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Tarefa 2

Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das


Bibliotecas Escolares

O Programa Rede de Bibliotecas Escolares ( RBE) iniciou-se em 1996 com a

publicação do relatório “ Lançar a rede de bibliotecas escolares”.


O Modelo de Auto-Avaliação tem como objectivo principal “facultar um instrumento

pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos directivos e aos coordenadores

avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse trabalho no funcionamento global

da escola e nas aprendizagens dos alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que,

por apresentarem resultados menores, requerem maior investimento, determinando,

nalguns casos, uma inflexão das práticas” (Modelo de Auto-Avaliação, 2008).

Para que haja o sucesso da missão da Be que tanto o manifesto da Unesco/FLA como a

declaração da IASL apontam, torna-se necessário uma enorme colaboração entre o

professor bibliotecário e os restantes docentes na identificação dos recursos existentes e

no desenvolvimento de actividades conjuntas que visam o sucesso das aprendizagens do

aluno. Com o aparecimento deste modelo surgem novos contextos e conceitos de

aprendizagem que visam uma maior independência do aluno nas suas aprendizagens, sendo

construtor do seu próprio conhecimento (construtivismo). Por outro lado surgem novas

estratégias baseadas no questionamento e inquirições contínuas, assim como a introdução

das TIC e o aparecimento de novos ambientes de aprendizagem que favorecem o

desenvolvimento de novas literacias e uma aprendizagem contínua ao longo da vida.

As bibliotecas escolares podem estabelecer uma relação entre a qualidade do trabalho da

e com a BE e os resultados obtidos pelos alunos. A missão pedagógica da biblioteca escolar

apresenta entre os seus objectivos o planeamento e a difusão de informação contribuindo

assim para a formação dos indivíduos ao longo de toda a sua vida.

Cabe à Be novos papéis e à escola em geral, principalmente os relacionados com a

necessidade de gerir a mudança procurando evidências que demonstrem o impacto que as

bibliotecas escolares têm nas escolas e quais os factores prioritários ao seu

desenvolvimento. ( Ross Todd, 2008), valoriza a necessidade de provar esse impacto no

contexto da escola, onde desenvolvemos trabalho.


Torna-se muito importante que cada escola conheça o impacto que as actividades realizadas

pela e com a Be vão tendo no processo ensino-aprendizagem dos alunos assim como o grau

de eficácia e de eficiência dos serviços prestados.

O Modelo de Auto-avaliação ao sublinhar as ideias- chave e ao clarificar conceitos que

estiveram na base da sua construção não só aponta as áreas nucleares sobre as quais se

deverá processar o trabalho da Be como ajuda a entender as perspectivas existentes sobre

a sua aplicação.

A auto-avaliação deverá ser entendida como um processo pedagógico e regulador englobado

na gestão que visa uma melhoria contínua da Be. A “ escola deverá encarar este processo

como uma necessidade própria e não como algo que lhe é imposto do exterior, pois de facto

todos irão beneficiar com a análise e reflexão realizadas”, visto que o próprio documento

aponta para uma utilização flexível, com adaptação à realidade de cada escola e de cada BE.

Tendo em conta os diferentes contextos que a BE domina, tornam-se imprescindíveis os

domínios e subdomínios que o Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares introduz

como objectos de avaliação:

Domínio A – Apoio ao Desenvolvimento Curricular

A.1- Articulação curricular da Be com a supervisão pedagógica e as estruturas de

coordenação educativa

A.2- Promoção das literacias da informação, tecnológica e digital

Domínio B – Leitura e literacia

- Promoção para a leitura através de actividades diversificadas

Domínio C – projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade

C.1- Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de enriquecimento curricular

C.2- Projectos e parcerias


´

Domínio D - Gestão da Biblioteca Escolar

D.1- Articulação da BE com a escola/ agrupamento. Acesso e serviços prestados pela BE

D.2- Condições humanas e materiais para a prestação dos serviços


D.3- Gestão da colecção/da informação

A Be para a sua caracterização definiu níveis de desempenho, optando por uma escala de

quatro níveis que caracterizam o seu tipo de desempenho relativamente a cada

domínio/subdomínio. A avaliação realizada vai articular-se com estes níveis de desempenho

em cada domínio/subdomínio, de acordo com a área a ser analisada, (Rede de Bibliotecas

Escolares, 2009) fomentando assim a reflexão construtiva e contribuindo para a procura

da melhoria, apresentando estratégias que possibilitem mais facilmente atingir o nível

seguinte. No entanto existem outros factores tais como os órgãos de gestão e de

administração e o grupo de docentes que também participam neste processo.

Este modelo pretende avaliar os benefícios cedidos aos utilizadores do espaço Be quer ao

nível do espaço quer ao nível dos serviços prestados pela Be, no sentido de obterem novos

conhecimentos e de se confrontarem com novos meios de divulgação de informação que

este modelo proporciona.

