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‘tulo original ciety. One-Dimensional Man in Class So- Herbert Marcuse Por ocasifo de um coléqulo, reunido em Korcula, na ‘Jugoslavia, Herbert Marcuse perguntava-se se «a revolugho coneebivel desde © momento em que nfo corresponds a lama necessidade vitals. precisava que esta necessidade “= 0 caso da lute dos Negros amerieanos —enquanto os ‘movimentes dos paises sub-desenvolvidos nio #io de naturesa proletéria, mas indiscutivelmente nactonalista: 0 seu objectivo 6a lhertagio do dominio estrangeiro ee eliminagto do atraso que 6 caracteristieo dessas nagies. O concelto marxiane de revolugio j& mio esta de acordo com as condigdes reals, sustenta Marcuse, visto que o sistema capitalista conseguly, apesar das suas persistentes contradigbes, ccanalizar os anta: gonismes de modo a poder manipulé-los. Tanto no plano material como no ldeologico, as proprias classes que inear- navam antigamente a negaglo do capitalismo vem a Integrare mele cada vez mals» () Bo significado e a amplitude desta (1), ‘Sem davida que © nosso autor admite que uma parte do globo escape ainda hoje & tendéncia do poder e coco social de tipo totalitari, 0 que no entanto nto poderé durar ‘muito tempo, dado que esta tendéncia esta em vias de ganhar as regides do mundo menos desenvolvidas © mesmo pré- “Industrials e criar similitudes entre o desenvolvimento. do ‘comunismo e o do capitalismos (2), Na verdade, «a trans formagio politica néo pode por si 26 tornar-se uma trans- formagio social e qualitative sendo na medida em que pode vir a desenvelver uma nova tecnologia» (). () Bid. (Poi ©) ay pm. 0) 1a p. 26 ©) a, p. 2. ce) ta, p21 0 ra, p. 260, ente delas propriea © dos seus seahorets (1), Gresseear Goodies eatabtctas, sg an Sates enc ls 6 gw prema ne Casa cooaloes:exorge ques sisi Xaidimensina pie to home unidmtnaed, ee Pete reeusa que opbe As concen, aparnt fueepivls de mudarom, deste nove chambre neat? 23 Posto dee apreseata como a ar da eeanrio eae orn 0 seu negativsmo tame etn aot eee Imes ao as tendniay gue des an ou a0 se reallzaasom de todo diene 1a, p. 308 0) ay p. i, 184 o trabalho e do capital, com vista ao maior bem-estar de todos, Marcuse distinguese de semelhantes dos esforgos reformistas. Assim, ¢ de ‘opinléo que 0 mundo esta mum estado desesperado e miser4- ‘Vel, precleamente porque allo houve revolugto proletéria (€ ‘do leva a crer que a nfo haverd), nio se tendo o marae rmostrado & altura do um capitalismo do elasticidade compro- vada, © susceptivel nfo 86 de superar as virtualidades revo- Iwelondrias da classe operdria, mat ainda de as utlizar em seu proveito. Dada a presente altuagio dos paises capitalistar avan- gados, a histria parece dar malt razio ao revisfonlamo ‘maraistas do que a0 marcismo revoluctonério, Rate altimo fol 0 produto de um pertodo de desenvolvimento em que & facumulagio do capital significava, na verdade, a crescente ‘lséria para a populagto trabalhadora, No entanto, noe inicloe deste véculo, pode-se perceber claramente que havia diver- ‘éncis entre 0 prognéstico marxiane, quanto aos seus aspec- fos fundamentals, ¢ 0 curso real do desenvolvimento; o capi tallsmo de modo algum implicava a pauperizagio continua doa operdrios, e of préprios trabalhadores, em vez de atin- girem um grau mals elevado de conseitncia de classe, virlam f sentirse cada dia mais satiseitos com a melhoria regular de sua situacio, A guerra de 1914 revelou que a classe ope- riria debeara de ger uma forga revoluctondria. ‘As misérias da guerra e da depressto prolongada a que eu origem despertaram, por pouco que fosee, a vontade de ‘oposigéo da classe operéria; 0 espectro da revolugio social vvoltou & assustar o mundo. Ora, 0 capltalismo mostrou-se capaz, uma ver mais, de canalizar as energiag assim colo- fadas em movimento ¢ de as monopolizar para fin que 26 & ele diziam respeito. A segunda guerra mundial e as suas repercusstes a todes os nivels provoearam, quer n0 plano da acgio prétice, quer no da Ideologta, um eclipee quaze total do soelalismo proletArio, De nada serviria contester um facto to evidente. Mas é também evldente que o sistema, capltalista 6 obrigado a melhorar constantemente condigto ia classe trabalhadora; doutro modo, no deixar de surgit luma oposigdo eficaz. caso nfo o contiga de um modo continuo, sua actual poderia esfumar-se de novo. © que allée 36 aconteceu aquando de certas erlaes prolon- gadas. Para fustificar 0 seu pessimismo, Marcuse afirma que o capitallamo recuperou a faculdade de resolver ot problemas 185 feconémices por melos politicos. Segundo ele, o regime do , com 0 seu cortojo de crises ciclicas, cedeu 0 lugar a cuma’economia de luero dirigida pelo Estado e pelos ‘grandes monopélios, a um capitalismo organtzade> (#), Tgual ‘mente considera como coisa estabelecida que o sistema esse gura o crescimento regular da produgio © da produtivdade, ‘Eragas especlalmente & automatizacto, e pode, por isso, com finuar a garantir um nivel de vida elevado aqueles 8 quem 46 trabalho. No imediato, como no mediato, existe —penea Mareuse—uma cabundincias que, tendo como orlgem uma, se tornava realidade e transformava os meca lames do mercado, mals o sistema capitalista se afundava fo eaos ¢ ma destruicio. Ax relagdes de propriedade capitas sta barram o caminho a uma verdadeita organizagio social a. produgio; foi sb onde estas relagdes foram destruldas, na Rassla por exemplo, que se mostrou ser possivel organizar contralmente a produgio, pelo menos até um certo ponto, ‘mantendose antagénico o sistema de distribulgio. No entanto, finda neste caso, o cardcter da economia mantém-se igual. mente determinado pela concorréncia internacional e, nesta ‘medida, este tipo de capaz, por sl 36, mesmo na falta de qualquer «cocxistnclas, de clovar a produtividade do trabalho, tum outro aspecto deve flear bem flaro, a saber: a dintmiea da produgdo do capital nfo se ‘entities com 0 progresso toenclégico. Na verdade, nfo so f produtividade ea produgdo como tais que fazem avancar 0 ‘capitaliamo, mas a produglo de lueros, enquanto condigho prévia para a acumulagto do capital. Assim, a balxa de produeo em tempo de crise provém nfo de wma incapacidade material para @ produzir, mas de uma incapacidade para produzir luero, a superahundazcla de mercadorias que forna manifesta a diferenga entre produgio tout court © ‘rodugio capitalists. O que determina o estado da economia (Le Soclalisme dans ta Société Industrielle, too att, p. MT. Tia. a OO eepltalista nfo € portanto a aptidio técnica para crlar —real ou virtual--de ‘modo algum implica uma abundancia efectiva, adequada & cobertura das necessidades soclais de. hoje. inegdvel que na epoca moderna os saldtice reals umentaram, mas apenas no contexto da expansto do capital, que supte que a relagio entre os salérios « 06 lusre eo ‘mantém em gers! constants. A produtividade ‘do. trabelne deveria entdo elevarse com rapider sufielente a fim de per ‘mitir simulteneamente a acumlagho de eapital vo aumento o nivel de vida opersrio, Mas durante as fases de depresste ‘havia mudancas passageiras nesta tendéacia. Quando acumlasdo sofria um tempo de pausa, os nivels de vida ou Dalxavam ou mantinham-se idénticos ace anteriores & emer, sncia do capitalism, Segundo Marx (e presumese aqul que 2 Jeitr conhees «sua teorla do desenvolvimento do nape, smo), « acumulagéo conduz necessariamente a uma baise do wero em relagéo & massa cada vex malor do eapital e ceeiny, 4 crises auficientemente profundas para desencadear convul ‘6ea sociais, ou mesmo a subversio do sistema no seu con: Junto, Mas a clei geral da acumulagdo eapitalistan, tal eons ‘Marx a elaborou a partir de consideragsea totalmente sie, factas sobre a estrutura e dintimica do sistema, nto fies Precisamente neahum dia, tarde ou cedo—e mals provaver, mente mesmo: multo tarde—para que as contradighes ine- Fentes @ acumulsgfo do capital atinjam um limias eritcn Concretaments, para atenuar os obstéculos encontrados ela valorizago do capital, sdo postos em pratien todos os ¢ aecessdrio que o aumento assegure a formagho do. capital © 9 faca a um ritmo acelerado. Em tempo de guerra ¢ fell Yerom-se enormes gumentos de produgdo mes que aio acom. Pashados por uma taxa de formagio de capital encessina, Mente batts. O sobretrabalho, em vez de ser transformede fom capital sob a forma de melos de produgso adlelonens & Seradores de lucro, € delapidado na. produgto de gues serve para destruir 0 capital Jé acumulado De mesmo mode, em tempo de «paz», a produgio pode fsumentar epesar de uma taxa de formagto Go carital on estagnagiio, ou mesmo em baixa, gragas aos efeitos compen smdores da producto induzida’ pelo Estado (govermment- induced production), © desenvolvimento do sistema de «eco- ‘omia mista> & a prova de que o capitaliamo se encontraria fm depressio, nio fosse a expansdo do sector sob controle estatal, Mare previu, ¢ sabido, 0 declinio © o fim do capita: lUsmo liberal. Manifestamente, a evolugio real do alstema nfo eamentiu ainda esta previsdo. EZ Marcuse, também ele, diz © redlz que © temos 0 inneiro, ou «fixas, © consta entéo de melos de produgto © de matérlasprimas. © diahelro emprestado uo Bstado poe fem acco recursos produtivos. Hstes recurtos slo propriedade privada; para funcionarem como oapital devem ser reprodu- ldos e slargados. A amortizagho das instalagées « of lucros etirados da produgio ligeda a contratos pamiados pelo Estado —e que no ¢ reallaivel sobre 0 mercado —sio «rea. zados» graces ao dinheiro emprestado a este citimo. Este ‘innelro permanece propriedade privada e & emprestado a uma certa taxa de juro. Assim, a divida piblice sobrecar- regucse regularmente com os cutter da produgéo induzida pelo Rstado, A-fim de pagar as suas divides, captal e juros, o Bstado obrigado a recorrer ao imposto ou ao langamento de um ovo empréstimo. O custo da produgio ligada as encomendas estatals fica portanto a cargo do capital privado, ainda que cesta despesa se encontre repartida pelo conjunto da sociedade © 8 um longo prazo. Ou seja: os produtos que o Estado ‘compra mio sio verdadeiramente comprados mas fornecidos ratultamente, na medida em que este nada posal para dar fem troca, salvo a sua gerantia gue, por sua vez, nfo tem foutra base além dos impostos que compete ao Estado aplicar © A inflacto monetaria que ele pode permitir. Toatil entrar ‘aqui em detathes complexoe deste processo. Na verdade, seja ‘qual for o modo pelo qual o volume do crédito ae eleva, inde~ ‘endentemente do método ultlizado para aumentar a produgio fnduzida pelo Estado, uma coisa & clara: o dnico melo de 0 Estado eumprir os prazos da Divida e dos seus juros € atrar vér da restrigio do rendimento actual © futuro segregado pelo sector privado Se ndo € chusada pela guerra, a intervengio do Bstado encontra a sua rs2d0 de ser no defeltuoso funcionamento da produsio privada. Esta Oltima nfo produz suficiente Iucro para finanelar a aua propria expansio, condicio no entanto fundamental para o pleno emprego dos seus recursos produ fivos. Apenas uma producio nfo rentavel pode desenvolver ‘4 rentabllidade global; se o capital produzir sem preocupacto de rentabiidade, nfo’ funciona como capital. Alnda que a8 suas capacidades produtivas eejam postas em prétioa gragas ' contratos passados pelo Rstado, of «lucros> desse modo Tealizados ¢ o «capital acumulad> neste procesto nfo passam {de dados contabilistices referentes & aivida pabiica, e n&o Imeios de produgéo efectivos © geradores de lucro.”E isto mesmo quando aumento do aparelho material de producto facompanha o aumento da producto. Quando a producto Induaida pelo Estado aumenta