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EM FOCO

CESARELATTESI:O FíSICOEM
DA EDUCAÇAO
uM CURSODE HISTORIA
Maria CristinaMenezes

Ao deparar-mecom a tarefade organizarum cur- teúdos,utilizaçãodo tempoe muitadisciplinaparaa re-


so de Históriada Educaçãopara uma turma de licen- alizaçáodos exercícios,atravésdo métodoescolástico'
Não é por coincidência que o Íorteda educaçãojesuítica
ciaturaem Física,comeceia elaboraro planode cur-
so com a preocupaçãode que este Íosse do interes- repousajustamenteno sistemadisciplinar.
se dessesalunose que tivessearticulaçãocom aârea No laborda vida ordináriahavia necessariamente
especíÍicaà qual pertenciam.Na propostainicialinsi- m o n o t o n i ao u o c u p a ç õ e sm e n o s r u i d o s a s ,p a r a o
nuava-sea discussão do longo percursoda implanta- aprendizadodas regrasda Gramática,para os exer-
de um ensino humanista'com cícios de memória,para as composiçõesliteráriase
ção em solo brasileiro Mas a se-
ãnÍoqueclássico-literário,para as chamadas Ciênci- para as preleçõesdiáriasdos proÍessores.
renidaderegulardas aulas de cada dia era, com Íre-
as Naturaisde cunho mais cientíÍico.
qüência,interrompidacom exercícios literários mais
"encaminha-
solenes,variadose pomposos, sempre
Um humanismo dialético-literário
dos à mais perÍeitae sólidaÍormaçãodos estudantes"
O ensinohumanista,introduzidoem solo brasilei- ( R o d r i g u e s1, 9 3 1, P . 2 7 2 )
ro pelos jesuítas,a partirde meadosdo séculoXVl, Somoslevadosa concluirque estesfatigantesexer-
vai se caraclerizarpor uma recriação articuladado cícios tinham sua compensação'quandoos alunos
ideáriodos pensadoresda Antiguidadee das práticas podiam participardas declamaçõese disputaspúbli-
medievais.Essa articulaçãose dava sobretudoentre cas, assim como em outrosatos solenes,nos quais
o Íormalismoliteráriorenascentistae o Íormalismo podiam exibirtodo o conhecimentoadquiridocom a
dialéticomedieval,com certeza,regadaà mais com- práticade tantos exercícios,Íossem eles orais ou es-
pletadisciplina. critos.
AperÍeiçoados no conhecimentoda gramática,os
estudantesdos colégiosjesuíticosbrasileirosdeveri- A timidez das ciências brasileiras
am ser instruídosna arte de bem falar' Estudava-se
cada dia em horas diversasalgumtrecho das orações Já o estudodas matemáticas,no Brasil,teve prin-
de Cícero,um poucodo oradorlatino,e um poucode cípios muito humildes,como parte da escolade ler,
autoresgregoscom algunspreceitosde retórica'Os escrevere contare, com as primeirasoperaçõesà al-
preceitosda retóricaeram consideradosúteis e reco- tura dos discípulosdessegêneroelementarde ensino. "
mendava-seestudá-losem compêndioselegantes' Em 1584,a escolaque os ensinavaera chamadade .Li-
"paraque vão crescendoa par,com este comoquoti- escolade ler,escrevere algarismos" e, em 1605,
principais colégios (Bahia'
dianoalimento,a elegânciada linguagemlatinae gre- ção de Aritmética",nos três
Rio e Pernambuco). Entretanto, já se desenvolviam na
ga, a abundância,o brilho e a faculdadede bem di-
Europaos estudosmatemáticos; Descartes, que ha-
z e r " .( R o d r i g u e s1, 9 3 1 ,P . 4 4 0 ) .
