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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Maria Fernanda d´Ávila Coelho


Mestranda em Educação/UNIVALI
OBJETIVO

Discutir sobre os aspectos do processo


vivido pelas crianças que são relevantes
para serem acompanhados e registrados
pelo professor e que trarão tanto à criança
quanto ao próprio professor, subsídios para
seguir em frente e avançar no processo
educativo.
LEITURAS - AVALIAÇÃO

• HADJI, 2001.
• BONDIOLI, 2003.
• FARIA E SALLES, 2007.
• BALLESTER, 2003.
• KRAMER, 2006.
• HOHMANN E WEIKART, 1997.
• HOFFMANN, 1999.
• DEMO, 2006.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Sua função é acompanhar, orientar,


regular e redirecionar o processo
educativo como um todo.
AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL

• A ênfase da Educação infantil é o


processo e não o produto final: isto é,
devemos descrever os processos pelos quais
as crianças passam, vivenciam,
experimentam, conversam, ao invés de
darmos maior importância a um produto final
Na Educação Infantil, a avaliação
precisa ser entendida como:

O Acompanhamento da
aprendizagem
• É preciso que o professore direcione o seu olhar, para
contribuir na  organização de objetivos e critérios que
auxiliem a sua observação (olhar atento), na coleta de dados
(como registrar) e na construção de um documento mais
significativo (o que registrar) que represente este processo
educativo. Espera-se que neste registro apareçam vivências
sobre as aprendizagens e o desenvolvimento da criança.
Conceituada por HADJI, 2001 como:

AVALIAÇÃO FORMATIVA
“A avaliação formativa implica por parte do professor,
flexibilidade e vontade de adaptação, de ajuste. Este é sem dúvida
um dos únicos indicativos capazes de fazer com que se
reconheça de fora uma avaliação formativa: o aumento da
variabilidade didática. Uma avaliação que não é seguida por uma
modificação das práticas do professor tem poucas chances de ser
formativa! Por outro lado, compreende-se por que, que se diz
freqüentemente que avaliação formativa é, antes, contínua”.
HADJI, 2001
POR QUÊ ACOMPANHAMENTO?
• Para que uma avaliação aconteça de forma coerente, que
atenda as necessidades tanto das crianças quanto do
professor, é preciso uma disponibilidade e aproximidade dos
envolvidos.
• A avaliação deve ser entendida como elemento indissociável
do processo educativo, possibilitando, ao professor, definir
critérios para planejar e replanejar as suas atividades.

• A avaliação precisa ser realizada de forma sistemática e


contínua, visando à melhoria da ação diária educativa.
Ao acompanhar, observar e
registrar a ação da criança, ele reúne
dados significativos do processo de
desenvolvimento e aprendizagem da criança
e (re)significa a sua prática docente.
AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL É...
Priorizar o acompanhamento estreito do professor às
ações das crianças. Neste caminho a ser seguido, o
professor pode certificar, interagir e prospectar como
aponta HADJI (2001) a cada momento deste processo,
interagindo e intervindo quando necessário.

• ACOMPANHAMENTO
• OBSERVAÇÃO
• REGISTRO
1.ACOMPANHAMENTO

Avaliar é estar perto,


disponível, acessível.
DEMO,2006
ACOMPANHAMENTO

Durante a observação diária, enquanto as


crianças realizam as atividades, o professor
encoraja a livre expressão, criando
oportunidades, permitindo-lhes conhecer
melhor os seus interesses e compreender os
processos de aprendizagem.
2.OBSERVAÇÃO
OLHAR ATENTO
O ato de observar contribui tanto para que o(a)
professor(a) possa perceber a singularidade e a
integralidade das crianças, quanto para que possa
realizar propostas de trabalho de acordo com suas
necessidades.
OBSERVAÇÃO - PARCERIA

• O professor é um “observador-participante”,
interessado em registrar cuidadosamente as
várias informações, a fim de construir um
entendimento das crianças, que possa ser
compartilhado com seus pares, outros
profissionais e com os pais.
A preocupação da Educação Infantil precisa estar centrada no
desenvolvimento e na aprendizagem da criança, considerando que
a aprendizagem pela ação é uma condição necessária para a
reestruturação cognitiva e para o desenvolvimento.
HOHMANN; WEIKART, 1997.

