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A memria na margem da justia: o testemunho em cena

Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro. Escola de Administrao


Judiciria: 2015.8
O testemunho manifesta-se tanto na prtica judicial como fora dela. Trata-se
de narrativa endereada ao outro que revela algo daquele que fala. O
testemunho coloca em jogo a memria e suas vicissitudes: o engano, o
esquecimento, a hesitao. O testemunho pode ocorrer na margem da
prtica judicial: tendo ou no ela por alvo, sendo ou no capturado por ela,
pode ter um alvo por incio e outro por fim. Assim, so as narrativas de
adotados que falam sobre sua busca pela famlia de origem; adultos,
adolescentes, jovens e crianas, vtimas que relatam suas experincias do
passado que ainda se fazem presentes, demandando ou no proteo e
reparao. O que podemos aprender sobre a relao entre testemunho e
memria?
em torno dessa interrogao que esperamos encaminhar outras
indagaes a partir de comentrio sobre o documentrio 33, de Kiko
Goifman, que descreve a tentativa de localizao de sua me biolgica, e da
anlise do denominado falso testemunho, nos depoimentos em que a suposta
vtima narra uma situao de violncia no vivenciada.
Nesse ltimo caso, a fala do sujeito ressignificada, interpretada, como uma
induo do tribunal ao erro. Esse tipo de engano aparece nas pesquisas de
Elisabeth Loftus sobre os processos da memria nos testemunhos de alguns
casos de violncia. A pesquisadora, adequando-se s exigncias de busca
pela verdade no tribunal, reinterpreta a lembrana de uma experincia no
vivida como um falso testemunho, produzido por algum induzido
emocionalmente, alienado no desejo de outrem. Por uma operao de

captura, o chamado falso testemunho passou a ser tambm a condio de


possibilidade para o surgimento da chamada 'alienao parental'.

Prezi: http://bit.ly/1J42Lb5

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