“É, pois, a tragédia imitação de caráter elevado, completa e de certa extensão, em
linguagem ornamentada e com várias espécies de ornamentos distribuídos pelas diversas partes do drama, imitação que se efetua não por narrativa, mas mediante atores e que, suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação das emoções.” (Poética, cap. VI, §27)
Ao conceituar a tragédia, Aristóteles a coloca ao lado de pintura, escultura,
comédia, epopéia, dança, lírica, música, uma vez que todos esses são artes que imitam as ações humanas por exprimirem paixões, emoções, personalidades etc. No entanto, a mímesis operada na tragédia tem “caráter elevado”, segundo ele, porque transmite aos expectadores maior verossemelhança e, consequentemente, resultados mais expressivos. Isso é possível porque são utilizadas encenações com atores (e não narrações) que contam histórias que não são, necessariamente, verdadeiras, porém verossímeis, uma vez que são possíveis de acontecer - se já não aconteceram, ainda que diferentemente do representado. Há, portanto, na tragédia, um compromisso não com a verdade, mas com a kátharsis, de maneira que o expectador seja tocado e purificado emocionalmente e aprenda, imitando a tragédia, a lidar com as consequencias positivas e negativas das paixões. A tragédia, como arte catártica é, portanto, medicina da alma.
Avaliação pessoal sobre o curso de Filosofia
Acho importantíssimo o estudo de Filosofia na faculdade de Artes Visuais, uma vez
que faz parte da formação artística o estudo e a aquisição de um pensamento crítico, que se daria através da análise de diversos pensadores em diferentes épocas. Acredito que a matéria do professor Mário cumpriu com o objetivo de introduzir tais estudos à turma, já que no início foi nitidamente dificil para alguns lidarem, por exemplo, com diferentes conceitos de verdade até o momento em que perceberam o anacronismo com o qual interpretavam os filósofos – uma vez que tratavam de pensadores antigos, condicionados a diferentes realidades. No entanto, o conteúdo das aulas foi, até certo momento, redundante para os alunos, pois nas aulas de Metodologia da Pesquisa e Introdução à Semiótica trataram dos mesmos temas.