SUGESTÕES DE INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÂO


• Tabelas que facilitem o registro rápido e preciso do professor;
• Fichas individuais para o registro de cada criança;
• Quadros para o registro das ações coletivas;
• Pranchetas penduradas em lugares estratégico;
3.REGISTRO
O professor apóia a sua prática,
registrando os processos de
aprendizagem das crianças com
base na qualidade das interações
estabelecidas.
HOHMANN E WEIKART, 1997
Sugestão para o roteiro das
avaliações das crianças
• Extrair os eventos que são representativos tanto da prática
pedagógica como do processo de desenvolvimento das crianças;

• Contextualizar as ações das crianças, individualmente e coletivas;

• Dar visibilidade ao trabalho desenvolvido no CEI;

• Registrar a ação das crianças e das professoras no dia-a-dia das


turmas e das ações do CEI ressaltando as atividades de grupo;

• Indicar as ações que serão desencadeadas a partir da reflexão


que fizemos de cada criança e do grupo todo;
• Enfatizar as aprendizagens individuais;
AS FALAS DAS CRIANÇAS
• É preciso considerar nos processos avaliativos das
crianças pequenas também aquilo que elas apontam,
ou seja, é preciso considerá-las também como
sujeitos do processo e, conseqüentemente, como
atores competentes para reorientar a prática de sua
avaliação.

• As reações das crianças, suas contribuições,


participações, falas, conclusões, sugestões e
socializações precisam ser descritas e salientadas
compartilhando com os pais e equipe. As falas das
crianças ilustram e confirmam as suas
aprendizagens no CEI.
*DOCUMENTO FINAL
• PARECER;
• AVALIAÇÃO;
• DIAGNÓSTICO;
• RELATÓRIO;
DOCUMENTO FINAL

Geralmente estes documentos são feitos


pensando somente nos pais, mas eles servem para
orientar toda a equipe pedagógica e principalmente
orientar as ações dos professores com relação ao
planejamento diário, e a médio e longo prazo. Por
isso, quando escrevemos essa avaliação, temos que
manter em mente que várias pessoas poderão ler e
que servirá a vários propósitos.
EXERCÍCIO
FAÇA DE CONTA QUE VOCÊ É
UMA MÃE OU UM PAI E ESTÁ
RECEBENDO A AVALIAÇÃO DE SEU
FILHO(A).
Avaliação 1ºTrimestre
Neste período muitas foram as atividades e vivências que
experimentei e senti no espaço em diferentes momentos do
CEI juntamente com minhas professoras.
Brinquei com os movimentos do corpo, ouvi músicas,
também, já consigo expressar minhas vontades, apesar de
chorar para conseguir o que quero(...)
Já brinquei com bolas, balões e bolinha de sabão, todos
estão sempre preocupados com meu desenvolvimento e
aprendizagens significativas das coisas. Tudo no CEI é
pensado para mim, preocupam-se com o meu bem estar
também, pois me mantém sempre limpinha e bem alimentada.
Por isso, vocês podem confiar em mim, pois neste lugar tenho
o melhor atendimento possível.
Sobre minhas características posso dizer que a cada dia
cresço e me torno diferente, pois aprendo coisas novas e sei
que isso os orgulha. (...) assim sou eu a Maria.
AVALIAÇÃO 1º TRIMESTRE:
No grupo A, Maria começa uma nova história. Ela compartilha
diariamente, descobertas, vivências, aprendizagens com: João, Arthur,
Gabriel, Fábia, Elisa, Luana, Ana,, a estagiária ... e a professora ....
No período de adaptação Maria, pedia algumas vezes a presença dos
pais, mas com o meu apoio, logo foi se envolvendo com o grupo,
demonstrando maior segurança.
A minha intenção é promover o bem estar das crianças, através de
momentos significativos, que respeitem o interesse de cada uma,
relacionados aos objetivos propostos.(...) Conheça a rotina do grupo A:
Acolhida (13h30min.) – Recebo as crianças, convidando-as para uma
brincadeira e enquanto aguardamos a chegada das demais crianças para
iniciarmos a tarde. Maria prefere brincar na área da casa neste tempo,
convidando outras crianças para formar uma família e criar histórias
interessantes para as suas brincadeiras. “Gabi, você quer casar com uma
princesa? É muito legal o pirata casar com a princesa”. (Fala Maria vestida de
princesa para Gabriel que está vestido de pirata).Este ano iremos realizar
muitas atividades que envolvam o faz-de-conta através da literatura infantil
que será explorada com as crianças.
ELABORAÇÃO DO
DOCUMENTO FINAL
• A INTRODUÇÃO serve para apresentar as
características da criança e ela no grupo – e
o grupo em relação a ela! Falem de seu
trabalho enquanto professor – que se
preocupa com o bem estar de todos, com a
aprendizagem significativa, que recebe as
crianças e tudo que elas trazem em suas
vivências e experiências.
• O grupo – quem é, como são, qual é a rotina deles,
atividades preferidas, característica(s) do grupo;

