PerCeBer Informes da Revolução
Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br
N° 175 – 15.09.2010
.
Um Olhar Comunista
Ivan Pinheiro vem ao Paraná
e revisita Cascavel na ACL
O livro de Ivan Pinheiro foi lançado nacionalmente dia 8, na
Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro
Ivan Pinheiro esteve segunda-feira em
Londrina, de onde seguiu a São Paulo,
para entrevistas à TV. Chega hoje pela
manhã a Cascavel, por volta de
10h45min. À tarde fará visitas e
concederá entrevistas à imprensa.
À noite, estará na Academia
Cascavelense de Letras (ACL), na rua
Souza Naves, 2.849, abaixo da
Policlínica, onde falará sobre seu livro
“Um Olhar Comunista” e sobre a
realidade brasileira e mundial, frente à
gravíssima crise que o planeta atravessa
– uma crise que não é mais apenas
financeira, mas é também política,
ambiental, sanitária e alimentar.
O secretário geral do PCB, Ivan
Martins Pinheiro, está em visita
ao Paraná e mais uma vez vem a
Cascavel. Ele já esteve aqui em
março do ano passado, quando
veio conhecer os integrantes do
Comitê Municipal do PCB e agora
retorna, como candidato à
Presidência da República,
cumprindo a tarefa mais
importante de sua trajetória,
iniciada na luta estudantil e no
sindicalismo bancário: apontar a
Frente Anticapitalista e Anti-
Imperialista como a saída para a
superação do capitalismo no
Brasil.
Em seu XIV Congresso, realizado
em 2008, o PCB concluiu que o
capitalismo já controla
inteiramente o País. Os projetos
eleitorais considerados
“principais” se resumem apenas
em consolidar o Brasil como uma
potência capitalista. É a hora,
portanto, de iniciar a luta
concreta pelo Socialismo.
A seguir, uma entrevista concedida por
Ivan Pinheiro ao jornal Tribuna de
Santos:
Concorrente à sucessão do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o secretário-
geral do PCB percorre o País na
tentativa de mostrar um “contraponto ao
pensamento único burguês e
capitalista”. Em 88 anos de existência
do Partidão, Pinheiro é o terceiro
comunista candidato ao Palácio do
Planalto.
Ele crê na reestatização de serviços
privatizados ou concedidos à iniciativa
privada e no controle do Estado sobre os
meios de produção para se tirar do
Brasil uma “medalha de bronze ao
contrário”: o terceiro lugar em
desigualdade social no mundo.
Ivan Pinheiro, em Santos (SP)
Tribuna: Nas atuais campanhas
eleitorais, os candidatos mais cotados
têm procurado mostrar aos eleitores
que, se eleitos, não vai haver uma
alteração no padrão de vida deles. E
puxam isso, sobretudo, pelo lado
econômico, do acesso aos bens, ao
dinheiro, crediários. Como fazer que
as pessoas se convençam da
necessidade de outras formas de
produção, de organização do Estado?
Ivan: As campanhas dos candidatos
principais, dos que foram escolhidos
para ser os candidatos principais, não
foram escolhidas à toa: foram
escolhidos porque eles não apresentam
riscos para o sistema; as divergências
são pontuais, de como administrar o
capitalismo. No Brasil, há uma
manipulação tão grande que há uma
sensação, na população, de que a
economia vai bem.
Tribuna: Não vai bem?
Ivan: Não. Para nós, não vai bem. Ela
vai muito bem para os banqueiros, para
o agronegócio, os grandes capitalistas, e
vai péssima para o povo. O Brasil tirou
o terceiro lugar no Pnud (Programa das
Nações Unidas para o
Desenvolvimento) em matéria de
desigualdade social. O discurso dos dois
candidatos é de manutenção dessa
ordem, com o pressuposto de que essa
ordem é de interesse da maioria da
população. Essa sensação (de que a
economia vai bem) é causada por alguns
fatores. Primeiro, uma política
compensatória, talvez nunca vista no
Brasil e em poucos países, que é o Bolsa
Família, com 12 milhões de famílias
recebendo menos de R$ 100,00. Pelo
menos, os tiram da miséria absoluta,
mas não lhes permitem condições de
superar aquele status. A outra questão é
o estímulo ao consumo: nós temos hoje,
no Brasil, talvez o maior índice de
endividamento particular e familiar de
toda a história. O consumo é alimentado
pelo crédito consignado, o empréstimo
que você faz a si próprio, e vai numa
ciranda muito grande. Achamos que, se
nós tivéssemos mais espaço, nós
poderíamos, não digo, ir ao segundo
turno, mas, claro, ter muito mais votos
do que vamos ter com uma proposta que
