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Licenciatura em Informática
História da Ciência e das Técnicas
Docente:
Discentes:
Henrique Gomes Bernardo
João Martins
N.º 1290
Nuno Vaz
N.º 1306
Rui Figueiredo
N.º 1324
Ano Lectivo 2008 / 2009
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
(José Saramago)
Licenciatura em Informática
História da Ciência e das Técnicas
Docente:
Dr. H. Bernardo
A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Curriculum Vitae
INFORMAÇÃO PESSOAL
Nome MARTINS, João Paulo Gouveia
• Residência S. José - Lisboa
• Correio electrónico jpgmartins@gmail.com
EXPERIÊNCIA
PROFISSIONAL
• Datas DESTE SETEMBRO DE 2004
• Nome do empregador Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
• Tipo de negócio ou sector Área de Gestão de Sistemas e Tecnologias de Informação
• Ocupação ou posição detida Técnico de Informática
• Principais actividades e Gestão Operacional da aplicação GIACH – Logistica e Farmácia Hospitalar.
responsabilidades Formação aos profissionais utilizadores da aplicação: Médicos, Enfermeiros,
Técnicos e Administrativos.
• Datas AGOSTO 2003 A SETEMBRO 2004
• Nome do empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Serviço de Informática
• Ocupação ou posição detida Técnico de Informática Adjunto
• Datas SETEMBRO 1998 A AGOSTO 2003
• Nome do empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Serviço de Informática
• Ocupação ou posição detida Assistente Administrativo
• Datas MARÇO 1994 A SETEMBRO 1998
• Nome do empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Departamento Financeiro
Gestão Hoteleira Comunicações e Transportes
Gestão de Doentes - Estatística
• Ocupação ou posição detida Assistente Administrativo
• Datas JANEIRO 1989 A MAIO 1993
• Nome do empregador Subgrupo Hospitalar Capuchos/Desterro
• Tipo de negócio ou sector Serviço de Hematologia / Serviços Farmacêuticos
• Ocupação ou posição detida Auxiliar de Acção Médica
• Datas JUNHO A AGOSTO 1987 E JUNHO A AGOSTO 1988
• Nome do empregador Repartição de Finanças de Machico - Madeira
• Tipo de negócio ou sector Tesouraria da Fazenda Pública
• Ocupação ou posição detida Administrativo
OUTRAS ACTIVIDADES
• Datas FEVEREIRO 2002
• Identificação da actividade Membro eleito da Direcção Nacional da Associação Sindical do Pessoal
Administrativo da Saúde – ASPAS – triénio 2002/2004
• Datas DESDE NOVEMBRO 2001
• Identificação da actividade FORMADOR
Ministração formação em deveras áreas da informática para utilizadores da
instituição onde trabalha.
• Datas DESDE OUTUBRO 1994
• Identificação do curso Instrutor de Teoria e Prática de Condução de Automóveis Ligeiros
A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Curriculum Vitae
INFORMAÇÃO PESSOAL
Nome Vaz, Nuno Ricardo Elias
• Residência Alverca do Ribatejo
• Correio electrónico nvaz77@gmail.com
EXPERIÊNCIA
PROFISSIONAL
• Datas Dezembro de 1998 até à presente data
• Nome do empregador Dia/Minipreço Portugal Supermercados – Soc. Unip. Lda.
• Tipo de negócio ou sector Distribuição e Comércio de Produtos Alimentares
• Ocupação ou posição detida Técnico de MicroInformática
• Principais actividades e - Administração de Sistemas em ambiente Windows Server 2003, Active
responsabilidades Directory,IBM Lotus Notes Domino e de Sistema centralizado de
Backup HP Data Protector.
- Administração Hardware Appliance (Astaro Security Gateway) e
configuração de VPN’s .
- Implementação de Servidores Anti-Virus(Norton) e WSUS (Windows
Software Update Services).
- Suporte básico a SAP.
- Configurações básicas de routers e redes.