S e g u n d oR o d r i g u e s( 19 3 1 ,p . 4 4 5 - 6 ) ,e m c a d as á - via sidoalunodo ColégioJesuíticode La Flèche,criou
a GeometriaAnalítica,e realizaram-se outrosimportan-
bado haviadeclamaçõese desaÍiosou disputasparti-
tes progressos.O Brasilnão Íicou inteiramente alheio
cularesno recintode cada aula;e, no primeirosába-
a esse movimento, que adquiriu grande relevocom os
do de cada mês, Íaziam-se esses exercícioscom
PadresMatemáticos, cartógraÍos. lsso, no entanto,não
m a i s s o l e n i d a d er,e u n i n d o - s et o d a s a s c l a s s e se m
autorizaaÍirmara participação das ciênciase matemá-
uma sala ou no pátiodas escolas.Nas aulas,o movi-
mentoera contínuono estudodas línguaslatina,gre- ticas na práticacotidianados colégiosjesuíticos.
Quanto à Física,nas universidades européiaspre-
ga e vernácula, com uma interminável e ordinária
atividadede preleçõesdos Mestrese discípulos,de valeciaa de Aristótelese por ela se pautavamalgu-
exercíciosda pena,de liçõesde cor, de correçãode mas interpretações da Sagrada Escritura. No
t e m a s ,d e r e p e t i ç õ e sd o a p r e n d i d op a r a o Í i x a r n a Renascimento, a Matemáticatendia a emancipar-se
memória,de desafiosescolares,de ditadoe declama- da Física e, nos Estatutos da Universidadede
Coimbra.de 1559,ao ladodo cursodas Artes,distin-
ções.(Rodrigues,1931,P.445-446)
E claroque, para que tal ideáriohumanistase con- to dele, nomeia-sea cadeirade Matemática.
cretizasse,era necessáriauma organizaçãopor todos Em coletâneade Fernandode Azevedo(1996)'é
acatadaem váriosníveis,desdea combinaçãodos con- traçado,por CostaRibeiro,um caminhoparaa Física
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no Brasil.Nestetrabalhopercebemosque, mesmocom b l i c o u t r a b a l h o s l, i v r o se u m a g r a m á t i c ad a l í n g u a
a instalaçãode cursosde Medicinae Engenhariano t u o i . P a r t ed e s e u s e s c r i t o se d e s e u m a t e r i asl o b r e
país,a Íormaçãopor eles proporcionada era maisvol- a A m a z ô n i ae n c o n t r a - s en o M u s e u N a c i o n a l .U m a
tada parao proÍissional,
sem que houvesseincentivoà outra partenauÍragoucom ele.
pesquisa,denominadapeloautorde "desinteressada" O primeirofísicobrasileiromodernoveio a ser Go-
parti-
, e quandoela se dá, vai ser maispor iniciativas mes de Sousa,que trabalhoucom a propagaçãodo
cularesdo que por programas institucionais.
O traba- som, na Escolade Engenhariado Rio, no Íinaldo sé-
lho de pesquisadores isolados,devotadosprofessores culo passado.Os trabalhosde Gomesde Sousaforam
das escolassuperiores, que lecionavam matériasem levadosadiantepor Otto de Alencar,dedicadomais à
cursos de Íormaçãoprofissionalpara engenheiros, MatemáticaAplicada.Apesarde ter participadodo cír-
médicos,etc., e que dedicavamà investigação parti- culo positivista, Otto apontouerrosna obra de Augusto
cularo poucotempoque lhes restava,vai marcartodo Comte,tendoconseguido combatê-los de maneiraefi-
"depois
o primeiroquarteldo séculoXX. ciente.Naspalavrasdo proÍessorCésarLattes,
dele, AmorosoCostacontinuou,e acabaramcom essa
Costa Ribeiro por César Lattes históriade positivismo, e aídeslanchoua pesquisaem
Física.lsso,na Politécnica do Rio".