interessa ao povo brasileiro. Nós
estamos tentando dizer ao povo
brasileiro, com a pouca inserção que
temos, o seguinte: primeiro, temos que
mudar a política econômica, sobretudo
numa medida que consideramos
fundamental para enfrentar problemas
sociais no Brasil.
Tribuna: Qual?
Ivan: A suspensão imediata do
pagamento da dívida, para fazer uma
auditoria. Não estou dizendo que não
vamos pagar. Estamos dizendo que
faríamos uma moratória, uma suspensão
de pagamento de juros e serviços da
dívida, para fazer uma auditoria. Esse é
um movimento crescente na América
Latina: tem, inclusive, um movimento
chamado auditoria cidadã da dívida. Já
teve uma experiência bem-sucedida no
Equador: foi feita uma auditoria da
dívida do Equador, inclusive, com
monitoramento de organizações
internacionais, e se chegou à conclusão
de que aquela dívida do Equador era
apenas 24% do que se alegava.
 Ivan: Você tem toda razão: todas as
propostas do PCB, praticamente,
encontrariam uma resistência num
cenário de um presidente da República
eleito... O PCB vai tomar posse; todas
as nossas propostas iriam ser
bombardeadas pela burguesia brasileira
e pelas instituições. Nós íamos ter uma
A outra coisa, mais importante, e se o
esmagadora maioria no Congresso
povo pudesse entender, tivéssemos dez
Nacional contra todas as nossas
minutos na televisão, como alguns têm,
propostas, inclusive de governadores, de
e espaço na mídia: nós estamos
estados, dos interesses privados, das
querendo que o Estado passe a
grandes multinacionais: todos. Mas tem
funcionar a serviço da maioria do povo,
uma parte importante que pode estar do
e não das elites. O Estado, hoje, está a
nosso lado, que é o povo brasileiro, se
serviço da minoria, está a serviço dos
entender que nossas propostas são
capitalistas, e não do povo. Então, nós
importantes para eles. Então, só tem
defendemos, por exemplo, a
uma maneira, uma opção, que é a
reestatização da Vale do Rio Doce; a
seguinte: o Lula poderia ter feito
reestatização da Petrobras, que não é
algumas mudanças. Na hora em que o
estatal: hoje, é 32% estatal e 68%
Lula tomou posse, ele podia ter optado
privada; as suas ações são vendidas na
ou por mobilizar o povo, com os 60
Bolsa de Nova Iorque. E todas essas
milhões de voto que ele teve, para
propostas que aparecem na televisão, de
implantar mudanças ou procurar os
solução para o problema da Saúde, da
parlamentares para ter maioria. Mas o
Educação, do saneamento, se não
governo dele acaba, na política interna,
houver uma mudança profunda na
sendo uma continuidade do Fernando
política econômica do Brasil e do
Henrique. Ele foi para o balcão de
caráter do Estado, nenhuma delas vai
negócios negociar uma maioria e
resolver nada: é pura demagogia. Nós
acabou ficando prisioneiro dessa
estamos vinculando a retomada da
maioria. Hoje, ele é um prisioneiro do
estatização da Petrobras e de outras
PMDB, que é um partido das
empresas à possibilidade de
oligarquias regionais. Mas nós temos
resolvermos esses problemas sociais.
exemplos, aqui na América Latina, de
Por exemplo, na questão do pré-sal: nós
presidentes que foram eleitos sem
defendemos que seja, todo ele, da
maioria parlamentar; teve até caso
Petrobras, estatal, e seus rendimentos
extremo, sem nenhum parlamentar, do
sejam distribuídos aos estados na razão
Fernando Lugo (presidente do
inversa do IDH (Índice de
Paraguai); o Evo Morales (Bolívia),
Desenvolvimento Humano) de cada um:
que, na primeira eleição, deve ter eleito
quanto mais pobre o Estado, mais
apenas dois ou três, num Congresso de
recebe per capita.
150; e teve o extremo maior, que foi o
Rafael Correa (Equador), eleito
Tribuna: Algumas dessas mudanças
presidente da República no mesmo dia
dependem de uma pactuação com
da eleição parlamentar e não elegeu um
governos estaduais e prefeituras, que
deputado. E o Hugo Chávez
têm autonomia sobre determinados
(Venezuela), também, quando foi eleito
serviços, parte deles sob concessão
da primeira vez, tinha minoria no
privada. Como articular essas
Congresso.
diferentes esferas de governo para que
esse projeto funcionasse?
 Tribuna: Na hipótese de o PCB
ganhar, não é muito difícil implantar
um mínimo que seja com o Congresso
do jeito que é, com os governos
estaduais do jeito que são, enfim, todos
os poderes contra?

