Central Ep05

Central
Série de
Evana Ribeiro
Episódio 1:05
“O bebê de Lolita”
Personagens Participações especiais

Alfredo Cristiano
Dominique Enfermeira
Frederico Priscila
Lolita
Neide
TV Destino ® - CENTRAL – Ep. 1:05 2
CENA 01 – CASA DE DOMI/SALA – INT – TARDE

Fred, Neide e Priscila estão sentados no sofá, assistindo a um
DVD. Surge o letreiro com os dizeres: “naquele mesmo sábado, algumas
horas depois...”
Domi entra e se joga entre eles no sofá.
DOMI – Não sei por que essas coisas sempre sobram pra mim! Tudo é a
Dominique, tudo!
FRED – Ô, Domi, fala mais baixo aí!
DOMI – Mas por que logo eu pra ir lá pagar o calote de todo mundo?
FRED (dá ‘pause’ no filme) – Ô criatura! Falando assim até parece que a
gente não fez uma vaquinha, quebrou o porquinho nem nada... Esse
escândalo todo só porque foi lá de representante?
NEIDE – Tá, vamos continuar vendo o filme, ok?
DOMI – Sim senhora.
Fred dá prosseguimento ao filme. Domi mete a mão na tigela de

pipoca e começa a comer.
CORTA PARA
CENA 02 – CASA DE LOLITA/QUARTO DE LOLITA – INT – TARDE

Lolita está deitada na cama, lendo uma revista da série “Sabrina”
e ouvindo um programa da Rádio Caribe. Alfredo entra.
Escrito por Evana Ribeiro – em 21/09/2007 – exibido em 02/11/2007

todos os direitos reservados.
ALFREDO – Lô, tenho novidades pra você!
LOLITA (levanta) – Quais?
ALFREDO – Arrumei um servicinho pra você.
LOLITA – Servicinho? De que se trata?
ALFREDO – Cuidar de um bebê. É coisa básica... Só dar a mamadeira,

dar banho, trocar fralda, colocar pra dormir... O bebê é filho de um
amigo meu, você vai passar a noite toda cuidando dele, tá legal?
LOLITA – Só isso, né?
ALFREDO – É. Se tiver algum compromisso, desmarque, tá? Já confirmei

com o Cristiano que tu ia cuidar do Júnior hoje.
LOLITA – Sem me consultar?
ALFREDO – Eu já sabia que você ia topar.
Alfredo sai. Lolita se joga na cama e suspira.
LOLITA – Lindo! Ele escolhe pra babá logo eu, que nunca troquei meia
fralda! (t) Tô lascada... Lascada com ‘l’ maiúsculo, negrito, itálico,
sublinhado e vermelho!
Olhando para o teto, ela procura seu celular sobre a cama. Logo o
encontra e disca para o celular de Domi.

CORTA PARA
CENA 03 – CASA DE DOMI/SALA – INT – TARDE

Domi, Fred, Neide e Priscila continuam assistindo ao filme. O
celular de Domi começa a tocar. Todos se assustam, inclusive Domi.
NEIDE – Menina, pela fé... Troca o toque desse celular, pelo amor de
Deus!
DOMI (levanta do sofá e atende a ligação) – Oi, Lô!
A tela divide-se em duas, mostrando as duas interlocutoras.
LOLITA – Amiga... Dá pra ajudar uma companheira desesperada e sem

sorte?
DOMI – Qual é o pó?
LOLITA – Alfredo me arrumou um trampo pra noite toda! Noite toda é o

horário do programa! O que eu faço?
DOMI – Peraí, mas ele não sabe que tu trabalha de noite?
LOLITA – É, mas disse que quando aparecesse coisa melhor ia me

indicar.
DOMI – E tu disse que não precisava?
LOLITA – Disse, mas e ele escuta?

