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RESUMO
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Francisco Alves dos Santos é Ambientalista ativista. Desenvolve estudos nos campos da Educação, Eco-pedagogia, Arte poética,
Reciclagem de Resíduos Sólidos e Tecnologias de aproveitamento de fontes de energias alternativas. Gestor Industrial Politécnico
em Eletrônica, Eletromecânica, Automação, Formador de Lideranças, Gestor Ambiental e Educador. É sócio da ONG Agendha onde
atua no desenvolvimento de Tecnologias Ambientais. Pesquisador do Núcleo de Pesquisa de Energias Alternativas e Eficiência
Energética, ligado ao Centro de Pesquisas das Etnicidades (Opará) da Universidade do Estado da Bahia UNEB.
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ABSTRACT
The failure of history and culture of contempt for the social and environmental values of the
Caatinga, combined with lack of public policies on environmental education focused on
environmental sustainability, has contributed to the degradation and intensive socioeconomic
consequences, sentencing to death an entire ecosystem. Therefore, this paper aims to
contribute to environmental conservation and improve the quality of life while you can
sensitize the people on the brushwood environmental cause, through the reconstruction of
the stoves. It was built a prototype eco stove with technological innovations, and confectioned
entirely with materials from the soil of the rural property where it was installed. The new stove
was the basis for the analysis that is four times more efficient energy and healthier for their
use.
INTRODUÇÃO
A motivação de desenvolver esse projeto tem por base o fato da grande maioria das casas da
região do semi-ardido nordestino ter fogões a lenha como meio de cozimento dos alimentos. A
cauda mais preocupante é que os fogões convencionais desperdiçam até 80% da energia da
madeira e são altamente poluentes. Diante desta realidade, onde predomina a perda da cada
vez mais escassa energia, problemas de saúde principalmente das mulheres. Diversas
iniciativas tentam minimizar estes problemas, sendo que, no nosso caso, levamos até o campo
apenas conhecimentos, pois os materiais utilizados foram obtidos na própria localidade da
construção do protótipo.
Um fogão ecológico tem muitas vantagens em relação aos fogões de lenha convencionais:
consome apenas a metade da lenha utilizada nos fogões de chapa comuns e economiza até
80% da lenha gasta nos fogões de trempe (tucuruba); é também menos poluente, com baixa
emissão de fumaça e fuligem; e ainda mais limpo, pois a fumaça é completamente exaurida
pela chaminé do ambiente da cozinha; oferece maior oxigenação da lenha e, portanto faz a
queima mais completa, o que reduz os índices de emissões de monóxidos de carbono e outros
compostos normalmente presente na fumaça.
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Localização
Figura 1 - Roça do Seu Chico Eleotério – Foto: Google Earth editada por frankalsaber.
Brevíssimo Histórico
O primeiro ecofogão foi inventado pelo Eng. Florestal brasileiro Rogério Carneiro de Miranda,
em trabalhos desempenhadas em Honduras e na Nicarágua, nestes dois países 70% de toda a
madeira consumida é para cozinhar. Após 13 anos Miranda trouxe o seu fogão ecológico para
o Brasil.
A saúde das pessoas que dependem dos fogões de lenha é o ponto culminante das
preocupações da OMS (Organização Mundial da Saúde). Segundo Kirk Smith, médico da
Universidade de Berkeley, nos EUA, especialista em problemas de saúde relacionados ao uso
da lenha, uma mulher que cozinha num fogão de lenha comum, “equivale a ter fumado dois
maços de cigarro” diz Smith. O fato é mais dramático ainda quando tomamos os dados das
Nações Unidas que afirmam que dois bilhões e 400 milhões cozinham com lenha,
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principalmente em fogões muito toscos e tem como principais vítimas as mulheres conforme
afirmam Warwick & Doig (2004).
De acordo com a OMS a exposição à fumaça da lenha mata mais gente do que a malária, a taxa
de mortalidade anual de é de quase 2 milhões de pessoas, sendo assim a oitava causa de
morte no planeta.
Apesar da excelência dos projetos de fogões ecológicos, estes ainda estão distante da
realidade financeira da grande maioria das pessoas que poderiam ser beneficiadas. No
mercado internacional o ecofogão industrializado custa 60 dólares por unidade, apesar de
parecer barato, as pessoas que cozinham em trempes não tem dinheiro as vezes sequer para
comprar os alimentos para cozinhar. No Brasil, o ecofogão foi introduzido com o apoio da ABC
(Agência Brasileira de Cooperação Internacional) e da UFV (Universidade Federal de Viçosa), e
pode ser encontrado em diversos modelos, a preços que variam de R$195,00 até R$939,00 de
acordo com o grau de sofisticação. Neste sentido os preços internos são proporcionalmente
mais caros que os vendidos no mercado externo.
Outra questão econômica igualmente relevante é a relação dos custos operacionais dos fogões
de lenha em relação aos fogões a gás GLP e o respectivo acesso das populações a estas duas
fontes de energia.
