Você está na página 1de 16

PerCeBer Informes da Revolução

Partido Comunista Brasileiro www.pcb.org.br


N° 196 – 17.02.2011

. Uma das mais graves denúncias le-


Invasão capitalista vantadas no Fórum Social Mundial,
realizado no Senegal, tratou da corri-
A desesperada corrida da de capitalistas estrangeiros, deses-
perados com a crise, comprando ter-
de estrangeiros para ras na África, na tentativa de dar um
novo fôlego ao capitalismo em deca-
comprar terra no Brasil dência.
No Brasil isso já ocorre há vários a-
nos, mas agora está se intensificando.
O governo sempre promete criar res-
trições à invasão, mas continua dócil
a essa ofensiva do capital, de caráter
neocolonial, como foi dito no FSM.
“Não toque na minha terra. Ela é a
minha vida!” – com essa palavra de
ordem, as ONGs Enda e Oxfam de-
nunciaram a apropriação de terras
por grupos estrangeiros, europeus e
asiáticos no Terceiro Mundo, em fa-
vor do agronegócio e contra a agri-
cultura familiar e agroecológica.
A seguir, reportagem da jornalista
Fabiana Batista sobre a situação no
Brasil.

Fundos estrangeiros lecidos no mercado afirmem que espe-


ravam um número de transações maior
compram mais terras do que o noticiado, o fato é que o mo-
Fabiana Batista* vimento está em curso e ainda deverá
O negócio de terras a estrangeiros não ganhar mais força.
parou e vai crescer, a não ser que haja Exemplo dessa tendência é a NAI
alguma restrição. Nem se sabe quantas Commercial Properties, multinacional
terras já estão nas mãos de alienígenas do ramo imobiliário que intermediou
Enquanto o governo brasileiro avalia cerca de 30 negócios envolvendo gran-
impor limites à compra de terras por es- des áreas de terras no Brasil em 2010, a
trangeiros, multiplicam-se as aquisições grande maioria com mais de 10 mil hec-
fechadas em outros idiomas nas princi- tares e formada por uma ou mais fazen-
pais regiões agrícolas do país. Ainda das. Do total, 16 blocos foram adquiri-
que na maior parte dos casos a discrição dos por fundos de investimento sediados
seja vital para o acerto e players estabe- em outros países.
hectares, sendo a maior na região de
Pedro Afonso, Tocantins. Ali, duas fa-
zendas, com 40 mil hectares no total,
foram vendidas a um único fundo por
R$ 6 mil/hectare, em média - um negó-
cio que pode ser estimado, portanto, em
R$ 240 milhões
Nesse universo, apenas duas áreas têm
menos de 10 mil hectares. Uma delas
está na região de Barretos (SP), tem 1,5
mil hectares e foi vendida pelo valor
Conforme Aloísio Barinotti, presidente mais alto entre todos os negócios da
da empresa no Brasil, o interesse é cada NAI (preço médio de R$ 32 mil por
vez maior. Em 2009, lembra, a NAI a- hectare), e a outra é na região de Luís
certou a transferência de 12 grandes á- Eduardo Magalhães (BA), tem 5 mil
reas no Brasil, oito delas compradas hectares e saiu por R$ 10 mil por hecta-
fundos estrangeiros. re, em média.
Levantamento divulgado recentemente Todas as transações, explica Barinotti,
pela Organização para a Cooperação e tiveram compromisso de compra e ven-
Desenvolvimento Econômico (OCDE) da assinado e os devidos valores quita-
mostra que, em 2010, cerca de US$ 14 dos. Algumas estão em fase de escritu-
bilhões foram investidos em todo o ração ou em fase de matrícula no cartó-
mundo na compra de terras para a agri- rio. As operações, continua, foram pa-
cultura - e, segundo a agência Reuters, o gas diretamente por fundos, ou pelos
Brasil foi um dos principais destinos mesmos em associação com grupos bra-
desses aportes. sileiros.
É difícil saber se o perfil dos negócios “Eles estão mais organizados, trocando
fechados pela NAI serve para explicar o informações entre si sobre operações
que acontece no mercado brasileiro co- que realizam a fim de se proteger le-
mo um todo, uma vez que não há dados galmente”, diz o presidente da NAI no
oficiais atuais e disponíveis que mos- Brasil, que tem cerca de 200 fundos de
trem quem vende e quem compra. Mas, investimento cadastrados com interesse
considerando-se apenas o nicho de em comprar terras para agregar valor
grandes áreas para a produção de com- com agricultura.
modities para exportação, Barinotti a-
Se não interrompeu o fluxo de negócios,
credita que a fatia da NAI seja um pou-
a sinalização de restrição do governo -
co superior a 20%.
expressa no último parecer da Advoca-
De qualquer forma, diz, os investimen- cia Geral da União (AGU) sobre o as-
tos estrangeiros em terras no país não sunto, de junho de 2010 - pode até estar
cessaram com a discussão sobre os limi- acelerando negócios antes que a porta
tes ao movimento e, pelo menos por en- seja fechada. É difícil saber, mas quem
quanto, a tendência é de incremento. atua nesse mercado acompanha o debate
As 16 fazendas cujas vendas a fundos de perto. "Nossa posição é de que o pa-
de fora foram intermediadas pela NAI recer da AGU é inconstitucional", diz
em 2010 estão nos Estados de Goiás, Arlindo de Moura, presidente da SLC
Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Bahia Agrícola, uma das maiores companhias
e Tocantins. No total, somam 96 mil produtoras de grãos do país.
espera. Muitos dos fundos que estavam
com apetite aguardam uma nova legis-
lação mais esclarecedora”, diz Moura.
E o impasse já causa confusão. No dia-
a-dia dos cartórios, conta o executivo, já
está mais complicado registrar um imó-
vel. “Os cartórios estão com dificuldade
de saber que municípios já chegaram ou
não no limite de 5% de registros de ter-
ras feitos por estrangeiros", diz, referin-
do-se ao parecer da AGU.
Independentemente da constitucionali-
dade do parecer, afirma, o problema es-
Ele antevê uma "interessante" briga ju- tá na insegurança jurídica que a situação
rídica pela frente: "A lei à qual se refere traz. "O que impede que daqui a dez a-
a restrição, expressa no parecer, é de nos uma nova mudança seja feita?",
1971 e previa a existência de empresas pergunta.
estrangeiras e nacionais”.
Assim como a SLC Agrícola, a Cosan,
“A Constituição de 1988 vetou essa se- maior grupo sucroalcooleiro do país,
gregação e passou a considerar que to- criou há quase dois anos uma empresa
das as empresas instaladas no Brasil são de terras para aproveitar o apetite de
brasileiras. Por isso, ao nosso ver, essa fundos de investimento e, ao mesmo
restrição não é legal”, diz Moura. tempo, impor sua expertise em produ-
Mas, apesar disso, a insegurança jurídi- ção agrícola para agregar valor aos ati-
ca atrapalhou, em parte, os planos da vos. Batizada de Radar, a empresa tem
SLC. No ano passado, a companhia es- 19% de participação da Cosan. O res-
tabeleceu as diretrizes da sua unidade de tante está principalmente nas mãos de
terras, a Land Co., que foi criada ofici- fundos estrangeiros.
almente em janeiro deste ano. O plano “A Cosan é que controla a Radar. Por
era captar US$ 300 milhões para inves- isso, não estamos sob qualquer restri-
tir no projeto, e no segundo semestre do ção”, diz Marcos Lutz, presidente da
ano passado US$ 200 milhões estavam Cosan.
em fase final de captação com fundos
soberanos e privados. “Após o parecer *Fabiana Batista – Jornalista, matéria
da AGU, a captação ficou em estado de escrita para o jornal Valor Econômico

