Invasão capitalista vantadas no Fórum Social Mundial, realizado no Senegal, tratou da corri- A desesperada corrida da de capitalistas estrangeiros, deses- perados com a crise, comprando ter- de estrangeiros para ras na África, na tentativa de dar um novo fôlego ao capitalismo em deca- comprar terra no Brasil dência. No Brasil isso já ocorre há vários a- nos, mas agora está se intensificando. O governo sempre promete criar res- trições à invasão, mas continua dócil a essa ofensiva do capital, de caráter neocolonial, como foi dito no FSM. “Não toque na minha terra. Ela é a minha vida!” – com essa palavra de ordem, as ONGs Enda e Oxfam de- nunciaram a apropriação de terras por grupos estrangeiros, europeus e asiáticos no Terceiro Mundo, em fa- vor do agronegócio e contra a agri- cultura familiar e agroecológica. A seguir, reportagem da jornalista Fabiana Batista sobre a situação no Brasil.
Fundos estrangeiros lecidos no mercado afirmem que espe-
ravam um número de transações maior compram mais terras do que o noticiado, o fato é que o mo- Fabiana Batista* vimento está em curso e ainda deverá O negócio de terras a estrangeiros não ganhar mais força. parou e vai crescer, a não ser que haja Exemplo dessa tendência é a NAI alguma restrição. Nem se sabe quantas Commercial Properties, multinacional terras já estão nas mãos de alienígenas do ramo imobiliário que intermediou Enquanto o governo brasileiro avalia cerca de 30 negócios envolvendo gran- impor limites à compra de terras por es- des áreas de terras no Brasil em 2010, a trangeiros, multiplicam-se as aquisições grande maioria com mais de 10 mil hec- fechadas em outros idiomas nas princi- tares e formada por uma ou mais fazen- pais regiões agrícolas do país. Ainda das. Do total, 16 blocos foram adquiri- que na maior parte dos casos a discrição dos por fundos de investimento sediados seja vital para o acerto e players estabe- em outros países. hectares, sendo a maior na região de Pedro Afonso, Tocantins. Ali, duas fa- zendas, com 40 mil hectares no total, foram vendidas a um único fundo por R$ 6 mil/hectare, em média - um negó- cio que pode ser estimado, portanto, em R$ 240 milhões Nesse universo, apenas duas áreas têm menos de 10 mil hectares. Uma delas está na região de Barretos (SP), tem 1,5 mil hectares e foi vendida pelo valor Conforme Aloísio Barinotti, presidente mais alto entre todos os negócios da da empresa no Brasil, o interesse é cada NAI (preço médio de R$ 32 mil por vez maior. Em 2009, lembra, a NAI a- hectare), e a outra é na região de Luís certou a transferência de 12 grandes á- Eduardo Magalhães (BA), tem 5 mil reas no Brasil, oito delas compradas hectares e saiu por R$ 10 mil por hecta- fundos estrangeiros. re, em média. Levantamento divulgado recentemente Todas as transações, explica Barinotti, pela Organização para a Cooperação e tiveram compromisso de compra e ven- Desenvolvimento Econômico (OCDE) da assinado e os devidos valores quita- mostra que, em 2010, cerca de US$ 14 dos. Algumas estão em fase de escritu- bilhões foram investidos em todo o ração ou em fase de matrícula no cartó- mundo na compra de terras para a agri- rio. As operações, continua, foram pa- cultura - e, segundo a agência Reuters, o gas diretamente por fundos, ou pelos Brasil foi um dos principais destinos mesmos em associação com grupos bra- desses aportes. sileiros. É difícil saber se o perfil dos negócios “Eles estão mais organizados, trocando fechados pela NAI serve para explicar o informações entre si sobre operações que acontece no mercado brasileiro co- que realizam a fim de se proteger le- mo um todo, uma vez que não há dados galmente”, diz o presidente da NAI no oficiais atuais e disponíveis que mos- Brasil, que tem cerca de 200 fundos de trem quem vende e quem compra. Mas, investimento cadastrados com interesse considerando-se apenas o nicho de em comprar terras para agregar valor grandes áreas para a produção de com- com agricultura. modities para exportação, Barinotti a- Se não interrompeu o fluxo de negócios, credita que a fatia da NAI seja um pou- a sinalização de restrição do governo - co superior a 20%. expressa no último parecer da Advoca- De qualquer forma, diz, os investimen- cia Geral da União (AGU) sobre o as- tos estrangeiros em terras no país não sunto, de junho de 2010 - pode até estar cessaram com a discussão sobre os limi- acelerando negócios antes que a porta tes ao movimento e, pelo menos por en- seja fechada. É difícil saber, mas quem quanto, a tendência é de incremento. atua nesse mercado acompanha o debate As 16 fazendas cujas vendas a fundos de perto. "Nossa posição é de que o pa- de fora foram intermediadas pela NAI recer da AGU é inconstitucional", diz em 2010 estão nos Estados de Goiás, Arlindo de Moura, presidente da SLC Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Bahia Agrícola, uma das maiores companhias e Tocantins. No total, somam 96 mil produtoras de grãos do