Ivan: Isso me fez lembrar uma coisa:

quando o Lula estava para ganhar a
eleição, havia uma luta interna dentro da
O projeto deles não passava pela
campanha do Lula. Na primeira eleição
institucionalidade, pela governabilidade
do Lula, o PCB estava na coligação, e
institucional. E eles foram garantir as
era uma coligação de esquerda: não
mudanças pela governabilidade social:
tinha nem o PL (hoje, PR) do José
chamaram o povo para a rua para o
Alencar (atual vice-presidente). Eram
povo implantar aquele processo. Aqui
PCB, PC do B, PSB, PDT e PT. E esses
no Brasil, nós iríamos mobilizar o povo
cinco partidos queriam fazer uma
para convocar uma Assembleia
mudança muito mais profunda. E
Nacional Constituinte.
constituímos, quando parecia factível a
vitória do Lula, uma comissão para
Tribuna: Para um País do tamanho do
fazer um programa de 100 dias – essa
brasileiro, em que o sr. propõe a
história tem que ser contada, um dia,
participação popular ampla nas
por escrito. No programa de 100 dias, o
decisões nacionais, a reestatização de
Lula ia chegar arrebentando, tomando
empresas e, até, a produção de bens e
decisões, assim, que iam desde o
serviços: quanto tempo o sr. acha que
rompimento com o Fundo Monetário
levaria esse processo?
(Internacional, FMI), suspensão do
pagamento da dívida, a redução da
Ivan: Não tenho a menor ideia. Se eu
jornada de trabalho, através de medida
dissesse aqui qualquer coisa, eu estaria
provisória, para ver o que dava depois.
sendo demagogo, porque a História não
Só que, no meio disso, tinha uma luta
se mede assim, não é uma coisa
interna. E, quando a vitória do Lula
cabalística. É um processo complicado,
passa a ficar mais factível ainda, um
existe uma correlação de forças na
setor da campanha, naturalmente com a
sociedade, há uma luta de es intensa... O
complacência do próprio Lula, faz um
caso da Venezuela, também: nós
acordo com o sistema financeiro que
achamos que, a depender de alguns
gera a Ação da Cidadania e gera aquela
fatores, aquela revolução, que não é
famosa Carta ao Povo Brasileiro – que
socialista, ainda, ao nosso ver, a
devia se chamar Carta aos Banqueiros,
chamada revolução bolivariana, pode
porque diz que vai manter a política
transitar para o socialismo. Mas pode
econômica. Daqui a 30, 40 anos, o Lula
também regredir. Isso é uma luta. Não
vai ser reverenciado como o cara que
vamos ligar a televisão num dia com a
alavancou o capitalismo no Brasil,
manchete de que acabou o capitalismo
destravou o capitalismo no Brasil. Mais
no dia anterior. Ele não vai cair de
do que qualquer um. A ideia era ser um
podre: ele vai ser derrubado ou, então,
governo do tipo do Evo Morales. Acho,
continuará explorando as maiorias e
até, que numa proporção menor, mas a
fomentando guerras, destruindo o meio
ideia era essa. Nesse cenário,
ambiente, que é isso que o capitalismo
imaginemos que o candidato à
faz.
Presidência da República do PCB ganhe
a eleição.