DOMI – Calma, irmãzinha. A gente resolve, dá um jeito... Qual é o

serviço?
LOLITA – Cuidar de um bebê.
DOMI – E de tu, quem cuida?
LOLITA – Como é que eu vou cuidar de um bebê se eu nem sei trocar

fralda? Como ele faz isso comigo, sem consultar nem nada?
DOMI – O diálogo na tua casa é uma coisa de dar inveja! (t) Vê só, eu
vou pensar no que a gente pode fazer e depois te digo, falou?
LOLITA – Tá. Mas pensa logo!
DOMI – Vem com tuas pressas, vem.
LOLITA – Foi maus...
DOMI – Depois a gente se fala.
Domi desliga e volta para a sala.
DOMI – Ué, e o filme?
FRED – Já acabou, ué.
DOMI – Ah, tá.
FRED – O que a Lolita queria?

DOMI – Tá desesperada, bichinha... Eu vou lá na casa dela pra ver o que

dá pra fazer.
FRED – Eu vou junto.
DOMI – Não, fica aí. Eu sozinha dou conta.
FRED – Sabe o que eu acho? Acho que eu sou uma figura meramente
decorativa nessa central. Eu, o inventor, a mente pensante da
organização, não faço absolutamente nada!
DOMI – É que você é o diretor executivo de vadiagem da central.

Ninguém faz isso melhor que você! Agora eu vou lá.
Domi sai de casa. Fred olha para Priscila e Neide, como se fizesse
uma indagação.
FRED – Vocês acham que eu não faço nada?
PRISCILA – Bom, depende. Se for o que eu tô pensando...
NEIDE – Priscila! Vai pro quarto que depois a gente vai ter uma
conversinha sobre seu comportamento. Tá muito saliente a senhorita...
PRISCILA (saindo) – Eu já vou, já vou!
FRED – Tia, responde a pergunta aí...
NEIDE – Qual?
FRED – A que eu fiz, ué.
NEIDE – Qual foi mesmo?
FRED – Deixe para lá...
Fred sai. Neide vai para a cozinha.
CORTA PARA
CENA 04 – CASA DE LOLITA/QUARTO DE LOLITA – INT – TARDE

Domi e Lolita conversam.
DOMI – Então, enquanto eu vinha pra cá, pensei em todas as formas

possíveis de te tirar dessa.
LOLITA – E aí?
DOMI – E aí que não tive idéia nenhuma.
LOLITA (desanimada) – Que maravilha...
DOMI – Calma, ainda há tempo!
LOLITA – Ah, uma perguntinha só. (t) Eu vou ter que pagar pelo
servicinho?
DOMI – A idéia é essa.

LOLITA – Mas... Eu sou a sua melhor amiga. Não rola nem um

desconto?
DOMI – Amigas, amigas. Desesperos à parte...
LOLITA – Chata.
DOMI – A gente acerta um desconto.
LOLITA – Pois sim...
Elas continuam conversando, fora de áudio. Sobe Chris Michaels

– The Fiery Furnaces. [a música continua na cena 05]
CORTA PARA
CENA 05
Efeito de transição tarde/noite.
CORTA PARA
CENA 06 – CASA DE LOLITA/SALA – INT – NOITE

Alfredo recebe o soldado Cristiano, que empurra um carrinho de
bebê.
CRISTIANO – Alfredo, valeu mesmo pela força, viu? Tá difícil de arrumar

uma babá nesses dias...
ALFREDO – Mas o que aconteceu com a tua mulher?

CRISTIANO – Foi visitar a mãe... A velha tá meio adoentada, o gato dela

morreu atropelado... Aí ela foi lá dar uma força.
ALFREDO – Ah, tá... Mas pode ficar tranqüilo que o Júnior tá em ótimas
mãos! Lolita é uma moça muito boa, você conhece ela, né?
CRISTIANO – Claro, claro...
ALFREDO – Pera um minuto que eu vou chamar. (grita) Lolita! Lolita!
CORTA PARA
CENA 07 – CASA DE LOLITA/QUARTO DE LOLITA – INT – NOITE

Lolita está sentada diante do espelho. Ouve Alfredo gritando seu
nome e suspira, desanimada.
LOLITA – E dona Dominique dizendo que ia dar um jeito de resolver o

problema! (levanta e vai saindo) Depois dessa vou cortar o
merchandising dessa Central fuleira por... Um mês. (t) Um mês e uma
semana!
Lolita sai batendo a porta.
CORTA PARA
CENA 08 – CASA DE ALFREDO/SALA – INT – NOITE

Lolita entra. O bebê, nos braços de Cristiano, chora sem parar.
LOLITA – Oi... É ele, né?