chamadas vagamente rela-


O estado das cionadas com estudo e car-
reira; por exemplo, avisos
Universidades de palestras e cursos.
brasileiras Um tema que vem apare-
cendo mais e mais nos qua-
Maurizio Ferrante (*) dros de aviso, mas também
Uma fonte de informa- em jornais e revistas que de
ções interessantes do Entre anúncios tipo - aluga-
se vaga em república femi- vez em quando se ocupam
estado atual da acade- nina, vendem-se bicicleta de educação e afins, é o em-
mia é representada pe- com 12 marchas, geladeira preendedorismo. Assim
los quadros de avisos de semi-nova e um Gol 1998 mesmo: com dois ‘és’.
universidades. em bom estado - aparecem
perpetuando-se assim o ciclo do existo porque
existo e quero continuar existindo. Das em-
presas amparadas por esses Parques e incuba-
deiras sabe-se pouco, e as perguntas que se
colocam são: qual a taxa de mortalidade – Su-
íça ou de terceiro mundo? Qual o peso eco-
nômico das empresas? Qual o seu nível tecno-
lógico médio?
Lembro-me de quando visitei a Feira de um
desses Parques, e surpreso me deparei com o
estande de uma (hoje falida) fábrica de trato-
Todos nós sabemos do que se trata: uma ati- res exibindo o seu já então vetusto produto.
tude independente e corajosa, que pressupõe Naturalmente há exceções, e muitas, e pontos
espírito de iniciativa, destemor ao risco e, por de vista diferentes, mas a intenção deste arti-
fim, conhecimento técnico, atitudes “manage- go não é tanto discutir os prós e contras do
riais” e um bocado de ambição. Com minha empreendedorismo no plano econômico ou no
longa experiência de quadros de aviso de uni- de formador de estruturas tecnológicas con-
versidades posso atestar que nossa juventude sistentes, como de levantar questões sobre o
está sendo bombardeada por mensagens que efeito que esse pesadíssimo marketing da car-
endeusam a tal atitude. reira possa ter sobre os estudantes.
Os recipientes são estudantes das engenharias Os apelos ao empreendedorismo deixam de
e ciências da computação, como também físi- mencionar que uma empresa de base tecnoló-
cos, químicos e biólogos. gica depende do aparecimento de uma idéia
Não consigo me livrar da impressão de que as que não surge do ar, mas é pacientemente ga-
mensagens carreguem a silenciosa premissa rimpada entre princípios científicos, experi-
de que seguir uma carreira acadêmica ou fa- mentos e, principalmente, conhecimento de
zer carreira, primeiro em chão de fábrica e causa. Lembro que em uma eleição passada, o
depois em atividades mais estratégicas, seja mote que acompanhava um dos candidatos
próprio dos menos capazes. Talvez esteja era “deixe o homem trabalhar”. Eu adaptaria
sendo injusto, mas é o que implica a adjetiva- essa frase aos estudantes universitários (e se-
ção utilizada, que recobre de méritos o enge- cundaristas também): “deixem o estudante
nheiro (ou químico, ou físico...) empreende- estudar em paz”. Sem o distrair continuamen-
dor, e lhe aponta como inevitável o sucesso te com palestras de empreendedorismo, ou de
de sua pequena empresa, invariavelmente de como elaborar um curriculum vitae, escrever
base científica e com grande carga de inova- uma patente, e coisas do tipo. Tudo isso está
ção. Em torno dessa idéia, a partir de 1984 sendo ministrado antes do tempo, e os que
começam a nascer os parques tecnológicos, seguem essa sereia (porque é mais fácil ouvi-
que hoje no Brasil são mais de duzentos (na la do que espremer o cérebro sobre um texto
minha cidade tem dois), alimentados por di- de termodinâmica) acabam perdendo a opor-
versos tipos de financiamento; CNPq, Secre- tunidade de se preparar melhor e fundamentar
taria de Ciência e Tecnologia dos Estados, melhor suas idéias, que aí sim serão criativas.
etc., e cujo desempenho – perdas e ganhos –
nunca foi apresentado aos pagadores de im- A falta de engenheiros no Brasil é muito
posto. Notável é a ausência quase que com- grande; formamos 30.000 profissionais por
pleta de capital de risco provindo de grandes ano, pouco se comparado com a China – 400
empresas ou mesmo de investidores pessoas mil; Índia – 250 mil, e Coréia do Sul – país
físicas. pequenino com 50 milhões de habitantes que
Sabemos que o tempo presente é a era dos forma 80 mil engenheiros. A urgência é gran-
serviços, natural sucessora da era da indústria, de, e uma meta da CAPES (Coordenação de
e o empreendedorismo, alardeado como a vo- Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superi-
cação dos mais capazes, passou a formar um or – órgão do MEC) é a evolução daqueles 30
mercado per se, sobre o qual se pode ganhar mil para 40 mil nos próximos três anos. Esses
dinheiro. Isso levou à proliferação de parques números dão razão à CNI (Confederação Na-
tecnológicos, incubadeiras de novas empresas cional da Indústria) que prevê um excesso de
e entes do tipo, que logicamente necessitam 150 mil vagas em setores técnicos.
de presidentes, diretores e administradores,
Mas além da questão quantitativa, há a quali- Se ainda por cima desviamos antes do tempo
tativa: José Roberto Cardoso diretor da Escola um porcentual de estudantes desse mercado, e
Politécnica da USP faz notar que "... só um o distraímos com falsas e anti - tempo preo-
entre quatro engenheiros possui formação a- cupações, não estamos colaborando muito
dequada...”. com a solução dos problemas, estamos?
De fato, dependendo de como se contam há ___________________
1.087 cursos no país, dos quais a metade em *Maurízio Ferrante – Professor do Departa-
escolas particulares, e uma olhada nas notas mento de Engenharia de Materiais, na Uni-
do ENADE dessa metade explica as palavras versidade Federal de São Carlos
do professor.