Ele fica um mês aqui no Brasil,
agitando o povo, conscientizando o
povo de sua proposta, e tomando
medidas concretas, algumas através de
medida provisória, e outras não. A
questão do fim da autonomia do Banco
Central, o presidente da República
novo, se quiser, não precisa fazer nada.
Juridicamente, não existe autonomia: é
só ele botar alguém que não seja a
raposa para tomar conta do galinheiro.
A suspensão do pagamento da dívida,
claro que ia dar uma confusão muito
grande, mas sairia. Não sai mais um
centavo: vamos fazer uma auditoria, e
tentar convencer o povo de que isso era
correto. Nós iríamos mandar uma
medida provisória para o Congresso
Nacional, com redução da jornada de
trabalho sem redução salarial, que tinha
possibilidade de passar no Congresso,
até porque tem setores da burguesia
para os quais isso não afeta muito: pode,
até, dividir o parlamento burguês. E
começaríamos uma campanha de
agitação em torno do pré-sal e da
reestatização da Petrobras, que também
não me pergunte como vai ser, porque
vai depender da correlação de forças. Se
tiver massa na rua, passa um rolo nos
acionistas e depois vê como é que paga.
Depois disso, iria ao Haiti retirar todas
as tropas brasileiras e substituir por
médicos, por engenheiros. Iria a Cuba,
claro, dar solidariedade à revolução
socialista; a Caracas (Venezuela), para
aderir à Alba (Aliança Bolivariana das
Américas); à Colômbia, ajudar a
construir um diálogo de paz, que acabe
com aquele conflito que dura 50 anos e
não tem solução militar. Aí, iríamos à
Faixa de Gaza, na Cisjordânia, para dar
solidariedade ao povo palestino.
Tribuna: A respeito de questões
estritamente nacionais, o programa de
governo menciona algo como
modificações no sistema de
aposentadorias, com o fim do fator
previdenciário; isenção de Imposto de
Renda por salários dos trabalhadores;
e medidas que o sr. já anunciou que
faria, se pudesse, como a redução da
jornada de trabalho. Tudo isso
dependeria da arrecadação de
impostos. Como equilibrar essa conta?
Ivan: Nós faríamos a reforma tributária,
mas totalmente ao contrário do que é
defendido pelos economistas do grande
capital. Nós íamos tributar o sistema
financeiro, que tem lucros escandalosos
– no Governo Lula, tiveram 470% de
lucro, mais do que no tempo do
Fernando Henrique Cardoso. Eu fui,
durante 30 anos, bancário: fui
presidente do Sindicato dos Bancários
do Rio de Janeiro. O anúncio disso,
antigamente, daria uma greve no dia
seguinte. Os sindicatos iam se juntar e
dizer assim: “Queremos a nossa parte!”.
Só que os piores males que o Lula fez à
esquerda no Brasil e aos trabalhadores
foi cooptar os movimentos sociais. A
CUT (Central Única dos
Trabalhadores), hoje, não é sombra do
que foi. E o sindicalismo bancário está
todo controlado pela CUT. Vou dar um
dado que você deve ter melhor do que
eu: os bancos, hoje, pagam a folha de
pagamento dos seus empregados com as
tarifas bancárias. Não mexem num
centavo de lucro. Até o Banco do Brasil,
que já se bradescalizou há muito tempo.
Quem é que paga, portanto, o salário
dos bancários? Nós. Isso é um
escândalo. Nós íamos tributar o sistema
financeiro, grandes lucros, grandes
fortunas... O dinheiro para isso ia sair da
reestatização dessas empresas, de
colocar o produto da venda das nossas
riquezas naturais a serviço do povo.
 militantes do PT? São os empresários. A
Dilma já arrecadou quatro vezes mais
que o Serra. É claro que tem a ver,
também, com as intenções de voto: a
burguesia não joga dinheiro fora. Mas é
uma candidata da ordem, também da
burguesia. Pessoalmente, e aí não é o
partido, acho que ela já ganhou no
primeiro turno. O Lula conseguiu
transferir esses votos. Ela vai fazer um
governo mais capitalista e conservador.
Se nós assumíssemos a Presidência da
Tribuna: A candidata Dilma Rousseff,
República, uma das medidas seria a
como favorita nas pesquisas de
suspensão imediata da construção da
intenção de voto, tem chamado a
Usina de Belo Monte, a suspensão
atenção de segmentos mais
imediata da transposição das águas do
conservadores da sociedade, para os
Rio São Francisco e a suspensão
quais, caso ela assuma o Governo,