CRISTIANO (passa o bebê para Lolita, que o segura desajeitadamente)

– Agora é todo seu. Júnior, se comporta bem com a tia, tá?
O bebê continua chorando.
LOLITA – É, já deu pra notar que a noite vai ser bem longa...
CORTA PARA
CENA 09 – CASA DE DOMI/SALA – INT – NOITE

Domi, sentada no sofá, brinca com um ioiô. Fred entra, vindo do
quarto, e senta ao lado dela.
FRED – Que foi, que cara é essa?
DOMI – Nada não... Eu só tô chateada porque não consegui pensar

numa idéia decente pra resolver o problema da Lolita?
FRED – Qual é o problema dela?
DOMI – Alfredo arrumou um serviço de babá pra Lolita agora, de noite.

Agora de noite é a hora do programa dela.
FRED – Poxa...
DOMI – Será que tu não podia dar uma forcinha?
FRED – Quem, eu?

DOMI – É!
FRED – Eu mesmo não, irmãzinha! Eu sou o diretor executivo de

vadiagem da Central de Atendimento aos Desesperados, em exercício de
função. Você que se vire lá com as suas funções.
DOMI – Seu chato! Vou ficar com todos os trocados que a Lolita me der
pelo serviço!
FRED – E ela vai pagar?
DOMI – Vai, ué. Com um simpático desconto, mas vai!
FRED – Isso se você resolver o problema...
DOMI – Vou passar lá na casa dela.
Domi levanta do sofá, largando o ioiô, e sai.
CORTA PARA
CENA 10
Tomada da casa de Lolita.
CORTA PARA
CENA 11 - CASA DE LOLITA/SALA – INT – NOITE

Lolita anda de um lado para o outro, empurrando o carrinho de
bebê. A campainha toca.

LOLITA (indo atender) – Já vai, já vai!
Lolita ‘estaciona’ o carrinho de bebê junto da porta e a abre. Domi

vai entrando.
LOLITA – Ah, voltou a sumida!
DOMI – Foi mal aí... Eu tava pensando numa solução.
LOLITA – Pena que você demorou demais... Olha só quem tá aqui.

(indica o carrinho)
Domi olha para o carrinho, se aproxima devagar e olha,

impressionada, para o carrinho de bebê.
DOMI – Oi, coisinha! Tudo bem?
LOLITA – Só tu mesma pra chamar o bebê de ‘coisinha’!
DOMI – Uma coisinha de menos de meio metro.
LOLITA – E chora... Chora! Como é que eu vou fazer pra tomar conta do
pirralho e apresentar o programa ao mesmo tempo?
DOMI – Bem... Alfredo vai voltar?
LOLITA – Vai.
DOMI – Então não dá pra eu ficar no teu lugar... Já sei! (t) Você podia
dizer a ele que ia pra minha casa com o moleque, mas na verdade nós
duas vamos pra rádio! Aí eu te dava uma forcinha cuidando dele

enquanto tu apresenta o programa!
LOLITA – E isso vai prestar?
DOMI – Claro que vai!
LOLITA – Então vamos sair agora, antes que ele volte. Vou deixar um
bilhetinho.
Lolita sai procurando papel e caneta. Sobe Crash – Aerosmith

[até o começo da cena seguinte]
CORTA PARA
CENA 12
Tomada da Rádio Caribe.
CORTA PARA
CENA 13 – RÁDIO CARIBE/ESTÚDIO – INT – NOITE

Domi dá a mamadeira ao bebê. Lolita se prepara para começar a
apresentar o programa.
LOLITA – Tomara que ele não invente de chorar no meio do programa...
DOMI – Ah, chora nada... Criança desse tamanho só sabe comer e

dormir. Ele já comeu, agora vai nanar!