e América Latina. O que da dívida externa. Outro


O escândalo você destaca destas reuni- ponto a ser lembrado: a
da dívida ões com os membros da re-
de CADTM e das atividades
transferência líquida de ca-
pitais dos países do Sul para
que participou? os países do Norte, o que
mostra que a dívida não foi
Maria Lúcia Fattorelli usada para financiar inves-
(MLF): O que destaco, antes timentos, mas que ela fun-
de tudo, é a semelhança do ciona, ao contrário, como
processo de endividamento um mecanismo de extração
em todas as experiências das riquezas do Sul, que em
relatadas pelos representan- muitos casos, acabam nos
tes das diversas partes do bolsos dos bancos privados.
mundo, e o impacto do en- Além disso, esses países do
dividamento nas economias, Sul sofreram e sofrem ainda
não somente nos países do os efeitos da crise financeira
Sul, aprisionados em um que exacerbou problemas
processo histórico de domi- sociais, como salientaram os
nação e exploração, mas testemunhos dos delegados
Maria Lúcia Fattorelli, co- também, mais recentemente, do CADTM presentes.
ordenadora da organização nos países europeus. Além Durante estes dias, grande
brasileira Auditoria Cidadã dos contatos e importante ênfase foi colocada sobre o
da Dívida (Audit Citoyen de troca com as pessoas vindas tema da auditoria da dívida
La Dette), concedeu entre- das quatro partes do mundo que, através dos exemplos
vista à militante belga Sté- – o que é fundamental para da Auditoria Cidadã da Dí-
phanie Jacquement. Maria enriquecer nossas lutas – as vida do Brasil e da auditoria
Lúcia foi membro da Co- atividades organizadas pelo oficial realizada com a par-
missão de Auditoria Integral CADTM permitiram ajudar ticipação cidadã no Equa-
da Dívida Pública (CAIC) a identificar tendências, tal dor, se apresenta como um
no Equador em 2007-2008 e como o avanço do privilégio poderoso instrumento nas
também participou ativa- do setor financeiro, e pontos mãos dos movimentos soci-
mente nos trabalhos da CPI importantes ao nível de aná- ais. As reuniões destacaram
(Comissão Parlamentar de lise política. também a importância da
Inquérito sobre a dívida) luta contra a mudança cli-
realizada no Brasil, experi- O primeiro ponto, em minha mática e o modelo de explo-
ências que partilhou em sua opinião, é o processo global ração extrativista que estão
permanência na Bélgica.[1] de transformação da dívida estreitamente ligados ao en-
** externa em interna. Esta dividamento público, em
Stéphanie Jacquement dívida chamada de interna particular aos empréstimos
(SJ): Você esteve na Bélgi- encontra-se, de fato, nas do Banco Mundial destina-
ca, como delegada da Audi- mãos dos estrangeiros, o dos ao setor privado, res-
toria Cidadã da Dívida no que nos obriga a rever o ponsável pela grande parte
Brasil, por 10 dias de ativi- conceito de dívida interna. desta exploração extrativis-
dades ao lado dos delega- A dívida interna é, de al- ta.
dos da África, Europa, Ásia guma forma, a nova face
dos fatos. É necessário di-
Finalmente, quero enfatizar fundir e reproduzir a experi-
o envolvimento total dos ência para que os Estados
membros do CADTM, par- possam enfrentar o proble-
ticularmente dos jovens, o ma da dívida, devidamente
que nos dá confiança no fu- amparados em provas de sua
turo da luta por justiça soci- ilegitimidade e de sua ilega-
al. lidade. É importante lembrar
que a experiência recente no
SJ: Sua organização tor- Equador[2] permitiu uma
nou-se, oficialmente, mem- revisão do orçamento e um
bro da rede CADTM Inter- aumento significativo dos
Outro tema discutido ao nacional por ocasião da recursos destinados aos se-
longo do programa é a rela- assembleia mundial da re- tores sociais (saúde, educa-
ção entre o endividamento de: como você considera o ção, criação de empregos,
público e o sistema tributá- trabalho na rede? O que construção de rodovias…).
rio, o que levanta a questão você acha que sua organi-
da justiça fiscal, que abran- zação pode fazer para a re- SJ.: A propósito do Brasil ,
ge tanto a arrecadação de de e vice-versa? você nos explicou como o
impostos como a utilização Lula chegou a divulgar a
das receitas arrecadadas, MLF : Nossa organização – idéia que o problema da
cabendo destacar os privilé- Auditoria Cidadã da Dívida dívida foi resolvido. Eric
gios de que gozam os rentis- do Brasil – mantém com o Toussaint nos falou do sen-
tas de títulos da dívida. CADTM uma relação estrei- timento de euforia injustifi-
Dado o contexto atual, ficou ta desde o ano de 2002, data cado de certos países deve-
evidente a gravidade da cri- em que conheci Eric Tous- dores, entre os quais o Bra-
se financeira, na esteira da saint e Denise Comanne no sil figura em bom lugar.
qual se desenvolveu uma 2º Fórum Social Mundial de Pode nos explicar como
terrível crise da dívida em Porto Alegre. Desde então, Lula conseguiu essa proe-
