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As rosas e os cardos da Ministra da Educação


07-Mai-2008
A Ministra da Educação foi à televisão ajudar a lavar o negócio das políticas sociais de Sócrates. Alan Stoleroff
Bordou o autoritarismo, abriu o seu peito de esquerda, mas a realidade não deixa de ser o que é só Alberto Matos
porque as eleições espreitam. Alda de Sousa
Alda Macedo
1. Chumbos. Andamos há muito a dizê-lo e a ministra tem razão: o chumbo é arma de uma escola Alice Brito
elitista, custa caro aos contribuintes e, ainda por cima, reproduz o insucesso escolar (ao contrário das Álvaro Arranja
línguas aziagas do rigor, os dados mostram que as crianças e os jovens não aprendem mais por Amy Goodman
ficarem retidos). Ana Drago
André Beja
Mas os chumbos vão acabar? Não, disse a ministra. E à pergunta: então, a saída para os jovens que
André Soares
chumbam é a formação profissional? Não, disse a ministra. E não podia, porque a realidade é o que é.
O que se oferece hoje aos jovens com longa história de insucesso (rapazes, sobretudo) são os famosos cursos de Andrea Peniche
formação para conclusão da escolaridade obrigatória, nichos de enjeitados anos a fio a fazerem de conta, eles e os António Chora
professores, que vão ser, um dia, jardineiros. Às perguntas que interessam (o que foi e o que vai ser feito para António Grosso
combater os custos sociais dos chumbos?) seguiu-se retórica para três anos perdidos, porque as respostas são Bernardino Aranda
caras. Bruno Maia
Carla Luís
Não há equipas multidisciplinares nas escolas, não há mediadores, não há psicólogos, não há horas para programas Carlos Marques
de tutorias, não há horas para apoios específicos, não há turmas mais pequenas onde é necessário, não há Carlos Santos
responsabilização das escolas que fazem turmas de "bons" e de "maus", não há salas de aula dignas e equipadas. Carlos Vianna
Não há nada a não ser a boa vontade e o empenho de professores, e de poucos profissionais que resistem à sangria
Carlos Vieira
da poupança, para os meninos e meninas que não correspondem ao formato médio, que não têm livros em casa, que
Catarina Martins
não têm mãe escolarizada e pai bem sucedido profissionalmente, que não têm, muitas vezes, dinheiro para comer, e
Cecília Honório
que até vivem desse monstro irresistível que é o da caridade das escolas.
Cristina Portella
Diz ainda a ministra que o problema não está nos programas, "acessíveis" aliás, e é mentira. Os programas e a Daniel Arruda
disciplinarização nos 2º e 3º ciclos são esmagadores para os jovens que passam os dias amestrados em aulas, sem Daniel Oliveira
tempo para viver. É a realidade diária deles. Eduardo Pereira
Fernando Gregório
2. Professores. Acenar com o bife da equiparação no topo entre professores e carreira técnica é esquecer os muitos Fernando Rosas
milhares que nunca lá chegarão, é cuspir para o lado aos preços da formação e a uma avaliação punitiva e infernal
Francisco Louçã
(que ainda terá um director para jogar com afilhados e afilhadas com as quotas da excelência, que, aliás, exigiam uma
Guida Vieira
avaliação externa de todas as escolas, e a ministra diz que a coisa vai pelas 400...).
Heitor de Sousa
A realidade do próximo ano nas escolas portuguesas será a do inferno sem purgatório. Na instabilidade para os Helena Pinto
alunos, no perigo do sucesso administrativo não pensa a Ministra. E cada professor e professora só desejará, nos Immanuel Wallerstein
melhores dias, ver a ministra e os seus secretários avaliados com as suas fichas. Uma qualquer ficha de sete páginas Isabel Faria
para observação de aulas e portefólio, cada item desmembrado em vinte, cada um deles classificado de 1 a 5, mais a Joana Amaral Dias
ficha feita pelo conselho executivo, onde o "excelente" corresponde ao sobre-humano, e eles não passam. João Delgado
João Madeira
E, ao menos, aqueles cotados conselheiros científicos que a Ministra arranjou não são capazes de operacionalizar as João Rodrigues
fichinhas e de lhes dar uniformidade para minimizar a selva que aí vem?
João Romão
Esta equipa ministerial foi chumbada no dia 8 de Março. Vai custar muito caro ao país retê-los mais um ano (e eles João Semedo
nem vão aprender mais por isso). Entretanto, as escolas vão rebentar com a avaliação, novos capatazes surgirão João Teixeira Lopes
para tornar inquestionável a cadeia de comando, e o desafio será maior do que nunca: mostrar que este modelo de Jorge Costa
avaliação não serve, que a avaliação é das escolas e para preservar e aprofundar o trabalho cooperativo; será ano de José Casimiro
não deixar passar esta espécie de "luta de classes" dentro da classe, de combater a autofagia, mantendo relações de José Guilherme Gusmão
cooperação e solidariedade, senão eles passam administrativamente... José Manuel Pureza
José Maria Cardoso
Cecília Honório José Soeiro
Lucas Manarte
Luis Branco
Luis Fazenda
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Michel Warschawski
Miguel Portas
Miguel Reis
Moisés Ferreira
Mónica Frechaut
Mustafa Barghouti
Natasha Nunes
Nuno Ramos de Almeida
Nuno Teles
Pedro Soares
Raquel Varela
Renato Soeiro
Rita Calvário
Roberto Almada
Roberto Robles
Rogério Moreira
Rui Borges
Sandro Mendonça
Tariq Ali
Uri Avnery
Victor Franco
Violante Saramago Matos

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