Tradicionalmente, aferia-se a Be através da relação entre os inputs( colecção existente,

staff, verba gasta com o funcionamento da biblioteca escolar,…) e os outputs (número de

empréstimos, de visitas, de sessões realizadas pela equipa,…), enquanto que com este novo

modelo de Auto-Avaliação , a avaliação centra-se essencialmente no impacto qualitativo da

biblioteca, ou seja, na aferição das modificações positivas do seu funcionamento quer ao

nível das atitudes, dos valores e do conhecimento dos utilizadores. Neste momento o

fundamental é avaliar permitindo-nos validar o que fazemos, como o fazemos, em que ponto

estamos e até onde podemos ir e principalmente o que fazer para se conseguir atingir o que

pretendemos.

A biblioteca escolar presentemente é usada não só como espaço que proporciona um

conjunto significativo de recursos e de equipamentos mas também como espaço formativo e

de aprendizagem directamente relacionado com a escola e o processo de

ensino/aprendizagem e com a leitura e as diferentes literacias.

Torna-se portanto, importante que a escola defina regras e procedimentos que envolvam

toda a comunidade educativa de forma transversal, uma vez que a difusão da informação

implica a responsabilização daqueles que a produzem, e de todos os que a usam.

Para que esta situação se verifique é necessário uma motivação individual dos membros da

equipa e uma liderança forte do professor coordenador que tem como tarefa primordial

motivar toda a escola para a necessidade de implementar o processo avaliativo.


Como refere (Michael B. Eisenberg with Danielle H. Miller, School Library Journal,

9/1/2002): “As librarians, it's our job to ensure that administrators, teachers, parents,

and decision makers fully comprehend that effective library programs are critical to

boosting student learning and achievement.”

A prática à base de Evidências (“Evidence-Based practice”) em BEs é centrada em ideias

compartilhadas por muitos professores bibliotecários e estão associadas ao seu trabalho

diário traduzindo-se no desenvolvimento de práticas sistemáticas de recolha de evidências.

Este conceito de “Evidence-Based practice” é associado por Ross Todd às práticas das BEs

e à necessidade que têm de fazer a diferença na escola ajudando a provar o seu impacto

nas aprendizagens dos alunos. Valoriza pois, a necessidade de provar esse impacto no

contexto de escola.

A este respeito, (Ross Todd, School Library Journal, 4/1/2008), diz: “The fusion of

learning, information, and technology presents dynamic challenges for teachers, school

librarians, administrators, and students in 21st-century schools. Providing the best

opportunities for children to learn and achieve in today’s educational environment, and

knowing that they’ve done well, is at the heart of quality teaching and learning, and is the

driving force behind evidence-based practice.”

A BE deve basear-se em critérios de qualidade, mostrando que pode fazer a diferença a

nível da construção do conhecimento, da formação integral do indivíduo e mesmo a nível do

sucesso educativo.

Competências do professor bibliotecário e estratégias implicadas na


sua aplicação

Relativamente a esta temática, a Portaria nº 756/2009, de 14 de Julho refere no seu

Artigo 3º que o Conteúdo Funcional do professor Bibliotecário é o seguinte:

a) Assegurar serviço de biblioteca para todos os alunos do agrupamento

Garantir que todos os alunos do agrupamento beneficiem dos serviços de biblioteca de

forma articulada com os currículos. Neste aspecto estou a dar os primeiros passos ou seja,

a fazer o registo de todo o fundo documental que existe nas escolas do 1º ciclo e jardins-

de-infância do agrupamento.
Procurar implementar uma gestão integrada da(s) BE(s) do agrupamento havendo

articulação entre os Professores bibliotecários

b) Promover a articulação das actividades da biblioteca com os objectivos do Projecto

Educativo, do Projecto Curricular de Agrupamento/Escola e dos Projectos Curriculares

de Turma

Elaborar e apresentar ao Director e ao Conselho Pedagógico um Plano de Acção das

bibliotecas de agrupamento coerente com o Projecto Educativo e Curricular, bem como um

Plano Anual de Actividades da (s) BE (s)

Participar em reuniões de planificação com as diferentes estruturas de orientação:

Departamentos Curriculares, Sub-Departamento, Conselho de Directores de Turma,

Conselhos de Turma, Conselhos de Docentes, Conselhos de Ano fazendo a articulação da

utilização dos recursos da BE com o desenvolvimento do currículo.

c) Assegurar a gestão dos recursos humanos afectos à(s) biblioteca(s)

Definir o conteúdo funcional de cada membro da equipa de acordo com o Plano de Acção e

de Actividades da(s) BE(s), assim como dos professores colaboradores e dos assistentes

operacionais.

A nível do 1º ciclo existem professores colaboradores, em free-time com muito boa

vontade e existem 2 assistentes operacionais nas BEs do agrupamento.

