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NICOLAU MAQUIAVEL O Principe ESCRITOS POLiTiCos Eundador ‘vroon c1viTA ‘ag07-1980 © Copright dota wip, Kaira Norn Cutmal Lin, 2004 ‘iris exons se tons deste volume Taira Nove Cults 1d, Dien extsivon sobre Maguiacel ~ Vid © Obie ‘aicora Nova Cultral Lee Coprdemasi editorial “Jane Plei aivoros Baitoras de arte ‘Ana Stay 8. Doboo “Minica Maldonode Edkorapio eletsinica any Bator Lea. sm 96-1.00850-8 ‘Bite News Cara ta ea Pow: Lome, £24 ~ 10" andar CHP oct2e 010 — Bu Paso 8° rw nonniteal “rem pensar eon fn ¢ neabuments TR Dosnally spas 65 1) 4188 36500 o Vipa E OpRA Consiltoca: Calon Estevam Martins Sateen: oo wae | wig ‘bE 1513, na cidade italiana de ‘San Cas- ‘exilado politico ocupa-se todas as manhas da da pequena propriedade onde ests con- tarde, joga cartes numa: hospedaria, com : cares, A noite, veste trajes de sia “@ conviver, através da leitura, com 6 de estatura média, magro, antes € libios finos. Ao medi- mapeceatnce numa vida inteira dedicada aos (Sbreciince Ws ep emsados doa edie | pequeno livro,O Pritzipe, que coritém ensi- de como conquistar Estados e’ conservé-los em sintese, um, mannal para’ governantes. edicou-o a Lourengo I (1492-1519); po- familia dos Medici e duque de Urbino, mas acolheu friamente a didiva e néo teve de aprender-the as ligdes, pois falecen logo de- ‘10 entanto, parece que souberam aprovei- suito bem. Foi o que demonstou, por exemple ‘inglés Henrique Vill (1491-1547), a0 forjar © -caso'da anulagao do. matriménio com Catarina de Araggo. (1485-1536): esse ardil foi que Ihe permitia ceparar a lereja britanica da Santa Sé, expoliar sistema fieamente os mosteiros ¢-consolidar seu poder absoluto, Diz-se que também Catarina de Midicis (1519- 1589), rainhasme da Franga, teria seguido os .ensina- mentos de Maquiavel 20 jogar cat6licos contra protes- tantes e ordenar'o farhoro massacre de 1572, Com isso mmanteve a soberania para os filhos, indolentes ¢ inca- pazes de agir muaquinoelicamente como a tac. Ela era Fitha de Lourengo, a0 qual tinha sido dedicada a obra que, adolescente ainda, certamente leu. Fosa e outras historias de ardis, assassinatos ¢ cespoliagies de governantes tém sido atribuidas a inspl- racto de O Principe, © chegamm a ter alguin valor para Compreender-ihe © significado, Mas, frequentemente, servem apenas para deformar-Jhe:o conteado-mais, pro- fundo ea selevancia dentro da historia das: idéias. Contesido ¢ relevancia que s6 podem ser apreendidos quando se conhecem. as cireunstancias em que « obra Yeio A luz, dentro do quadro da vida pessoal do autor ¢ das coordenadas econdmicas, sociais © politi- cas da Exropa dos. séculos XW e:XVI. A essas:condi- ‘oes. vincula-se a situagio especial da Itélia, patria de Maquiavel. (© PANORAMA POLITICO DA RENASCENGA ITALIANA, Na Keilia do Renascimento reina grande confusio. ‘A tirania impera.em pequenos principades, governados despoticamento por casas reinantes sem tradigo dings tier ou de direitos contestiveis. # ilegitimidade do poder gora situagdes de crise e instablidade permanen- Te Somente 0: cilculo politico, a astcia,.a ago répida te fulminante contra os adversérios so capazes de man- ter © principe. Esmagar ou teduzir 2 impoténcia oposicdo. interna, stemorizar os siéditos, pata evitar a $$ renre subversio e realizar aliangas: com outros: principados Seaton 0 cio da adinistiagse. Como: ec qouet cr funda exclusivamente em atos de forga; & previstvel e “natural que pela forga seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religio, nem a tradigio, nem a vontade popular legitimam 0 soberano.e ele teri. de contar -exclusivamente com sua. energia ctiadora. A. auséncia “de um Estado central e a extrema muiltipolarizagio do ‘crim um yazio; que as mais fortes individuali- " dades capacitam-se @ ocupar. Os condettieri so habeis nisso. Especialistas na té- eile -avenvercicoo c-Sllne da