imediata de todas as obras do PAC
poderá provocar uma espécie de
(Programa de Aceleração do
revolução como a que o sr. diz que
Crescimento). Vamos fazer uma
pretende fazer se for eleito. O sr.
auditoria e ver o que tem algum sentido
acredita nisso?
social e o que não tem. Porque a maioria
das obras do PAC é para melhorar a
Ivan: Francamente: a burguesia que faz
infraestrutura pensando no
campanha contra o Lula, ainda,
desenvolvimento do capitalismo.
preconceituosa, é muito burra. Porque
não tem ninguém melhor do que o Lula
Tribuna: Havendo segundo turno, o sr.
para fazer o capitalismo se alavancar,
apoiaria quem?
crescer, cooptando o movimento social
e dizendo para o trabalhador apertar o
Ivan: Veja só, se eu fosse um candidato
cinto. O ideal para a burguesia era o
demagogo, eu diria: “Mas eu estarei no
terceiro mandato. E eu acho que a
segundo turno” (risos). Eu não estarei
burguesia brasileira, hoje, se divide
no segundo turno... Essa é uma pergunta
entre os dois candidatos principais
difícil para nós. Primeiro, porque nós
(Dilma e José Serra). O PCB tem uma
achamos que as diferenças entre o Lula
avaliação de que as diferenças entre o
e o Alckmin eram maiores do que as
PSDB e o PT estão diminuindo. Há uma
diferenças entre Serra e Dilma.
diferença na política externa, e não é
Teríamos que ver essa correlação de
que a política externa do Governo Lula
forças. E o único aspecto, e eu posso
seja socialista ou de esquerda, anti-
falar em nome do partido, que tem um
imperialista, mas ela tem uma diferença
pouco de diferença a favor, no caso do
que, ao nosso olhar, é melhor do que a
PT, no nosso ponto de vista, é a política
política externa tucana, não tem a menor
externa. Mas a política interna não tem
dúvida. Nos levou, inclusive, em 2006,
nenhuma diferença. E há desconfiança
a optar pelo Lula contra o Alckmin, mas
de que o Governo Dilma pode ser um
mantendo a oposição ao Lula. Agora,
governo mais conservador do ponto de
você vai ver o seguinte: o Lula
vista dos comunistas, e vai ser mais
arrecadou mais dinheiro do que o
moderno no olhar dos capitalistas.
Alckmin em sua campanha eleitoral. E
essa arrecadação é de onde? Dos
Academia Cascavelense
de Letras, um importante
centro de difusão cultural
Quando se pensa em uma academia de
letras, logo vem à imaginação um
cenário de anciãos tomando chá das 5,
segundo a moda inglesa, com seus
fardões reluzentes. Não é bem o que se
encontra na Academia Cascavelense de
Letras, onde é mais fácil ver a diretoria
empenhada em seu dia a dia no trabalho
operário de montar e imprimir livros e
outras publicações de caráter literário e
educativo.
Os escritores Antônio de Jesus e Mário Oliveira
entregam livros para distribuição em escolas
“A Academia é o nosso sonho
vesânico”, diz, bem-humorado, o
presidente da ACL, Antônio de Jesus.
Cidade, emprego, ambiente, juventude:
por um programa revolucionário
Nenhum direito a menos,
só direitos a mais
Ajude um desempregado: reduza a
jornada de trabalho para 40 horas
“Vesânico” significa “louco”, “maluco”,
pois se considerava loucura criar uma
Academia de Letras no interior, com
uma população majoritariamente
analfabeta funcional, afastada dos livros
por sua própria condição econômica.
Fundada em 21 de abril de 2005, a ACL
não se contentou em ser apenas um
clube de escritores, deixando de
desenvolver atividades exclusivamente
voltadas aos seus integrantes para se
tornar um importante centro de difusão
cultural.
Para enfrentar o elevado custo de
publicação de livros, a ACL decidiu
organizar seu próprio equipamento
gráfico. Produz praticamente todas as
etapas da elaboração de um livro, o que
faz a ACL ser requisitada também como
editora.
Antonio de Jesus com o escritor
Fernando Morais, autor de Olga
Em cinco anos de existência, a
Academia se tornou uma das mais
importantes referências culturais de
Cascavel, com um potencial que se
desenvolve à medida em que avança o
processo de consolidação de Cascavel
como cidade universitária.
Por todo o Brasil, eles Senador - 211 RUDOLF
levam o programa PCB Gilberto Carlos Araujo SCHURMANN - 2121
Presidente – Ivan
Pinheiro (sindicalista,
advogado) 21