país. espera. Muitos dos fundos que estavam com apetite aguardam uma nova legis- lação mais esclarecedora”, diz Moura. E o impasse já causa confusão. No dia- a-dia dos cartórios, conta o executivo, já está mais complicado registrar um imó- vel. “Os cartórios estão com dificuldade de saber que municípios já chegaram ou não no limite de 5% de registros de ter- ras feitos por estrangeiros", diz, referin- do-se ao parecer da AGU. Independentemente da constitucionali- dade do parecer, afirma, o problema es- Ele antevê uma "interessante" briga ju- tá na insegurança jurídica que a situação rídica pela frente: "A lei à qual se refere traz. "O que impede que daqui a dez a- a restrição, expressa no parecer, é de nos uma nova mudança seja feita?", 1971 e previa a existência de empresas pergunta. estrangeiras e nacionais”. Assim como a SLC Agrícola, a Cosan, “A Constituição de 1988 vetou essa se- maior grupo sucroalcooleiro do país, gregação e passou a considerar que to- criou há quase dois anos uma empresa das as empresas instaladas no Brasil são de terras para aproveitar o apetite de brasileiras. Por isso, ao nosso ver, essa fundos de investimento e, ao mesmo restrição não é legal”, diz Moura. tempo, impor sua expertise em produ- Mas, apesar disso, a insegurança jurídi- ção agrícola para agregar valor aos ati- ca atrapalhou, em parte, os planos da vos. Batizada de Radar, a empresa tem SLC. No ano passado, a companhia es- 19% de participação da Cosan. O res- tabeleceu as diretrizes da sua unidade de tante está principalmente nas mãos de terras, a Land Co., que foi criada ofici- fundos estrangeiros. almente em janeiro deste ano. O plano “A Cosan é que controla a Radar. Por era captar US$ 300 milhões para inves- isso, não estamos sob qualquer restri- tir no projeto, e no segundo semestre do ção”, diz Marcos Lutz, presidente da ano passado US$ 200 milhões estavam Cosan. em fase final de captação com fundos soberanos e privados. “Após o parecer *Fabiana Batista – Jornalista, matéria da AGU, a captação ficou em estado de escrita para o jornal Valor Econômico
chamadas vagamente rela-
O estado das cionadas com estudo e car- reira; por exemplo, avisos Universidades de palestras e cursos. brasileiras Um tema que vem apare- cendo mais e mais nos qua- Maurizio Ferrante (*) dros de aviso, mas também Uma fonte de informa- em jornais e revistas que de ções interessantes do Entre anúncios tipo - aluga- se vaga em república femi- vez em quando se ocupam estado atual da acade- nina, vendem-se bicicleta de educação e afins, é o em- mia é representada pe- com 12 marchas, geladeira preendedorismo. Assim los quadros de avisos de semi-nova e um Gol 1998 mesmo: com dois ‘és’. universidades. em bom estado - aparecem perpetuando-se assim o ciclo do existo porque existo e quero continuar existindo. Das em- presas amparadas por esses Parques e incuba- deiras sabe-se pouco, e as perguntas que se colocam são: qual a taxa de mortalidade – Su- íça ou de terceiro mundo? Qual o peso eco- nômico das empresas? Qual o seu nível tecno- lógico médio? Lembro-me de quando visitei a Feira de um desses Parques, e surpreso me deparei com o estande de uma (hoje falida) fábrica de trato- Todos nós sabemos do que se trata: uma ati- res exibindo o seu já então vetusto produto. tude independente e corajosa, que pressupõe Naturalmente há exceções, e muitas, e pontos espírito de iniciativa, destemor ao risco e, por de vista diferentes, mas a intenção deste arti- fim, conhecimento técnico, atitudes “manage- go não é tanto discutir os prós e contras do riais” e um bocado de ambição. Com minha empreendedorismo no plano econômico ou no longa experiência de quadros de aviso de uni- de formador de estruturas tecnológicas con- versidades posso atestar que nossa juventude sistentes, como de levantar questões sobre o está sendo bombardeada por mensagens que efeito que esse pesadíssimo marketing da car- endeusam a tal atitude. reira possa ter sobre os estudantes. Os recipientes são estudantes das engenharias Os apelos ao empreendedorismo deixam de e ciências da computação, como também físi- mencionar que uma empresa de base tecnoló- cos, químicos e biólogos. gica depende do aparecimento de uma idéia Não consigo me livrar da impressão de que as que não surge do ar, mas é pacientemente ga- mensagens carreguem a silenciosa premissa rimpada entre princípios científicos, experi- de que seguir uma carreira acadêmica ou fa- mentos e, principalmente, conhecimento de zer carreira, primeiro em chão de fábrica e causa. Lembro que em uma eleição passada, o depois em atividades mais estratégicas, seja mote que acompanhava um dos candidatos próprio dos menos capazes. Talvez esteja era “deixe o homem trabalhar”. Eu adaptaria sendo injusto, mas é o que implica a adjetiva- essa frase aos estudantes universitários (e se- ção utilizada, que recobre de méritos o enge- cundaristas também): “deixem o estudante nheiro (ou químico, ou