ortns-wender de seguranca e-conquista ao. principe que me- nas egulares so pall 8 © no. é politicamente eieieas tte en exten, . que-tmplion 0 “entrega de armas’ 20 povo,, fato perigoso para gover- -nantes de populagdes descontentes. Us condottier: aciqui- cin crescente; alguns conquistam principa- ‘com:teis, carteais © papas. freqiientemente para as monarquias -européias-a. fim de‘ solucionar as disputas isso. @ Itslia. torna-se vitima impotent pastoris soberania do Impé- ae 2 disputam a posse 2 ‘tudo isso acontecesse num pais cconheciclo, muito antes as formas # pelo poderio espanhol, francés e inglés apitalismo comercial j6 tinha quase cots quando: sucgiu-nos demais pakes fundamentott as: monarcutias’ebsolutistas. Mas seu de- senvolvimento na peninsula foi diferente, co congela- mento do capitelismo’ italiano parece ter resultado” do Proprio éxito econdmico, expressado sob) a forma de ima exponsio bem-sucedida do capital mercantil ¢ $i hanceito, A nascente economia comercial italiana, &.par- fir do séoulo- XI, articulava-se como mundo feudal circulante, estreitando’vineulos de dependéncia recipro~ ca. A clentela era: constituida por Igreja, Estados feu- dais, grandes senhores ce terras, cortes aristocriticas © ‘camadas supetiores. da burguesia, assim como pelas ‘Coroas representativas dos interesses dos novos Estados hnacionais europeus, As necessidades de consusro desses Setores tomarain a economia espedalizada na producto Ge tecidos cares, no cométcio de especiarias clo Oriente ‘enas negécios bancérios com:os potentados dos demais paises, Hose solidariedade entre a economia italiana ¢ Ts condigdes ©: contradigdes .caracteristicas cla Europa medieval acarretaré. sua ruina, cuando ocorrer a deca- déncia da ordem feudal. Par outro’ lado, a. relativa faclidade com que 08 senhores feudais sto afastados do poder nos micleos burgueses mais fortes elimina a nnecessidade de unificagao. nacional. como tarefa social: frente necesséria. A burguesia dispensa: 0 monatca ‘como pega essencial para submeter os senhores feucials. como ocorrew: no caso clissico da Franca, Ela mesma Se concede como aristoctacia)reinante; mas a organi- Zacio estatal resultante sofre de ume debiliciade insa- avel, mostrando-se totalmente incapaz de fazer fren- te aos gigantescos aparelhos de Fstado, em vias de aparecimento. ‘A produgio: manufaturcira, instalada nos territérios dos. antigos clientes. italianos, procuraampliar merce Gos; abaixando os. precos dos produtos e estabelecendo ‘meclidas. de rigida’ politica protecionista. Apesar’ disso, 2 decadéncia acentua-se, evpecialmente depois da-queda ‘de Constantinople ‘para os turcos, em 1453, ¢ da des ‘eoberta de caminho maritimo para as Indias, em 1454, ‘acontecimento que dew primazia aos portigieses © es no comércio'com 0 Oriente. > Aefragueza/ militar'e politica da peninsula, j4 no -comego'do século: XIV, «cepresente forte: impedimento _paraiexpansiio e acumalagio de capital. Periodicamente, percent c= cidacles ttalia- ‘tom como: se garantir das declaragbes de fo- ‘léncia das reis eutopeus. A Italia ¢, assim, desarmada ‘militar’ ¢ institucionalmente pelo anacronismo das cidades-Fstado © pela auséncia de ‘central incontrastivel. A essas razdes acres- tice temporal do papado, que, nao sendo sot part martor todos 0 Estos sob fraca a ponto: de impedir a: uni- meio da figura de um ruaipe eoxior » XV sao evidentes os sintomas da deca- ‘envi sew dltimo navio para a Ingla- 29, 0 Mogmnifico (1449-1492), 8) instalam manufaturas de ‘as sedes para Lito, na Franca ‘Ost Jovens ENrRa Na HisToRta panorama) dee crise econdmica e politica tated rem aay cy Moncrce, no dia 469, filo de Bernardo, advogado per ramos mais ‘pobres: da nobreza. toscana dos primeiros anos de vida de Nicolau » nBo: indo as informagies alm de 9 05:cléssicos latinos e italianos, mas mio ‘da adolescéncia om diante sua’ biografia com 2 histéria de