- Suporte a nivel de Software e Hardware a utilizadores.
- Conhecimentos de Linux.
- Suporte à operação e infraestrutura nomeadamente parque informático e
periféricos, impressoras, redes, servidores, gestão de utilizadores, backups
• Datas Maio de 1998 a Novembro 1998
• Nome do empregador Dia/Minipreço Portugal Supermercados – Soc. Unip. Lda
• Tipo de negócio ou sector Distribuição e Comércio de Produtos Alimentares
• Ocupação ou posição detida Operador de Informática de 1ª
• Principais actividades e Processamento de Dados (Comunicações com as lojas, Introdução de
responsabilidades Dados) e suporte a utilizadores.
FORMAÇÃO ACADEMICA E
PROFISSIONAL
• Datas Outubro de 2006 até à presente data
• Designação da qualificação Frequência do Curso de Licenciatura em Informática
atribuída
• Principais - Linguagens de Programação - C / C++ / HTML / Javascript / ASP.NET /
disciplinas/competências VB.NET / C# / Java
profissionais - Redes e Comunicações (Modelo OSI,TCP/IP)
- Sistemas de Gestão de Bases de Dados (SQL Server 2005, Modelo
Relacional,UML)
• Nome e tipo da organização de ISTEC (Instituto Superior de Tecnologias Avançadas)
ensino ou formação
• Nível segundo a classificação Frequência Universitária (3º Ano)
nacional ou internacional
• Datas Setembro 2007
• Designação da qualificação MCITP (Microsoft Certified IT Professional) :Enterprise Support Technician
atribuída
• Principais disciplinas/ Windows Vista: Suporte e resolução de problemas em ambiente empresarial.
competências profissionais
• Nome e tipo da organização de Rumos - Informática Profissional
ensino ou formação
A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Curriculum Vitae
INFORMAÇÃO PESSOAL
Nome FIGUEIREDO, Rui
• Residência Abrunheira - Sintra
• Correio electrónico rui.figueiredo@gmail.com
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
• Datas 2009-2009
• Nome do empregador ZON TvCabo. – OctalTV, Engenharia de Sistemas para TV Interactiva, S.A.
– Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector Direcção Sistemas de Informação
• Ocupação ou posição detida MiddleWare & Portais Application Support
• Principais actividades e Gestão Operacional e Suporte de todos os portais zon tvcabo
responsabilidades
• Datas 2008-2009
• Nome do empregador ZON TvCabo. – OctalTV, Engenharia de Sistemas para TV Interactiva, S.A.
– Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector Selfcare
• Ocupação ou posição detida Desenvolvimento Web e Suporte Portais Zon
• Principais actividades e Desenvolvimento em asp.net, php, manutenção correctiva
responsabilidades
• Datas 2006-2008
• Nome do empregador PT SI Sistemas de Informação S.A. – OctalTV, Engenharia de Sistemas para
TV Interactiva, S.A. – Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector SIGMA
• Ocupação ou posição detida Desenvolvimento de Ferramentas apoio manutenção correctiva
• Principais actividades e SIGMA. BEA Weblogic Communications Platform, Oracle, shell script
responsabilidades OSS DEV / Product Support SIGMA
• Datas 2006-2006
• Nome do empregador PT SI Sistemas de Informação S.A. – OctalTV, Engenharia de Sistemas para
TV Interactiva, S.A. – Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector PRODUX
• Ocupação ou posição detida Migração de dados
• Principais actividades e SIGMA. BEA Weblogic Communications Platform, Oracle, shell sc
responsabilidades
• Datas 2004-2006
• Nome do empregador TV CABO PT – OctalTV, Engenharia de Sistemas para TV Interactiva, S.A.
– Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector DDI – Direcção de Desenvolvimento Infraestruturas TvCabo Portugal
• Ocupação ou posição detida Administração da rede tvcabo pt
• Principais actividades e CEON Provisioning Services. BEA Weblogic Communications Platform,
responsabilidades Oracle, Siebel CRM, Operador Sistema Sun
• Datas 2003-2004
• Nome do empregador TV CABO/NETCABO – OctalTV, Engenharia de Sistemas para TV
Interactiva, S.A. – Grupo Novabase
• Tipo de negócio ou sector Departamento Técnico Netcabo Profissional/residencial
• Ocupação ou posição detida Técnico Netcabo Profissional
• Principais actividades e Rede Netcabo Profissional Empresarial
responsabilidades
• Datas 2001-2006
• Nome do empregador Staples Office Centre - Loja de Sintra
• Tipo de negócio ou sector Informática e Material de Escritório
• Ocupação ou posição detida Op Principal da Área de Informática
• Principais actividades e Área de venda da loja de Sintra
responsabilidades
A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Í ndice
1. A História e o Número ..............................................................................................................3
1.1. A Linguagem dos Números ...............................................................................................3
1.2. O conceito de Número .......................................................................................................4
1.3. Limitações vêm de longe ...................................................................................................5
1.4. O Numero sem contagem...................................................................................................5
1.5. A ideia de correspondência ............................................................................ 6
1.6. Do relativo ao absoluto ......................................................................................................6
2. Evolução dos Números
2.1. Era Primitiva ......................................................................................................................7
2.2. O número concreto
2.2.1. Como surgiu o número?.............................................................................................9
2.2.2. Contando objectos com outros objectos ....................................................................9
3. O número natural
3.1. Os egípcios criam os símbolos .........................................................................................10
4. Os números racionais ...............................................................................................................11
5. Os Números e as Civilizações
5.1. Os algarismos na civilização Suméria .............................................................................12
5.1.1. O sistema sexagesimal .............................................................................................12
5.1.2. A Evolução gráfica dos algarismos .........................................................................13
5.1.3. O princípio da numeração escrita suméria ..............................................................14
5.1.4. Como calculavam os sumérios ................................................................................15
5.1.5. Das pedras ao ábaco.................................................................................................16
5.2. Os algarismos da civilização Egípcia...............................................................................17
5.2.1. Os algarismos hieroglíficos .....................................................................................17
5.2.2. A origem dos algarismos egípcio.............................................................................18
5.2.3. Dos algarismos hieroglíficos aos algarismos hieráticos ..........................................18
5.2.4. Como os egípcios calculavam .................................................................................19
A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
I ntrodução
O número desempenha um papel relevante, não só na sociedade actual, bem como nas anteriores. O homem
do século XXI vive cercado pelos números: horários de trabalho, estatísticas de natalidade, tabelas de preços,
juros a receber, impostos, velocidade do automóvel, recordes dos jogos, etc.
Os computadores e as imagens nas televisões digitais funcionam através de números (1 e 0). Já nos nossos
antepassados, os números tiveram uma importância enorme na vida dos seres humanos, pois foram eles que
os ajudaram a criar as primeiras cidades e impérios, assim como serviram de fonte de inspiração de algumas
das mentes mais brilhantes da história.
Mas como surgiram os números?
Apenas à vinte mil anos atrás apareceram provas sólidas que o número 1 já existia e que alguém o usava para
contar. O seu aspecto era apenas um risco num osso de Ishango (mais especificamente, a fíbula de um
babuíno). O homem, por exemplo, para registar cada presa que trazia para a caverna, fazia um risco num
osso.
Mas os seres humanos começaram a evoluir e deixaram de viver em cavernas e começaram a construir os
seus próprios refúgios, as suas próprias casas e a produzir os seus próprios alimentos.
A antiga civilização dos Sumérios traria um contributo marcante na história dos números, o povo da Suméria
parou de riscar os ossos e passou a representar o número 1 como uma peça em forma de cone. Esta
transformação mudou o curso da história, a invenção dos cones permitiu aos Sumérios fazer algo que jamais
alguém fizera. Com os cones era possível subtrair, e deu-se o maior avanço até então… a invenção da
aritmética.