Domi fica acalentando o bebê, que está quieto. Lolita coloca uma
música para tocar.
CORTA PARA
CENA 14 - CASA DE LOLITA/SALA – INT – NOITE

Alfredo entra na casa e olha para os lados, estranhando o silêncio.
ALFREDO – Lolita! (t) Lolita? Onde será que essa criatura se meteu...
Com o Júnior?
Alfredo anda meio desorientado pela sala e vai até a mesinha do

telefone, onde encontra o bilhete de Lolita, que ele apanha e lê em
silêncio.
ALFREDO (amassa o papel e o coloca no bolso) – Bom, pelo menos a

casa da Dominique é ali! Depois dou uma passadinha lá pra ver como
vão as coisas.
Alfredo liga o rádio, que está sintonizado na Rádio Caribe. Alfredo

faz cara de desgosto ao ouvir o comercial da rádio.
ALFREDO (procurando outra estação) – Essa Lolita, sei não... Fica

ouvindo essa rádio mafiosa só por causa dos amigos! Mas eu ainda
acabo com a farra daquele Marião... Ah, acabo!
Alfredo continua tentando trocar de estação, sem sucesso.

Irritado, ele desliga o som.
ALFREDO – Por que eu tinha que morar justo do lado dessa bomba?
Alfredo vai para a cozinha.
CORTA PARA

O programa prossegue.
LOLITA (fumando) – Antes de passar mais um bloco de músicas

especiais só pra você, amado ouvinte, amada ouvinte, agora eu trago
uma sessão de poesias pra tocar o seu coração. (pega um pequeno
maço de papéis na mesa, ainda segurando o cigarro) [insira aqui uma
ou duas poesias/versinhos curtos]
Enquanto lê, Lolita não nota que a brasa do cigarro começa a

queimar uma das folhas. Ouve-se um choro de um bebê. Lolita dá uma
ligeira pausa na leitura e olha para trás, ainda sem notar que o papel
está queimando.
CORTA PARA

Fred está deitado no sofá, ouvindo rádio. Priscila entra e liga o
computador.
FRED – Ei, vai fazer o que aí?
PRISCILA – Usar o computador, ué.
FRED – Pra quê?

PRISCILA – Ah, que chatice! Vou dar uma entrada rapidinha no MSN,
posso?
FRED – Não. O telefone ainda tá bloqueado.
PRISCILA (faz um muxoxo e desliga o estabilizador) – Ixi, que

pobreza... (senta no sofá do lado oposto ao de Fred e levanta as pernas)
Eles ouvem o choro do bebê no rádio, como som de fundo.
FRED – Esses efeitos sonoros do programa da Lolita tão cada vez mais
originais. Só não sei o que tem a ver um bebê chorando com essa
poesia aí.
A campainha toca. Neide entra, vinda da cozinha.
NEIDE (indo até a porta) – Deixa que eu atendo! Deve ser a Lorena, da
rua 4.
Neide abre a porta e dá de cara com Alfredo, sorridente.
ALFREDO – Boa noite!
NEIDE (devolve o sorriso) – Boa!
ALFREDO - Eu sei que tá meio tarde, mas a Lolita tá aqui e eu vim ver
se tá tudo bem com o Júnior...
NEIDE – Hã?
ALFREDO – O bebê que a Lolita tá tomando conta, eu vim ver se tá/

NEIDE (o puxando para dentro) – Fique à vontade! Eu vou preparar um

cafezinho, tudo bem?
ALFREDO – Não precisa...
NEIDE – Faço questão!
Alfredo tenta se desvencilhar de Neide, que o empurra no sofá.
NEIDE (indo para a cozinha) – Não demoro!
Fred e Priscila olham para Alfredo, que está sem graça.
FRED – Pode respirar, seu Alfredo.
ALFREDO – Eu queria ver a Lolita. Ela tá no quarto da Dominique, né?
PRISCILA – Não, elas não/
FRED (interrompe) – Elas não tão no quarto não. Foram dar banho no
moleque... Mas acho que agora tão botando ele pra dormir, ou dando a
mamadeira...
ALFREDO – Então vai chamar ela pra mim, por favor, Fred.
FRED (levantando) – Tá... Tá bom.
Fred sai da sala. Priscila vai logo atrás dele.
CORTA PARA