relativamente mais depress aque © confunto da producto social, h& uma baixa propor- Clonal da formagdo de capital privado, baixa que dissimula © crescimento da profugio efectuada por conta do B:tado, @ portanto of elucros» tomam a forma de créditos sobre este Na medida em que a producto estatal 6 em si mesma lum indice da baixa da taxa de formagio do capital (no sentido tradicional), esta excluléa a hipétese de poder servir {do veieulo a uma expansio do capital privado cufleientemente lampla para garantir o pleno emprogo e a prosperidade geral. Em ver disso, cla trava a expansdo, dado que as exigénclas do governo em matéria econémica, do mesmo modo que 0 fervigo da divida pablica, desviam’ do caminho da capitall- zagio a titulo privado uma parte erescente dos Iueros que facabam de ser realizados. B claro que se o governo resolvesse repudiar ax suas ‘ividas, of elucros» reallzades sob a sua accto revelar-se-lam © que na realidade fo: Iucros imaginérics. Embora esta medida se venha a tomar um dia inevitével, of governoa tudo fario para a retardarem tanto mals quanto o repddio dda Divida nfo poders, por si s6, accionar a aeumulagso prt vada do capital, Entretanto, aaeistimos, é evidente, a uma epressdo lenta mas regular dos rendimentos e titulos de empréatimos por causa da inflagto — consoquencia obrigate- ig do degenvolvimento da producto Induzida pelo Estado através do um finanelamento baceado no défilt orgamental a 101 Apesar da prosperidede bastante relative que os patses Industriais avangados conhecem hé J4 um longo period, nada permite aflrmar que a produgio de capital conseguit ultrapassar, gragas as intervengdes do Estado na economia, fas contradigbes que lhe aio inerentes, Estas intervengdes ‘denotam a persistencia de uma crise da produgéo © & expansio do sector sob controle estatal constitul um indice seguro do declinlo da economia de empresa privada, Para Or um termo a este declinio, necessério seria néo 26 travar ‘8 enorme expanslo da produgso provocada pelo Estado, ma ‘também restourar a faculdade de desenvolvimento espontaneo ue durante algum tempo caracterizou a producto de capital; ‘2 curto prazo iso significaria inverter totalmente a tendéneia, eral do desenvolvimento capitalista do eée, XK. E como isto & deveras improvavel, 0 Estado verse-4 constrangido ‘2 invadir cada vez mais o sector privado ¢ fazerse aasim © agente da liquidacio da economia de mereado, Mas, em todos os casos em que o Estado represente o capital privado, fle nfo desempenhara esta tarefa sam dificuldade e tera que fafrontar a oposigio cada ver mais aguerrida do capital privado. Estas tergwersagies inevitivels correm 0 grande isco de provocarem uma. passagem brutal da prosperidade aparente & crise economics. B claro que Marcuse nfo contesta a existéncia de cum confito entre sector pabtico e sector privado», Porém, est Jonge de pensar que eesse confito seja explosive ao ponto de vir a provocar a queda do capitalismos, especialmente, aftrma, porque tais conflitas enfo slo coisas novas na. his. térla do sistemas (8) B evidente que sempre existin uma oposigfo A dom! nagto do Estado. A \deotogia do slaiseer-faires € um exemplo disso, No entanto, © actual confite objectivo entre 0 Estado © 08 Interesses privados reveste um caréeter totalmente aife- rente, devido ao cre:cimento relativamente mais répido que {8 produgho sob controle estatal conhece no quadro da expat ‘lo geral do capital. Bsa moditieagao quantitativa anuncia Juma transformacdo qualitativa, powco desefada sem ddvida, ‘mas inelutével, O capital privado 6 obrigado a opor-sene com a mesma resolugéo com que se decide « lutar contra © soclalismo na medida em que, a partir do momento em que © etado gerir a economia como. senhor abschito, ‘empresa privada teré ov diag contados, ls a raz4o (ap gle Socialisme dans la Soclsts Industrielies, to, ott, p. 188, 2 porque 0 capitalismo cliberals combate os sistemas caph- talistas de Estado com tanta intensidade como se tratasse de regimes socialisias, Segundo o seu ponto de vista, o dos interesies préticos, uns nflo valem mais do ‘que 0s outros, independentemente mesmo da distancia que separa o sistema capitalise de Estado (ou socialismo de Estado) organlzado & escala naclonal da eideia original do socialism. ‘A opotigio objeetiva entre a producto privada © a que ‘ee encontra sob a proteccio do Estado € ainda alfusa; ela ‘aparece como coopersgio subjectiva entre as Instincias pri- vvadas e piblicas no selo de uma economia regida em prin- Ciplo pelo mercado. E se, no entanto, esta (3). No entanto, desviase esta posigio ao aflrmar que (2). Ou se, Marcuse acredita que o capitalismo pode aimultanea- ‘mente continuar a engendrar forgas socials de produgio « salvaguardar a sua estruture de classe, O que significa dizer que nfo 6 0 cardcter de classe do capitalismo que bloquela (8 progressoa da tecnologia mas, pelo contrarlo, 6 esta altima (que assegura a sobrevivéncia do sistema. <0 progresso técnico, a propria teenologis, firma o ‘nosso autor, transformaram-se num novo sistema de dominio fe exploragio> (#), que j& no encontra oposicto © gvza da fadesio activa, ow passiva, de todas at classes soca, Mas tobe esto ponto Marcuse nto sabe muito bem onde se encon tra, E chega « afirmar: «Eu ndo diaee ser a thentca o factor eterminante da situngio» (#) ea expllcar-ee nestes termos: (2) LHomme Unidimensionnel, op. eit, p- 196. () 1a, p. 181. (1) Le Soclalisme dans tos pays industrels, toe. cit, p18, ) Id, toe. olt, p. 188, ns 2 18 <0 progresso téenico # a tecnologia extn organtaados de um ‘modo especitica e € este mesmo modo de organizagio da ‘eniea que, em grande medida, assegura a coesio do sistema fexistente mos palses altamente desenvolvidoss (3), Segundo & opinio de Marcuse, a actual tecnologia & specifica do eapitalitmo, sem que no entanto venha em nada impedir 0 seu progresso, Pelo contrério, torna-se uma falda para a ordem estabelecida © 6 portanto o obstéculo mais importante para a sua aboliglo. Ygualmente para Mare, eidncia ¢ tecnologia estio ligadas ao capitalismo, mas apenas xno sentido em que a sua crientacto ¢ desenvolvimento sio Aeterminados limitados pelas relagies de producto capita: Histas, Se estas relagdes forem eliminadas, a cidncia e a tec- nologia seguirko um rumo diferente e desenvolverse-to sem ‘bstéculos, em fungéo dar declabes consclentes e racionals do hhomem integralmente socializado, Para Marx, nem a cléncia nem & tecnologia constituem um sistema de dominacio; & (0 dominio do capital sobre o trabalho que faz da ciéncia e {4s teenologia— como de tudo alist —um tnstrumento 20 seervigo da exploragia do poder de classe. Para Marcu pelo contrarla, 4 nflo é 0 eapltalismo que determina o estado a natureaa da tecnologia, mas antes a tecnologia que deter- mina o estado ea aatureza do capitalismo. eMare, oré poder aftemar Marcuse, nfo previu « socle- dade teenologica desenvolvida, Ele néo previa tudo o que 0 ‘eapitalimo (...) péde realizar explorando slmpleemente of progress de t6eniea> (2). E, no entanto, o préprio Marcuse © reconhece, tudo quanto o capitalitme poder& vir a realizar reste plano € subistir, mantendo o progresso teenol6gico nos limites da dominag#o de classe. Mas pelo facto de festa tecnologia gozar do apoio, grosso modo, de todas as feamadas do corpo soclal, a quem serve pera satisfazor necessidades materials, pode assim assogurar © seu dominio sobre a soctedade de classe eo seu erescimento no selo desta Afirmar que «Marx nio prevlu a aocledade tecnoldgica esenvolvida» flo € de modo slgum justifiedvel quando se tbe que Marx pensava na caboligéo do trabelho> gragas a0 desenvolvimento das forgis socials de produglo, que englobam a cléncia ¢ a tecnologia. O que é verdede 6 que Marx nfo pensava que se pudetse ir téo longe nesta via (Do, (2) che Sociallsme dans tes pays industries», toc. cit p.15t, 165 dentro dum contento capitalista, o que 6 mais uma razto para exigir « sua destrulgto, ‘A utéplea saboligho do trabalho» aupte a abelicio do capltaliamo ou de toda a forma de exploracdo que the possa smuceder, Este objective, que ado & de esperar para hoje, 36 tem a utilldade de apontar o sentido geral que o desenvolvi- mento social deve seguir para que o tempo de trabalho recessério diminua ¢ eeda lugar ao tempo livre (). "A. eaboligio do trabalho> € nfo s6 um objective inaces- sivel mas” além disso Snumano, na medida em que fol 0 proprio trabalho que dliferenciow o homem do animal e eriou (© género mano, Falar de eabolicio do trabalho» nfo tem ‘sentido aalvo se com isso se quiser exprimir o fim do trabalho recessirio, do trabalho forgade. O tempo livre pode Igual- mente ser um «tempo de trabalhor, mas de um trabalho ‘que se escolheu com vista a obter toda a espécle do fins fsejam eles de ordem social ou individual. O que, no entanto, tem por condicio Imprescindivel a redugdo do tempo de trabalho necessérlo para reproduzir a vida soclal e portanto f elevagto da produtividade do trabalho, « partir das aplica- ‘ges da cltncia € da tecnologia, 'Na época de Marx concebia-se 0 soclalismo como o fim ‘da exploragio, Uma ver as forgas socials de producto Uber- tas dos pesados obsticulos capitalists, um tempo. méximo livre serla astegurado, Hira 0 proprio socialiemo que pressu- punha a revolugso socalista. Porém, Marcuse juga oportuno por em questio a validade do conctlto (marxlano) segundo ‘9 qual ¢0 reino do trabalho deve permanecer 0 reino da nevessldade, enguanto 0 reino da liberdade 26 ce pode dese ‘volver acima e para 16 do primeiros. Porque, afitma, co fim {do trabalho necessério esta A vista, nfo. como uma utop mas sim como uma possiilidade multo reals (®). B claro que Marcuse tem o euldado de proferir os seus progné:ticor sob forma de Interrogagdes. Por Isao per- unta: . Este dltimo tende deseavelver-se ‘a focldade indurtrial evancada, mas ndo ¢ livre can medida em que 6 condiclonado ‘polos ‘negéclos e pela palticas ate pelos ‘egécloe e pela pol (2). ‘tLe Socialisme dans les pays industriels, toc. cit, 188, 106 livre” nfo estefa Jonge de oeupar todo o tempots (*). Sim- ples pergunta, sem divida, mas que colocada pressupte 36 ' possillidade de se vir & assstir & realizagio de um tal fatado de coisas, No extanto, quando analisadas no contexto {40 capitalism, todas estas questBes aparccem nitidamente frradas, A revolugio téeplea necesséria para eliminar o tempo fe trabalho em favor do tempo «livres 6 Incompativel com © sistema capitalise. © capital nfo passa de sobretrabalho cristalizado 30b f forma de maisvalia. # do trabalho vivo que se alimente © € gragas a este que se realiza, Na medida em que 0 ‘desenvolvimento teenolégica 6 fungéo da valorizagio do capl- tal, o capital acumulado ¢ a materializagio do trabalho nfo pago. Redusir o tempo de trabalho (sem mesmo falar em o fbolir) 6 portanto redurir também o tempo de trabalho no ago ¢, comsequentemente, a formagio de capital. claro ‘que o tempo de trabalho nfo pago pode aumentar & custe do trabalho pago, mesmo no caso de diminulgéo do tempo fe trabalho total, gracas & elevagio da produtividade do trabalho no cantexto da expansio do capital. Como 6 preciso ‘uma menor roma do tempo de trabelho para obter o equi velente em mereadorias do rendimento do trabalhador, uma Imaior parte do tempo de trebaltto pode tomar a forma de produtos agambarcados pelos. capitalistas ‘Mas @ continua redigio do tempo de trabalho pode também provocar finalmente @ redugto do trabalho nfo ago; eestando a pattir de entio o procesto de erescimento do capital devido ‘ao desenvolvimento da produtividade do trabalho, Sem trabalho nfo hé sobretrabalho e consequen temente capital Por mais elevado