Talvez por viverem em grandes cidades e precisarem de organização (os grãos tinham de ser distribuídos e
para descobrir quanto cada pessoa devia receber, a aritmética era essencial), tenha sido essa a razão dessa
transformação. A aritmética não era a única coisa que os Sumérios precisavam nas cidades, sentiam também
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
a necessidade de manter registos dos seus cálculos, mas a escrita ainda não tinha sido inventada (os números,
ao que parece foram a primeira escrita do mundo). A forma por eles encontrada para manterem os seus
registos, foi a de colocar números específicos de cones em envelopes de argila e após fechá-los, pegavam
noutro cone para fazer marcas nos envelopes, tantas marcas quantos fossem os cones.
Foi então que alguma mente brilhante percebeu que o envelope não era necessário, na verdade nem os cones
eram. Bastava simplesmente fazer as marcas directamente numa tablete de argila e tinham os registos dos
números. A noção de escrita havia nascido.
Os Egípcios eram construtores entusiasmados e davam muito valor à beleza. Mas era impossível criar belos
edifícios sem medir com precisão, e não é possível medir com precisão, sem saber qual é a sua unidade de
medida. O número 1 começou a ser conhecido como cúbito, a medida para todas as coisas, a incontestável
régua.
Os Romanos inventaram um sistema de numeração que serviu para todo o ocidente durante quase 2 mil anos
- a Numeração Romana.
Por volta do início da era cristã surgiu a numeração de posição em que os símbolos valem conforme a
posição que ocupam na escrita de um número e um acessório fundamental: o zero (0) - Invenção dos Hindus.
Só por volta do séc. XV, com o aumento do comércio, é que ficou clara a necessidade de um sistema de
numeração mais prático e se começaram a impor os símbolos actuais - os algarismos árabes.
A partir daí tudo se passou rapidamente. Uns 200 anos mais tarde, Pascal inventava a primeira máquina de
calcular mecânica. Outros 100 anos mais tarde, sentiu-se a necessidade de criar os números decimais ou base
10.
O alemão Gottfiried Wilhelm Leibniz, um dos primeiros defensores do sistema binário, invocava uma
espécie de linguagem ou escrita universal, mas infinitamente diversa de todas as outras concebidas até agora,
isso porque os símbolos e até mesmo as palavras nela envolvidas se dirigiam à razão.
Este “revolucionário” sistema binário (ou base 2), é hoje amplamente utilizado pelo computadores modernos,
isto é, todas as informações armazenadas ou processadas no computador usam apenas DUAS grandezas,
representadas pelos algarismos 0 e 1. Essa decisão de projecto deve-se à maior facilidade de representação
interna no computador, que é obtida através de dois diferentes níveis de tensão. Havendo apenas dois
algarismos, portanto dígitos binários, o elemento mínimo de informação nos computadores foi apelidado de
bit (uma contracção do inglês binary digit).
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
1. A História e o Número
São muitas as civilizações da Antiguidade, como as dos babilónios, egípcios, gregos, chineses e hindus, que
criaram os seus próprios sistemas numéricos. Os maias, que viveram na América Central em tempos mais
recentes, também desenvolveram um modo interessante de registar números. É importante observar que estas
civilizações não vieram umas depois das outras. Pelo contrário, muitas coexistiram durante séculos e, embora
localizadas em regiões diferentes, mantiveram contacto umas com as outras.
Com a excepção dos maias, que habitavam a América, as civilizações da Europa, Oriente e Médio Oriente,
trocavam mercadorias e conhecimentos. O intercâmbio cultural, que também envolveu os conhecimentos
matemáticos daqueles povos, reflectiu-se nas formas de contar e de escrever os números.
A noção de número e as suas extraordinárias generalizações estão intimamente ligadas à história da
humanidade. E a própria vida está impregnada de matemática: grande parte das comparações que o homem
formula, assim como gestos e atitudes quotidianas, aludem conscientemente ou não a juízos aritméticos e
propriedades geométricas. Sem esquecer que a ciência, a indústria e o comércio nos colocam em permanente
contacto com o amplo mundo da matemática.