"AugustoComte
De muitaimportânciaÍoi a presençado ÍísicoCésar AindaSegundoo ProfessorLattes,
Lattes,convidadopor mim a um bate papo com os escreveuum bom livrode Matemática, e depoismuita
alunos.Conformese nota no textode CostaRibeiro, bobagem,inclusivecoisa erradade matemática,ele
o proÍessorCésar Lattesdestaca-sepela atuaçãoci- inÍluencioutantoos militarescomo o pessoal da Es-
entíficatanto no Brasilcomo no exterior.Quandode cola de Engenhariado Rio, era difícil de progredira
nossoprimeiroencontro,em sua casa na CidadeUni- Ciência". Segundoo professorLattes,o positivismo
versitária,em Campinas,eu haviacomentadocom o e r a q u a s eu m a r e l i g i ã o .
proÍessorCésar como o texto de Costa Ribeirohavia OutraÍiguraque CésarLattesconsiderade desta-
sido elucidativoao narraro percursoda Físicaentre q u e é H e n r i q u eM o r i z e q, u e i m p l e m e n t obuo n sl a b o -
nós. De fato,ao aceitaro meu convite,parao encon- ratóriosde Físicae de Química.Para Lattes,antes
tro com os alunos,César Latteso fez com o livrode disso era tudo conversa,tudo teoria,como disseaos
"vocêspodemnão concordar,mas o que vale
Fernandode Azevedosob o braço. alunos:
O ProfessorLattescomeçousua exposiçãoescla- é a experimentação, a parte empírica.O que ela es-
recendoque Físicaem gregosigniÍicaNaturezae que, tabelece,se Íor aceito,permanece.Pode-semelho-
até o Íinaldo séculopassado,a Físicaera chamada rar a precisão,mas o resultadoexperimentalperma-
de FilosoÍiaNatural.Contou-nosque,quandoda che- nece. A teoria,sempreapareceuma melhor".O pro-
gada da Armadade Cabralno Brasil,o Íísicode bordo ÍessorLattesconsideraque o brasileiro, não sabeele
identiÍicou os índioscomograndesconhecedores das se pela herançapequeno-burguesa, de ter emprega-
ciênciasÍísicas,ao notar que eles se utilizavamdas dos, não gostade trabalharcom as mãos.Assim,para
leis da inércia,pois, remandono mar, sabiamque, ele, ainda hoje há uma certa tendênciaem se traba-
soltandoo remo,o barcocontinuarianavegandoe que lhar mais com a teoriado que com a experiência.
se polissemo casco do barco,diminuiriamo atrito.
EssasinÍormaçõespodemser encontradasnas Car- De narrador a personagem
tas de Anchieta,das quais o proÍessorCésarparece
conhecedor. Maisde uma vez durantesua palestra,o A entradado ProÍessorLattesna históriada Íísica
professorLattesconclamouos estudantesa estuda- brasileiraestádiretamente relacionada à organização
"a e Letras da Uni-
rem a Históriada Ciência,uma vez que para ele da Faculdadede FilosoÍa,Ciências
c i ê n c i am a i s i m p o r t a n t eé a H i s t ó r i a : s e m e l a n ã o versidade de São Paulo, e de seu recém-criado curso
existiriaa realidadeobjetiva". de Físicaonde César Lattes,em 1943, com apenas
Dando continuidadeà históriada Físicano Bra- 19 anos,obtémsua graduação.