que seja 0 nlvel da automatizagio & ‘ equipamento em computadores, jamais os meios de producto trabalhario sozinhos © to pouco #e reproduzirfo. Mesmo za hipétese, das mais ousadas, de os préprios proprietdrios ‘ecapitalistas se comprometerem na produgdo, imediatamente delzariam de ser capitalists, isto 6, de comprarem forga de tabelho com vista A sua exploragio. Supondo, o que & mais rovavel, que continuamente se conseguiria reduzir o nimero fe trabalhadores produtivos, o tempo de trabalho nfo pago feria. reduzido em relagio & massa do capital acumulado. Neste caso, 0 desenvolvimento do processo de formagio do capital tornar-ee-ia cada vez mals difiel, aa medida em que 2) Tei ‘este mio passa de tempo de trabalho no pago, transformado fem melos de produgio adiclonais e geradores de lucro. ‘As relagOes capital-trabalho ao relagies de valor. © que significa que os meios de producso nfo slo apenas melos de pprodugio mas igualmente valores-capital € que a forge de trabalho no a6 6 forga de trabalho mas também a origem do valor ede maie-valia, Para se realizar, 0 processo de producio capitalista exige a existéncia de uma relagio bem @eterminada entre a mals-valie eo valor do capital; a ‘rrandeza do capital tem que ser tal que permita reprodu ‘clo slargada da maie-valia, Como as relacées de valor apenas ‘fo relazdes de tempos de trabalho, deveria ser evidente (aos flhos de um marxiste, pelo menos) que uma reducio do tempo de tratatho, susceptivel de perturbar a relagio neces- aria entre a mas-valia © o capltal, nfo 6 compativel com © capitalismo © fer& como con*equéncia interromper 0 pro eesso, ou mesmo por-the um termo. v Este tipo de raclocinio 6 sem davida de um nivel de abatrecsio elevado, Mas #6 assim é possivel tomar claras as relagies aociale fundamentals, dssimuladss pelas categorins teonémicas apitalistas, Estas re'agdes, embora fixem 06 mites da. produgso do capital, nfo afectam o comport mento dot capitalistas, H, consequentemente, se a reducio o tempo de trabalho-social acaba por prejudicar a produéo e capital, a dos custos salariais permanece um imperativo ‘40 qual nenhuma empress individual ou monopolista poderd deixar de se submeter. Na verdade, a rentablidade de uma empresa aumenta na medida em que conseguir a contraccio dos seus custos salarials, Bis a azo por que, no contexto do proces:o de formagio do capital, ¢ impossive! por termo A substituigho do trabalho pelo capital, mesmo que ela sabote as proprias bases da socledade capitalist. (© fundamento do progresso social 6 produsir 6 méximo com um minimo de trabalho, regra de que o capitalismo nfo & excepcto, A tecnologia subetitulee cada vez mai 0 trabalho umano; ov sea, a produgo aumenta gragas 20 creseimento da produtividade. Maa no caso de uma elevada taxa de formacio do capital, pode verse um aumento do émero absoluto de trabalhadores acompanhar uma. diminul- ‘elo desse mesmo némera em relagio & massa acrescida do capital, S65 em cato de estagnagio relative do capital & que 1 progresto tecnolégico conduz a uma dlminuigo em termos bsolutes do ndmero de trabalhadores. ‘A elevagio da produtividade nfo tem apenas como con- sequéneia 0 facto de o mimero de trabalhadores se reduzit fm relacto & massa do capital, em expansio, mas ainda de ‘© tempo de trabalho diminuir do mesmo modo, Na ver- Gade, 05 progreasos realizados em matéria de técnicas do trabalho e rendimento das méquinas permitem actualmente produrit mais em menor tempo. A redugio do perlodo de frabalho nfo passa de uma expresso para designer a alta dos salérios reais, importa aos capitalistas quer pela Tuta operdria quer pela raclonalidade caracteristca dos métodos 4e produgio modernos Continuando a allmentar.se de trabalho ¢ a transformer ‘4 maloria da populacio em trabathadores asssalariados, 0 ‘capltalismo apresenta como efeito a constante diminuleso do ‘mimero de trabalhadores e do seu tempo de trabalho, em relagio A massa de produtos que estio aptos a produzi. Por um lado 0 capitalism aspira a um méximo de ms -valia, por outro é-lhe necessGrio produsir um méximo de mereadorias com wm minimo de trabalho. O ideal» seria, € claro, a extracgGo de um méxlmo de sobretrabalho do maior mimero possivel de opersrios. Porém, este «ideals festa em eontrdicho com as realidades da produslo de capital do processo de circulagio a que dé origem. ‘As unidades de capital particulares que produzem para © mercado realizam os seus lucros pela venda de mereadorias, Submetidas & presako da concorréncla, pretendem constante- mente reduair 0° seus custos de produgto, 0 que para cada uma delas significa principalmente of custos salarias. Apenas as Inovacées teenolbgleas, que permitem a uma soma de tra balho idantiea ou mesmo menor a produgio de uma malor quantidade de mercadorias, actuam em sentido contrario ‘Aquela presto, © processo retlecte-se numa alteragto da relagho capitabtrabalho, dado que tum niimero relativamente menor de trabalhadores poe em movimento uma maior quantidade de capital, sob a forma de meios de producto Se concebermos este fenémeno em termos de valores abstractoe verifiea-e que 0 capital Investide nos melos de Drodugia aumenta mais rapidamente que o investido na forea de trabalho: he balxa da taxa de lucro medida em relacio ‘ao capital total. Mas os cepltalistas ado sentem @ necessdade de se preocuparem com isto (e ne verdade no se preocupam) visto que, se chegarem a vender a produgo scresclda a recos competitives, realizam por ease meios os Iueros que hhabitualmente retiram do capital. Gracas ao progresso tecno- 16gico, a maior produgéo do trabalho posto er. movimento faz mais do que compentar a relativa diminuigéo da. soma e trabalho e 0 procesio de aeumuiagio pode prosseguir No entanto, nada permite supor que um aumento da produgio possa’alargar automaticamente o mercado, nem que a elevacto da produtividade atenue mecanicamente os efeitos da baixa tendencial de rentabilidade. Pode acontecer ‘que as diversas etapas do processo nfo cheguem a engrenar de molde & originarem uma expanséo continua e, portanto, fa elevagio da produtividade nao sera suficiente para neutra- zar a tendéncia da taxa de tucro para a baixa, em conse: 4qutncia de transformagdes estruturals do capitaliame, Os Iueros realizados no plano da produgie podem nio 0 ser no do mereado; uma multidao de outros obstéculos pode vir ‘© atrasar ou Interromper o provesso de formagio do capital Desde sempre, o desenvolvimento do capitalismo tem sido ‘marcado por’ depressdes de uma gravidade © duraclo crescentes, Segundo os capitalists, as dificuldades de ordem eco- ‘agmica esto ligadas a problemas de mercado, a uma austa- cla de procura efectiva que provoca uma redugto da produgio © do emprego, Contudo, nada como estas difculdades con- duzem to depressa & expansio. A estagnagio, ou a depressio, dando o golpe de miserlcérdia a multas empresas, melhora f rentabilidade das que sobreviver, devido ao facto de dis- orem entio de mercados mais vastos, Mais concentrado, o capital vé a partir daf abrir-sethe uma estera de actividades ‘mais ampla, Ble ir defender e consolidar esta conquista através da compressio dos custos salarials, em razio dos Investimentos na tecnologia de vanguarda. Todas as empresas ‘fo obrigadas, plor ou melhor, a agirem desta forma e uma, ova vaga de investimentos, modificando a relacéo Iuero ssalétlo, lanca de novo a produgfo, Os problemas do capita: smo, postos em evidéncia pelo mercado, encontram uma primera solugfo na esfera da produgto, mesmo quando € DFeciso esperar, para se chegar a uma solugto completa, que fs relagdes do mercado sejam por sua ver afectadas, Esta breve explleagio nfo tem em conta a complexidade 4o lelo industrial. No caso presente basta-nos indiear que se trata fundamentalmente de etlar Inero, © desenvolvimento, 7 ‘que se segue a cada fase depresiva aumnta a produsto em roporstes bastante superiores as anteriormente existentes No inicio da depressdo, o desaparecimento dos factores expan- slonistas provocava a depressiio da conjuntura até um onto que provoca a saturagio do mercado, a ausénsia do poder de compra ou da procura efectiva. Desde que uma transformacto nas condicées de producto, de molde a aumnen tar a rentabilidade do capital, vem por em funcionamento 0 proceso de expansfo daquels, & 0 préprio aumento de prod- ‘elo que erla o poder de compen através do dito processo. Na ‘verdade, as condigdes que em geral se estimam necessSrias & prosperidade sio as da expansio continua do capital. So estas ‘condigdes nio forem reunidas advim entio a depres:do, No passade, a dopressto era a primeira condiclo paras pros peridade, levando invarlavelmente esta a uma nova quebra Deste modo, 0 proprio capital deu lugar ao ccapitalismo organlzado», como Ihe chama Marcuse, e pode bem acontecer que a dinimtca do capltalismo de cvelho estilo», dando ocasido a crises cada vez mais devastadoras, tenha perdido a ava cfiefcla na era do capltatlsmo novo estilo», caracterlzado por tragos monopolis- tas ¢ intervengSes massivas do Estado no selo da economia, Estas dltimat j@ foram aqui tratades, Quanto ao capital monopelista cle apenas intervém como corganizador em funcko dos interestes particulanes que lhe so préprios no contexto da concorréncia; produto inevitavel do desenvolv!- ‘mento capitalista, ele revela-se, apesar diato, wm factor de desagregagdo, © nto de integracto, deste processo. ‘© monopéllo mio exlate sem’ a concorréncla, Néo & ‘mesmo sendo uma forma de concorréncls, Batre 0 sistema ‘monopolista, ot! sea, o sistema dos precos administrados, dos precos de monopélie, e a situagio global do mercado, exitem lames bem estreites. Quanto malor for 0 prego de mono- Polio, menor ser @ procura para os produtos oferecidos ” Aquete prego, na medida em que a procura do mercado se fencontra limitada pelo rendimento social total. Bo que € ‘ais importante, @ parte csobre-pagts, que o prego de moe opstio compreende, nfo pode ser usada em. mercadoria sujeltes a concorrénela. Na verdade, natn mundo regido por esta, & procura vir a diminutr proporcionalmente. Sendo. a sgrandeza da procura global determinada pela do rendimento Social total, os pregos de monopéiio fazem descer om outros recos absixo do nivel que teriain em condigécs de mals perfelta concorréncla. Assisteo assim a uma stransteréacias de receitas, dirigindo-se dos sectores econdmicos onde a concorréncia é mais viva para aqueles onde 0 € menos, mas sem que no entanto se realize qualquer integragho da org nizagGo social da producto, ‘Além disso, a5 ctransferénciass em questo nio afectam forgosamente a grandeza absoluta dos rendimentos que os par tievlares extraem dos seus negéeios, pelo menos enquanto © rendimento social estiver em expanaio, ao ritmo do mercado, B apenas com a estagnacio do capital que a monopolizagio, que em parte 6 em si mesma uma manifestacéo de estagna: Ho, resultard de uma progressiva eliminagio das empresas Tegidas pela concorréncia. Este procesto ter por conclusto @ monopolizacdo completa da economia, que gn ‘learé simultaneamente o tim da economia capitalist de mercado, vw A estabitizagdo, a organisagdo @ a integragéo 60 capt falisme de que fala Marcuse aio de um tipo particular. Em 1864, por ocastio de uma conferéacia na «Sociedade Alema e Boclologian, Marcuse tentou descrever «como, na eflciéncia 4a sua raxto, o capitalism, ao aleangar a maturidade, trans. forma a exterminagéo planificada de milhBes de seres hums. nos es aptopriagéo planiticada do sei trabetho em fonte de uma prosperidade cada vez malor © de uma vida cada vez mais fécil; a pura loucura tomase a base nfo. 86. da continuagéo de vids, mas também de uma