De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás (dados de 2007), do
total de energia consumida nas residências em todo País, apenas 26% são à base do gás de
cozinha, 37,7% ainda utilizam o velho fogão à lenha e 2,4%” o carvão vegetal. Por Isso, a
despeito da oferta no mercado de “fontes de energia mais limpas” como o gás GLP e o gás
natural, o uso da lenha continua aumentando proporcionalmente desde então. No semi-árido
Nordestino, a madeira responde por mais de 40% da matriz energética da região. Esses
recursos são produzidos com baixíssimo aproveitamento energético e alto custo ambiental.
O alto preço do botijão de gás impede o acesso destas populações usuárias da lenha. Dados do
BEN (Boletim Energético Nacional) de 2004, publicados pelo Ministério de Minas e Energia,
mostram como o gás virou artigo de luxo.
No gráfico abaixo (Figura 3) vemos que de janeiro de 1995 a julho de 2005, a inflação medida
pelo IPCA ficou acumulada em 144,07%. Neste período de dez anos, o botijão de gás teve uma
alta de 622,82% e a energia elétrica, de 389,74%.
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Figura 3 – Gráfico: Evolução da inflação e dos preços do gás. Fonte: Jornal O Globo - 4 de setembro de 2005 -
Caderno de Economia páginas 29 e 30.
O custo mensal com gás de uma família com cinco pessoas fica em média por R$35,00, já com
o uso do carvão não sai por mais de R$14,00. No caso da lenha este custo pode chegar a
menos de R$7,00. Em boa parte das propriedades a lenha é obtida na própria localidade sem
custos adicionais.
Procedimentos Teórico-Metodológicos
A chaminé também foi construída com o emprego dos blocos sobrantes, com as dimensões:
2,85m de altura por 81cm² de área de exaustão. Segundo Prezotto, Na construção da chaminé
devem ser usados materiais refratários para manter o calor. “Elas podem receber
acabamentos que vão dos tradicionais tijolos aparentes a cerâmicas, pedras e texturas”.
(PREZOTTO, 2009).
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câmara. Assim o Ecossolofogão reúne as vantagens dos fogões tradicionais e dos ecológicos. A
argila foi obtida da mesma propriedade onde foi construído o protótipo, sendo um material
muito comum em toda região do semi-árido brasileiro.
O nosso fogão ecológico utiliza o cozimento de superfície por contato, mas não utiliza chapa
de ferro fundido e sim argila e areia. Uma abertura cônica foi feita numa placa de argila
(cerâmica) para a utilização de panelas de barro, já sagrada pela cultura sertaneja. Caso seja
necessário utilizar outro tipo de panela metálica ou simplesmente fechar a abertura, foi feita
uma tampa do mesmo material cerâmico.
Figura 4 - Fogão de trempe do Seu Chico - Foto: frankalsaber Figura 5 - Chaminé do Ecossolofogão - Foto:
frankalsaber
No Processo de combustão aberta da madeira seca são sopesados quatro tipos de substâncias:
Água (10%) na forma de umidade residual, Resinas (60 %) que vaporizam com o calor e se
transforma numa nuvem fumegante de diversos vapores e gases combustíveis, Fibras de
celulose (29%) que carbonizam e compostos minerais não oxidantes (1%) que se convertem
em cinzas. Desse modo apenas as resinas e o carvão são ativos no processo de queima, sendo
que, cerca de 60% da energia da madeira é procedente das resinas e 40% do carvão.
No fogão a lenha comum, através da combustão incompleta são gerados vapores de resina
que condensam e se depositam nas paredes internas da fornalha e da chaminé na forma de
alcatrão. Uma parte dos vapores é liberada na atmosfera, contendo, sobretudo, muito
monóxido de carbono.
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A composição química da fumaça é resultante do tipo de madeira, temperatura, umidade e
circulação de ar e também das variações nas condições da queima.
Segundo Seito (2008) a fumaça de madeira tem basicamente a seguinte composição: álcool
metílico; ácido pirolenhoso; ésteres; ácido carbônico; anidrido carbônico; aldeídos; cetonas;
ésteres; fenóis e cresóis (cor caramelo característica); 3,4 benzopireno e 1,2,5,6 fenantraceno
(carcinogênicos). Estes componentes podem ser agrupados em 4 grandes grupos: ácidos,
fenólicos, carbonílicos e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
Resultados
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Comparando com dados dos fogões tradicionais (Tabela 1), o Ecossolofogão obteve uma
eficiência média de aproximadamente 31%.
CONCLUSÃO
Bibliografia
PREZOTTO, S.. O segredo do churrasco. Revista Casa & Construção. [São Paulo], n.43, 2009.
SEITO, Alexandre Itiu, org. A Segurança Contra Incêndio No Brasil. Projeto Editora. São Paulo,
2008
WARWICK, Hugh and DOIG, Alison. Smoke – the Killer in the Kitchen: Indoor Air Pollution in
Developing Countries. ITDG Publishing, London, 2004.