1º Suplente
Adriana Aparecida de
Vice-presidente – Oliveira
Deputados Estaduais
Edmilson Costa FABIO GONÇALVES
(economista, escritor) DOS ANJOS – 21021

No Paraná:
2º Suplente
Governador - 21 Elísio Eduardo Marques
Amadeu Felipe da Luz JORGE LUIS
Ferreira FAGUNDES CHAVES
– 21789

Deputados Federais
Vice – Governador SEBASTIÃO ALVES
Gilberto Oliveira Gomes PEREIRA – 2145
ROBERTO PALHARE,
o Galo di Ouro – 21456
CHRISTOFER (governo), Wladimir (governo), Rafael
BANNACH – 21000 Mutt (Senado) Pimenta (Senado)
Alagoas – Tony Clóvis Goiás – Marta Jane
(governo), (governo),
Diógenes Paes (Senado) Bernardo Bispo
Santa Catarina – (Senado)
Amadeu Hercílio da Bahia – Sandro Santa
Luz (governo) Bárbara
Piauí – José Rodrigues (governo), Carlos
(governo), Sampaio (Senado)
Antonio de Deus Amazonas – Luiz
(Senado) Navarro (governo),
Sergipe – Leonardo Maranhão – Marcos
MARCO ANTONIO Victor Dias Igreja (governo),
DA SILVA - 21888
(governo), Professor Josivaldo Correa
Lula (Senado) (Senado)
Pernambuco – Roberto Paraíba – Chico
Numeriano Oliveira (governo),
(governo), Délio Mendes Vital Farias e Maria das
(Senado) Dores (Senado)
Rio Grande do Sul – Ceará – Maria da
Humberto Natividade, a Nati
Carvalho (governo), (governo), Benedito
Luis Carlos Drehmer Oliveira e Tarcísio
(Senado) Leitão (Senado)
Distrito Federal – Rio Grande do Norte – São Paulo – Igor
Frank Svensson José Walter Xavier, o Grabois (governo),
(governo), Rosana Chaib Camarada Leto Antonio Carlos Mazzeo
(Senado) (governo) e Ernesto Pichler
Rio de Janeiro – Minas Gerais – Fábio (Senado)
Eduardo Serra Bezerra