Lolita continua lendo uma poesia, enquanto um dos papéis

continua sendo queimado. Em off, o bebê continua chorando.
LOLITA (off, pensando) – Oh, Jesus! Por que essas coisas só acontecem
comigp? (chama) Domi! (t) Domi!
Lolita aguarda por mais um instante, em silêncio. Dominique não

aparece. Lolita coloca para tocar a música Dominique.
DOMI (entrando, irritada) – Dá pra desligar isso aí?
LOLITA – Só assim pra senhora aparecer, né?
DOMI – Tu sabe que eu odeio quando tu coloca essa maldita música pra
tocar.
Corta para POV de Domi: o papel pegando fogo.
DOMI (assustada) – Lolita! Apaga isso aí, apaga!
LOLITA – Quê?
Lolita olha para o lado e dá um grito, largando os papéis e o

cigarro. Domi e Lolita começam a sapatear no estúdio, tentando apagar
a pequena chama. A música continua tocando e, em off, o bebê
chorando.
LOLITA – O que ele tem?
DOMI – E eu sei? Não sou mãe dele pra saber.

As duas param de correr. A música também pára de tocar. O bebê

ainda chora.
LOLITA – E agora?
DOMI – E agora o que?
LOLITA – O que a gente faz?
DOMI – Hospital?
CORTA PARA
CENA 18 – CASA DE DOMI/QUARTO DE FRED – INT – NOITE
Fred está sentado na cama, olhando para a parede e batendo com

os dedos no colchão. Parece cantarolar alguma canção, mas não dá para
entender. Priscila entra sem bater na porta.
FRED – Se eu tivesse pelado tava bom pra tu, né?
PRISCILA – Por que você disse que elas tavam aqui, se elas não tão?
FRED – Não custava nada dar uma forcinha pra elas, pôxa. A Domi pode
ser uma chata como irmã, mas é uma boa amiga, eu não ia fuleirar com
ela...
PRISCILA – Mas como a gente faz pra tirar ele de lá?
FRED – E precisa?

Fred dá um sorrisinho maroto para Priscila, que o olha sem

entender.
CORTA PARA
Alfredo termina de tomar uma xícara de café. Coloca a xícara

vazia ao lado de outras que estão sobre a mesa de centro. Bem ao lado
dele está Neide, que o observa fixamente. Alfredo olha em volta, sem
graça e se mexendo o mínimo possível.
ALFREDO – É... Dona Neide... Eu acho que eu vou pra casa, tá ficando
tarde.
NEIDE (meiga) – Não, fique mais um pouco!
ALFREDO (levanta ligeiro do sofá) – Não dá! Diga a Lolita que vá pra
casa amanhã cedo, que Cristiano vai buscar o bebê.
Alfredo faz menção de sair. Neide se levanta de um salto só e o

agarra, jogando-o novamente sobre o sofá. Sem dar tempo para que ele
desvie, Neide parte para cima de Alfredo e começa a beijá-lo. Música:
Twiggy Twiggy Twiggy – Pizzicato Five.

CORTA PARA
CENA 20
Tomada da rua onde fica o prédio da Rádio Caribe. Observa-se

uma ambulância saindo.
CORTA PARA
CENA 21 – AMBULÂNCIA – INT – NOITE
Lolita vai segurando o bebê, ainda chorando muito. Domi vai ao

seu lado.
LOLITA – Ô Domi... Tu conhece alguma canção de ninar?
DOMI – Eu não.
LOLITA – E como eu faço pra fazer ele se calar?
DOMI – Oferece um doce?
LOLITA – Como se ele tivesse dentes! (t) Vamos ver... (canta, meio
desafinada, a música Rue de Menilmontant) “Je rêve à toi/ à mes heures
perdues /hélas ! à ma porte ce matin /la rue est morte /l'hôtel est coi...”
DOMI – Não sabia que tu sabia cantar em francês.