físico...) empreende- estudar em paz”. Sem o distrair continuamen- dor, e lhe aponta como inevitável o sucesso te com palestras de empreendedorismo, ou de de sua pequena empresa, invariavelmente de como elaborar um curriculum vitae, escrever base científica e com grande carga de inova- uma patente, e coisas do tipo. Tudo isso está ção. Em torno dessa idéia, a partir de 1984 sendo ministrado antes do tempo, e os que começam a nascer os parques tecnológicos, seguem essa sereia (porque é mais fácil ouvi- que hoje no Brasil são mais de duzentos (na la do que espremer o cérebro sobre um texto minha cidade tem dois), alimentados por di- de termodinâmica) acabam perdendo a opor- versos tipos de financiamento; CNPq, Secre- tunidade de se preparar melhor e fundamentar taria de Ciência e Tecnologia dos Estados, melhor suas idéias, que aí sim serão criativas. etc., e cujo desempenho – perdas e ganhos – nunca foi apresentado aos pagadores de im- A falta de engenheiros no Brasil é muito posto. Notável é a ausência quase que com- grande; formamos 30.000 profissionais por pleta de capital de risco provindo de grandes ano, pouco se comparado com a China – 400 empresas ou mesmo de investidores pessoas mil; Índia – 250 mil, e Coréia do Sul – país físicas. pequenino com 50 milhões de habitantes que Sabemos que o tempo presente é a era dos forma 80 mil engenheiros. A urgência é gran- serviços, natural sucessora da era da indústria, de, e uma meta da CAPES (Coordenação de e o empreendedorismo, alardeado como a vo- Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superi- cação dos mais capazes, passou a formar um or – órgão do MEC) é a evolução daqueles 30 mercado per se, sobre o qual se pode ganhar mil para 40 mil nos próximos três anos. Esses dinheiro. Isso levou à proliferação de parques números dão razão à CNI (Confederação Na- tecnológicos, incubadeiras de novas empresas cional da Indústria) que prevê um excesso de e entes do tipo, que logicamente necessitam 150 mil vagas em setores técnicos. de presidentes, diretores e administradores, Mas além da questão quantitativa, há a quali- Se ainda por cima desviamos antes do tempo tativa: José Roberto Cardoso diretor da Escola um porcentual de estudantes desse mercado, e Politécnica da USP faz notar que "... só um o distraímos com falsas e anti - tempo preo- entre quatro engenheiros possui formação a- cupações, não estamos colaborando muito dequada...”. com a solução dos problemas, estamos? De fato, dependendo de como se contam há ___________________ 1.087 cursos no país, dos quais a metade em *Maurízio Ferrante – Professor do Departa- escolas particulares, e uma olhada nas notas mento de Engenharia de Materiais, na Uni- do ENADE dessa metade explica as palavras versidade Federal de São Carlos do professor.
e América Latina. O que da dívida externa. Outro
O escândalo você destaca destas reuni- ponto a ser lembrado: a da dívida ões com os membros da re- de CADTM e das atividades transferência líquida de ca- pitais dos países do Sul para que participou? os países do Norte, o que mostra que a dívida não foi Maria Lúcia Fattorelli usada para financiar inves- (MLF): O que destaco, antes timentos, mas que ela fun- de tudo, é a semelhança do ciona, ao contrário, como processo de endividamento um mecanismo de extração em todas as experiências das riquezas do Sul, que em relatadas pelos representan- muitos casos, acabam nos tes das diversas partes do bolsos dos bancos privados. mundo, e o impacto do en- Além disso, esses países do dividamento nas economias, Sul sofreram e sofrem ainda não somente nos países do os efeitos da crise financeira Sul, aprisionados em um que exacerbou problemas processo histórico de domi- sociais, como salientaram os nação e exploração, mas testemunhos dos delegados Maria Lúcia Fattorelli, co- também, mais recentemente, do CADTM presentes. ordenadora da organização nos países europeus. Além Durante estes dias, grande brasileira Auditoria Cidadã dos contatos e importante ênfase foi colocada sobre o da Dívida (Audit Citoyen de troca com as pessoas vindas tema da auditoria da dívida La Dette), concedeu entre- das quatro partes do mundo que, através dos exemplos vista à militante belga Sté- – o que é fundamental para da Auditoria Cidadã da Dí- phanie Jacquement. Maria enriquecer nossas lutas – as vida do Brasil e da auditoria Lúcia foi membro da Co- atividades organizadas pelo oficial realizada com a par- missão de Auditoria Integral CADTM permitiram ajudar ticipação cidadã no Equa- da Dívida Pública (CAIC) a identificar tendências, tal dor, se apresenta como um no Equador em 2007-2008 e como o avanço do privilégio poderoso instrumento nas também participou ativa- do setor financeiro, e pontos mãos dos movimentos soci- mente nos trabalhos da CPI importantes ao nível de aná- ais. As reuniões destacaram (Comissão Parlamentar de lise política. também a importância da Inquérito sobre a dívida) luta contra a mudança cli- realizada no Brasil, experi- O primeiro ponto, em minha mática e o modelo de explo- ências que partilhou em sua opinião, é o processo global ração extrativista que estão permanência na Bélgica.