existEacia, mais agradavel (..). Quando ainda persiste uma misérie inate dita ¢ uma etucliade sistematiea, a “socledade de abune aneia” esbanja um potencial extreondingio de expactdades m ‘denicas, materia ¢ inteloctuais ¢ dlasipa-o numa mobilizagso permanente» (8). Mas serla inconcebivel que as vitimas deste pprocesso pudessem compartihar o entusiasmo dos que dele se aprovellam. & a prépria situagio que provoca uma divisio no selo da Sociedade e a existincia de forgas de oposigto entraquece coneeita marcusiane de que, integrando no sistema todas as classes & excep- ‘elo de uma minoria de mutilados sociais, vir& a provocar © nascimento do homem unidimensional, ‘Simultaneamente, fassegura Marcuse, os homens trocam a perspectiva de um futuro verdadelramente & sua medida, em que poderiam eles mesmos forjar o proprio desting, pelo prato de lentlhas dos altos niveis de vide actuals, Como a sua existtncla seria, bem mals sensata—o o seu nivel de vida mats clevado—#e 0 Aesperdicio fosse Integralmente banido e & produgio social crientada racionsimente, em funglo das necessidades reais 4a soctedade! Ora, a terd todas as possibilidades de ‘e fazer passar nfo por um estado provieério maa por uma ‘trausformagio real, capaz de solucionar as contradigoes da Produgio capitalist, 0 que, na verdade, nfo. passa duma iusto, Portanto, a questi &: poderé 0 captlismo transformar- Se noutra colsa diferente dagullo que &? Poderto as lels gerals do desenvolvimento oapitalista ser destruidas pela Inovagdes teenol6gicas e pelas medidas politicas, respondendo simultaneamente Os exigéncias de luero do capital privado © 4 prosperidade geral, através do simples meio da , segundo Marcuse, nfo parecs acompanhar-se ema fransformacto qualitative, mas quantitativa, de cuma maré ‘sempre erescente de mercadorias, de um nivel cada vez mals (2) Le Socialisme dans ta Société Industrielle, toe ott, p. 140 2 m elevado, ao qual se aspira cada vez mais, otereoendo as ‘massas «todas as razdes para se integrarem no sistema (°). Segundo 0 nosso autor, «mesmo 0 eapitaliame melhor organlzado serve-se das neceasidades socials para regularizar ‘economia, com vista a uma apropriagio privada e a uma istribuigdo privada do lucro> (%). por eata raz, ads, que Marcuse recuse a tese professada por muitos, segundo {qual <0 conflito que actualmente existe entre eapitalismo ® comunismo & um conflite opondo duas formas ou modos de uma nica sociedade industrial (=), A seus olhes, hé uma diferenga fundamentat entre a economia estatizada e a economia fundada na empresa privada, ainda que os dols sistemas utilizem uma tecnologia idéntice ¢ vigiem de igual ‘modo 0 seu funcionamento, com 0 objectivo de nto. Ihe ppermitirem tomar aireogbes que poderiam vir destruir as bases do seu dominio de claste, O capitaliemo de Marcuse nfo se confunde nunca com o slstema de econo- ‘mia dlrigida pelo Estado, tal como existe na Risse, visto ‘Tue, repitamort, ele se «serve das necessidades socials como reguladorss da economia, com vista a uma apropriagio pri vada e a uma distriuigfo igualmente privada do. lucron Se assim 6 0 (%), a contribaledo particular do capitalismo ppara este estedo de colsas reside Unieamente no facto de ‘caumentar o tempo de sobretrabalho das massas, por todos (0s melos da arte e da cléncia, porque a sua riqueza ¢ fungto Airecta da apropriagto do tempo de sobretrabalho> (2) ‘A diminulcfo do tempo de trabalho como fonte e medida e valor acontece JA nas condlgdes capitalistas, Segundo 0 estado destas condigdes de facto ¢ da estrutura do capital 2 efeito sobre 0 proceaso de ecumulegho pode ser positive ()_K. Mare. in: Fondements de ta critique de Péeono- ‘mio politique, Baltions Anthropos, Paris, 1967-68, TE, p. 222 (i) “Fondements de ta critique do Yéconomie. politique op. cit, TL, p. 228. (8 Tay TL p. 220, 1” ‘ou negative, E quando Marcuse afirma que «mesmo o capi: talismo mals bem organizado se serve das necesaidades soclais como reguledores da economia, com vista a uma ‘istribulgio © apropriagio privadas do ucros tudo o que diz € que no presente eato as relagbes de valor inerentes producto de capital so mantidas e regulam a economia Ou seja: a economia € eregulada> pela sua capacidade de produzir maiswalia ¢ nfo de produzit tout court. A. partir ‘af ero provém da mats-valla, ou do sobretrabalho, mesmo ‘que a relagio entre trabalho «morto> e trabalho (8), B devido a este facto, acrescenta, ue as economias estatizadas ou baseadas na empresa privada, fe véem constrangidas a contrabalangar o progressa tecno- lgico ea «travar o desenvolvimento material e intelectual 4 um nfvel em que o dominio racional e fucrativo ainda sela, ossivel» (2). Segundo a opiniéo de Marcuse, no entanto, (8) THlomme Unidimensionnel, op. cit, p. 6. (tay p. 16. fate nivel ainda est& muito longe de ser atingido ¢, enquanto (nko sleangs, o capitalismo responde so nfo 6 0 tinico a provocar festa transformagio; existe Igualmente eo progresso teeno- ogico e a produgio de massa que destroom az formas ind\- vidualistas sob aa guais o progresso ve reallzava, na 6pocn, do liberatismos (1). Além de ter #ido nos paises teonologica- ‘mente atrasades, que ignoravam a produgso de masse, que ‘estas «formas individualistass foram destruidas pela primeira vez, ndo @ possivel afirmar que @ «apropriacto privada © a Aistribulgdo. privadas continuam a ser cos reguladores da feconomia> e ao mesmo tempo dizer que cos interesses pri- vyados tiveram que dar prioridade & necessidade social de um desenvolvimento espectacular das forgas produtivasy Destas duas hipéteses £6 uma 6 aceitavel. Ou bem que ‘2 economia se governa a si propria através da relacio valor- “preco, no quadro de uum mercado concorrencial no qual of produtores Interv cada um por seu lado, ou bem que la ¢ dirigida com mals ou menos eficitncia pelas decides ‘de ordem governamental, em funcio da economia global © fom base nas suns estruturas institucional. O mercado © 0 plano apenas podem subsistir na presenga um do outro. Longe de conduzir a uma economia mister, esta combi- ragéo tem como resultado a eliminagéo de um dos seus elementos constitutives em proveito do outro, salvo se um eles puder ser reduzido permanentemente a um papel secun- ‘gro, Mas entdo a sua eficdcia verse-4 iguaimente diminuida, vin Fsumamos. A economia <6 pode conservar um cardcter capltalista s2 a produgdo induzida pelo Bstado no concor- Sp er com 0 capital privado, Cato contrétlo, @ primeira aca- (#) 14, p. 8 (0) Le Marzisme Soviétique, Paris, 1963, pp. 104-105 se baria por superar o segundo. E sendo assim, a expansio do sector sob orientagio estatal tem como contequéncia a im- pposicio de limites a0 capital privado, visto que 6 este que fem ditima instaneia, the deve cobrir aa despesas. Deate modo, © prosseguimento da produgio de capital privado coloca determinadss fronteiras ao alargamento da producio estatal, ‘na medida em que a funglo de assegurar o desenvolvimento continuo da produgio compete ao sector privado. Ora este lltimo esté sujeito as relagbes de valor, tals como elas se exprimem através dag lois do mereado: sector privado encontra os seus limites na sua propria expansto. Portanto, ho seio das relagBes de producio capitalista, existem mites Jmpostos quer & producto privada quer & estatal e os limites esta constituem os limites da propria ceonomia. capitalist. ‘A estrutura do espitaliome actual 6 6 «mista» na opa- reacia. Esta impressio tem como origem 0 facto de a pro- ‘dugto induzida pelo Retado estimular 0 conjunto da economia. B evidente que os trabalhos pablicos © a eprodugso para o Aesperdicio» mobilizam méguinas, materials © trabalho. O al heiro que € investide sob esta forma & gasto no sector pri- vado e, nesta medida, aumenta a procura no mereado privado, Mas—e alnda para’ resumirmoa—este dinheiro.provém do sector privado, por interméalo do que o processo de conjunto 446 origem a ums expansio do erédito. ® claro que 0 capital privado poderia fazer face As auas exigéncias © em certa ‘medida té-o, No entanto, iato pasea-te a um nivel insuticiente, isto que a expansio da produgio nfo & manifestamente rentivel, dadas as condigées de mereado. Enquanto 0 capital Privado se mantiver na expectativa, o Hstado aseegurer® 0 ‘desenvolvimento do crédito canalizando-o para o sector nko concorrenelal Assim, © apesar de tudo, a producto acaba por aumentar A medica que a Iniciativa governmental eria, mereadoa wile clonats que todos os eapitais partieipantes no fabrico de bens de producto destinados ao sector sob controle estatal dividem entre st, incluldos nestes of doe bens de consumo destinados 408 (rabathadores do proprio sector. © produto final da prod- so induzida pelo Estedo, ao qual conduz uma longa. série 4e estddios intermediérios, nfo we apresenta no entanto como Juma mereadoria susceptivel de ser vendida com tucro no mercado, Em razfo da austncla de compradores para os frabalhos piibicos © para a eprodugio destinada ao’ desper- ‘icio» ¢, com efelto, impossivet cobrit, no quadro de um preco de venda qualquer, a soma do que fo! gasto pata as fabricar, ou sefa, os seus custor de produ, 12 A economia, composts por dois sectores, tem toda a saparéncla de uma economia emistas, vantajosn ndo #6 para © capital privado mas também para a grande masta da opulagso, B exaltada —ou caluniada— como um eapitalismo ‘Gum nove género, ou mesmo como um sistema (8). Ao dizer lato, Marcuse refuta, pelo menos em eorta ‘medida, uma outra tese que simultaneamente sustenta: que ® tecnologia moderna etranscendes © modo de produgto capi- talista, Mas o nico elemento teeno‘égieo novo eonsiste apenas ha automatizacdo e se esta ¢ Inconeiliavel com o capitalise, isso significa que este modo de producto «transcende> por sou lado a tecnologia, ou seja, dotermina-lhe o nivel de desen- volvimento, # claro que a diferenca que vai da automatizacio Pereial & total & pequena mas, uma ver mais, depends do mado de produgto, e de'e apenas, que ela sea parcial ou completa. Por stransoenders, Marcuse quer dizer eultrapasesr 4) Le socialisme dans la soelété indistrieer, toe, it, 150 0 universo eatabelecido do discurto « da acto para alcangar ‘a5 suns posstbiidades histéricas reais> (#), A seus olhon, a ‘utomatizagto representa a alternative ao cepitalismo por esta razto, & irrealietvel no seio do sistema. Ora, na medida fm que pelo menos 6 nele que ela surge, a tecnologia deveria ‘marcar 0 inicio do fim e nko a do capitallamo, No entanto, Marcuse fice-se por super ue © capitalismo 6 eapaz de por om pritica as novas tecno- logis, © entro elas a automatizagio parclal, © consegutr com ‘sso salvar a sua prépria existéncia, simplesmente através do ‘aumento dos niveis de vida e aumentando consideravelmente 4 sprodugéo para o desperdicios, Contudo, tarde ou cedo ser necessérlo por termo 20 desenvolvimento das técnlcas. autor Imatizadas, visto que chegara o dia em que o nimeto de Aesempregados excederd em muito o dos trabalhadores act! ‘yos. Finalmente, uma pequeca minoria tomaré a sel cargo grande percentage da populagto, o que tera por conseuen cla transformer no seu contrério ag condlgtes caracteristicns 44a qualquer soviedade classista. Mas quando e onde #0 con luird este processo— pois que enda uri dos seus eatAdios fscendentes aproxima 0 capitalise da sua aissclugto ettattiva? A teonclogia, por mals que transcends o alstema de Producto capitalists, € ser sempre a sentenga de um sistema diferente, Segundo Marx, o desenvolvimento das forges produtivas, efectuandowie na base de relagdes capita, Uistas de preducko, mantém-se inconelliével com eata, base onde uma contradi¢do que apenas uma transformacéo da sociedade