• A criança no grupo – como ela se situa no coletivo


– como se destaca e/ou como se coloca nele; como
reage frente as atividades coletivas;
• As características da criança – como ela é;

• A criança e as atividades – suas preferências, suas


reações, suas contribuições,

• A dinâmica da criança em sala – ela e a rotina –


ela reclama, adere, participa do que? Seu
temperamento e escolhas;
• Suas relações com os outros - ênfase na parte
afetiva – seus relacionamentos fazendo uma ligação
com suas características pessoais;

• Desempenho no dia-a-dia – nas atividades – como


ela se envolve nas atividades, seu progresso, seu
envolvimento com as atividades e pessoas;

• Curiosidades dos comportamentos das crianças


que ilustram seu desenvolvimento – suas falas,
gracinhas, surpresas, insights, contribuições,
perguntas, observações, etc.

• Planos para futuro próximo – o que você pensa


que a criança precisa para continuar se
desenvolvendo de maneira progressiva e positiva, o
que em particular você planejaria para ela. Revele o
seu olhar particular para ela e suas projeções.
• As OBSERVAÇÕES FINAIS servem para indicar
como o professor irá continuar o trabalho com a
criança em questão, RESSALTANDO A
PREOCUPAÇÃO INDIVIDUAL, MAS INTEGRANDO-
A NO GRUPO!

DICA: Fale do grupo também, das suas intenções para


o grupo, para o planejamento e recursos que usará.
LEMBRE-SE...
• Abordando todos estes itens, o professor
estará falando tanto das áreas do
desenvolvimento infantil, como das áreas do
currículo, trazendo a tona os quatro focos
principais da Educação Infantil – criança,
professor, currículo/planejamento e as
relações.
IMPORTANTE!
• O professor deve escrever como se estivesse
escrevendo para alguém que não conhece as
crianças e, portanto vão revelar as dificuldades com
moderação.

• Neste documento é o lugar do professor falar na sua


própria voz revelando suas observações,
planejamentos, reflexões e planos futuros. A voz da
criança será para exemplificar aquilo que vocês
estão falando sobre elas!
Temas delicados
• Tente não colocar panos quentes nos fatos mas sem ocultar a
verdade lidando com o problema/questão de forma profissional;
revelar as possibilidades, conquistas, falas, pensamentos da
criança de maneira realista, etc.

• Prepare-se para falar das dificuldades de maneira profissional e


ponderada, isto é, apontando as partes positivas e aquelas que
merecem atenção.
SUGESTÕES
para temas delicados
1. No período de adaptação, Maria sentiu-se um pouco insegura, pedindo
a presença da mãe, chorando bastante. Estes momentos ainda acontecem,
porém a posição firme de sua mãe e a minha acolhida, auxiliam a Maria a
ficar e a participar das brincadeiras deste primeiro momento.

2. Tempo de grande grupo - É um momento de grande desafio para esta


faixa etária, pois aqui as crianças precisam conviver com a espera, a
partilha, o ouvir, o falar, respeitando o ritmo de cada um. Gabriel gosta do
trabalho coletivo, no início do ano chateava-se muito quando não era
ouvido, agora já consegue se posicionar, pedindo que o escutem, mesmo
que ás vezes tenha que aumentar seu tom de voz. Algumas vezes ele se
irrita com a espera gritando e desistindo de participar.
OBSERVAÇÕES FINAIS

TRECHO:
(...) Tenho elaborado ações que despertem na
Maria maiores desafios quanto à alimentação,
expressão de escolhas, coordenação motora ampla,
linguagem, cuidados com o corpo, para assim,
vivenciar situações de aprendizagem ativa por meio
de um ambiente rico em interações, onde amplie seu
contato com outras crianças, adultos e objetos,
percebendo as diferentes formas de sentir, expressar
e comunicar.
Para a avaliação torna-se
verdadeiramente útil em uma situação
pedagógica, deve ser informativa
(comunicativa), mostrar caminhos,
auxiliando tanto a criança quanto o
professor, permitindo guiar e otimizar as
aprendizagens em andamento.
HADJI, 2001.
OBRIGADA!
Maria Fernanda d´Ávila Coelho
mariafernandadavila@terra.com.br

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