s i l , n a r r o u - n o so p r o Í e s s o rq u e d e p o i sd o p r í n c i p e TeodoroRamos,organizadorinicialda Faculdade
Nassauq , u e d u r a n t ea i n v a s ã oh o l a n d e s ac o n s t r u i u de FilosoÍia,Ciênciase Letras da USP, trouxe um
um jardim zoológico,um hortoe um observatórioonde grupo de pesquisadores para iniciaras pesquisasem
se p ô d e observar um eclipse, Bartolomeude F í s i c a e M a t e m á t i c an o B r a s i l , e n t r e e l e s G l e b
G u s m ã o , o s é c u l oX V l l l , Í o i c o n s i d e r a doo p r i m e i r o
n Wataghine GiuseppeOcchialini.Estesgrandesmes-
f í s i c od o B r a s i l .A p ó s N a s s a ue G u s m ã o ,o g r a n d e tres organizaramno Departamento de Físicao primeiro
e s t a d i s t ae c i e n t i s t aJ o s é B o n i Í á c i od e A n d r a d ae grupode pesquisadores, compostode jovenstalentos
Silvadestacou-secomo descobridordo lítio,sobres- nacionais,que deu inícioaos estudosexperimentais
s a i n d o - s ec o m o m i n e r a l o g i s t aO. u t r af i g u r ad e d e s - e teóricos em RadiaçãoCósmicae FísicaNuclear.
taqueque se apresentoucomograndeantropólogoe Entre esses jovens talentos encontrava-seCésar
que Íoi encarregadopelo Governoda Antropologiae Lattes,que iria colocaro Brasilno mapa da Física.
da Etnologiada AmazôniaÍoi GonçalvesDias,conhe- Segundoo próprioLattes,os jovens promissores
c i d o e n t r en ó s a p e n a sc o m o g r a n d ep o e t a .E l e p u - eram logoenviadosparaa Europa.Foi assimque,logo
após a SegundaGuerraMundial,em 1946,ele embar- sas de Latim,Grego, FilosoÍiae Retórica.
cou no porãode um cargueiroparaa Universidade de A ReÍormade Pombalno Brasil,ao instituiras aulas
Bristol,na Inglaterra, para se juntar ao Íísico italiano de disciplinasisoladas,sem um planoorganizadode
GiuseppePaoloStanilaoOcchialinie ao Íísicoinglês estudos,pulverizouo ensinosecundárioe interrom-
Cecil FrankPowell.A participaçãode LattesÍoi básica peu o desenvolvimento do ensinosuperior,que vinha
para que se encontrasse, no interiordo núcleoatômi- se organizando. Os mestresagoraestavamdispersos,
co, a partículaque depoisseriachamadade Méson-pi, distantesda organizaçãocolegial.Enquantoem Por-
a mesmaoue levouPowella recebero Nobelem 1950. tugala universidade Íoi modernizada e Pombalfundou
Com toda essa história,narradado textode Costa o R e a l C o l é g i od o s N o b r e s ,p a r a d a r a o s f i l h o sd e
Ribeiro e por César Lattes,com os seus preciosos nobresumaalternativapara o serviçodo EstadoÍora
l o s a l u n o su m a p r i m e i r a
c o m e n t á r i o sÍ,o i p o s s í v e a das carreiraseclesiásticae judiciária,o mesmo não
entradano entendimento desse longoe tortuosoper- se deu no Brasil.Aquios estudoscontinuaram predo-
curso da Físicano Brasile, mais ainda,da dificulda- minantemente literários,e emborasemelhantesnos
de do desenvolvimento da pesquisa,dita desinteres- fins e nos métodos,inÍerioresao níveldo ensinomi-
sada, entre nós. nistradoquernos colégiosdos jesuítas,quer em casa,
Para Costa Ribeiroo desenvolvimento da pesqui- c o m p r o f e s s o r e sp a r t i c u l a r e sc, o m u m n a s Í a m í l i a s
sa, no campodas CiênciasFísicas,só ocorrerácom , u a i n d a n a s A u l a s R é g i a s ,q u e e r a m
a b a s t a d a so
"muitopoucoÍrequentadas" ( Azevedo,1996,p.544).