permite suprimir. Do ponto de vista de Marcuse, que fexelul a revelugio social, « tecnologia transcende a soclednde or melo de uma adaptecio das relagtes socials 20 progresso {téenico. Longe de aer a proclamagio de uma alternativa his. trica, ela conduz & esorvidio progressive do homem face lum aparetho de produgto que perpetut a luta pela exist cla» (®). Apesar das notérias aiferencas entre, economias fstatais © privadas, Marcuse teme, por exemplo, que a incor. oracéo da tecnologia capitalist no socialismo tenha efeitos io nefastos como os que teve sobre 0 capitaliame, His a. aio porque Marcuse se preceupa com «ima. aztimilacte Posstvel dos dots sistemass (#), Assim, o principal promoter (8) TL/Homme Unidimonsionnel, op. cits p. 19, no 2. (9) Tay p. 185. Af) ‘le Socialisme dans les pays industries, tc. ct, past 106 deste estado de coisas nfo 6 o capitalismo mas a citucla e a ‘teenologia, pelo facto de ambos ameacarem redusir a nada (ou até J€ 0 flzeram) 09 resultados da transformagto. do capitalismo em soetaismo, * B bastante estranho ver Marcuse conformar-se com as ‘elas correntes ¢ qualitiear de «sccialistas e de ccomuntstay © tipo de relacdes socials estabelecida na Rasa. A exemp's o (0). A tese segundo a qual oa relagées e classe inerentes & sociedade baseada na propriedade pric vada detxaram de ser o motor de produgto, coattm, 208 ofhos de Marcuse, uma mela-verdade que ele completa do seguinte ‘modo: Todavia, esta mudanga quantitativa deverd transfor~ ‘mar-se numa mudanga qualitative, o que quer dizer que 0 Eotado, o Partido, 0 Plano terfo que deeaparecer enquanto forgaa independentes © sobrepostas aos Individuoss (#) B acrescenta imedlatamente: —o titulo de estado socialista que 0 atribuem —em cverdade integrals, no sentido de Liberdade socialista. antes 0 salto do modo’ de apropriagéo privada da mals-valla para 0 seu modo de apropriacéo estatal que transforma a cmeis-verdader de fachagn quma mentira total AA principal causa da lamentavel situagto que os paises clas. fiticados como socialistas conhecem reside numa transforms ‘do soctal, nfo na tecnologia, Somente com uma transtormagio social esses paises se lbertarko do estado ein que se encom» fram e nio pola eriagho de evalores> diferentes, dado que € Incontestével que a pascagem da. gestio privada dos melos de producto A gestio eatatal nfo Iangou vas bases de uma rodugio socialists. (8) Le Marsiome Soviétique, op, city pp. 261-202 Na verdade, tratane de uma base para a produgdo cap!- talista, © portanto para a reprodugéo do trabalho asealariado ‘que, longe de permitir a escolha entre , enquanto fem todos os outros aspectos se conservam profundamente opostes. B este ponto comum que dé esporancas de uma eventual convergéncia, Mas ge 8 doit sistemas atribuem ‘importdncia semelhante & acumulagio do capital, etta unani- mmidade cessa quando surge © questio igualmente vital de saber quais as camadas aoclais a beneficiar com os frutos dessa acumuigio. Enquanto que no sistema sovistico a guerra © revolugéo resolveram a questdo em detrimento do capital privado, este ultimo continua a dominar o capital cocldental> © 8 dirigir-se, ao interior, contra qualguer socializacio, © no ‘exterior contra o mundo , o soja, nfo produtoras de lucro, no rentivels. Noa Ratadot ‘Unidos isso acontoce especialmente com a tecnologia espacial ¢ amuclear que nfo posstiem nenhuma aplieagio directa noutros dominios e ago se coadunam com uma exploragio comercial ‘Ou entio o Estado participa nas inddstrias deftetarias, como 1 exploragto dos earvdes em Franca ¢ Yoglaterra, das quais © capital privado nfo chega a retirar huero © a astegurar a expanaio, © que continuam © funclonar gragas aos dinhelros pOblicos. Na Noruege, por exemplo, 0 Hstado Intervém na rodugho mercantil privada subsidiando inddatrias e tor- nando-as por isso competitivas, para maior beneticio do Estado e da empresa privada, Enfim, acontece que indistrias sejam nuclonalizadas por razses politicas: fol o que se passou om ranga apés a Gltime guerra, como represdia para com flgumas sociedades que haviam colaborado com 0 inimigo Independentemento das razces por que o Estado intervém nna estera da produgéo ¢ das causas por que se decide a {azé-lo, & sempre com vista a austentar a produgéo de eapital privado e nunca para o abater, # claro que em teorla at colsas podemse pastar diferentemente. Néo de excluir, por fexemplo, que numa edemocracla> um governo chegue 20 poder apolado mum programa de naclonalizacses mals ot ‘menos vasto. E este governo, enquanto houver identidade centre capitalismo propriedade privada dos melos de pro- ducie, ser4 um governo revoluciondrlo, anticapltalista, B caso time na realizagio do seu programa, teré que substituir 0 Sistema de mereado por um outro que #e baisia na planifi- cagfo real e centralizada da economia, permitindo-Ihe repartit ‘os recursos produtivor ¢ organizar a produgho « distribuicko 190 ‘num contexto mio concortencial. Para os eapitalistas, medidas este génoro significam a morte e & bastante dificil de con- ceber que se thes conformem sem nenhuma espécle de lute ‘A probabilidade de ver a nacionalizagio da indastria provocar ‘uma guerra civil ¢ incontestavelmente grande. Portanto, & evido ao receio das consequéncias socials que vastas nacio- nalizagéea podem implicar que 02 partides que se reclamam de um tal programe a nivel ideolégico, nfo tentem verdadel- ramente realizd-lo ne pritica. Em Inglaterra, como noutros locais, os governoa «socialistasy nunca uilizaram o poder para elevarem ag nacionalizagées aclma de um nivel julgado Intolerdvel pelo capital privado. x B pouco provivel que a economia de mereado possa, sem revolugho social, transformar-se por si prépria, pouco a pouce, ‘numa economia planificada. To pouco uma economia, depois de estatizade, recal nas relagSes capitalistas de mercado, Neste caso, © restabelecimento do mercado significaria a restsuragio do capital privado senio de jure pelo menos de Jacto, Muitas vozes so fala nos paises ocldentais de um scapitalismo popular, designando com esse concelto erréne0 tum sistema onde a propriedade das acgtes estd totalmente ragmentada ¢ onde, por consequéncis, a separagio entre a posse dos melos de produgio © a sua gestio & cada vez ‘maior. O que nos interessa 6 apenas o pretenso divérclo entre ireito de propriedade e poder de gestio, que parece trans formar os quadros superiores da indstria (managers) em capltalistas de facto, Mes se, sem ser proprictarios, eles ‘podem funcionar como capitalistas, a situacéo de proprietari, ‘com as vantagens que Ihe estio ligadas, confunde-se desde fentio, A excepgio de algumas diterengas, com a de director Industrial, Ainda que esta eventuslidade ndo tenha qualquer Iip6tese de realizagSo, nfo é de todo de exciuir a possblidade e ce quadros superiores da indistria rusia, agindo de coni- vencla com 0 governo e apoindos por largas camedas da populagso, se resolverem a estabelecer uma economia de ‘mercado, fundada na concorréncia ¢ na produgdo com vista 80 lero privado. Bastaria para isso que cada director de em= presa se comportasse de modo semelhante a um empresério ot wt ‘uma sociedade privada. Como antes, 0 Bstado continuaria 4 colectar sobre o trabalho pago e sobre o trabalho nto pago, fos fundos necessirios para. fazer, através do imposto, ace as suas necessidades especificas, Mas, na verdad sob as aparéncias de uma crevolugio dos directoress, tal mus danca nfo passaria de uma contra-revoluglo e a restauragéo do capital privado nfo tardaria a trazer ao de cima, no Selo da economia russa, todas as contradigtes increntes & ‘producto de capital privado ma bese da conoorréncts ‘Em contrapartida, uma economia ligada & empresa pri vada tem a possibilidade de se langar, sem revolugso socal, na via de uma pseudo-planifieagSo, enquanto a economia esta: tizada pode vir a reatubelecer, na ausdacia de cautre-revo ust social, um certo tipo de pscudo-mercado. Concorréncia ficti- cia ou planificagdo flcticia, trata-se sempre de remediar os ‘males que afectam a economia de mercado ¢ @ economia, planificada, O que aio deixa de ser um recurso @ melos nic concordantes com o sistema interessado e que nfo corres- pondem & sua natureza especifica. Ese por eate melo & ossivel fazer face as dificuldades, aliis a titulo proviaéto, {tarde ou cedo seré necessério, para salvaguardar as cara teristieas fondamentais do sistema, suspender a aplleagio dos rmétodos em questo, Na verdade, o mercado néo se acomoda uma planificagdo efectiva, « vice-versa, ainda que seia Possivel, quer num caso quer no outro, proceder a remodela- 0s de ordem puramento téenica, deixando intactas as re'a- {8es socio-econémicas de base. ‘Todos os sistemas capitalistas de Hetado—ou socialistas de Hstado, ae se preferir—aproximam-se da economia capi- talista de mercedo, na medida em que conservam a8 relagbes capital-trabatho e adaptam 48 suas necessidedes os métodos ‘ldssicos do capltalismo. Em ver de serem propriedade dor ‘capitalists, os melos de produgdo passam a ser directamente ‘eerides pelo Estado, Hate fixa a um certo nivel o valor (monetério) dos rocurses produtives ¢ espera que a eafera da produgso Ihe renda um valor ainda malor (sempre em inheiro). Um saldrio em dlaheiro 6 concedido aos teabalha- ‘ores que ficam com 0 encargo de evlar um valor superior ao ‘que os seus saldrics representam. Quanto ao excedente, reper: tide de acordo com as directrizer governamentals, serve para cobrir as despesas dos ndo-trabalradores, da defrsa nacional, os servigos publicos, etc. Uma outra parte & relnvest'da sob ‘forma de capital adlclonal, Todas as operagéea econdmicns ‘lo operagtes de troca, ou assumem esse aspecto. A forca de trabelho vendida & direcgio de uma detarminada empresa 1m f 09 salarios servem para a compra de mercadorias produ- ‘idas por outras emprests. Hé um quase-coméreio entre uma empresa e outra, @ semelhanga do que se pasta entre os iversos departamentos de uma grande empresa nos paises capitalistas e cujo protétipo 6 a economia de Estado total- mente centralizada. No plano formal, a tnica diferengs que verdadelramente conta entre @ economia privade e a econo mia estatizada & a gestdo contralizada do sobretrabalho, ou seJa, da. malsvaiia, Como {4 outrora acontecia, todos os sistemas de gesto estatal sio proprios dos paises pobres em capitals. © seu objective maximo ¢ a formasdo de eapltal, condicéo primeira da independéncia nacional e da projectada tocalizagto da Producto e distribuigio, Hstes paises, que dependem num grau ‘maior ou menor (em fungéo da sua situagéo particular) da a concorréneia no mercado ¢ as crises cone. ‘micas. © sobreproduto jé no tem necessldnde de passa elo estidlo de concorréncia para ser realizado sob a forma e Tucro; o seu cordctor material espeitico e a sus reperticga ‘ilo consclentemente fixados polos servigas de Plano, Que estas ” ws ‘eclsbos sejam igualmente tomadas em funglo da concornéa- cla econémice ¢ politica @ escala interaacional, nfo altera em rade o facto de a auséncia de mercado interior tornar indi ensGvel uma instincla centrallzada, encarregada de tomar irectamente todas as decisbes respeitantes & reparticfo da mdo-de-cbra global e do produto social total. Desde entio, o recurso a relagdes do tipo das de quase- smereado ¢, em todo 0 caso, uma eepéeie de conveniéncia, ‘io uma necestidade, mesmo quando imposte por circuns- Uinclas as quals os governantes ndo consegulam fazer face Na URSS, por exemplo, este género do relacoes oferece a8 empresas uma quase-autoomla, aos consumidores uma quase- iberdade na escotha do que podem adguirir, aos trabalbe ores uma quase-escotha da