[1] de transformação da dívida estreitamente ligados ao en- ** externa em interna. Esta dividamento público, em Stéphanie Jacquement dívida chamada de interna particular aos empréstimos (SJ): Você esteve na Bélgi- encontra-se, de fato, nas do Banco Mundial destina- ca, como delegada da Audi- mãos dos estrangeiros, o dos ao setor privado, res- toria Cidadã da Dívida no que nos obriga a rever o ponsável pela grande parte Brasil, por 10 dias de ativi- conceito de dívida interna. desta exploração extrativis- dades ao lado dos delega- A dívida interna é, de al- ta. dos da África, Europa, Ásia guma forma, a nova face dos fatos. É necessário di- Finalmente, quero enfatizar fundir e reproduzir a experi- o envolvimento total dos ência para que os Estados membros do CADTM, par- possam enfrentar o proble- ticularmente dos jovens, o ma da dívida, devidamente que nos dá confiança no fu- amparados em provas de sua turo da luta por justiça soci- ilegitimidade e de sua ilega- al. lidade. É importante lembrar que a experiência recente no SJ: Sua organização tor- Equador[2] permitiu uma nou-se, oficialmente, mem- revisão do orçamento e um bro da rede CADTM Inter- aumento significativo dos Outro tema discutido ao nacional por ocasião da recursos destinados aos se- longo do programa é a rela- assembleia mundial da re- tores sociais (saúde, educa- ção entre o endividamento de: como você considera o ção, criação de empregos, público e o sistema tributá- trabalho na rede? O que construção de rodovias…). rio, o que levanta a questão você acha que sua organi- da justiça fiscal, que abran- zação pode fazer para a re- SJ.: A propósito do Brasil , ge tanto a arrecadação de de e vice-versa? você nos explicou como o impostos como a utilização Lula chegou a divulgar a das receitas arrecadadas, MLF : Nossa organização – idéia que o problema da cabendo destacar os privilé- Auditoria Cidadã da Dívida dívida foi resolvido. Eric gios de que gozam os rentis- do Brasil – mantém com o Toussaint nos falou do sen- tas de títulos da dívida. CADTM uma relação estrei- timento de euforia injustifi- Dado o contexto atual, ficou ta desde o ano de 2002, data cado de certos países deve- evidente a gravidade da cri- em que conheci Eric Tous- dores, entre os quais o Bra- se financeira, na esteira da saint e Denise Comanne no sil figura em bom lugar. qual se desenvolveu uma 2º Fórum Social Mundial de Pode nos explicar como terrível crise da dívida em Porto Alegre. Desde então, Lula conseguiu essa proe- diversos países da Europa, temos participado de vários za? principalmente em razão da projetos juntos. Agora que ausência de regulação do somos membros efetivos da MLF: A parte da dívida ex- sistema financeiro privado rede CADTM, creio que terna que foi paga corres- internacional. Assim, é ne- podemos lançar iniciativas ponde somente à que deví- cessário conduzir uma audi- da auditoria cidadã da dívi- amos ao Fundo Monetário toria para determinar a ori- da em outros países onde o Internacional (FMI) e outras gem desta dívida, que tem CADTM está presente. Com pequenas partes desta dívi- provocado tanto sacrifício a nossa longa experiência de da, sendo que os laços com aos povos da Europa de ma- dez anos em auditoria cida- o Fundo não foram rompi- neira injusta (aumento do dã da dívida no Brasil, da dos. Quando, em 2005, o desemprego, supressão de auditoria oficial da dívida Brasil saldou sua dívida direitos, reduções nas apo- equatoriana (2007-2008) e com o FMI, o Ministro das sentadorias etc), pois não da recente experiência na Finanças da época, Antonio são os responsáveis por essa CPI da Dívida (Comissão Palocci, fez publicar no sítio dívida! Parlamentar de Inquérito da internet do ministério Uma auditoria permitirá sobre a dívida pública) no uma carta explicando que as identificar os verdadeiros Brasil, programamos orga- obrigações relativas ao arti- culpados que devem res- nizar conjuntamente grupos go IV[3] do estatuto do FMI ponder pelos prejuízos cau- de trabalho para iniciar au- permaneceriam na agenda, sados. Não se pode permitir ditorias cidadãs, mas tam- isto é, o Brasil manteria a que setores – como estão bém impulsionar as audito- agenda econômica imposta fazendo atualmente os gran- rias oficiais, onde for possí- pelo FMI, permitindo que des bancos – continuem a vel. ele examine as contas do embolsar lucros recordes, A auditoria da dívida tem país a cada três meses. apesar da crise que abala sido um instrumento impor- outros setores. tante para chegar à verdade cara, não estamos livres dos principalmente, bônus do ditames do FMI, tal como a Tesouro dos Estados Unidos obrigatoriedade de produzir cuja remuneração é quase um superávit primário[4] nula[6]. Por essa, o Banco (que não visa outra coisa Central