diversos países da Europa, temos participado de vários za?
principalmente em razão da projetos juntos. Agora que
ausência de regulação do somos membros efetivos da MLF: A parte da dívida ex-
sistema financeiro privado rede CADTM, creio que terna que foi paga corres-
internacional. Assim, é ne- podemos lançar iniciativas ponde somente à que deví-
cessário conduzir uma audi- da auditoria cidadã da dívi- amos ao Fundo Monetário
toria para determinar a ori- da em outros países onde o Internacional (FMI) e outras
gem desta dívida, que tem CADTM está presente. Com pequenas partes desta dívi-
provocado tanto sacrifício a nossa longa experiência de da, sendo que os laços com
aos povos da Europa de ma- dez anos em auditoria cida- o Fundo não foram rompi-
neira injusta (aumento do dã da dívida no Brasil, da dos. Quando, em 2005, o
desemprego, supressão de auditoria oficial da dívida Brasil saldou sua dívida
direitos, reduções nas apo- equatoriana (2007-2008) e com o FMI, o Ministro das
sentadorias etc), pois não da recente experiência na Finanças da época, Antonio
são os responsáveis por essa CPI da Dívida (Comissão Palocci, fez publicar no sítio
dívida! Parlamentar de Inquérito da internet do ministério
Uma auditoria permitirá sobre a dívida pública) no uma carta explicando que as
identificar os verdadeiros Brasil, programamos orga- obrigações relativas ao arti-
culpados que devem res- nizar conjuntamente grupos go IV[3] do estatuto do FMI
ponder pelos prejuízos cau- de trabalho para iniciar au- permaneceriam na agenda,
sados. Não se pode permitir ditorias cidadãs, mas tam- isto é, o Brasil manteria a
que setores – como estão bém impulsionar as audito- agenda econômica imposta
fazendo atualmente os gran- rias oficiais, onde for possí- pelo FMI, permitindo que
des bancos – continuem a vel. ele examine as contas do
embolsar lucros recordes, A auditoria da dívida tem país a cada três meses.
apesar da crise que abala sido um instrumento impor-
outros setores. tante para chegar à verdade
cara, não estamos livres dos principalmente, bônus do
ditames do FMI, tal como a Tesouro dos Estados Unidos
obrigatoriedade de produzir cuja remuneração é quase
um superávit primário[4] nula[6]. Por essa, o Banco
(que não visa outra coisa Central acumula enormes
que a reserva de recursos perdas operacionais, que são
para o pagamento dos juros em parte devido às taxas de
da dívida), as privatizações, câmbio e de outra parte à
a manutenção da liberdade diferença entre os juros que
de circulação dos capitais, ele paga e aqueles que rece-
entre outros. be. Isso é extremamente
Continuamos a reembolsar grave; a dívida interna
uma dívida pública externa cresce de maneira expo-
Em 2005, a dívida externa que se eleva atualmente a nencial e as reservas são
pública excedeu os 200 bi- mais de 87 bilhões de dóla- expressas em uma moeda
lhões de dólares e somente res – a total supera 340 bi- em depreciação, sem trazer
15,5 bilhões de dólares fo- lhões de dólares – enquanto qualquer benefício para o
ram pagos antecipadamente a propaganda insiste que país.
ao FMI. É evidente, portan- esta dívida está paga…
to, que toda a dívida não foi No caso do FMI, o Brasil se SJ: É evidente então que a
reembolsada. Ademais, este comprometeu a emprestar dívida é um assunto longe
pagamento foi muito desfa- até 10 bilhões de dólares[5]. de ser concluído. Quais são
vorável em termos financei- A propaganda política foi as manifestações do pro-
ros, dado que a dívida com o intensa. Na mente das pes- blema do endividamento no
FMI era relativamente bara- soas, o FMI é o símbolo por Brasil e quais são os desa-
ta, com taxas de juros de 4% excelência da dívida, sendo fios nesta matéria?
por ano. Para saldar esta dí- assim fácil acreditar que re-
vida, o Brasil emitiu de ma- embolsar sua dívida ao FMI MLF: Em primeiro lugar, é
neira acelerada títulos da equivalia a saldar a totalida- preciso assinalar que se a
dívida externa a taxas de de da dívida. O fato de que dívida externa é um assunto
juros bem mais elevadas, de o Brasil dispõe de reservas longe de ser concluído, o
7,5 a 12% ao ano, e títulos cambiais de mais de 250 maior problema atualmente
da dívida interna, remunera- bilhões de dólares aumenta no Brasil reside na dívida
da a taxas muito altas de a confusão. Estas reservas interna que ultrapassa os
19% ou mais à época. Ocor- foram conseguidas de uma dois trilhões de reais, ou se-
reu, portanto, uma grande maneira muito onerosa. ja, um trilhão e duzentos
contradição, que qualifica- Primeiro, elas decorrem da bilhões de dólares (ou 855
mos de inexplicável: paga- entrada em grande quanti- bilhões de euros). Ela ex-
mos antecipadamente, e dade de dólares, devido à plodiu via mecanismos tais
sem qualquer benefício ou valorização da moeda local, como a acumulação de re-
redução, uma dívida a 4% o real. Como o real ganha servas, como acabamos de