profissic, Mas todas estas rela ‘e6es se mantém submetidae & direcclo de conyjunto exerclda pelo Bstado. Este civre jogos exclusivo dos factores do mercado pode, evidente, ser acrescido ou diminuldo dentro de eertoe limi: tes sem que venha a afectar gravemente o sistema de Plano como tal. Presentements, os controles so atenuados, na espe- rranga de com isso se vir @ aumentar o erendimento> do ss tema sem que no eatento a sua efledcia fique prefudicada: (© processo de tomada de decisdes é um pouco descentralizado, fenquanto as empresas individuais ganham dizeito a uma maior fautonomia—ndo para contrabalangarem a directo de con {Junto da economia global, mas, pelo contrétlo, para a conso- lidar. Longe de se pretender mudar 0 eardcter da economia, © esforgo é unicamente no sentido de Ihe conferir ume renta- bolidade mais elevada, através de uma utlizagdo mais vaste, de estimulantes capitalistas, ‘Uma maior liberdade ¢ deteada as empresas quer para remodelarem © processo de produgio quer para cumprir & ultrapassar as normas fixas pelo Plano. Eapera-se que tendo fem melhor conta of desejot dot consumidores, os resultados: o Plano salam aperfelgosdos e o desperdicio seja eliminado ‘A. racionalidade econémica das decistes serd sumentade, ensavse, agora que um certo juro deve ser atribuido aos capltais emprestados. A directo das empreses goza de uma ‘maior liberdade em matéria de fixacio de salérion © pode ispor, para estes times, de uma certa parte dot Iueros ‘obtidos gracas A melhoria da produtividade ¢ a uma melhor estho, Todas estas cinovagbess, © multas outras ainda, visam ‘centuar o que sempre existiu: a utllzagko de eatimulantes — elas instinclas governamentaie, nem o controle, com este ‘im, da produgdo social total e da sua repertigio segundo um Plano geral, Sempre que as consequéncias destas cinovagdes> Prejudicam a reslizagio do Plano, compete ao governo inter- vir @ remediar a situapio, quer promulgande um decreto, quer modifcanéo sua politica de preyoa. Em qualquer momento, o «mercado livres, #8 restrito, pode ser suprimido, za base da relacio real de forgas que dissimulam relagbes de ‘Peeudo-mercado, Em todo o caso uma colsa & certa: numa época em que © préprio sistema de empresa privada nfo tem & menor possibllidade de sobrevivéneia sem a ajuda de intervengéea Imassivas do Estado, nio existe nenhuma hipétese de retorao economia privada em qualquer tipo de aistema de capita lismo do Estado. De facto, a tnica vantagem que esta ditima. forma apresenta é a de permitir exercer ums autoridade totat em matéria econémica, com 0 que compensa a inefleécia que the 6 caracteristca, face nos sstemas de capitalismo privado. ialtemente desenvoividos. O expitalismo de Estado nfo enferma 4a contradicdo entre producto rentével e nio rentével de que © capitalismo privado é um exemplo e que s6 Ihe deixa uma aiternntiva: a estagnacto ou o desaparecimento enquanto forma privada, Dado que o capitalismo de Estado fé aboliu a Dropriedade privada dos melos de produgio, ele esté & altura de produzir quer de modo rentavel quer de modo no ren tavel, sem que isso o condene forgosamente & estagnagao, ‘Na impossibilidade de um maior aprofundamesto no contexto deste ensaio, lmitar-nos-emos a observar que € to Guimérico sereditar numa possibilidade de coexistéacia pact ‘ica perpétua dos dois grandes tipos de sistemas econémicos, como erer na eternizagdo da ceoonomia mista>. Na verdade, & Drecisamente o facto de 0 controle do Estado sobre © econom Drivada aumentar progressivamente que vird a exacerber 0 conflito que poe em causa as duas formas de capitalism, ‘Aa guerras do pasado, que opunham sistemas capitalitae de axtureza idéntice, demonstraram que @ concorréacia cap talista conduz a concorréncla imperiaista e que devido a isso ‘as guerras nfo delxariam de se produair, ainda que «6 exis. tisse tm nico pais capitalista de Estado, Ha ditime guerra ‘mundial mostrou que nagtos fazendo parte de sistemas dite: entes podiam aliar-se, pelo menos a titulo provisério, 0 ‘mesmo tempo que iguaimente demonstrow nitidamente que e1aes sistemas manter-se-lam fundamentalmente inconeiliéveia fevido nfo 86 ao aparecimento de novos contltos entre inter esses naclonals e Imperialiatas, mas também em razio das 195 respectivas estruturas soclais opostas. Loage de sproximar capitalism etradicionals e economing estatizadas, o aparec! mento da economia mistay agrava a distinca que as separa, ‘quanto mals nfo caja pelo facto de o primero, pouco a poco, procurar impedir qualquer ereselmento dos poderes do Estado. No actual contexto poitic, a «travagem do comunismo> tor- ‘ese @ condigio fundamental da sobrevivéncia do eapiteliemo privado. Marcuse vé na coexisténcia simultaneamente um factor de desuniso e de unitieagio. Segundo o seu parecer 6 a concorrénels que, conguanto prejudicial aos dois sistemas, thea ¢ iguaimente favorével. @ através dela que ae explica 0 pido desenvolvimento do eo Ininterrupto desenvolvimento da produtividade no seio do capitalism. Mas, finda segundo Marcuse, ela evidencia também ot aspectos Sinistros dos dois sistomas. Assim, aftrma: ¢A industraliza- fo estalinista deseavoiveu-se numa situagi de “coexisténcia host” ¢ isso pode expllcar o seu carscter terrorista» (#). Ora & existencia de todos os paises capitalistas 6 feita de coexistincla host. H, 0 que é mais importante, o regime e Staline nfo fot o dnico a pratiear um terrorismo que, no feaso em questo, teve por origem mais a transformasio da ‘economia camponesa da Réssia numa economia estatieada fo que a coexisténcia host, Na medida em que este terro- ismo obedece @ motivos (i) Na verdade, a unificagéo em couse nio existe. © proprio Marcuse admite que ese mOltiplas contradigtes subsistem entre as poténcias imperialistas (...), elas nfo parecem, no entanto, capazes de vir a provocar uma conflagracto mundial ‘num futuro previsivels(#). Que uma guerra entre poténcias Imperialistas aeja hoje pouco provivel, em si nfo contribul de modo algum para a unifieagdo econémica e polities do ‘mundo capitalists, Na verdade, fot & propria guerra que o capitalism ficou a dever a sua eunifiesgios ecb a tnica forma em que esta Ihe & concebivel: uma coligncto de paises ‘opondo-se a outros. Como Jé fol dito, a guerra, nas actuals circunstincias, deixou de ser uma saida para 0 slstema Porém, isso nio significa que nfo haja novo recurso a este ‘melo ou que a guerra o nfo submerja um dia. De facto, as , adquirida através das relagées de mercado, desapareceu trrevogave’mente. A integracto #co- émiea deve, de agora om diante, realizar-ee através de ‘etos politicos, com grande ajuda de medidas governamentats © no contexto de coligagées dlirigindo um grupo de nacier contra outras. Para aleangar uma fusfo eeonémica teal, 0 ‘mundo capitalista teré que sacriticar o principio da rentar (4) Le Sociale dans les pays industriel», to. ot. p. 354 0) rm, Ww biidade so da repartigéo nacional dos recursos produtivos fm funeio das necessidades socials, ou seja, consentir na fsua propria abolgfo. Dado que nfo 6 este 0 caso, bem enten~ ‘ido, a Integrecko nunca ind além da crlagéo de esferas de Interesses, de locos econémicos eafrentando outros blocos econdmicos. A existincla de tals blocos exprime apenas, entre- tanto, a reerudesctacia da concorréneia num mercado ¢m vias Go retraimento, B esta cunifieagdos, por mais Timitada que ‘Sea, € inconcsbivel fora da prosperiaade. Em tempo de eri fla € mals uma ver destrulda © cada um dos paises capita- Tistas procura salvarse & custa dos outros. ‘Cada pais capitalita avancado dotou-se de um apare'ho e produsio coneebido e posto em pritica na perapectiva de fama expansao continua do mercado mundial. Assim, este pos- ful uma produgio que excede mals ou menos largamente a apacidades de absorgdo do seu mercado nacional. E o mesmo facontece a nivel internacional para a produto de todos estes paises reunidos, aalvo ge o mercado mundial vier a erescer a0 Inesmo ritmo daquela, No passado verficou-se que o caplta- Tismo . O amontoamento de capitals por estons privadas faz-se sem qualquer respeito peins neces. fades reais da aocledade, tanto a nivel nacional como inter. nacional; do mesmo modo, entretanto, » producto capttalsta entra em contito com as asptracBes e'ementares da populagto ‘mundial Além disso, 0 capital destrdi assim os seus preprioe ‘mercados, numa altura em que, devido & sua profutividade Produgio acrescidas, devia alargé-loe mais que nunca; mag sta ¢ somente ume manifestagio cuplementar de total austae cis de harmonia que existe @ partir daqui entre ea relagces de mercado ¢ as forcas produtivas engendradas pelo capita. lismo ou, © que é Igual, da transtormagdo das relactes, de ropriedade capitalisias em factor de blocegem que impede aualquer novo desenvolvimento das foreas sociale de prodecto | escola mundial Em deorésctmo constante devido as mudancas estrue furals sobrevindas na relagdo capital-trabalho, eriagio do fobretrabalho, ou Tuero, apenas representa uma parte, co ‘bem que a mais importants, das dificuldades encontradns ela expansio do capitaliamo, A outra parte conslste na eallzngdo do lucro, ou seja, na neceasidade que 0 capitalisme sente de dar saids A produgio @ presos que garantam eo capital a sua rentabilidede. ® preciso que o aumento da rodugdo, em rafo de uma produtividade acrescida, no acom, Panhe de uma extensio de mercedos, na falta da qual o capital delxn de oferocer lucros, antes sofre ainda prejuizos. © capitalists inatvidun’, como ta’, eneontra vantagens em clevar produtividade das suas empresas, ‘mesmo como ‘auxilio da automatizagt, na medida em que laao ihe vers faumentar a sua parte no mercado grapes & consecutiva sll, ‘minagio dos seus rivais menos bem equipados. Assim, o que erde de um lado, devido & diminuigho do sobretsabalho, veut encontrar por um outro, e até em malor quaatidade, clare ue @ dimnuigéo do sobretrabatho, e a do lucro que Ihe € ine, Feale, passa despercebide aos olhos do capitallata individual ue apenas se intereata pelos custos da producto © morgens Denetleltérias, @ 96 no plano social que a diminulgdo do sobre. ‘trabalho se revela sob & forma de uma balna da taxa de hicro em elasio ao capital total, o que para cada capitate & spenas uma ras4o mais para tentar manter 0 nivel dos seus lWeres aumentando os seus capitals, Bis, Portanto, como o decréscimo do Iuero leva & aumen- far a produtividsde do trabalho c, s'ém disso, a proomer Rovos mereados. © processe, que st desenvolve no’ selo de ada nacido, repete-te a uma escala mundial, ou seje, 0 pro fesi0 de concentragio do capital astume uma dimensto inter ‘asional. Do mesmo modo que num pais os capitals de rend. ‘mento mais elevado conquistam o mercado em detriment dos 4 menor rendimento, igualmente of paises mais. produtives se estorgam por aumentar a respectiva quote-arte no mer~ tcado a custa dos outros. O que supbe & absorcto dos capitals ‘mais fracos, quer no estrangelro quer no préprio pais. Tareta fo entanto bem mals ardva no primelro caso do que no Sequndo, ne medida em que o Estado esta melhor defendido pera proteger os bens nacionals dos objectivos das empresas fstrangeiras, A partir de entio » concorréncla roveste um fuspecto politico, e no smplesmente econémico, © nos paises capltalistas de Estado 6 o aspecto politico que toma primazia sabre o outro ‘Numa época em que a concentractio do capltal © 05 progresaos répidos da produtividade tém por efeito tatxar a {axa de hucro nos paises altamente doscnvolvidos, estes pBem- ‘ee mais avidamente do que nunca & cage de novos mer- ados, e, com eles, dos Iueros nocessérios para salvaguardar ‘2 sun rentabiidade — sem mesmo