O Brasil é uma profissionalizantes ou É como se o velho

diplomas universitários cacique Guairacá, que
drupa sertaneja atestando seu preparo para o antigamente enfrentou os
Alceu A. Sperança* exercício profissional, espanhóis e os portugueses
muitos jovens brasileiros na ponta da flecha,
saem da escola preenchesse um
completamente inseguros requerimento para pedir
quanto ao futuro. uma vaga de escravo para a
“Vou me formar este lavra mineira ou a lavoura
ano”, diz um bom, paulista.
esforçado e também ansioso “Olha, eu sou um cacique
garoto. “Mas se não arranjar ousado e corajoso, mas para
emprego vou ter que ajudar sobreviver terei que aceitar
meu pai no balcão do qualquer coisa que vocês
boteco”. Terá diploma do ofereçam!”
terceiro grau e vai ocupar Houve tempo em que os
uma vaga que poderia ser mais inconformados
oferecida a um necessitado compravam passaportes
garçom com cursinho do fajutos para se instalar na
Portando com méritos Senac, veja só. Europa ou iam a
certificados de cursos Governador Valadares para
entrar numa excursão aos
EUA, onde havia empregos
humilhantes mas bem
remunerados. Hoje, mesmo
para quem pretender
rastejar, os empregos para
estrangeiros nos EUA e na
Europa estão rareando e há
uma caça ao moreninho
“terrorista”.
Soube de um
camaradinha que retornou
da Bélgica, onde trabalhava
ajoelhado assentando
calçadas durante uma
jornada estafante. Um dia
não suportou mais e voltou
ao Brasil para trabalhar por
um salário inferior, mas em
tarefa que não lhe custa se
esfolar até os ossos.
Na Europa, eles já
aprenderam que a tal
“Economia Verde” é uma
arapuca maliciosa, nada a
ver com a proteção da
natureza e de sua principal
criatura, o homem. É apenas
um modo esperto de
promover a acumulação do
capital salvaguardando os
lucros dos monopólios,
intensificando a exploração
dos trabalhadores e dos
recursos naturais.
Aqui, os truques
europeus são desmascarados
muito mais tarde, por isso
ainda há muita engabelação
à vista. Aliás, engabelações
não faltam. O Brasil é uma
drupa sertaneja: uma espécie
de manga com alguns fiapos
doces por cima e um caroço
duro de engolir por baixo
deles.
A “Economia Verde”,
além de não resolver o
problema das mudanças
climáticas, não leva em
conta a exploração do
trabalho humano. É uma
sacanagem tratá-la, embora
tentem, como se fosse
independente da verdadeira
discussão, que é sobre o uso
adequado dos meios de
produção.
Enquanto no Brasil, em 7
de setembro, as crianças
eram induzidas em marchas
a crer que o Brasil está
independente, alguns
milhares participavam do
Grito dos Excluídos, em que
ficou absolutamente claro o
contrário: o Brasil é o
paraíso dos bancos, das
transnacionais e das máfias
que prestam serviços aos
governos e constroem obras
públicas superfaturadas.
A engabelação corre solta
nos partidos embalados por
uma disputa eleitoral que
não se dá entre projetos
diferentes, pois são todos
basicamente iguais, mas
entre egos: é um concurso
para “gerente” dos
interesses estrangeiros que
controlam implacavelmente
o Brasil de Norte a Sul,
Leste a Oeste.
É uma engabelação
grandiosa. Até quem bate no
peito se dizendo “esquerda”
precisa ser checado com
pente fino pelo princípio da
corrente elétrica: nele, o que
é falso ouro não transmite
energia. Na política, o
critério é a prática. Dizer-se
“socialista” ou “comunista”
e contribuir para engordar
banqueiro e executivo de
transnacional é prática digna
da drupa sertaneja: debaixo
do fiapos doces, o caroço
insuportável. Atenção ao
critério da verdade, gente!
*Alceu A. Sperança –
escritor e membro do
Comitê Municipal do PCB
de Cascavel
(Publicado no jornal O
Paraná de 12 de
setembro de 2010)

Lembre-se: em Cascavel,
nós somos a Revolução! Veja também o blog de Gilberto Carlos 211:
http://www.gilbertoaraujo.com.br

Vídeos revolucionários:
Veja a emocionante homenagem a Che Guevara,
pela cantora Nathalie Cardone:
http://www.youtube.com/watch?v=NdRip7nmTTo
Os Eremitas e a origem do trabalho:
http://www.youtube.com/watch?v=QEfQhhHNEOE

ORKUT:
PCB de Cascavel
http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=157479475
19423185415
Comunidade:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=540
58996
Este espaço está sempre aberto para artigos Twitter:
e manifestações da comunidade http://twitter.com/pcbparana
Na Internet, acompanhe o blog do PCB:
http://pcbcascavel.wordpress.com
Assine o Manifesto da Cultura 2010 Paraná:
http://j.mp/9ZfhGb