de taxa de juros e a substi- valor nominal em relação ao explicar, ou ainda o anato-
tuímos por uma dívida mui- dólar, os especuladores in- cismo (pagamento de juros
to mais onerosa (com taxas ternacionais compraram re- sobre juros, ou capitalização
de 7,5% no mínimo para a ais, para aproveitar as taxas de juros), como comprova-
dívida externa e mais de de câmbio favoráveis. As- ram as investigações reali-
19% para a dívida interna). sim, quando os dólares en- zadas pela recente CPI na
Resumidamente, a dívida tram no Brasil, para limitar Câmara dos Deputados.
tem simplesmente mudado a quantidade de moeda em O problema da dívida no
de mãos. Paramos de dever circulação e, portanto, a in- Brasil salta aos olhos se ob-
ao FMI para dever àqueles flação, o Banco Central servamos o orçamento na-
que adquiriram os títulos da vende títulos da dívida in- cional. As tabelas do orça-
dívida interna e externa. E terna emitidos com taxas de mento são muito complexas,
como se não fosse o sufici- juros as mais elevadas do bem difíceis de compreen-
ente substituir uma dívida mundo. Com estes dólares, der; há uma falta absoluta de
barata por uma dívida mais o Banco Central compra, transparência.
pa o 73º lugar no ranque das de uma grande batalha.
Nações Unidas, segundo o Que conclusões você tirou
Indice de Desenvolvimento dessa experiência? Você
Humano (IDH)[8]. Mas isso acha que a questão da luta
vai mais longe ainda: se le- contra o endividamento
vamos em consideração o corre o risco de ser nova-
endividamento para o pa- mente enterrada ou existe
gamento de amortizações, ainda a possibilidade de
serão então engolidos 48% que outros passos sejam
do orçamento no serviço da dados na direção de uma
dívida! O governo brasilei- verdadeira auditoria?
É por isso que dentre os tra-
ro dissimula esta verdade MLF: A CPI foi, de fato, o
balhos da Auditoria Cidadã
constrangedora e apresenta resultado de uma longa ba-
da Dívida nós traduzimos
os números de tal forma talha. Conseguimos criar a
esta multidão de tabelas,
que a emissão da dívida CPI, mas não sem grandes
buscando fazer um único
para a amortização não se- dificuldades políticas: nem o
gráfico, bastante esclarece-
ja incluída no orçamento. governo de Lula, nem a o-
dor. Este gráfico (veja no
posição de direita queriam
final, depois das notas) de-
Portanto, se quisermos al- abordar o assunto. Apenas
monstra qual parte é desti-
cançar justiça social, não alguns raros parlamentares
nada ao pagamento da dívi-
podemos deixar de fazer o apoiaram realmente a CPI.
da e qual parte é destinada
enfrentamento da dívida. Se Esta comissão foi importan-
ao social.
observarmos, por um lado, a te, na medida em que intro-
Os números do serviço da
evolução da alocação de re- duziu o tema da dívida na
dívida não levam em conta o
cursos para o serviço da dí- pauta de debates e na agen-
refinanciamento do capital
vida e, por outro lado, para a da política. A cada semana,
pela emissão de novos títu-
educação, cultura, saúde, tivemos uma reunião públi-
los. Caso considerado o re-
saneamento, segurança soci- ca da CPI com professores e
financiamento, a parcela
al, salário dos funcionários especialistas convidados
destina ao serviço da dívida
públicos que prestam servi- pela Comissão. Estas reuni-
sobe para 48%.
ços à população etc, vemos ões foram transmitidas pela
Em 2009, por exemplo, o
que a cada ano aumenta o televisão da Câmara dos
Brasil destinou 36% de seu
serviço da dívida em detri- Deputados e na web. Duran-
orçamento ao pagamento
mento destes gastos vitais. te a Auditoria Cidadã da
dos juros e a uma pequena
O absurdo maior é que a Dívida, começamos a rece-
porção do reembolso do ca-
dívida continua a crescer, ber mensagens de todo o
pital (ou amortização[7]),
como uma bola de neve, a- país, com pedidos de expli-
quando somente 4,6% e
pesar das somas cada vez cações, esclarecimentos,
2,9%, respectivamente, fo-
maiores destinadas ao seu entrevistas etc. Houve um
ram alocados para a saúde e
reembolso. E o governo Lu- grande interesse, particu-
a educação. Um setor tão
la não reverteu essa tendên- larmente por parte dos esta-
fundamental como a água e
cia, longe disso: o problema dos brasileiros, devido ao
o saneamento representaram
tornou-se ainda mais grave fato de que, entre 1996 e
apenas 0,08% dos gastos em
durante o seu mandato. É 1998 (sob o governo de Fer-
2009! E isto levando em
preciso assim, para enfrentar nando Henrique Cardoso),
conta que mais da metade
o problema, realizar uma as dívidas de estados e mu-
dos cidadãos brasileiros não
auditoria, tal como previsto nicípios com o governo fe-
têm acesso ao saneamento
pela Constituição de deral foram renegociadas.
das águas utilizadas! É um
1988[9], e que até hoje não Após esta renegociação, as
verdadeiro escândalo. O
foi cumprido. entidades federais e munici-
Brasil não é um país pobre,
pais viram-se pesada e in-