falar na cobertura das fbuas necessidades de expansfo, No entanto, & medida que fs regibes até agora relegadas para a producto de matérias- ‘primaa se comefarem a industraliza, as economias de mer Gado elivres cada vex menos conseguir valorizar o seu capl- fale realizar luero; ¢ & medida que surgiu um esegundo mer- ado ‘mundiele—dominsdo ¢ controlado pelos sistemas de tapitallsmo de Estado em vias de desenvolvimento — 0 met teado mundial de antigo tipo retrocedeu. Quanto mats 0 novo ‘Sistema se a'argar, mais as virtualidades do antigo diminuirto Drecleamente no momento em que este se deveria desenvolver Dara assegurar a sua sobrevivéncia, A partir do entio, & Folitiea ‘mundial do capitalism consiste em manter_ um Campo de valorizagio que te fecha cada vez mals ao capital privado e que ir se necess4rfo, até & destrulofo material das acoes capitallstes de Estado, A edefesa> do «mundo livre> ‘io significa portanto mals que a defesa de um sistema particular de extracgio de Iuero, 0 qual se sente, e com razio, Ameagado pelas consequéncias da sua propria histérta ‘Nada permite carscterizar a actual situagfo—quer & cescala do mundo Inteiro quer & das diversas nagbes separada~ mente —pela estabilizagho, orgunizacéo e Integragto, como Marcuae o faz. Pelo contrérlo, o mundo capltalista est8 fnfi- Bitamente mais instAvel, desorganizado © desintegrado do que ftiguma vez esteve, por exemplo do que hé melo século atrés, th actual comblnasto da producho livre e da produeso dirig'da, de relngSen de mercado livre e de mercado controlado, lnge de Contsibuir pare coloesr as colaas em ordem impede ainda Gguer a integracio quer a integraggo cuja realizagto demonstre 0 cardcter qulmérico do projecto marslano, o de uma socledade sem classes, definitivamente emancipada das relagdes de valor. XH, por si 6, 0 facto de as classes trabalhadoras dos paises ‘avangados terem visto 0 sou nivel de vida aumentar enquanto ‘8 sua consciéncia de classe se volatizava, tho pouco diminu 0 concelto marxiano de proletariado. Na'verdade, © & seme- Tanga do passado, a sociedade divide-se em proprietérios dos Imelos de producto © em classe operiria nfo proprietéria, ou ainda, em doaos do capital © sasalariados sem poder Quando se pretende recusar ao proletariado (e trata-se da ‘mensa maloria da popunglo dos paises Industrialmente aven- ‘cados) um papel na historia, um papel que apenas pode ser (2) HHomme Unidimensionnet. p. 231, fe oposigho consequentemente deve encontrar a sua expres fo numa consciéncia de classe reviticada ou renascida, & preciso primeiro por a hipotese de que a manutengso ‘do statu quo & algo possivel, que todos os problemas soviaia ‘possam ser resolvides no quadro das snstituigdes exstentes, que @ evolicdo das condigées estabelecidas ser travad Marcuse, € claro, de modo algum contesta que a histérla esteja em marcha; por si sb, afirma, 0 sector automatizads srovela a possibilidade de uma revolugdo ma sociedade capt. talistas (H), Mas, ainda segundo a sua opiniio, trate-se de lum longo processo», de modo que a (8) Ora, na verdade, néo nos encontramos face a uma sol ariedade de classe mas, pelo contrério, frente @ uma total fuséncia de solidariedade, visto que metmo no selo dos beetores organizados da classe operdria—que ndo represe ©) ate Socialisme dans la société industrielier, toe its p88, ae ‘bid mi, ©) Ta, p. 153, 205 ‘tam seno uma minoria—a solldariedade niéo val além—e nem sempre—do respeito pelo monopélio de contrato que fo aindicatos inatituiram em provelto proprio. Se os sindl- featos opersriot e tornaram forgas reacclonérias fol muito fimplesmente porque as relagdes de mercado que regem a sua aetividade poseuer actualmente um carécter regressvo. ‘Assim, nfo 20 trata de uma eintegragfo social», no quadro {2a qual os interesses do Capital © do Trabalho coincidem, ‘mas da sobrevivéncia, no geio de uma economia de mereado, fem declinio, de institulgdes que J& tiveram a sua época. Maa esta sobrevivéncla de modo algum significa que sua posigio social de hoje eeja conservada amenhé. O capital hada pode ganhar a custa de desempregados, tendo pelo ‘contritio de ce allmentar de um modo ou de outro. 86 atra- ‘yés dos trabalhadores actives pode ele vir a gamhar o que ‘quer que sefa, Ora, tentar baixar of nivels de vida, uma vez ‘que estes #2 tornaram habituais, 6 coisa érdua, mesmo im- possivel e que seria acompanhada de conflitos sociais de extrema gravidede. Os governantes apenas se aventuram a tal em tempo de guerra, quando dispdem dos melos militares necessdrioe a manutengio da pax social. No passado, a pressio exerelda pelos desempregados sobre o mercado do trabalho fra suflcente para fazer baixar of aaldrios até um certo nivel, Todavia, © desenvolvimento dos sindicatos ¢ a eficicia, {@u_sua acto’ vieram permitir rapldamente a uma fractdo ‘importante da classe operéria a estabilizagio dos seus salrios ‘20 nivel que $6 haviem atingldo. Longe de ter por efeito a rredugio dos salirios, a produtividade sempre crescente do trabalho levava-os a um eacaldo mals elevado, aumentando fazsim os lueres do capital, apesar da pretendida tendéncla or ealéros para acompanhar 08 progressos da produtividade. Mas nas actuals condigGes, eapeciaimente nas de uma auto- matizaglo cada ver maior, este meamo proceaso apenas pode evar & mubstitulgSo progressiva do trabalho pelo capital (Os nivele de vida elevados, de que gozam os paises indus- trialmente avangados so eles préprios chamados a travar a expansio capitalists, Para que £0 conservem intactos, quando ‘a rentabilidade do capital privado diminul, seria necessério que a estera de producto néo rentdvel se slargasse perma entemente, 0 que por sia vex supde aumentos de produti- vidade constantes, Nat condigies actuaia isto significa aumento regular da massa de dosempregados cujo sustento cada ver mals caro. Estas despesas, acrescentadas 8 todos (outros «falscs eustoe da abundinclas, tarde ou etd iro ‘agravar a0 maximo of «recursos econémicos ¢ téenicom, por ‘malores que estes possam ser. A partir dai seré impossivel ‘manter @ cabundinclas, a menos que a natureza da propria socledade Se modifique, ou sefa, que o principio da rentabil- dade seja climinado, Dadas as difieuldades sociais que a sua ‘decadéncia nio delxara de originar, esta mesina , Neste momento ele no é nada e tem ‘grandes possibilidades de continuar a nio ser nada, Porém, festa nfo ¢ uma certesa absoluta, Mare dlase igualmente que as ideas dominantes so aa das classes dominantes>, 0 que ‘fo impede 0 desenvolvimento de Idelas subversivas. No en= tanto, 6 evidente quo estas Idolas apenes se propagam num lima de descontentamento © que @ presente prosperidade ‘—por mais ficticia qua ela seja —nfo 6 de molde 2 engendrar ‘tal movimento, pelo menos com a necessérie amplitude. Donde (© ndo pode evadir-se das condigtes fexistentes—a menos que jogue tudo no inctndlo e na pilha- em, Mas neste caso cle encontra-se $6 numa via que conduz 4 ume realidade que em si mesma ¢ ractonal, ‘As autoridades, que representam a grande maloria, as estoas-como-devem-ser, incluinda a maior parte dos ope érlos, faciimente abafam ag revoltas esporddieas em que 0 lesospero langa umas estassas minorias. Negro ou branco, <0 substracto dos périas ¢ outelders» pode, pouco ® pouco, ser destruido, devido mesmo as condigéea de vida a que estio condenados. Mas & medida que este «substractor aumenta em niimero—e ele est em vins de crescimento —e frequéar cia dos seus actos de revolta igualmente aumenta ao mesmo tempo que multas das pestoas-como-deverser se aperce- bem de que se arriscam bastante a figurar um dia também entre os destrogos humanos do eapitalismo, Em relagio ao Dessado, o crescimento da miséria faz desta ume forge social © a forga conduz a cpio consclente com vista a eliminar faquela, Quando Marcuse diz, a propésito dos desempregados ‘que «8 sociedades estabelecidas possuem tals recurses econ6- ‘los e téenicos que podem permitiree conelliagbes e conces: ses aos milserdvels até porque sfo detentores de forvas arma- das capazes de fazerem face a aituagées de emergencies (2), (®) LHtomme Unidimonsionnet, p. $11. 208 fle descreve correctamente @ actual sltuaslo no slo dos paises industriaimente avangados. Mas a verdade de hoje nfo fserd forgosamente a mesma de amanhé, ¢ -lo4 ainda menos 2 0 desenvolvimento do capitalismo tender a seguir o mesmo feaminho do passado, B claro que nfo not podemos regular pelo passado, Ele pode nifo se repetir. A era das revolugdes esti talvex defini- fivamente terminada e a sociedade unidimensional, imobilista f totalitéria, pode ser inevitavel. Mas se no podemos julgar pelo passado, nio o fagamos entdo em enso algum. A partir fe entio tudo ¢ possivel—mesmo uma revolugio proletaria (© que sem divide prestupde a continuapio da existéncia do proletariade, a quem tantas vezes se atribul a situagio de esaperccido pelo facto do haver perdido no s6 a sua cons- cldncia de claase mas também a sua fungdo social. NBo 6 raro ver estabelecer-fe a diforenga entre a e pelos mesmos rmotivos que os governot —-inclusivé os governos socalistas — egulamentam & reve, enguanto os governos totalitérios, fais consclentes do poder latente da acgio operéria, consi- eram simplesmente a greve como acto fors-da-les. Devido & este poder latente, o proletariado da indéstria 6 noje, como jf 0 era ontem, a Unica classe capaz—com a ondigao de o dese ar — de transformar realmente « sociedade (© que equi importa 6 acentuar a existéncia virtual deste oder, independentemente da questio de suber se os operérios (Quererio.¢ poderio um dia servirse dele. Se este virtualidade Sido tivesse 0 menor fundemento social, ae a sua tradugéo em faeton nfo aperecesse como uma possibilidade real, detxaria de exiatir qualquer esperanca de Ver novas forgas vencerem a fs forcas materin's da coercto. A partir dal, a daica espe- Yanca permitida seria a cronga de que as ideias, soziuhas, ‘conseguiriam transformar simulteneamente a ideologia dom! ante e of interestes materials que Ihe servem de base claro que qualquer luta social ¢ ao mesmo tempo um combate ldeol6gico, mas jamals ser& bem sucedido.3¢ nto ispuser de uma forga material que the permite destruit as efesas do intmigo. De modo algum & inconcebivel que & ‘rescente irracionalidade da aocledade venha a otiginar uma. ‘mudanga na grande massa, independentemente da sun classe, © 8 convieglo cada vez mais nitida de que, dado que as rela o¥es de exploracto perderam qualquer expécie de necessidade © sentido, € preciso reorgunlzar a socledade em provelto de todos ¢ abrir assim a todos a possibiidade de uma existencia ‘inalmente digna de ser vivida. O que equivaleria a um triunfo 4a razio sobre os interesses irracionals de classe © & auto- -decomposigéo da classe dominante. Na auséacia de tal mila: ‘fe, a nova sociedade apenas nasceré de um combate gigan ‘ese0, levado a cabo por todos of melos possivels, tanto. no ‘campo ideolégieo como na esfera das relagtes de forga reais, Est& demonstrado que, em caso de rise social, anges fcamadas da populagso habltulmente tidas como estranhas classe operiria tomardo no entanto o seu partido contra, 4 classe dominante. Mesmo hoje, que os trabalhadores ainda, ‘Go sairam da sus spatia, os estudantes, os intelectuais e ‘outros membros da nova classe no proprietéria snteressam-se ‘apaixonadamente por quest6es politicas aparentemente iso ladas, tals como a guerra, o desarmamento, os direitos eivicos, te. Mas eate movimento de contestagdo manter-te-4 inefleaz fenquanto nfo dispuser de um poder politico real, e que apenas pode vir da classe trabalhedore. Sem revolugio proletéria no 1g revolupko, Segundo