dos carros, fosse qual fosse o gnero que conduzissem, ameaando espancar todos os que tentassem entrar na cidade. Em Nevogilde cortaram os tirantes aos cavalos; na Pova, em Vale Formoso e em guas Santas, serraram os cabealhos de seis carros que na vspera tinham entrado. No era s aos carros que os grevistas impediam a passagem. Nas estradas de S. Mamede, Ramalde, Moreira, Matosinhos e Lea, no foi permitida a passagem de pessoa alguma que conduzisse leite, hortalias, cereais, ovos, aves, etc. No Monte dos Burgos chegaram a abrir as trouxas de roupa que as lavadeiras conduziam, a fim de conhecer se traziam qualquer gnero. Na ponte do Rio Tinto esteve tambm passagem interceptada at s 8 horas da manh, chegando os grevistas a espancar uma mulher, que tentou passar. s 8 horas, porm, deram livre passagem, exceto para os carros. Em diferentes pontos foram esvaziadas bilhas de lei e inutilizadas cargas de hortalias.
Visitamos alguns dos pontos onde se reuniam os grevistas e ficamos surpreendidos com a forma por que esta organizada a resistncia ao imposto. De um lado, dentro da rea do Conselho, viam-se 10 e 12 policiais civis protegendo o servio dos empregados municipais, sessenta e tantas praas de infantaria e 10 de cavalaria municipal, assistindo impassveis a oposio que aqueles fazem fora do Conselho. Pela estrada, alinhados aos lados, centenares de caros com pedra, madeiras, pipas e outros gneros, que os proprietrios abandonaram ali, retirando os gados. Ao meio dia foram retiradas as foras, ficando apenas uns 42 soldados e alguns guardas civis. Na cidade houve mais de uma alterao, por quererem que a vendedeiras de leite, que tinham podido transpor a linha de assdio, vendessem o leite que destinavam aos seus fregueses. Na Rua Duquesa de Bragana foi inutilizado um carro. Na Praa de D. Pedro, destruram alguns volumes de fazendas que um carro conduzia. s 3 horas da tarde deu-se na Feira de S. Bento uma cena lamentvel. Um grupo de grevistas pretendendo estorvar o trnsito de um carro de bois, e acudindo um guarda civil procurou evitar esse ato, tendo de prender o carreteiro Antnio Jos da Silva, de Lordelo que fazia parte do grupo. Juntou-se muito povo, procurando tirar o preso. O policia desembainhou o terado, dando algumas pranchadas, uma das quais parece que feriu em um brao um carreteiro. O povo levantou gritos sediciosos, sendo precisa a interveno de outros guardas civis para conduzir o preso a esquadra, donde foi recolhido ao Aljube.
Juntou-se muito povo, procurando tirar o preso. O policia desembainhou o terado, dando algumas pranchadas, uma das quais parece que feriu em um brao um carreteiro. O povo levantou gritos sediciosos, sendo precisa a interveno de outros guardas civis para conduzir o preso a esquadra, donde foi recolhido ao Aljube. Quando passeavam na Rua Ch saram novos gritos dentre o povo; sendo preso um rapaz. Foi ainda neste que se deram os acontecimentos mais graves. De tarde, na rea d'gua foi impedida a passagem de gado para o Matadouro. Reclamada a fora, o povo no cedeu, ficando o gado fora. Na Arosa, prximo ao Hospital de Alienados, o povo impediu a passagem do gado. Foi a Cavalaria Municipal e nada pode conseguir. Compareceu o Comandante da Guarda Municipal e ordenou a infantaria que fizesse fogo. Na estrada foram mortos Manoel Gomes, casado, morador na Areosa e Manoel Pinto de Salles, casado; morador nas Antas, que nada tinham feito. A tropa escalou um murro. Um soldado foi ferido por uma bala em um brao. O povo muito indignado. Depois de grande resistncia e da fora ser apedrejada o gado passou. O Comissrio Geral apareceu, sendo tambm apedrejados. Na cidade numerosos grupos comentam os atos municipais. Veio ordem para recolherem aos quartis todos os oficiais. Parece que amanh as estradas sero policiadas por tropas