acumula enormes que a reserva de recursos perdas operacionais, que são para o pagamento dos juros em parte devido às taxas de da dívida), as privatizações, câmbio e de outra parte à a manutenção da liberdade diferença entre os juros que de circulação dos capitais, ele paga e aqueles que rece- entre outros. be. Isso é extremamente Continuamos a reembolsar grave; a dívida interna uma dívida pública externa cresce de maneira expo- Em 2005, a dívida externa que se eleva atualmente a nencial e as reservas são pública excedeu os 200 bi- mais de 87 bilhões de dóla- expressas em uma moeda lhões de dólares e somente res – a total supera 340 bi- em depreciação, sem trazer 15,5 bilhões de dólares fo- lhões de dólares – enquanto qualquer benefício para o ram pagos antecipadamente a propaganda insiste que país. ao FMI. É evidente, portan- esta dívida está paga… to, que toda a dívida não foi No caso do FMI, o Brasil se SJ: É evidente então que a reembolsada. Ademais, este comprometeu a emprestar dívida é um assunto longe pagamento foi muito desfa- até 10 bilhões de dólares[5]. de ser concluído. Quais são vorável em termos financei- A propaganda política foi as manifestações do pro- ros, dado que a dívida com o intensa. Na mente das pes- blema do endividamento no FMI era relativamente bara- soas, o FMI é o símbolo por Brasil e quais são os desa- ta, com taxas de juros de 4% excelência da dívida, sendo fios nesta matéria? por ano. Para saldar esta dí- assim fácil acreditar que re- vida, o Brasil emitiu de ma- embolsar sua dívida ao FMI MLF: Em primeiro lugar, é neira acelerada títulos da equivalia a saldar a totalida- preciso assinalar que se a dívida externa a taxas de de da dívida. O fato de que dívida externa é um assunto juros bem mais elevadas, de o Brasil dispõe de reservas longe de ser concluído, o 7,5 a 12% ao ano, e títulos cambiais de mais de 250 maior problema atualmente da dívida interna, remunera- bilhões de dólares aumenta no Brasil reside na dívida da a taxas muito altas de a confusão. Estas reservas interna que ultrapassa os 19% ou mais à época. Ocor- foram conseguidas de uma dois trilhões de reais, ou se- reu, portanto, uma grande maneira muito onerosa. ja, um trilhão e duzentos contradição, que qualifica- Primeiro, elas decorrem da bilhões de dólares (ou 855 mos de inexplicável: paga- entrada em grande quanti- bilhões de euros). Ela ex- mos antecipadamente, e dade de dólares, devido à plodiu via mecanismos tais sem qualquer benefício ou valorização da moeda local, como a acumulação de re- redução, uma dívida a 4% o real. Como o real ganha servas, como acabamos de de taxa de juros e a substi- valor nominal em relação ao explicar, ou ainda o anato- tuímos por uma dívida mui- dólar, os especuladores in- cismo (pagamento de juros to mais onerosa (com taxas ternacionais compraram re- sobre juros, ou capitalização de 7,5% no mínimo para a ais, para aproveitar as taxas de juros), como comprova- dívida externa e mais de de câmbio favoráveis. As- ram as investigações reali- 19% para a dívida interna). sim, quando os dólares en- zadas pela recente CPI na Resumidamente, a dívida tram no Brasil, para limitar Câmara dos Deputados. tem simplesmente mudado a quantidade de moeda em O problema da dívida no de mãos. Paramos de dever circulação e, portanto, a in- Brasil salta aos olhos se ob- ao FMI para dever àqueles flação, o Banco Central servamos o orçamento na- que adquiriram os títulos da vende títulos da dívida in- cional. As tabelas do orça- dívida interna e externa. E terna emitidos com taxas de mento são muito complexas, como se não fosse o sufici- juros as mais elevadas do bem difíceis de compreen- ente substituir uma dívida mundo. Com estes dólares, der; há uma falta absoluta de barata por uma dívida mais o Banco Central compra, transparência. pa o 73º lugar no ranque das de uma grande batalha. Nações Unidas, segundo o Que conclusões você tirou Indice de Desenvolvimento dessa experiência? Você Humano (IDH)[8]. Mas isso acha que a questão da luta vai mais longe ainda: se le- contra o endividamento vamos em consideração o corre o risco de ser nova- endividamento para o pa- mente enterrada ou existe gamento de amortizações, ainda a possibilidade de serão então engolidos 48% que outros passos sejam do orçamento no serviço da dados na direção de uma dívida! O governo brasilei- verdadeira auditoria? É por isso que dentre os tra- ro dissimula esta verdade MLF: A CPI foi, de fato, o balhos da Auditoria Cidadã constrangedora e apresenta resultado de uma longa ba- da Dívida nós traduzimos os números de tal forma talha. Conseguimos criar a esta multidão de tabelas, que a emissão da dívida CPI, mas não sem grandes buscando fazer um único para a amortização não se- dificuldades políticas: nem o gráfico, bastante esclarece- ja incluída no orçamento. governo de Lula, nem a o- dor. Este gráfico (veja no posição de direita queriam final, depois das notas) de- Portanto, se