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Paula Neiva
A indústria alimentícia começa a fabricar uma boa notícia no Brasil: a redução e mesmo a
eliminação em produtos muito consumidos da mais nociva de todas as gorduras, a trans.
Criada para dar mais sabor, melhorar a consistência e prolongar o prazo de validade de
alguns alimentos, a gordura trans está na pipoca de microondas, nos salgadinhos de
pacotes, nos donuts, nos biscoitos, nas bolachas, nos sorvetes, nas margarinas e em vários
itens das refeições de lanchonetes fast-food, como a batata frita, os nuggets e as tortinhas
doces. A trans é um importante fator de risco para infartos, derrames, diabetes e outras
doenças. O melhor a fazer é tentar bani-la do cardápio. Duas grandes empresas, a Unilever
e a Sadia, deram uma boa mão nesse sentido: lançaram recentemente no país tradicionais
margarinas em versões trans free. São elas: Doriana, Claybom e Qualy.
O consumo médio de gordura trans chega a 3% do total calórico diário. Numa dieta de
2.000 calorias, isso equivale a 6,6 gramas – ou quatro biscoitos recheados de chocolate
(veja quadro). Pode parecer pouco, mas, em se tratando de gordura trans, é uma quantidade
absurda. A Organização Mundial de Saúde preconiza que a ingestão diária de trans não
ultrapasse 1% das calorias. Para a indústria, a dificuldade é substituir a gordura trans sem
alterar as características dos alimentos. Embora os primeiros estudos sobre a sua
nocividade tenham cerca de dez anos, só agora os primeiros produtos trans free estão
chegando ao mercado. Nos Estados Unidos, a Frito-Lay, uma das maiores empresas de
salgadinhos de pacote, trocou o óleo de fritura de seus produtos por outro livre de gordura
trans. A Kraft Foods, fabricante do Oreo, o biscoito recheado mais consumido no mundo,
já lançou no mercado americano uma versão da guloseima com 0% de trans e outras duas
com baixos teores da gordura.
O maior desafio é para as cadeias de fast-food. Além de não terem encontrado ainda um
óleo trans free que mantenha o sabor dos lanches, há um problema de ordem econômica a
ser vencido. "Uma das grandes vantagens da gordura trans é que ela pode ser reaproveitada
várias vezes sem perder suas características iniciais", diz o químico André Souto, professor
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Esse entrave foi o que fez com
que a maior rede de fast-food do mundo fosse condenada pela Justiça dos Estados Unidos.
Em 2002, o McDonald's anunciou que, no ano seguinte, cortaria drasticamente a gordura
trans da cozinha de seus restaurantes americanos. Como não cumpriu o prometido, a rede
foi processada pela organização não-governamental BanTransFats.com. Um milhão e meio
de dólares deverá ser gasto em propagandas que informem aos consumidores que o
McDonald's usa gordura trans em seus produtos. Os outros 7 milhões de dólares serão
doados para a Associação Americana do Coração, que pretende deflagrar uma campanha
de alerta sobre os malefícios do aditivo. "Estamos apenas no início dessa guerra", disse a
VEJA o advogado americano Stephen Joseph, presidente da BanTransFats.com.
Fonte: Veja, Edição 1893 . 23 de fevereiro de 2005
A gordura é vista como um dos principais inimigos de uma vida mais saudável. No
entanto, ninguém pode viver sem gordura. O importante é saber como conviver com ela.
Assim como sua "irmã", a gordura saturada, a gordura trans aumenta os níveis do mau
colesterol no sangue e ainda diminui as taxas do bom colesterol(HDL) no organismo.
Ela é usada para dar textura e consistência em alimentos industrializados como biscoitos
salgados ou doces e recheados, bolos e tortas, pratos congelados, sorvetes cremosos e
margarinas. Procure consumir alimentos livres da gordura trans.
Por Marco de Cardoso