A seguir, um dos capítulos da cartilha de

Marxismo e uma página colecionável de
O Capital em quadrinhos
 1

Curso Básico de Marxismo

Desemprego e crise, marcas
registradas do capitalismo
15
Marx demonstrou quais eram as
fontes da acumulação inicial do
capital. Ele nasceu do roubo, da
violência, da expropriação das terras
dos camponeses e da pilhagem
colonial.(Sobre o Brasil, por exemplo.)
Mesmo admitindo que o primeiro
capital tivesse origem no trabalho, isso
não modificaria a sua essência, pois,
ao passar dos anos, todo o capital é de
qualquer modo gasto, sendo substituído
pela mais-valia (valor que o capitalista
toma dos empregados).
Esse capital vai se transformar
sempre em resultado da exploração,
pois os capitalistas cobrem as suas
despesas com a mais-valia.
Se não fosse por explorar os
operários assalariados que criam a
mais-valia, os capitalistas, somente
para sobreviver, esgotariam
rapidamente seu capital inicial e teriam
ficado sem nada.

Patrão: “Cuidado! Eles podem ouvir!”

Daqui, tiramos duas conclusões: 1) todo capital é produto da exploração; 2) nenhuma

importância em dinheiro, por maior que seja, nem o conjunto dos meios de produção
(fábricas, matérias-primas, combustíveis, maquinaria) são, por si, só, capital.
Só podem se transformar em capital em certas condições: a existência da classe dos
proprietários privados, “donos” dos meios de produção, e da classe dos assalariados,
que vendem a sua força de trabalho como mercadoria.
Com o aumento da produção cresce o volume de mais-valia apropriada pelos
capitalistas. Enquanto num polo da sociedade se concentram imensas riquezas, no outro
aumenta a exploração do proletariado.
Aprofunda-se a distância entre aqueles que criam com o seu trabalho todas as
riquezas e aqueles que se apropriam delas.
 É a Lei da Acumulação Capitalista. É com ela2 que
os capitalistas enganam, mentem, atraiçoam,
fraudam.
À medida que o capital se acumulou, com a mais-
valia, os negociantes que mais prosperavam
juntavam fortunas colossais.
Aí está a explicação do motivo porque alguns são
muito ricos e a maioria do povo é miserável. Vítimas
dessa injusta acumulação, a maioria sofre.
O capitalismo não só garante a um punhado de
parasitas a possibilidade de viver no luxo à custa da
exploração dos operários: condena boa parte dos
trabalhadores ao desemprego e à miséria, privando-
os dos meios de subsistência.
A mais-valia que os deixa ricos é tirada dos pobres

O desemprego, como as crises econômicas, acompanha inseparavelmente o sistema

capitalista, o que se fez sentir logo em suas primeiras fases. O desemprego resulta,
portanto, do sistema capitalista de economia.
O desemprego ajuda os capitalistas a pressionar a parte da classe operária que
trabalha, para aumentar a intensidade do trabalho. Mas, sempre, a agressão dos
capitalistas contra os direitos vitais (sobrevivência) dos trabalhadores vai esbarrar na
resistência tenaz da classe operária.
Por conta de suas ações corajosas (greves, manifestações políticas unitárias, a
construção do Partido Comunista etc) o proletariado arranca algumas concessões: um
certo aumento de salários ou redução da jornada de trabalho.
Mas isso não elimina o fato de que no conjunto do mundo capitalista está aumentando
a exploração do operariado. E aí surgem as crises!
Todas as crises econômicas são
calamitosas para a classe operária. As
crises se repetem periodicamente e são
provocadas pelo caráter cíclico da
reprodução do capital.
É importante compreender o
mecanismo de reprodução do capital:
os capitalistas tendem sempre a
aumentar a produção, sendo impelidos
não só pela ânsia do lucro, mas, além
disso, pela concorrência.
Mas nada disso faz o trabalhador
ganhar mais.
O sistema sempre favorece o capitalista
A seguir: A saída para as crises será o Socialismo
 Lições de Comunismo
número 55

A cada edição do PerCeBer você terá uma nova

página colecionável de O Capital em quadrinhos