a criaçãoda Faculdadede Ciências,já no interiordo
ensinopropriamente universitário, cujatardiainstitui- O s e s t u d o ss e c u n d á r i o sm i n i s t r a d o sn a s a u l a s
ção no Brasilé responsávelpelo atrasocom que se régiasreduziam-sea um punhadode aulas de latim,
iniciaramem nossopaísos trabalhosde investigação retórica,Íilosofia,geometria,Írancêse comércio,es-
cientíÍica.E importanteressaltara relevânciado regi- palhadaspelolmpério.Em 1834,é sugerido,em rela-
me de trabalhoem tempointegral,para investigado- tório do Ministério,que se reunissemem um mesmo
res e proÍessores,estabelecido no Departamento de local os CursosAvulsosSecundários,de Íorma que
Físicada Faculdadede FilosoÍia, Ciências e Letras da pudessemser dirigidose fiscalizados. Sem que isso
USP,em 1934,e, bem maistarde, estendido a alguns implicasseem um sistemaseriadode ensino,apenas
professoresda Universidade do Brasil,no Rio de Ja- se reuniamas aulas para Íacilitara fiscalização.A
neiro.Primeiramente, já nos anos 40, Íoi concedidoa preocupaçãocom a seriaçãosó se dará em 1838,
Carlos Chagas Filho, ampliando-se aos demaisdocen- quandoda Íundaçãodo ColégioPedro ll. Este, que
tes apenasnos anos 50. seria consideradocomo padrãode ensinoa ser se-
Dianteda tentativade compreensãodesse longo guido na Cortee nas Províncias,iria ainda enfatizar
percursohistórico,permanecea interrogação: porque os ensinosliteráriosem detrimentodos científicos.
tanta demorapara a entradadas Ciênciasditasnatu-
rais entre nós? Qual a razáode tão longa persistên- ócio e Educação
cia do ensinohumanista,de cunho literário?
Ora, em um país de estruturasociale econômica
O prevalecimento do arcaico dominadapor grandesprodutoresrurais,sustentados
pela exploraçãode mão de obra escrava,com uma
As indagaçõesremetem-nosa 1759, quandoos camadasocialmédia incipiente,e onde os trabalha-
jesuítassão expulsosde Portugale de suas colôni- dores livreseram quase inexistentes, certamenteos
as pelosditamesda ReformaPombalinaque cria,no estudosliteráriose jurídicosseriam valorizados,em
Brasil,as Aulas Régiasque, diÍerentemente do orga- detrimentodo ensinode Ciências ou Técnico.AÍinal,
n i z a d oe n s i n oj e s u í t i c o m
, o s t r a m - s ei s o l a d a s s, e m esse era o tipo de ensinoadequadoàs camadasoci-
articulaçãodos conteúdose métodos,como aulas osas ou em buscade ascensãovia proÍissõesliberais.
avulsasministradaspor proÍessoresavulsos. Na Colônia,os que viviam de rendas,o que repre-
Se em Portugala expulsãodos jesuítasera parte sentavaum padrão idealde vida,sobretudo,repudia-
de uma propostade reestruturação nacional,o mes- vam o trabalhoprodutivo,considerando-o socialmen-
m o n ã o s e d e u n o B r a s i l , o n d e s e a s s i s t i ua o te degradante. A consideraçãosocialera obtidaatra-
desmantelamento do sistemade ensinoexistente.Não vés do trajarapurado,que demonstravaabastança,e
"nobres",como o sacer-
havia uma proposta social modernizadora para a o desempenho de atividades
Colônia;as instituições arcaicasque a caracterizavam, dócio, a administraçãopúblicae as profissõeslibe-
como a escravidão, o latifúndio, o patriarcalismo, aten- rais (Araújo,1993).
diam ainda aos interesses metropolitanos, e continu- O quadroacima,resultadoinevitáveldo latiÍÚndioe
arão existindo por mais de um século. da escravidão, cria uma visão do trabalho como
Com a expulsãoda Companhiade Jesuse a cria- desonroso,acabandopor destruiras possibilidades de
ção das Aulas Régiaspelo Estado,que nomeavaos desenvolvimento social,que se Íundanaturalmentena
proÍessoresdiretamentee os pagavacom um novo atividadeprodutivae em umaÍormaçãoa ela articulada.