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Assim opinam, pelo menos, observadores competentes dos costumes dos animais. Muitos pássaros têm o
sentido do número. Se um ninho contém quatro ovos, pode-se tirar um sem que nada ocorra, mas o pássaro
provavelmente abandonará o ninho se faltarem dois ovos. De alguma forma inexplicável, ele pode distinguir
dois de três.
As espécies zoológicas com sentido do número são muito poucas (nem mesmo incluem os monos e outros
mamíferos). E a percepção de quantidade numérica nos animais é de tão limitado alcance que se pode
desprezá-la. Contudo, também no homem isso é verdade. Na prática, quando o homem civilizado precisa
distinguir um número ao qual não está habituado, usa conscientemente ou não - para ajudar seu sentido do
número - artifícios tais como a comparação, o agrupamento ou a acção de contar. Essa última, especialmente,
se tornou parte tão integrante da nossa estrutura mental que os testes sobre nossa percepção numérica directa
resultaram decepcionantes. Essas provas concluem que o sentido visual directo do número possuído pelo
homem civilizado, raras vezes, ultrapassa o número quatro, e que o sentido táctil é ainda, mais limitado.
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
A aplicação do número, como um pensamento abstracto (abstracto no sentido de que não tem de estar
relacionado com um objecto físico em particular), foi indubitavelmente um dos maiores progressos na
história do pensamento (Kline, 1982).
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
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HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
2.1. E ra Primitiva
A arqueologia tem desenvolvido um papel de extrema relevância para o estudo da evolução do pensamento
contábil. É através dela que podemos conhecer o passado em busca de afirmação para o presente que
possibilite uma projecção para o futuro.
A Mesopotâmia é ponto de paragem obrigatória para o estudo da arqueologia. Muitos arqueólogos como
Rich (1812), Paul Émile (1842), sendo considerado o “Primeiro a encetar as escavações” em busca da
perdida Babilónia, procuraram, durante muito tempo, encontrar sentido para o presente desvendando o
passado.
Foi Hornuzd Rassom, em 1854, que deu a maior contribuição para desvendar o mistério que o passado
escondia. A sua contribuição foi descobrir a biblioteca de Assubanipal. Segundo MELLA ( 1985:21),
expondo sobre Assubanipal:
“Numa certa altura da sua vida, o grande rei, movido por intentos culturais, deu ordem a seus enviados a
comprar todas as obras científicas, literárias, históricas, e documentos que pudessem encontrar, enquanto
na corte um STAFF de doutores recopiava ou traduzia as que não estivessem a venda.”
Segundo o autor, esse trabalho resultou numa colecção com mais de 30.000 tabuinhas que apresentava o
conjunto de todo conhecimento existente entre o povo da época. Outras tabuinhas foram sendo descobertas
noutras escavações, revelando cada vez mais um passado que durante muito tempo permaneceu escondido.
Para MELLA (1985:34): “O material de estudo enriqueceu enormemente quando as escavações trouxeram
à luz os arquivos do governo desta ou daquela cidade, estrelas, selos, contratos, cartas, na maior parte
concernente a atas oficiais, burocráticas, construções de templos ou obras públicas; mas alguns referiam-
se também a eventos políticos ou bélicos e constituindo assim uma documentação preciosa para tentar
reconstruir sua história.”
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
É impossível analisar todos esses empreendimentos sem conceber a necessidade de se acompanhar custos.
Ou seja, a presença da contabilidade acompanha a própria história da humanidade.
Entre os sumérios não era diferente, a contabilidade exercia um papel importante no que diz respeito ao
controle das finanças, bem como o descambo na economia. O controlo das finanças estava intimamente
relacionado ao centro da religião, o templo. O templo funcionava como banco, escola e mercado e
principalmente como o centro do Estado (nele eram realizadas as principais transacções económicas da
época).
