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ALERTA CONTRA A GORDURA TRANS

Ganha força o movimento para banir da


alimentação a mais perigosa das gorduras

Paula Neiva

A indústria alimentícia começa a fabricar uma boa notícia no Brasil: a redução e mesmo a
eliminação em produtos muito consumidos da mais nociva de todas as gorduras, a trans.
Criada para dar mais sabor, melhorar a consistência e prolongar o prazo de validade de
alguns alimentos, a gordura trans está na pipoca de microondas, nos salgadinhos de
pacotes, nos donuts, nos biscoitos, nas bolachas, nos sorvetes, nas margarinas e em vários
itens das refeições de lanchonetes fast-food, como a batata frita, os nuggets e as tortinhas
doces. A trans é um importante fator de risco para infartos, derrames, diabetes e outras
doenças. O melhor a fazer é tentar bani-la do cardápio. Duas grandes empresas, a Unilever
e a Sadia, deram uma boa mão nesse sentido: lançaram recentemente no país tradicionais
margarinas em versões trans free. São elas: Doriana, Claybom e Qualy.

A trans surge da transformação de óleos vegetais líquidos em sólidos, por meio de um


processo químico chamado hidrogenação parcial. Como sua origem é vegetal, durante
muito tempo ela foi tida como uma opção mais saudável à gordura saturada, que, conforme
se descobriu no fim da década de 50, faz mal ao coração. Encontrada sobretudo em carnes
vermelhas, ovos e leite, entre outros alimentos, a gordura saturada aumenta os níveis no
sangue do mau colesterol, o LDL. Aparentemente benéfica, a trans conquistou a indústria
de alimentos. "No fim da década de 90, contudo, várias pesquisas científicas demonstraram
que a trans é mais nociva do que a saturada", diz a nutricionista Ana Maria Lottenberg, do
Hospital das Clínicas de São Paulo. A explicação para isso é que, durante a solidificação
dos óleos vegetais, as moléculas de gordura passam por um rearranjo estrutural que faz
com que elas, ao ser ingeridas, facilitem o depósito de LDL nas paredes das artérias
coronárias. Além disso, a trans reduz as quantidades de uma proteína essencial à produção
do bom colesterol, o HDL.

Pouca gente, no entanto, conhece os perigos embutidos na margarina do café-da-manhã, no


bolo do lanche da tarde ou nos biscoitos que as crianças levam para a escola. Esse fato fez
soar o alarme nas agências reguladoras de alimentos. No Brasil, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que até 2006 os rótulos dos alimentos
industrializados devem informar o consumidor sobre a quantidade de gordura trans contida
neles. O mesmo prazo foi dado pela FDA às empresas americanas.

O consumo médio de gordura trans chega a 3% do total calórico diário. Numa dieta de
2.000 calorias, isso equivale a 6,6 gramas – ou quatro biscoitos recheados de chocolate
(veja quadro). Pode parecer pouco, mas, em se tratando de gordura trans, é uma quantidade
absurda. A Organização Mundial de Saúde preconiza que a ingestão diária de trans não
ultrapasse 1% das calorias. Para a indústria, a dificuldade é substituir a gordura trans sem
alterar as características dos alimentos. Embora os primeiros estudos sobre a sua
nocividade tenham cerca de dez anos, só agora os primeiros produtos trans free estão
chegando ao mercado. Nos Estados Unidos, a Frito-Lay, uma das maiores empresas de
salgadinhos de pacote, trocou o óleo de fritura de seus produtos por outro livre de gordura
trans. A Kraft Foods, fabricante do Oreo, o biscoito recheado mais consumido no mundo,
já lançou no mercado americano uma versão da guloseima com 0% de trans e outras duas
com baixos teores da gordura.

O maior desafio é para as cadeias de fast-food. Além de não terem encontrado ainda um
óleo trans free que mantenha o sabor dos lanches, há um problema de ordem econômica a
ser vencido. "Uma das grandes vantagens da gordura trans é que ela pode ser reaproveitada
várias vezes sem perder suas características iniciais", diz o químico André Souto, professor
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Esse entrave foi o que fez com
que a maior rede de fast-food do mundo fosse condenada pela Justiça dos Estados Unidos.
Em 2002, o McDonald's anunciou que, no ano seguinte, cortaria drasticamente a gordura
trans da cozinha de seus restaurantes americanos. Como não cumpriu o prometido, a rede
foi processada pela organização não-governamental BanTransFats.com. Um milhão e meio
de dólares deverá ser gasto em propagandas que informem aos consumidores que o
McDonald's usa gordura trans em seus produtos. Os outros 7 milhões de dólares serão
doados para a Associação Americana do Coração, que pretende deflagrar uma campanha
de alerta sobre os malefícios do aditivo. "Estamos apenas no início dessa guerra", disse a
VEJA o advogado americano Stephen Joseph, presidente da BanTransFats.com.
Fonte: Veja, Edição 1893 . 23 de fevereiro de 2005

Aprenda sobre a gordura


00:00 | 16 de Julho de 2009

A gordura é vista como um dos principais inimigos de uma vida mais saudável. No
entanto, ninguém pode viver sem gordura. O importante é saber como conviver com ela.

Já as gorduras saturadas fazem as pessoas ganharem peso e podem levar ao


aparecimento de problemas como aumento do mau colesterol, gerando doenças
cardíacas, AVC e até no aparecimento de alguns tipos de câncer,como o de próstata e o
de mama. Está presente nas carnes, leite e derivados e nos ovos.

Assim como sua "irmã", a gordura saturada, a gordura trans aumenta os níveis do mau
colesterol no sangue e ainda diminui as taxas do bom colesterol(HDL) no organismo.
Ela é usada para dar textura e consistência em alimentos industrializados como biscoitos
salgados ou doces e recheados, bolos e tortas, pratos congelados, sorvetes cremosos e
margarinas. Procure consumir alimentos livres da gordura trans.
Por Marco de Cardoso

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