LOLITA – E eu não sei. Mas essa música é bonitinha, aí eu aprendi a

cantar ela no embromation. Parece musiquinha de ninar, né?
DOMI – É... Mas não tá resolvendo.
LOLITA (olha para o bebê, que ainda chora) – Incrível que ele não
cansa... Ô Júnior... Eu sei que eu canto mal, mas dá um desconto pra
tia!
Lolita continua acalentando o bebê e cantarolando.
CORTA PARA
Fred continua sentado na cama. Priscila, então ao lado dele, se

levanta.
PRISCILA – Vou lá na sala ver se eles precisam de alguma coisa.
FRED – Vai lá... Aproveita e inventa uma desculpa pra o Alfredo, tá?
PRISCILA – Vou tentar.
Priscila sai. Fred se deita.

CORTA PARA
Alfredo e Neide continuam se agarrando no sofá. Agora ele não dá

nenhum sinal de resistência. Corta para a entrada de Priscila, que pára,
surpresa, ao se deparar com a cena.
PRISCILA – Quem precisa de mim aqui mesmo?
Priscila dá meia volta e sai. Corta para o casal, aos beijos.
ALFREDO (se afasta um pouco, arfando) – Já, já chega, dona Neide...
NEIDE – Fala de novo.
ALFREDO – Falar o quê?
NEIDE – Me chama de dona Neide.
ALFREDO – Por quê?
NEIDE – Porque eu gosto. É tão sexy!
ALFREDO – É... Dona Neide?
NEIDE – De novo!
ALFREDO – Dona Neide.

NEIDE – De novo!
ALFREDO – Dona Neide!
NEIDE – Isso! Me leva pras estrelas, meu tenente!
ALFREDO – É... É cabo.
NEIDE – Hm... Então deixa eu conhecer de perto a tua patente.
Neide rasga a camisa de Alfredo e começa a mordê-lo.
CORTA PARA
Fred continua deitado. Priscila entra.
FRED – Já?
PRISCILA – Tô sobrando lá na sala. Mamãe já deu um jeito de distrair

bem distraído o homem lá.
FRED – Hm... Bem que a senhorita teve a quem puxar.
PRISCILA – Olha o respeito!
FRED – Rodo mirim!
PRISCILA – Vai te lascar, Fred!

FRED – Vassoura de Candeias!
Priscila pega uma almofada e joga na cara de Fred. Música: Valley

Girl.
CORTA PARA
CENA 25
Tomada do Hospital Samaritano.
CORTA PARA
CENA 26 – HOSPITAL SAMARITANO/SALA DE ESPERA – INT - NOITE
Domi e Lolita estão sentadas em um banquinho, sem o bebê.

Ambas demonstram preocupação. Uma enfermeira chega com o bebê.
LOLITA (levanta) – Então... O que ele tem?
ENFERMEIRA – O que ele tinha. Fome, muita fome!
LOLITA – Era?
ENFERMEIRA – Não sabia?

LOLITA – Não! Quando me entregaram ele, não deram um dicionário de

choro junto.
ENFERMEIRA (entrega ele de volta) – Agora podem ir pra casa.
LOLITA – Ah, tá, brigada.
A enfermeira faz menção de sair.
DOMI – Ei, vem cá!
A enfermeira volta.
DOMI – Será que não rolava uma carona de volta?
ENFERMEIRA – Como?
DOMI – A ambulância pode levar a gente?
ENFERMEIRA – Mas é óbvio que não! As ambulâncias só levam pessoas

doentes, não tem ninguém doente aqui.
Domi e Lolita se entreolham, sérias.
CORTA PARA