Identificar necessidades de formação específica, apresentando propostas de formação a

integrar no plano de formação do agrupamento/escola

d) Garantir a organização do espaço e assegurar a gestão funcional e pedagógica dos

recursos materiais afectos à biblioteca

Organizar os equipamentos da BE e os espaços prevendo a sua utilização em contextos

diversificados mas, sempre de acordo com as orientações do Programa RBE.

Organizar a informação, publicitá-la e disponibilizá-la rentabilizando o apoio aos diferentes

departamentos curriculares, nomeadamente através da plataforma moodle do agrupamento.

e) Definir e operacionalizar uma política de gestão dos recursos de informação,

promovendo a sua integração nas práticas de professores e alunos

Coordenar a política documental de acordo com as normas nacionais e internacionais da

área da documentação. Este aspecto é assegurado pelo SABE da Biblioteca Municipal para

as escolas do 1º ciclo.

Elaborar e executar a Política de Desenvolvimento da Colecção do agrupamento


Colaborar na elaboração e implementação do plano tecnológico do agrupamento/escola, no

âmbito da equipa PTE

Estimular a comunicação entre a BE e os utilizadores no sentido de facilitar a actualização

e adequação dos recursos de informação às suas necessidades, podendo ser feita nos

diferentes momentos em que os professores se juntam em reuniões ou mesmo a nível

informal.

f) Apoiar as actividades curriculares e favorecer o desenvolvimento dos hábitos e

competências de leitura, da literacia da informação e das competências digitais,

trabalhando colaborativamente com todas as estruturas do agrupamento

Trabalhar em colaboração com os professores na elaboração e implementação de projectos

articulados de incentivo à leitura;

Planificar unidades didácticas colaborativamente com os professores para desenvolver

as literacias;

Participar nas actividades a desenvolver pela escola no âmbito do PNL;

Recomendar leituras em diferentes suportes e de diferentes níveis, facilitadoras do

desenvolvimento da competência leitora.

Todos estes aspectos são realizados embora seja humanamente impossível

responder/colaborar com as solicitações de todos os professores.

g) Apoiar actividades livres, extracurriculares e de enriquecimento curricular incluídas

no plano de actividades ou projecto educativo do agrupamento

Promover a utilização voluntária e autónoma da BE como espaço de lazer e livre fruição dos

recursos;

Participar na dinamização de actividades culturais na escola;

Organizar e produzir materiais específicos de apoio às actividades extracurriculares e de

enriquecimento curricular.

A escola funciona em regime duplo e relativamente a estes aspectos, não consegue dar

resposta quer por falta de pessoal quer por motivo de horário dos alunos que após a saída

da escola frequentam ATLs.

h) Estabelecer redes de trabalho cooperativo, desenvolvendo projectos de parceria

com entidades locais

Integrar grupos de trabalho da BM/SABE/ Grupos Concelhios e/ou Interconcelhios;

Desenvolver parcerias com entidades educativas, sociais e culturais do meio local.


i) Implementar processos de avaliação dos serviços e elaborar um relatório anual de

auto-avaliação a remeter ao Gabinete Coordenador da Rede de Bibliotecas Escolares

Implementar o Modelo de Auto-Avaliação da BE;

Deliberar com o Director e apresentar ao Conselho Pedagógico o domínio do modelo de

auto-avaliação que será objecto de avaliação em cada ano lectivo;

Apresentar o relatório anual dos resultados da auto-avaliação ao Director e ao Conselho

Pedagógico e enviá-lo à RBE;

Elaborar /reajustar o Plano de Acção da BE tendo em conta os resultados da auto-

avaliação, integrando as acções de melhoria.

j) Representar a biblioteca escolar no Conselho Pedagógico, nos termos do

Regulamento Interno

Apresentar propostas ao Conselho Pedagógico para integrar a BE nos documentos

orientadores da escola/agrupamentos;

Estabelecer estratégias de articulação entre a BE e os vários Departamentos e/ou outras

estruturas pedagógicas.

Um professor bibliotecário para responder eficazmente ao conteúdo funcional tem de ser

um bom comunicador entre o grupo docente e a instituição, tem de ser observador,

investigativo, saber estabelecer prioridades, saber gerir e avaliar de acordo com a missão

e os objectivos da própria escola, ser promotor dos recursos e dos serviços, tornar-se útil

e saber trabalhar com os colegas e os departamentos, tendo como objectivo primordial

apoiar e contribuir para o enriquecimento do processo ensino/aprendizagem.

Michael B. Eisenberg with Danielle H. Miller refere relativamente aos requisitos de um

professor bibliotecário que “This requires proficiency in the use of information and

information technologies; the ability to provide knowledge, vision, and leadership; and being

able to plan, execute, and evaluate the program regularly and on different levels. This

vision and agenda have a direct impact on student learning and achievement and ensure

that students are effective users of ideas and information.” (School Library Journal,

9/1/2002).

Uma liderança forte associada a uma visão e gestão estratégica são determinantes para o

sucesso do desenrolar do processo de Auto-Avaliação da Be.


Dina Balbino
Professora bibliotecária da EB1/JI Moita nº2

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