quisermos al- abordar o assunto. Apenas monstra qual parte é desti- cançar justiça social, não alguns raros parlamentares nada ao pagamento da dívi- podemos deixar de fazer o apoiaram realmente a CPI. da e qual parte é destinada enfrentamento da dívida. Se Esta comissão foi importan- ao social. observarmos, por um lado, a te, na medida em que intro- Os números do serviço da evolução da alocação de re- duziu o tema da dívida na dívida não levam em conta o cursos para o serviço da dí- pauta de debates e na agen- refinanciamento do capital vida e, por outro lado, para a da política. A cada semana, pela emissão de novos títu- educação, cultura, saúde, tivemos uma reunião públi- los. Caso considerado o re- saneamento, segurança soci- ca da CPI com professores e financiamento, a parcela al, salário dos funcionários especialistas convidados destina ao serviço da dívida públicos que prestam servi- pela Comissão. Estas reuni- sobe para 48%. ços à população etc, vemos ões foram transmitidas pela Em 2009, por exemplo, o que a cada ano aumenta o televisão da Câmara dos Brasil destinou 36% de seu serviço da dívida em detri- Deputados e na web. Duran- orçamento ao pagamento mento destes gastos vitais. te a Auditoria Cidadã da dos juros e a uma pequena O absurdo maior é que a Dívida, começamos a rece- porção do reembolso do ca- dívida continua a crescer, ber mensagens de todo o pital (ou amortização[7]), como uma bola de neve, a- país, com pedidos de expli- quando somente 4,6% e pesar das somas cada vez cações, esclarecimentos, 2,9%, respectivamente, fo- maiores destinadas ao seu entrevistas etc. Houve um ram alocados para a saúde e reembolso. E o governo Lu- grande interesse, particu- a educação. Um setor tão la não reverteu essa tendên- larmente por parte dos esta- fundamental como a água e cia, longe disso: o problema dos brasileiros, devido ao o saneamento representaram tornou-se ainda mais grave fato de que, entre 1996 e apenas 0,08% dos gastos em durante o seu mandato. É 1998 (sob o governo de Fer- 2009! E isto levando em preciso assim, para enfrentar nando Henrique Cardoso), conta que mais da metade o problema, realizar uma as dívidas de estados e mu- dos cidadãos brasileiros não auditoria, tal como previsto nicípios com o governo fe- têm acesso ao saneamento pela Constituição de deral foram renegociadas. das águas utilizadas! É um 1988[9], e que até hoje não Após esta renegociação, as verdadeiro escândalo. O foi cumprido. entidades federais e munici- Brasil não é um país pobre, pais viram-se pesada e in- sendo a oitava economia SJ: Com relação a isto, vo- justamente endividadas, mundial, mas é também um cê já mencionou a criação com as taxas de juros muito dos países onde a desigual- da Comissão Parlamentar elevadas. dade e a injustiça social são de Inquérito sobre a dívida as mais fortes, e o país ocu- (CPI), que foi o resultado O governo federal fez com ultrapassam a taxa de infla- cios de ilegalidades, todas que, de alguma maneira, os ção, ou seja, as taxas de ju- devidamente documentadas, entes da federação sofres- ros chamadas “reais”, sendo sendo os principais: o pa- sem do mesmo mal que so- o restante dos juros são con- gamento de juros sobre ju- freu ele próprio a partir dos tabilizados equivocadamen- ros, dito “anatocismo”, que mercados financeiros. te como se se tratasse da foi considerado ilegal pelo Após a conclusão da CPI, amortização do principal. O Supremo Tribunal Federal dois relatórios foram produ- relatório oficial destaca, do Brasil; os juros flutuantes zidos[10]. Um relatório ofi- portanto, coisas graves, mas da dívida externa, que po- cial que, embora aponte para sem tirar daí as recomenda- dem ser considerados como uma série de ilegitimidades ções claras e decisivas que ilegais, segundo a Conven- e ilegalidades no seu diag- se impõem. O relatório nem ção de Viena sobre o direito nóstico, não faz as reco- sequer recomenda a realiza- dos Tratados de 1969; a au- mendações que temos o di- ção de uma auditoria que, sência de contratos e outros reito de esperar. no entanto, é prevista nos documentos; a ausência de O relatório reconhece que as termos da Constituição. Ele conciliação de cifras (por taxas de juros vigentes no não considerou desejável a exemplo, falta de identifica- Brasil não são “civilizadas” transmissão de informações ção das dívidas objeto de e que são um dos fatores- ao Ministério Público para o renegociações desde a déca- chave no aumento da dívida, aprofundamento das inves- da de 70); o caráter ilegal da tanto do governo federal tigações. Graças à pressão livre circulação de capitais, quanto dos estados e muni- de alguns setores da socie- que está na origem do au- cípios do país; que a dívida dade civil (sobretudo das mento da dívida interna a interna aumentou para fi- entidades de servidores pú- partir de 1995; a violação nanciar a acumulação de blicos), que foram ao encon- dos direitos humanos garan- reservas