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O Sonho de Jair
O Sonho de Jair
-- eh, eh, hoje dia de curtio... trolar umas gatinhas, tirar onda
na escola e enganar os trouxas.
Os pais j estavam preocupados com a situao do filho:
-- nega, dizia o pai, seu Raimundo, Jair t brincando com a cor
da chita! J um rapazote e ainda com esses pensamentos de s
querer baguna, sem levar nada a srio! Da escola s chega
reclamaes: Jair fez isso! Jair fez aquilo! Jair est suspenso
por ter brigado e coisa do tipo. A pior de todas escutei ontem,
quando fui escola. A professora me disse: Olha, seu Raimundo,
infelizmente Jair est reprovado. Entristeci de repente.
-- Fica assim no, nego, dizia a mulher, dona Flora, deixa que a
vida vai ensinar esse moleque. A gente j deu conselhos, j
bateu, j xingou, j reclamou e nada adianta. Deixa estar, velho,
que ele vai ver com quantos paus se faz uma canoa!
Jair, que ia passando, ouvindo o seu nome, logo colou o ouvido na
porta velha do quarto dos pais e escutou a conversa toda. Ficou
meditativo... No podia dar tamanho desgosto ao seu pai (que
trabalhava o dia todo como ajudante de pedreiro) e a sua me
(domstica com as mos carcomidas de tanto lavar roupas
alheias). Foi dormir pensando naquilo.
Ento, de madrugada, sonhou. Sonho terrvel, assustador.
Aparecia um homem barbado, maltrapilho e fedorento e batia na
porta da casa do rapaz:
-- Quero falar com Jair, dizia, em tom ameaador. Tom de voz de
quem est muito zangado.