Florenca e da Italia, da nfo pode ser destigada sob pena de nao ser possivel compreender-the'o significado. Em 1494, quando os Medici sio expulsos) de Flo- tenga e instala-se o-severo regime republicano do man ge Savonarola (1452-1498), Maquiavel inicia-se na vida iiblica, trabalhando na chancelaria em cargos de pouce Impostincia. Quatro anos depois, a oposigio interna, sustentada pelo’ papa Alexandre: VI (1431-1503), depoe, fenforca e queima Savonarola, e Maquiavel & indicado para o posto de Segundo Chaneeler da, Republica ‘Como, funciondrio. permanente, mero: executor as decisdes dos otimati, em: nome dos quais adminis: tra os negécivs. ¢ relagées extemas ida republican, E cotmissionado no Conselho dos Dez da Guerra-e enfren- fa os problemas decorrentes da decadéncis cio imperia~ lismo florentino em relagio as cidades vizinhas, apoia- das por poténcias estrangeiras, Especialmente importar- te € 2 longa guerra contra. Pisa, bastiao comercial’ ¢ Principal escoadouro dos’ produtos de Florenca. © epi- Sédio mais marcante do conflito < oda participacto do condottere- Paolo Vitelli, eomandante das. teopas: florer- ‘Gnas, Depois de algumas. vitérias’ significatives, Vitel detém-se as portas da cidade inimiga, ndo desfecha o staque final e € acusado de fazer jogo duplo. Alega Tazdes de conveniézcia' militar e-nega todas as acusa- goers de ter-se vendido aos, pisanos, mas, apesar dos protestos de inocénciay ¢ execuiado: "A, “questao Vitelli” suscita pela primeira. vez um dos temas permanentes da obra de Maquiavel: a neces sidade de organizacao de uma milicia nacional, forma da por soldados locais'disciplinadas. A. soberanial pott- tice — pensa ele — depende de exército proprio, cone- tituido. por soldados lemis'e convietos de que tutam pela causa. da pétria. in setembro do mesmo ano do. ataque' frustrado | a Pisa. celebra-se finalmente a paz entre Elorengo: © wager rangay que-até-entio apoiava Pisa, mas que agora inecessitava de roaos livres para dominar © reino de ‘Népoles.: Ao mesmo tempo, a intrincada politica italia ‘ey principalmente, que se deve -aliados: demasiadamente podezosos. ‘seriam’ feites pelo secretirio Borgia (1475-1507) ¢ a0 pape ‘con ambos aprenderia tambem jo papa Alexandre VI ¢ pode- jade Faenza em 1501 © avanga’ sobre ‘retorno dos Medici e um contrato tidade: © territérie florentino do vale ‘@ facilita a entrada do invasor. 5 es hesitam em socorrer gada-envia, Maquiavel, jun ° de Volterra, nha tectpo. as tropas intervie seas foreas. do. condottiere rrit6cios ocupades. tem Importincia’ para Maguise ‘© primeito encontro. com aquele que modelo de’ © Principe-e por fazer germinar ermypaooms ‘uma parte de sua, produglo.te6rica posterior. Enearre- fo de fazer um relatorio sobre. como featar os revol- Stos do vale do Chiana, Maquiavel atirma ser a his- téria @ mestra dos atos humanos,, especialmente dos govemantes, © que © mundo sempre fo} habitado por flomens com as mesmas paixies, sempre existinde Zo- vemantes.@ govemados, bons e maus siiditos. Aqueles que se rebelam devem, portanto, ser punidos. Aprova 2 tolerancia para com os habitantes do vale, mas dis- Gorda do, tratamento dispensado a Arezzo, AS tropas de César Borgia ainda estavam por perio e era: perigoso peemitir wm foco de rebelisio nos limites da cidade. Maquiavel acha que Arezzo deveria softer, punicéo exemplar, tal como fizeram os tomanos com Cartago. ‘Nas novas condigdes de guerra'e da politica inter- ‘na florentina, fortalece-se 0 poder executiva e Maquia- vel transforma-se na eminéncia parda do regime, com a nomeagio de Piero Soderini para o: cargo de gonfa- foneino vitalicio, Em 1503) é designadlo ‘para nova: mis- sao junto a César Borgia © com ele passa uma tempo- fade de trés meses, © filho. do. papa Alexandre VI representa para Maquiavel ¢ homem providencial, de seu chanceler, a carreira politica de Ma- ‘sério abalo: Enquanto. Florenco: alia-se ‘© papado inclina-se: pela Espanha ¢ a iinteresses.tem como resultado a derrocada es da cidade. Um pequeno exército cerca Beso tneino tempo. ele am leven ie (9 retomo dos Medici. ©. gonfaloneiro. Piero -€ destituido do poder e Maquiavel nao tem ra nova onde. press tortured, aku je sedigio e confinado em sua propriedade ‘de San Casciano. os Casciano, Maquiavel procura reconquistar alia que Peaasumlra poder: creec Bue voltar para Florenca. Desse perfodo de exfio, FseBuintes, S30 os Discursas Sabre a Primeira Livio, talver a mais importante de suas obras, do ponto de vista estritamiente cientificn. Esereve também um poema chamado O Asno, um agradavel conto, © Dembrrio que se Casou, também conhecido,como Belfagor, ea comédia teattal: A: Mandrégora, obra-prima do teatro italiano. Em 1520 redige 0 didlogo A Arteda Guerra e; logo depois, a Vite de Castruccia Castracani, urna: especie de boiggratia romanceada do condottere Luicano, no qual ve a figura ideal — como jé tinha visto em: César Borgia aUndo novo principe, necessério para a. wnificagso da Ita. ‘No. mesmo ano. toma-se historiador oficial da re- publica, fungio para a qual @ indicado pelo Stutio, Universidade de Florenca, Escreve tum Discurso endere- gado a0 papa Leio X (1475-1521), da familia dos Me- Aig, no-qual aconselha © pportifice a restaurar as antigas liberdades dda repiblica florentina, No novo cargo of cial phe-se a escrever as Histirias Florentinas, obra de grande extensio,, da qual oferece otto. volumes,. em 1525, ao novo papa, Clentente VIl (1478-1534), também da famiia dos Medici. Compoe uma comédia, Clizia, fmitagao livre. de Casin de Plauto, satisizando 0 seu ‘prSpno caso amoros9|com uma cantora, chamada Bar- Bare, Maquiavel estava casado desde: 1501 com Marietta ‘Orsini, que The’ dew cinco filhos, mas: nao foi um ma- rido inteicamente fick ‘A vida amofosa, no entanto, ndo era’o: mais im- portante. Ele amava sobreludo a cidade que 0 viu Rascer @ os, assuntos de Estado: Par isso, continua fazendo 0 possivel para vollat a vida publica, da qual tinha sido exclufdarem 1513. A oportunidade:chega em 1526, quando é nameado secretério dos, Cinco Provedo: res. das Muralhas, cargo no. qual deveria cuidar das fomtificagies da cidade e tratar da defesa-em geral: ‘Em 1527, 0 saque de Roma pelas forgas do impe- rader Carlos V. (1500-1558), do Sacto: Império: Romano- ‘Germanico, liberta Florenga do jugo dos Medici. O ‘acontecimento é saudado. por Maquiavel, que via mele : de voltar a0 comando da chancelatia: ‘Mas-0s novos poderosos: da tepilica esquecerasa-se do Posen. pela cidade-e: por sua liber- ‘ ‘otiltima de seus: @ 0 mais: _ Nao resistindo, torna-se fécil da doenga ETRE a pnt 1827, com 88. ance de pci D ‘mais imediiatos que se apresen- olucionou a historia das teorias, aremarco que a dividiu em duas ss da especulagao filoséfica. Em $BHB a:C), Aristoteles (984-322 aiC.), Tomas 1274) ow Dante (1265-1321), 0 estudo wvineulava-se 4 moral ¢ constituia-ve deais de organizagdo politica e social. A mesma regta nao fogem. seus’contemporaneos, como Erasmo de Rotterdam (1455-1836) no Mane! do Principe Cristdo; ou Thomas More (14781535) na Utopia, que, na base de um humanismo abstrato © descarnado de ma- teria concreta, constroem modelos ideais-do bom gover ante de uma sociedade justa ‘O universo mental: de Maquiavel & completamente diverso, Fim San Casciano, tem plena consciéncia de sua oviginalidade e tha, um, nove caminho, Deliberada- mente distancia:se dos tratados sistemations da escols~ tica medieval e, & semelhanca dos: renascentistas: preo- cupados com fundar uma nove, céncia fisica, rompe com 0 pensamento anterior, através da defesa do: mé- todo de investigacto empitica, Assim como Leonardo ‘da Vinci (1452-1519) observa que experiéncia: jamais fengana ¢ 0 erto ¢ produto do pensamento especulativo, quando dele’ se quer tirar conseqdéncias fisicas, assim também