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Ser poeta

Ser poeta ser mais alto, ser maior


Do que os homens! Morder como quem beija!
ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aqum e de Alm Dor!

ter
no
ter
ter

de mil desejos o esplendor


saber sequer que se deseja!
c dentro um astro que flameja,
garras e asas de condor!

ter fome, ter sede de Infinito!


Por elmo, as manhs de oiro e de cetim...
condensar o mundo num s grito!
E amar-te, assim, perdidamente...
seres alma, e sangue, e vida em mim
E diz-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)

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