sendo a oitava economia
SJ: Com relação a isto, vo- justamente endividadas,
mundial, mas é também um
cê já mencionou a criação com as taxas de juros muito
dos países onde a desigual-
da Comissão Parlamentar elevadas.
dade e a injustiça social são
de Inquérito sobre a dívida
as mais fortes, e o país ocu-
(CPI), que foi o resultado
O governo federal fez com ultrapassam a taxa de infla- cios de ilegalidades, todas
que, de alguma maneira, os ção, ou seja, as taxas de ju- devidamente documentadas,
entes da federação sofres- ros chamadas “reais”, sendo sendo os principais: o pa-
sem do mesmo mal que so- o restante dos juros são con- gamento de juros sobre ju-
freu ele próprio a partir dos tabilizados equivocadamen- ros, dito “anatocismo”, que
mercados financeiros. te como se se tratasse da foi considerado ilegal pelo
Após a conclusão da CPI, amortização do principal. O Supremo Tribunal Federal
dois relatórios foram produ- relatório oficial destaca, do Brasil; os juros flutuantes
zidos[10]. Um relatório ofi- portanto, coisas graves, mas da dívida externa, que po-
cial que, embora aponte para sem tirar daí as recomenda- dem ser considerados como
uma série de ilegitimidades ções claras e decisivas que ilegais, segundo a Conven-
e ilegalidades no seu diag- se impõem. O relatório nem ção de Viena sobre o direito
nóstico, não faz as reco- sequer recomenda a realiza- dos Tratados de 1969; a au-
mendações que temos o di- ção de uma auditoria que, sência de contratos e outros
reito de esperar. no entanto, é prevista nos documentos; a ausência de
O relatório reconhece que as termos da Constituição. Ele conciliação de cifras (por
taxas de juros vigentes no não considerou desejável a exemplo, falta de identifica-
Brasil não são “civilizadas” transmissão de informações ção das dívidas objeto de
e que são um dos fatores- ao Ministério Público para o renegociações desde a déca-
chave no aumento da dívida, aprofundamento das inves- da de 70); o caráter ilegal da
tanto do governo federal tigações. Graças à pressão livre circulação de capitais,
quanto dos estados e muni- de alguns setores da socie- que está na origem do au-
cípios do país; que a dívida dade civil (sobretudo das mento da dívida interna a
interna aumentou para fi- entidades de servidores pú- partir de 1995; a violação
nanciar a acumulação de blicos), que foram ao encon- dos direitos humanos garan-
reservas cambiais em dóla- tro dos parlamentares, parti- tidos pela Constituição, em
res, resultando em um custo cipando das reuniões públi- função dos imensos recursos
significativo para as finan- cas da CPI, agitando carta- destinados ao pagamento da
ças públicas; que o Senado zes etc, o relatório oficial foi dívida; o conflito de interes-
Federal renunciou à sua aprovado por apenas oito ses entre o Banco Central e
competência ao permitir a votos. o setor bancário privado e
emissão de títulos da dívida É o mesmo número de votos outros detentores de títulos
externa sem especificar suas que aprovou o relatório pa- da dívida, que se reúnem
características; que há uma ralelo elaborado pelo mem- para definir as previsões de
falta de transparência na di- bro do PSOL – deputado inflação e que determina,
vulgação dos valores da dí- federal Ivan Valente[11], e por sua vez, a taxa de juros.
vida e que estão faltando que integrou ao seu relatório O relatório alternativo foi
certos documentos e infor- todas as oito análises técni- apresentado ao Ministério
mações solicitados pela CPI; cas que apresentei, na quali- Público Federal e agora há
que o total dos juros pagos dade de assessora técnica da uma pressão da sociedade
anunciado pelo governo é CPI. Este relatório alternati- civil para que um grupo de
inferior ao total dos juros vo tem, portanto, o mesmo trabalho seja formado, a fim
efetivamente pagos, pois peso político que o relatório de que as investigações se-
somente são tomados em oficial. O relatório de Ivan jam mais aprofundadas.
consideração os juros que Valente revela muitos indí-
gime de cumprimento das NOTAS:
metas de inflação. É uma
forma de tranquilizar os [1] Ver por exemplo o dia-
mercados em relação à con- porama em inglês realizado
tinuidade do endividamento, no IX Seminário Internacio-
pois o sistema de metas de nal sobre o Direito e a dívi-
inflação é a garantia de que da no Senado belga:
o Banco Central compre o http://www.cadtm.org/9th-
excedente de dinheiro em CADTM-Intenational-
circulação para conter a in- Seminar
flação. Um controle dos ca- [2] A partir de novembro de
pitais que entram no país 2008, o Equador suspendeu
poderia ser criado para limi- o pagamento de uma grande
tar a inflação, mas não é es- parte de sua dívida comerci-
se o caminho escolhido. al, constituída de títulos (tí-
Permite-se a entrada de ca- tulos Global 2012 e 2030),
http://www.divida- pitais especulativos, seja
auditoriacida- quando a auditoria provou