cambiais em dóla- tro dos parlamentares, parti- tidos pela Constituição, em res, resultando em um custo cipando das reuniões públi- função dos imensos recursos significativo para as finan- cas da CPI, agitando carta- destinados ao pagamento da ças públicas; que o Senado zes etc, o relatório oficial foi dívida; o conflito de interes- Federal renunciou à sua aprovado por apenas oito ses entre o Banco Central e competência ao permitir a votos. o setor bancário privado e emissão de títulos da dívida É o mesmo número de votos outros detentores de títulos externa sem especificar suas que aprovou o relatório pa- da dívida, que se reúnem características; que há uma ralelo elaborado pelo mem- para definir as previsões de falta de transparência na di- bro do PSOL – deputado inflação e que determina, vulgação dos valores da dí- federal Ivan Valente[11], e por sua vez, a taxa de juros. vida e que estão faltando que integrou ao seu relatório O relatório alternativo foi certos documentos e infor- todas as oito análises técni- apresentado ao Ministério mações solicitados pela CPI; cas que apresentei, na quali- Público Federal e agora há que o total dos juros pagos dade de assessora técnica da uma pressão da sociedade anunciado pelo governo é CPI. Este relatório alternati- civil para que um grupo de inferior ao total dos juros vo tem, portanto, o mesmo trabalho seja formado, a fim efetivamente pagos, pois peso político que o relatório de que as investigações se- somente são tomados em oficial. O relatório de Ivan jam mais aprofundadas. consideração os juros que Valente revela muitos indí- gime de cumprimento das NOTAS: metas de inflação. É uma forma de tranquilizar os [1] Ver por exemplo o dia- mercados em relação à con- porama em inglês realizado tinuidade do endividamento, no IX Seminário Internacio- pois o sistema de metas de nal sobre o Direito e a dívi- inflação é a garantia de que da no Senado belga: o Banco Central compre o http://www.cadtm.org/9th- excedente de dinheiro em CADTM-Intenational- circulação para conter a in- Seminar flação. Um controle dos ca- [2] A partir de novembro de pitais que entram no país 2008, o Equador suspendeu poderia ser criado para limi- o pagamento de uma grande tar a inflação, mas não é es- parte de sua dívida comerci- se o caminho escolhido. al, constituída de títulos (tí- Permite-se a entrada de ca- tulos Global 2012 e 2030), http://www.divida- pitais especulativos, seja auditoriacida- quando a auditoria provou qual for a quantidade, e de- que ela estava contaminada da.org.br/config/ABC3aEdicao pois compra-se o excedente pela fraude e por numerosas .pdf/download transformando-o em reser- irregularidades. Em junho A CPI constituiu, portanto, vas de um lado e de outro de 2009, os detentores de uma etapa extremamente em dívida interna. É real- 91% dos títulos em questão importante, uma vez que, mente lamentável, porque as aceitaram a proposta de além de reabrir o debate so- coisas poderiam ter mudado resgate por 35% de seu va- no governo Lula, que se be- lor nominal. Isto representa bre a dívida, ela nos permi- neficiou do apoio popular e para o governo uma econo- tiu ter acesso a diversos do- teve o mandato para fazê-lo. mia de 300 milhões de dóla- cumentos relevantes. Mas a luta não acabou. Continua- Mas Lula tem seguido a po- res por ano durante 20 anos. mos a exigir o respeito à lítica de seu antecessor, Fer- Veja: Constituição de 1988 atra- nando Henrique Cardoso. http://www.cadtm.org/Equa vés da realização de uma Infelizmente, acho que Dil- dor-Soberano-A- ma vai fazer o mesmo. Mas experiencia-da auditoria. ela não tem o mesmo caris- [3] No título do artigo IV ma que Lula, por isso tenho dos seus estatutos, o FMI SJ: Dilma Roussef, do PT mais esperanças nas ativida- leva a consultas periódicas (Partido dos Trabalhado- des dos movimentos sociais seus países membros, anali- res), sucede a Lula, cujo que foram extremamente sa sua política econômica e balanço é pelo menos de- enfraquecidos durante a era faz recomendações. cepcionante: nenhum pro- Lula. Acho que os movi- [4] Nos acordos passados gresso na Reforma Agrária, mentos sociais serão mais com os países membros que busca de um modelo extra- ativos e menos complacen- solicitam seu apoio financei- tivista e agroexportador tes do que o foram com Lu- ro, o FMI exige geralmente destrutivo para a natureza, la. Daí a esperança por uma a realização de superávit de uma política fundamen- luta mais intensa, de uma primário, ou seja, cortes talmente pró-capitalista, pressão maior em favor de claros nas despesas sociais. para não mencionar o im- uma mudança progressiva. [5] Em janeiro de 2010, o perialismo brasileiro na América Latina ou na Áfri- Brasil e o FMI assinaram ** um acordo onde o Brasil se ca. Dilma vai seguir os pas- Traduzido por Ana Mary compromete a emprestar até sos de Lula? Costa Lino Carneiro e 10 bilhões de dólares atra- Claudia de Siervi, com re- vés da compra de