CENA 27 – RUA – EXT – NOITE
Domi e Lolita caminham lado a lado. Esta, empurrando o carrinho

do bebê.
DOMI – Eu devia ter fingido que tava passando mal.
LOLITA – Não ia colar. Tu é péssima atriz.
DOMI – E tu é uma péssima mãe!
LOLITA – Mãe não, que eu não tenho filhos.
DOMI – Uma péssima babá, então.
LOLITA – Disso eu já sabia. Mas pelo menos sei cantar algo que parece
canção de ninar em francês embromation.
DOMI – É, isso você sabe. Agora a gente tem que dar um jeito de voltar,
porque a pé não rola...
LOLITA – Ah, a gente encontra um amigo taxista por aí. Ou um amigo

kombeiro... A gente vê aí.
Lolita começa a cantar. Sobe a música Rue de Menilmontant –

Camille. A câmera se afasta até ter um plano geral da rua.
CORTA PARA

CENA 28
Efeito de transição noite/dia.
CORTA PARA
CENA 29 – CASA DE LOLITA/QUARTO DE LOLITA – INT – DIA
Lolita está dormindo em sua cama. Num colchonete no chão, está

Domi. O carrinho do bebê está ao lado do colchonete. Ouve-se, em off,
a campainha tocando.
LOLITA (sonolenta) – Já vai, já vai!
DOMI – Quem é o idiota que tá tocando a essa hora da madrugada?
LOLITA (levanta, tropeçando nas coisas) – Deve ser... Deve ser o pai do
Júnior... Esqueci o nome dele.
Lolita se dirige para a saída do quarto, e tropeça em Domi.
DOMI – Também não precisa me chutar, né?
LOLITA – Foi mal, aí.

Lolita sai.
CORTE RÁPIDO PARA
CENA 30 – CASA DE LOLITA/SALA – INT – DIA
Cristiano está sentado em um dos sofás, esperando. Lolita e Domi

entram, com o carrinho de bebê. Cristiano levanta.
CRISTIANO – Ele se comportou direitinho, né?
LOLITA – Como um bebê. Agora ele é todo seu de novo.
CRISTIANO – Muito obrigado, viu, Lolita? (tira algumas notas do bolso e

entrega) Tá aqui a sua diária.
DOMI – Opa! Agora nós vamos...
LOLITA (dá um beliscão em Domi) – Depois a gente conversa. (t) Valeu,

seu... soldado Cristiano! Quer deixar algum recado?
CRISTIANO – Não... Se eu precisar, procuro os seus serviços de babá de

novo, tá? Até logo.
Cristiano sai com o carrinho de bebê.
LOLITA – Ele achou que ia procurar serviço de quê?

DOMI – Não sei, mas acho que agora tá na hora da gente acertar aqui
os nossos negócios.
LOLITA – Dá um tempo, Dominique! Eu acabei de acordar, tô com fome,

vai pra tua casa e depois a gente acerta, tá bom?
DOMI – Tá certo! Contanto que você não esqueça de pagar...
LOLITA – E você não esqueça do meu desconto...
Domi sai de casa. Lolita vai para a cozinha.
CORTA PARA
CENA 31 – CASA DE DOMI/SALA – INT – DIA
Domi entra e se surpreende com a bagunça em que a sala se

encontra.
DOMI – Minha gente, o que é isso? Passou um furacão aqui, foi?
FRED (entrando, vindo do quarto) – Opa!
DOMI – Fred, você andou trazendo mulher pra cá? Ou tu e a Priscila

andaram fazendo festinha?
FRED – A gente não. (t) Foi tia Neide e o seu Alfredo, sabe?
DOMI – Como?

FRED – Ele veio aqui achando que ia encontrar a Lolita. Se não fosse a
tia Neide se engraçar pra ele, vocês duas tavam ferradas.
DOMI (impressionada) – Nossa.
FRED – Ainda bem que tia Neide tá na menopausa, senão com certeza
viria um baby pra você tomar conta.
DOMI – Eu por quê?
FRED – Porque sim.
DOMI – Deixa esse negócio de cuidar de bebês pra Lolita, que já tem
experiência.
FRED – De um dia.
DOMI – O que já é muita coisa! Muita coisa!
Domi sai. Fred se joga no sofá.
FRED – Digo e repito. Ainda bem que tia Neide tá na menopausa, senão
ela sozinha povoava o mundo!
Fred fica rindo, sozinho. Sobe a música Chris Michaels.
********** FIM DO EPISÓDIO **********


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CENA 01 – CASA DE DOMI/SALA – INT – TARDE

FRED – Ô, Domi, fala mais baixo aí!

