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ser recuperado?
Texto extraído do Jus Navigandi
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
id=11524
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Passados mais de 18 anos da implementação do Plano Collor, subsiste a
dúvida na sociedade brasileira se alguma coisa pode ser recuperada daquele
verdadeiro "calote" governamental que, à guisa de supostamente combater a inflação,
confiscou os valores depositados em contas poupança e adotou índices "expurgados"
para se aferir a inflação da época, criando uma expectativa de redução da espiral
inflacionária – que, ao final, não se verificou– à custa de muito sacrifício da
sociedade.
Com efeito, nos termos daquela lei, os saldos das cadernetas de poupança
excedentes ao valor estipulado de NCz$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzados novos)
seriam convertidos em cruzeiros somente a partir de 16.09.1991, e permaneceriam
até então bloqueados sob a guarda do Banco Central do Brasil, recebendo correção
pela variação mensal da BTN Fiscal, em substituição ao IPC, índice que, até a edição
da MP 168/90, era aplicado à correção monetária mensal das cadernetas de
poupança.
Pois bem: Quanto aos cruzados novos bloqueados, o desfecho judicial não foi
favorável aos poupadores, porquanto o Supremo Tribunal Federal entendeu que as
quantias bloqueadas – uma vez transferidas ao Banco Central do Brasil – perderam a
natureza de depósitos em cadernetas de poupança, inexistindo, assim, direito
adquirido ao recebimento do índice até então contratado, o IPC – Índice de Preços ao
Consumidor, e portanto revelando-se lícita a substituição do critério para a correção
de tais quantias, "in casu", com a adoção do BTNF, consoante estipulado em lei.
Vamos a elas:
São valores que em nenhum momento foram bloqueados, e assim, não foram
transferidos ao Banco Central do Brasil, permanecendo sob a guarda do banco
depositário.
Que a postulação judicial, neste sentido, deve ser dirigida contra o banco
depositário onde se mantinha a conta poupança, uma vez que os valores ali
permaneceram livres. E como se trata de uma relação privada, não envolvendo a
Fazenda Pública, o prazo prescricional é de 20 anos, portanto, com vencimento em
maio de 2010.
2ª Possibilidade de Recuperação – Aplicada aos aposentados, pensionistas,
instituições sem fins lucrativos, depósitos judiciais e à quem comprovasse à época
ter débitos assumidos anteriores ao bloqueio
Para as pessoas nas situações acima descritas, então, nem todas as quantias
superiores a NCz$ 50.000,00 foram efetivamente bloqueadas e transferidas ao Banco
Central do Brasil.
Isto porque a Medida Provisória nº 168/90, que implantou o Plano Collor, não
dispôs que os cruzados novos não bloqueados e não transferidos ao BACEN seriam
corrigidos pelo BTNF.
A adoção deste novo índice (BTNF) valeria apenas para os cruzados novos
efetivamente bloqueados e transferidos ao BACEN!
Mas ocorreu que a dita MP 172/90 não foi incluído na Lei nº 8.024, de
12.04.90, a qual, portanto, somente converteu em lei o que estava disposto na MP
168/90, que determinava a aplicação do BTNf, exclusivamente, para os cruzados
novos bloqueados e efetivamente transferidos ao BACEN.
Assim, tal disposição jamais foi convertida em lei, prevalecendo, até hoje, o
regramento então vigente, isto é, a aplicação do IPC para a correção monetária, em
maio/90, para os valores que não foram efetivamente bloqueados e transferidos ao
BACEN.