obriga- MLF: Durante a campanha, visão de Noémie dos Santos ções emitidas pelo Fundo. Dilma disse que iria conti- e Alceu A. Sperança Ver o comunicado de im- nuar a política de Lula, e suas declarações sobre a po- _____________________ prensa do FMI: lítica econômica e monetária http://www.imf.org?externa/ são consistentes com o re- np/sec/pr/2010/pr1014.htm [6] Para mais detalhes sobre Nacional promoverá, através http://www.cadtm.org/Ivan- este mecanismo, ver Eric de comissão mista, exame Valente-O-debate- Toussaint Banco do Sul e analítico e pericial dos atos interditado nova crise internacional. e fatos geradores do endivi- __________________ Paris/Liège: Syllep- damento externo brasileiro.” se/CADTM, 2008, capítulo O Artigo afirma que esta 1, p.38-39 e “Banco do sul, comissão terá força legal de contexto internacional e al- comissão parlamentar de ternativas” inquérito e atuará com o au- http://www.cadtm.org/Banc xílio do Tribunal de Contas o-del-Sur-marco- da União e que, em caso de internacional,2001 irregularidades, o Congresso [7] O serviço da dívida, ou Nacional proporá ao Poder seja, a soma destinada ao Executivo a declaração de seu reembolso inclui, de nulidade do ato e encami- uma parte, o reembolso do nhará o processo ao Minis- capital emprestado (chama- tério Público Federal, que da amortização) e, em se- formalizará a ação cabível. gundo lugar, o pagamento Ver: dos juros. http://www.senado.gov.br/le [8] O IDH é um índice gisla- composto que resume os cao/const/con1988/ADC198 A entrevistadora, Sté- indicadores de expectativa 8_08.02.2006/ADC1988.sht phanie Jacquemont, é de vida, nível educacional e m belga e integra o Comitê renda. [10] Para uma avaliação da para a Anulação da Dí- [9] O Artigo 26, do Ato re- CPI, ver www.divida- lativo às disposições transi- auditoriacidada.org.br vida do Terceiro Mundo tórias da Constituição de [11] Ivan Valente, do PSOL (CADTM). 1988, aprovada após duas (Partido Socialismo e Liber- décadas de ditadura, prevê dade), é o deputado respon- Abaixo, o gráfico mencio- que: “No prazo de um ano a sável pela criação da CPI. nado por Maria Lúcia na contar da promulgação da Veja: entrevista Constituição, o Congresso www.ivanvalente.com.br e Cidade, emprego, ambiente, juventude: por um programa revolucionário Nenhum direito a menos, só direitos a mais Ajude um desempregado: reduza a jornada de trabalho para 40 horas
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Curso Básico de Marxismo
Introdução ao Comunismo 1 “As revoluções se criticam constantemente a si próprias, interrompem continuamente seu curso, voltam ao que parecia resolvido para recomeçá-lo outra vez” (Karl Marx, em 18 Brumário de Luis Bonaparte) Operários – pintura de Tarsila do Amaral
A intenção, aqui, é de ser apenas uma introdução ao pensamento marxista,
desenvolvendo alguns de seus principais conceitos. ***
De onde surgiu a ideia, a filosofia comunista?
As massas exploradas sempre sonharam com um futuro feliz, mas seus
pensadores não conseguiam “bolar” um sistema capaz de pôr fim à exploração que os trabalhadores sofriam.
Karl Marx e Friedrich Engels, fi1ósofos alemães, conseguiram esta
façanha, criando a proposta comunista.
Com base na filosofia clássica alemã, na economia política inglesa e no
socialismo utópico francês, Marx e Engels estudaram o mecanismo de exploração do Capitalismo e apontaram as ações necessárias para derrubá-lo e em seu lugar iniciar o Socialismo, primeira etapa comunista.
“Nenhuma formação social desaparece antes que se
desenvolvam todas as forças produtivas que ela suporta, e jamais aparecem novas e mais altas relações de produção antes que as condições materiais para a sua existência tenham amadurecido no seio da própria sociedade antiga” (Karl Marx) Marx e Engels 2
Quem foi Karl Marx?
Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 – Londres, 14 de março
de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.
Quem foi Friedrich Engels?
Friedrich Engels (Barmen, 28 de novembro de 1820 – Londres, 5 de
agosto de 1895) foi um filósofo alemão que junto com Karl Marx fundou o chamado socialismo científico ou marxismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador. Engels foi um filósofo como poucos: soube analisar a sociedade de forma muito eficiente, influenciando diversos autores marxistas.
Para compreender melhor o pensamento de Marx e Engels é necessário
conhecer a concepção científica do mundo, que se divide em três partes: a) Filosofia – A ciência das leis mais gerais do desenvolvimento, da natureza, da sociedade e do conhecimento; b) Economia – Ciência que estuda o desenvolvimento das relações de produção. c) Teoria combinada da Filosofia e Economia – Que revela as leis que regem o aparecimento e o desenvolvimento da sociedade comunista do futuro.
A seguir:
O Comunismo é uma crença?
Teoria e prática se completam Lições de Comunismo número 01 6
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