NEIDE – Tá, vamos continuar vendo o filme, ok?

DOMI – Sim senhora.

Fred dá prosseguimento ao filme. Domi mete a mão na tigela de

CENA 02 – CASA DE LOLITA/QUARTO DE LOLITA – INT – TARDE

Escrito por Evana Ribeiro – em 21/09/2007 – exibido em 02/11/2007

ALFREDO – Lô, tenho novidades pra você!

LOLITA (levanta) – Quais?

ALFREDO – Arrumei um servicinho pra você.

LOLITA – Servicinho? De que se trata?

ALFREDO – Cuidar de um bebê. É coisa básica... Só dar a mamadeira,

LOLITA – Só isso, né?

ALFREDO – É. Se tiver algum compromisso, desmarque, tá? Já confirmei

LOLITA – Sem me consultar?

ALFREDO – Eu já sabia que você ia topar.

Alfredo sai. Lolita se joga na cama e suspira.

Escrito por Evana Ribeiro – em 21/09/2007 – exibido em 02/11/2007

CENA 03 – CASA DE DOMI/SALA – INT – TARDE

DOMI (levanta do sofá e atende a ligação) – Oi, Lô!

A tela divide-se em duas, mostrando as duas interlocutoras.

LOLITA – Amiga... Dá pra ajudar uma companheira desesperada e sem

DOMI – Qual é o pó?

LOLITA – Alfredo me arrumou um trampo pra noite toda! Noite toda é o

DOMI – Peraí, mas ele não sabe que tu trabalha de noite?

LOLITA – É, mas disse que quando aparecesse coisa melhor ia me

DOMI – E tu disse que não precisava?

LOLITA – Disse, mas e ele escuta?

Escrito por Evana Ribeiro – em 21/09/2007 – exibido em 02/11/2007

DOMI – Calma, irmãzinha. A gente resolve, dá um jeito... Qual é o

LOLITA – Cuidar de um bebê.

DOMI – E de tu, quem cuida?

LOLITA – Como é que eu vou cuidar de um bebê se eu nem sei trocar

LOLITA – Tá. Mas pensa logo!

DOMI – Vem com tuas pressas, vem.

LOLITA – Foi maus...

DOMI – Depois a gente se fala.

Domi desliga e volta para a sala.

DOMI – Ué, e o filme?

FRED – Já acabou, ué.

DOMI – Ah, tá.

FRED – O que a Lolita queria?

DOMI – Tá desesperada, bichinha... Eu vou lá na casa dela pra ver o que

FRED – Eu vou junto.

DOMI – Não, fica aí. Eu sozinha dou conta.

DOMI – É que você é o diretor executivo de vadiagem da central.

FRED – Vocês acham que eu não faço nada?

PRISCILA – Bom, depende. Se for o que eu tô pensando...

PRISCILA (saindo) – Eu já vou, já vou!

FRED – Tia, responde a pergunta aí...

FRED – A que eu fiz, ué.

NEIDE – Qual foi mesmo?

FRED – Deixe para lá...

Fred sai. Neide vai para a cozinha.

CENA 04 – CASA DE LOLITA/QUARTO DE LOLITA – INT – TARDE

DOMI – Então, enquanto eu vinha pra cá, pensei em todas as formas

DOMI – E aí que não tive idéia nenhuma.

LOLITA (desanimada) – Que maravilha...

DOMI – Calma, ainda há tempo!

DOMI – A idéia é essa.

Escrito por Evana Ribeiro – em 21/09/2007 – exibido em 02/11/2007

LOLITA – Mas... Eu sou a sua melhor amiga. Não rola nem um