qual for a quantidade, e de- que ela estava contaminada
da.org.br/config/ABC3aEdicao
pois compra-se o excedente pela fraude e por numerosas
.pdf/download
transformando-o em reser- irregularidades. Em junho
A CPI constituiu, portanto, vas de um lado e de outro de 2009, os detentores de
uma etapa extremamente em dívida interna. É real- 91% dos títulos em questão
importante, uma vez que, mente lamentável, porque as aceitaram a proposta de
além de reabrir o debate so- coisas poderiam ter mudado resgate por 35% de seu va-
no governo Lula, que se be- lor nominal. Isto representa
bre a dívida, ela nos permi-
neficiou do apoio popular e para o governo uma econo-
tiu ter acesso a diversos do-
teve o mandato para fazê-lo. mia de 300 milhões de dóla-
cumentos relevantes. Mas a
luta não acabou. Continua- Mas Lula tem seguido a po- res por ano durante 20 anos.
mos a exigir o respeito à lítica de seu antecessor, Fer- Veja:
Constituição de 1988 atra- nando Henrique Cardoso. http://www.cadtm.org/Equa
vés da realização de uma Infelizmente, acho que Dil- dor-Soberano-A-
ma vai fazer o mesmo. Mas experiencia-da
auditoria.
ela não tem o mesmo caris- [3] No título do artigo IV
ma que Lula, por isso tenho dos seus estatutos, o FMI
SJ: Dilma Roussef, do PT
mais esperanças nas ativida- leva a consultas periódicas
(Partido dos Trabalhado-
des dos movimentos sociais seus países membros, anali-
res), sucede a Lula, cujo
que foram extremamente sa sua política econômica e
balanço é pelo menos de-
enfraquecidos durante a era faz recomendações.
cepcionante: nenhum pro-
Lula. Acho que os movi- [4] Nos acordos passados
gresso na Reforma Agrária,
mentos sociais serão mais com os países membros que
busca de um modelo extra-
ativos e menos complacen- solicitam seu apoio financei-
tivista e agroexportador
tes do que o foram com Lu- ro, o FMI exige geralmente
destrutivo para a natureza,
la. Daí a esperança por uma a realização de superávit
de uma política fundamen-
luta mais intensa, de uma primário, ou seja, cortes
talmente pró-capitalista,
pressão maior em favor de claros nas despesas sociais.
para não mencionar o im-
uma mudança progressiva. [5] Em janeiro de 2010, o
perialismo brasileiro na
América Latina ou na Áfri- Brasil e o FMI assinaram
** um acordo onde o Brasil se
ca. Dilma vai seguir os pas-
Traduzido por Ana Mary compromete a emprestar até
sos de Lula?
Costa Lino Carneiro e 10 bilhões de dólares atra-
Claudia de Siervi, com re- vés da compra de obriga-
MLF: Durante a campanha,
visão de Noémie dos Santos ções emitidas pelo Fundo.
Dilma disse que iria conti-
e Alceu A. Sperança Ver o comunicado de im-
nuar a política de Lula, e
suas declarações sobre a po- _____________________ prensa do FMI:
lítica econômica e monetária http://www.imf.org?externa/
são consistentes com o re- np/sec/pr/2010/pr1014.htm
[6] Para mais detalhes sobre Nacional promoverá, através http://www.cadtm.org/Ivan-
este mecanismo, ver Eric de comissão mista, exame Valente-O-debate-
Toussaint Banco do Sul e analítico e pericial dos atos interditado
nova crise internacional. e fatos geradores do endivi- __________________
Paris/Liège: Syllep- damento externo brasileiro.”
se/CADTM, 2008, capítulo O Artigo afirma que esta
1, p.38-39 e “Banco do sul, comissão terá força legal de
contexto internacional e al- comissão parlamentar de
ternativas” inquérito e atuará com o au-
http://www.cadtm.org/Banc xílio do Tribunal de Contas
o-del-Sur-marco- da União e que, em caso de
internacional,2001 irregularidades, o Congresso
[7] O serviço da dívida, ou Nacional proporá ao Poder
seja, a soma destinada ao Executivo a declaração de
seu reembolso inclui, de nulidade do ato e encami-
uma parte, o reembolso do nhará o processo ao Minis-
capital emprestado (chama- tério Público Federal, que
da amortização) e, em se- formalizará a ação cabível.
gundo lugar, o pagamento Ver:
dos juros. http://www.senado.gov.br/le
[8] O IDH é um índice gisla-
composto que resume os cao/const/con1988/ADC198 A entrevistadora, Sté-
indicadores de expectativa 8_08.02.2006/ADC1988.sht phanie Jacquemont, é
de vida, nível educacional e m belga e integra o Comitê
renda. [10] Para uma avaliação da para a Anulação da Dí-
[9] O Artigo 26, do Ato re- CPI, ver www.divida-
lativo às disposições transi- auditoriacidada.org.br vida do Terceiro Mundo
tórias da Constituição de [11] Ivan Valente, do PSOL (CADTM).
1988, aprovada após duas (Partido Socialismo e Liber-
décadas de ditadura, prevê dade), é o deputado respon- Abaixo, o gráfico mencio-
que: “No prazo de um ano a sável pela criação da CPI. nado por Maria Lúcia na
contar da promulgação da Veja: entrevista
Constituição, o Congresso www.ivanvalente.com.br e
Cidade, emprego, ambiente, juventude:
por um programa revolucionário
Nenhum direito a menos,
só direitos a mais
Ajude um desempregado: reduza a
jornada de trabalho para 40 horas