imposto,denominadode subsídioliterário,o ensino Não Íoi por acaso que os estudosjurídicospredo-
secundáriopassaa ser constituído dessasaulasavul- minaramparaalém do períodorepublicano. A maioria

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d o s a l u n o sv i n h ad a o l i g a r q u i rau r a le d a p e q u e n ae l i - culo Lattes.Uma justa homenagem.CAPES/MEC, que cri-


te citadina,que procuravaum ensinode caráteraca- aram uma nova Plataforma,visandointegrarseus sistemas
dêmicoou intelectualmente distantedo mundodo tra- de inÍormação,a PlataÍormaLattes que inclui o Currículo
balho.lsso se reÍleteinclusivena procurados cursos Lattes. Uma justa homenagem.
d e M e d i c i n ae , p o s t e r i o r m e n t de e, E n g e n h a r i a q
, ue
apesarde procurados, não eramtão prestigiados, dado BibliograÍia e referências
o seu desenvolvimento com um certograu de trabalho
manual.incomoatível "nobrezada terra". ARAUJO, E. O Teatro dos Vícios. Rio de Janeiro,
com a
Estas colocaçõesnos remetemao comentáriodo J o s éO l y m p i o 1, 9 9 3 .
proÍessorCésarLattes"não sei se por causa de nossa AZEVEDO, F. de. A Cultura Brasileira.6" ed. São
tendênciapequeno-burguesa em ter empregados..." P a u l o ,U n B e U F R J ,1 9 9 6 .
C O S T AR I B E I R O J, . A F í s i c an o B r a s i l .I n : A Z E V E -
Notas DO, F. (org.) As Ciênciasno Brasil.Rio de Ja-
neiro,EditoraUFRJ,1994.P. 191-232.
1 CésareMansuetoGiulioLattes,únicoÍísicobrasileiro a L A T T E S ,C E S A R EM A N S U E T OG l U L I O . P a l e s t r a
aparecerna Enciclopédia maisconhecido
Britânica, entre proÍeridaem 05 de julhode 1999,Faculdadede
nós comoCésarLattes.Nascidoem 1924,casadocom a Educação/UNICAMP.
matemática MarthaSiqueiraNeto,Lattesfoi agraciado como L E I T E ,S . H i s t ó r i a d a C o m p a n h i a d e J e s u s n o
o maiorÍísicobrasileiroao anunciar, em 1947,umanova Brasil. Rio de Janeiro,InstitutoNacionaldo Li-
partÍcula
no núcleodo átomo,o méson-pi,prevista apenas vro, 1949.
em teoria.Já foi condecorado comváriosprêmios,home-
MENEZES, M. C. Raízes do Ensino Brasileiro: a
nagense tírulos,entreos quaiso de " DoutorHonoris Cau-
sa"pelaUnicamp, ondeé proÍessor Emérito.Maisrecente- herança clássico-medieval. Campinas,
mente(1999),foi homenageado pelasprincipaisagências U N I C A M PF, E ,T e s e( d o u t o r a d o 1 ) ,9 9 9 .
de Íomentodo País,MCT,CNPQ,FINEP e CAPES/MEC, que R O D R I G U E SJ, . H i s t ó r i ad a C o m p a n h i ad e J e s u s
criaramumanovaPlataforma, visandointegrarseussiste- n a A s s i s t ê n c i ad e P o r t u g a l . T . l , V . l l P o r t o ,
masde informação, a PlataÍorma Lattesque incluio Currí- A p o s t o l a ddoa l m p r e n s a1, 9 3 1 .

MariaCristinaMenezesé proÍessorade Históriada


Educação,na Faculdadede Educaçãoda UNICAMP,
membrodo GEPEC.E-mail:mcris@obelix.unicamp.br

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