Maquiavel propde estudar a sociedade pela andlise da verdade efetiva dos fatos humanos, sem pperder-se em vas especulacies. © objeto de suas refle- xbes ¢ a tealidade politica, pensada como prética hu: mana concreta, e 0 centro maior de: seu interesse & 0 fendmeno do poder, formalizado na instituicio, do Es- tado. Nao se trata de estudar’o tipo ideal de Estado, mas compreender como as’ organizagdes politicas. se fundam, se deserwolvem, persistem’e decaem- Esse: exame que se pretende puramente empirico depende, contudo, de duas coordenadas teéricas basi- casi uma filosofia da ‘histéria.e ume explicagao da psicologia humana, A primeita concebe 0 fenémeno historico nao como a idéia cristd; segundo a qual 0 desenrolar dos fatos humanos no tempo cumpre destg- nnios divinos, dirigindo-se linearmente para o juiro-final, mas como constituido por ciclos, que se renovam em ‘movimentos de revolugto em tomo de si:mesmos. Os fatos histéricos repetem-se nas linhas mestras; conhecé _ — agen Rea mcemnesoseveniall denser ere do: presente. a ‘o-estudo ‘Tal concopeto do acontecer NatGrco complements wai ‘se cont uma-compreensio da psicologia humana, Ma- pela forca da’ lei. Ox desejos nt osimesinos em todas as cidades © ‘psicologia, assim entendidas, ndo sac. 6ricos mas também guias para a de um conjunto de puiblica'e usar os remédios apli lade’ ou, na auséncia deles, ima- ie 0 passado © © presente. ; wel, a psicologia desenvolvida em tor- fundamenta 0 conhecimento secular e 6 sepata radicalmente da dia as causay da prosperidade dos Estados antigos, pode-se assim ‘modelo analitico para o estudo das socie- yporaineas,, j4 que ds mesmas causas cor- pmenmes felts. eo nto significa. po- eslo empirico-comparativo fornece ul fituagies-chave, m0 stl de um roan ‘teoria cientifica, estruturada na repetibi- ‘€ na invariagio do comportamento ser completada. pela investigagao das 'de-ciscunstancia sobre a qual se preten- LisexDADe E/DEteRMINIsMO Isolada a. situacéo, particular em suas, miiltiplas determinagdes e feitas as previsdes dos desdobramentos proviveis, a ciéncia do fendmeno politico cede lugar & rte de bem govemar. Assim, o saber politico triuntaria Sobre a tootia da histéria.¢ a ago humana nao estaria condenada a seguir um curso determinado pelo desti- no, como, nas tragédias) gregas. Embora a realidade determine os limites da agdo, a8 personalidades decid: ddas ¢ empreendedoras interfeririamy na historia, A cién- cia politica, enquanto prética, supera. entdo a concepeio de tim universo fechado e de uma historia. construida por petiddicos ¢ inexoréveis retomes. ‘0 desdobramento ciclico permanece, para Maquia- vel, 0 quadzo te6rico bésico de interpretacdo da histéria enquanto ciéncia. A desdobramento cfclico junta-se um ‘outro nivel de determinagdes mais proximas ¢ concre- tas, sobre as quais Maquiavel nao fornece indicagdes Figotosas; compreende-as. sob a deneminacao geral ¢ lassica de fortima ‘A fortuiin proporciona chaves para @ éxito da acto politica e constitui a metade da vida que nfo pode se= Zovernada pelo individuo. Ela proporciona. 2 occzsione oveitada pela virtd do governante. Em outros ter~ mos, 0 homem:de 2irti €-aguele que’ sabe o momento exato criado pela forfiena, no qual a agéo poders fun cionar com éxito. O.estadista sdbio e prudente busca tna historia uma’ situacdo semelhante © exemplar, da {qual saberia extrait 0 eonhecimento dos meios para 2 ago ea previsao dos. efeftos. Part ser eficaz, a inicio ‘va politica deve ajustar-se as citcunstincias. Na com tabilidade de Maquiavel, 0s 50% reservados ao arbitrio e- vontade humana’ teriam: seu circulo de operagoes possiveis no.espago concreto de uma’ situacae determic hada. A agdo destinada ao éxito seria entao aquela que sinais da forturs, pois 6: tempo e as coisas, foi capaz de extrair das circuns- propicios fornecidos pela —

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