Marcuse, « revolugio é perfeltamente impossivel ‘hos paises industrais avancados, Alnda que tal acontecesse, ‘8 geatio dos poderes produtivoa pelot ede bainos no prove. aria, @ seu ver, qualquer mudanca social qualtativa, A idela de uma tal mudaoga era, diz Marcuse, clegitima no tempo em que os operdrios eram a nica negagéo © condenagio da lordem estabelecida, No entanto, onde quer que a classe ope- ria se tenha tornado um pllar do modo de vida prepon- erante, a sua ascensio ao poder apenas velo prolongar ease ‘mesmo modo de vida, porém num contexto diferente (9) (©) Littomme Unidimonsionnel, pp. 308-807. (ou seja: & burguesia e o proletarlado sto de agora em diante entices: independentemente da classe no poder o modo de vida néo sofrerk qualquer transformasto fundamental Se a classe operdria se transformou no em que tio, todas as outras classes estio, evidentemente, ne mesma situagio, A diferenga € que © cabundiaciay que fez. da pri- Imeira um epilary do sistema, torna-se negligenciavel —por mais notivel que possa ser—comparada com a que as foutras classes usufruem, ‘A cabundincia» continua multo desigualmente distribuida, fo que & origem a uma permanente luta pela apropriagto de ‘um maior bocado do bolo. Mas, em virtude desta mesma riv Iidade, ninguém atinge satistaggo © munca, na verdade, cxiste o sentimento de ume vida na opuléncia. Na realldade, ft eabundincia> que a classe operdrla conhece 6 antes de trails mitologica, alm de que fol alcancada & custa de esforgos inauditos. Mas, independentemente disto, ela 6 sutlclente para satistarer 0 desejo dos trabalhedores, pelo menos no sentido fem que estes nfo se interrogam sobre a oportunldade de uma, transformacio social. A hipétese de uma egestfo # partir de bio» nfo. parece portanto muito préxima de ser poste & prova dos factos. "Toda. esta coneep¢lo supe que © capitaliamo é capaz de manter ao nivel actual o modo de vide das masses traba- Thedoras; @ partir do momento em que este postulado sei. eamentido pela prética, aquela teorla cat pela base. Pele hhomsa parte tentamot mostrar que o capitallsmo é incapez Ge tal. B claro que a situagio actual prova o contrério, mas jso nada significa quanto ao futuro, © problema reside na determinagfo do sentido da evolugdo no seu conjunto, dado fgue apenas ume pequena parte do mundo usvfrul da cabun~ inca» enquanto a condigfo humana em geral se torna cada ver mais intolerdvel. Semelnante estado de coisas nfo & sus Ceptivel de mudanga no contexto do capitalism, cujo fim ‘apenas pode ser concebido como abeligfo das relactes de classe eda condigio proletiria. Unidimensional, a sociedade apenas 0 no plano ideeldgico; em todor of outros aspectos ela conser~ ‘vacse capitalista como anteriormente. Nascido da prosperidade } conformismo ideolGgico com ela desaparecers, visto que m0 (dotado de uma existéncla auténoma. Na medida em que 0 rclocinio tedrico tem uma validade e permite fazer previsdes, tudo indica gue se caminha nfo 96 para ume deterioragio da Drosperidade, mas einda para o fim do proprio sistema ca- pitalista. as © fim do sistema capitalista, por sinénimo que seja de aboticdo do proletariado, poderia no entanto ser precedido por ‘uma simples moditicagio do sistema no sentido do eapitalismo de Estado, Uma revolugdo deste género nfo seria de modo falgum socialista, dado que apenas sigoificaria a transferéncia dos meios de produc © distribuicSo —e por isso da gestio de producto e da distribuigdo — arrancados aos. seus roprietérios privados, para as mAos de formacces poiticas ‘que 2e confundem com o Hstado. © proletariado manter-se Juma classe dirlgida, incapaz de forjer ele proprio o seu des tino. H esta eventualidade néo & de desprezar, tal revolugdo surgindo como um termo légico do dominio do Estado sobre ‘8 Beonomia sobre a vide soelal em geral, Néo estaré ela, Por outro lado, de acordo com o modelo $4 famillar dos sistemas capitalistas de Estado hé longa data estabelecidos © gersimente considerados como regimes socallsas? No entanto, no caso concrete, a estrutura eapitalista de Rstado fo posta em pratica nfo para abollr o proletariado mas para acelerar a sua formaclo, Nesta medida, a Ideologia soclalista serve de cobertura a exploragto intensiticada do trabalho eve & estatizacto dos melos de produc 0 facto de parecer racionalizadora, Em contrapartida, nos paises. industria's avancados 0 capitalismo de Estado seria tio irraclonal como © seu predecessor. Pois o problema agul ff no é sumentar | exploraciio, mas, pelo contrarie, por fim uo préprio sistema ae exploragi. ‘na verdede uma produtividade acteseida que nestes pai- sea sapa a rentabiidade do capital e com ela destréi a forge ‘motora da expansto capitalists. A causa disto reside no facto de o capital revestir entio a forma de propriedade privada « ‘depender portanto das relegbes de mercado © de concorréncie, ‘oreando assim os capitalistas & acumulaglo, em vez de ot bertar desse obrigasio. Os Iucros nflo slo sento sobretra batho e mesmo que 2 formacio do capital com base no vero ‘vesse chegado ao seu termo, o processo de produsio conti. nuaria a exigir trabelho ¢ scbretrabalho, Quendo om meio e produgio se tornarem monopéllo do Estado, 0 governo encontra-se apto a fixar as relagbes entre o trabalho ¢ fsobrotrabelho, assim como a organizar » produgio © al ‘ribulgfo dos’ bens sem preceupagéo de equldade. Os meios Alrigentes das naptes avancadas poderiam, em tal caso, imitar ‘08 seus omélogos dos paises pobres em capital que fazem de molde poderem manter as relagbes de classe no quedro 4e sistemas capitalistas de Rstado. Sem vida que no terdo ‘5 mesmas «justificagtess, mas bastar-therla criar um apac a retio de repreasio adequado para poderem fazer. A partir Serta, a lags lame sera manta em Dene {de ume classe privilegiada e a economia planificada serviria bane a uma socedade do lass pani. Pare tne ¢ aeons me revolt, tas elo uma revolute eos, yous eta tem preeameste como caae, Ceatlen principal nchleagto. dow maior de prodeto Streven dena gest peas proprics profators do produto {orp treat ed nu dtr inca conto st seahtu a trooe de ume forma de escravatura por uma ovtea TPEDEE prove go ents formas sejam na verde preferives ‘outta Apenaa a asto-eteminngo late operria Sesmite a reclzagho do socallamo, ne medida em qu0 6 recrae te toda as fangs produtvanaobre que repousarn {id apa a a envurcem, Ura orgie cca Go produgte una repartilo raclonal dot bent aben fer por base o interesse da sociedade global. “Mas isso 96 & SEES Cao uma contgtoro Sesaparesimento dn autoiéade Tocntestvel que um cave partelarexerce sobre eto dan o que exge por seu lado a ongunaugio de novos mo wie Tesmtmicoycufe sickle devera ser verfeada © ‘melnorada ‘por um constante recurso a experitncia. Falar de Teeeudanes socal chamads a eiminar © modo de vida Cantal sige falar ah revlugto do proaariao, pols ‘Seta chat epoca €capan, do pont de vita dt Dro. ‘fos de traformer’« sosidade guma_ comune om scl sto. yrética apenas com: socal a pod sr post em pon apenas com ua simples mudnoga du governo. Nu verdade cle exige {Ectonbagto raccel da socedade, mediante o ttal poder Gr auc dou proutores Quanto planifeaho, ela deverh sete Je fal modo que panifiadores © predutre ‘cu sans ners © coi oa verde paren wo precutive. Dade ® ‘Segtntee ge um mesmo. organise ro aeretis gun caractrza soieade industrial avancadh, « log per ser hertade fo areas de valor GARE Station, o cigualdades seria um facto, Max 240 208 ceaatnos agul em demonstrat que 0 socal 6 ago Prercgeel ou to pouco em estidar ax novas institlgbes que TOE ae rude quanto desefamon dizer sbre 0 assunto mere onto para levar a melhor sobre o capialinmo, © TORRES fam aus forgsamente sr obra dn case prodative TKepstsomoe eno a perspecvas Tals imeditas. Ne verdad ano atl comportamento du ce oped «m8 Weed sm que o soclatino nfo se podert realizar a5 tudo leva a ever que este 56 serk possivel pelas calendas sregas , enquanto se aguarda, reveste todas a9 caracteris. fleas de um cacnho marxianos. No entanto, basta pensar em fudo © que pode scontecer na auséncia de uma revolugdo, Para vermos surgir a possibiidade de uma mudanca de Atitude prétics, A este respeite, o futuro trensparece 6 através do presente e, por si 86, uma profecchc quantitativa do segundo sobre o primelro ¢ suficlente pare mostrar que 4 Ndeia segundo a qual seria vidvel a resolutio dos problemas socials por métodos capitalists nfo passa de uma absolute utopia, eBociaismo ou barbérle> 6 a tnica alternativa possi. ‘Wel, ainda que um estado de barbirle seja susceptivel de ‘engendrar contra-forcas capazea de o transformer. A conseléncia. de classe, dlz-se.frequentemente, sth lWgada & miséria. Ora, uma coisa 6 certa: & populagéo mun- ial vird a cair numa miséria que ultrapassard de longe tudo quanto neste aspecto até hoje se conheceu, ¢ esta, mistria abater-se-6 mesmo sobre as minoriaa privilegiadas dct paises ‘industria que, até & data, se julgavam ao abrigo do seu Proprio comportamento. Porque no existem esolugdes eco. ‘émicas> para as contradicBea do capitalismo, tenta-se impor ‘tolugdes econémieas» por Interméaio de melos politicos mals ‘Adaptados, ¢ claro, & estrutura abclo-econsmice do capitaliame, Ou seje, o9 efeitos destruidores da producio de capital serie ‘ainda mais exacerbados. No Interior, a produco para ¢ des. Derdicto nfo detxard de se desenvolver. enquanto, no exterion, ferritérios cujas populagtes, pouco desejosas de cavarem ropris sepultura, se recustrdo a ceder 8s exigenclas de lucto fas pottncias estrangelras, serdo vitimes da devastacto, W ‘medida que os frutos da producio acreselda se dissiparem, zo contexto de uma concorréncia senguindria com vista & atenuacto dos efeitos da balxa dos hucros que a generalizagho 440 miséria provoce, as bem-aventuradas ilhas da abundan. clas floarfo, elas também, submerses ‘Sem ddvida que nfo faltam razdes para se pensar que ‘ade farh reagir as massas trabalhadoras, que clas preferiete ' miséria & luta contra o sistema que a causa. Mas a auséncla, de conscitncla revoluciondria no signifies a austacla de Jucldez. B, consequentemente, 6 muito mals provavel que « classe opertria nfo aceite eternamente destinn que » sie, tema capitalista he pretende reservar. Poderd ser atingiog ume Ponto e rupture, a partir do qual « conscléacia de clasme 5 vena allar @lucidez. O surgimento de uma vontade revolie sfondris, a passagem accto auténoma ndo terd obrigetoria. ‘mente que ser precedida por um longo periodo de conctante 216 a. dasteopent- pst aera Aton em cra conte, ct perky Ti pers revotaree nowt, porqe en dvtinaah. Ietcr mats do qe scr tts ogee de proft Sips or stitosguceeon da lee get, ea ser provement prints + corte com Hanes Tnensionl inerente 20 reine do capital . ‘Diga-se uma ver mais, que de modo algum ae trata de ‘Frac. Bunt una pobidade, ¢ to, como Marcuse o ote anton pouco terete so esta hipé tose eulte ato € bo yroletariado se encon- ce xlte do @ porgu uma parte do os SHE oxi do proc ntact cata mas Simplemente em vstude deo sateme domitante corer ‘ ‘destruir o mundo antes que surja uma possibilidade tea ovtar-A tntegragto na more, ela ue voultiade a dna sia aaizada 0 li ‘qualquer caso, 0 homem Vin deinnda 20. capltalismo, Bim aualg ‘ ‘inno af ra or moma tempo, ie Gv ecard com o primero clapton economia = Danko de sangue que a ordem estabelecida esté em vias de wee remeatno seu mai lt gee de vulnerable, hegou iguminente 20 seu mais alto grau de : Snospendetemeate do camino que eae, 26 se pote fir para fy. Por mals tacae que seen a2 pees trata, este €menve que mnen 0 momento de combats aT

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