Lembre-se: em Cascavel,
nós somos a Revolução!

Este espaço está sempre aberto para artigos


e manifestações da comunidade
ORKUT:
PCB de Cascavel
http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=15747947519423185415
Comunidade:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=54058996

Na Internet, acompanhe o blog do PCB de Cascavel:


http://pcbcascavel.wordpress.com

Veja também o blog da Juventude Comunista de Cascavel:


http://ujccascavel.blogspot.com
PCB do Paraná:
http://twitter.com/pcbparana A seguir, o primeiro capítulo da
cartilha de Marxismo e as duas
Juventude Comunista de Cascavel:
primeiras páginas colecionáveis
http://twitter.com/#!/j_comunista
de O Capital
em quadrinhos. Para começar a
acompanhar ou fazer a revisão
1

Curso Básico de Marxismo


Introdução ao Comunismo
1
“As revoluções se criticam
constantemente a si próprias,
interrompem continuamente
seu curso, voltam ao que
parecia resolvido para
recomeçá-lo outra vez” (Karl
Marx, em 18 Brumário de
Luis Bonaparte)
Operários – pintura de Tarsila do Amaral

A intenção, aqui, é de ser apenas uma introdução ao pensamento marxista,


desenvolvendo alguns de seus principais conceitos.
***

De onde surgiu a ideia, a filosofia comunista?

As massas exploradas sempre sonharam com um futuro feliz, mas seus


pensadores não conseguiam “bolar” um sistema capaz de pôr fim à
exploração que os trabalhadores sofriam.

Karl Marx e Friedrich Engels, fi1ósofos alemães, conseguiram esta


façanha, criando a proposta comunista.

Com base na filosofia clássica alemã, na economia política inglesa e no


socialismo utópico francês, Marx e Engels estudaram o mecanismo de
exploração do Capitalismo e apontaram as ações necessárias para derrubá-lo
e em seu lugar iniciar o Socialismo, primeira etapa comunista.

“Nenhuma formação social desaparece antes que se


desenvolvam todas as forças produtivas que ela suporta, e
jamais aparecem novas e mais altas relações de produção
antes que as condições materiais para a sua existência
tenham amadurecido no seio da própria sociedade antiga”
(Karl Marx)
Marx e Engels
2

Quem foi Karl Marx?

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março


de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina
comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador,
teórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas,
tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia,
Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. Em
uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi
eleito o maior filósofo de todos os tempos.

Quem foi Friedrich Engels?

Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de


agosto de 1895) foi um filósofo alemão que junto com Karl Marx fundou o
chamado socialismo científico ou marxismo. Ele foi co-autor de diversas
obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista.
Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes
de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador. Engels foi um
filósofo como poucos: soube analisar a sociedade de forma muito eficiente,
influenciando diversos autores marxistas.

Para compreender melhor o pensamento de Marx e Engels é necessário


conhecer a concepção científica do mundo, que se divide em três partes:
a) Filosofia – A ciência das leis mais gerais do desenvolvimento, da
natureza, da sociedade e do conhecimento;
b) Economia – Ciência que estuda o desenvolvimento das relações de
produção.
c) Teoria combinada da Filosofia e Economia – Que revela as leis que
regem o aparecimento e o desenvolvimento da sociedade comunista do
futuro.

A seguir:

O Comunismo é uma crença?


Teoria e prática se completam
Lições de Comunismo
número 01
6

A cada edição do PerCeBer você terá uma nova


página colecionável de O Capital em quadrinhos:
hoje, as duas primeiras

Você também pode gostar