Esta relação política x religião x economia é predominante durante a Era Primitiva.
A economia entre os sumérios era desenvolvida principalmente pelo vasto comércio realizado em toda
Mesopotâmia, Egipto e Índia.
O principal facto nessa Era foi constituído principalmente pela formação do elo familiar. A família começava
a desempenhar um papel relevante para a contabilidade, pois o controle sobre o património da mesma
tornava-se uma necessidade.
É evidente que o conhecimento sobre a contabilidade, nessa Era, não se encontrava totalmente desvendado.
Muitos estudos, ainda, serão realizados na tentativa de se traçar uma história do pensamento contábil.
Uma contribuição significativa nessa fase foi o surgimento dos números. O número é indispensável no
avanço progressivo da humanidade. O homem caçava, pescava, construía, plantava tudo em função da
própria sobrevivência.
Há cerca de 10.000 anos atrás o homem começara a criar animais e com essa nova actividade surgia a
necessidade da geração de informação. “Qual o meu património, ou seja, em quanto aumentou o meu
rebanho”. Como atender a necessidade do Proprietário se os homens não conheciam os números nem sabiam
contar. Deste momento em diante o homem começou a buscar resposta para essas questões.
De forma rudimentar à contabilidade já se encontrava presente nos primórdios da humanidade. Pode-se
associar o surgimento dos números atrelado ao surgimento da contabilidade.
Para os estudiosos da matemática, a noção dos números surgiu aproximadamente à 10.000 anos atrás,
afirmam:
“Alguns vestígios indicam que os pastores usando conjuntos de pedras para fazer o controlo do seu
rebanho. Ao soltar as ovelhas, o pastor separava uma pedra para cada animal que
passava e guardava o monte de pedra”.
“Quando os animais voltavam, o pastor retirava do monte uma pedra para cada
ovelha que passava. Se sobrassem pedras, ficaria a saber que havia perdido
ovelhas. Se faltassem pedras saberia que o rebanho havia aumentado."
Desta forma, mantinham tudo sob controlo. Observa-se, na narração acima que a noção dos números está
intimamente ligada à necessidade da informação. Existiam os dados, não o controle e, por este motivo, não
havia informação que possibilitasse ao proprietário ou ao pastor, tomar decisão.
Na medida em que o homem fazia a ligação, para cada ovelha uma pedra, ele estava, na realidade, a fazer o
que na matemática se chama correspondência um a um.
Esse pastor jamais poderia imaginar que milhares de anos mais tarde, haveria um ramo da Matemática
chamado Cálculo, que em latim quer dizer contas com pedras.
Para os matemáticos: "fazer a correspondência um a um é associar a cada objecto de uma colecção um
objecto de outra colecção".
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Na linguagem contábil temos, de um lado a colecção dos débitos e, de outro, a colecção dos créditos, ou seja,
cada débito corresponde a um crédito e vice-versa.
O homem tinha resolvido um problema, a questão dos números, mas apesar de obter a informação ele não
conseguia registá-la de forma mais duradoura. O novo desafio era registar, por mais tempo, e de forma
consistente a informação.
Com a busca por um registo mais duradouro o homem começava a estudar a possibilidade do
desenvolvimento de um elemento que servisse de base para o registo.
Era o começo da descoberta da escrita e a entrada para a Era Racional.
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
3. O Número Natural
4. O s números racionais
Com o sistema de numeração hindu ficou fácil escrever qualquer número, por maior que ele fosse.
0 13 35 98 1.024 3.645.872
Como estes números foram criados pela necessidade prática de contar as coisas da natureza, eles são
chamados de números naturais.
Os números naturais simplificaram muito o trabalho com os números fraccionários.
Não havia mais necessidade de escrever um número fraccionário por meio de uma adição de dois
fraccionários, como faziam os matemáticos egípcios.
O número fraccionário passou a ser escrito como uma razão de dois números naturais.
A palavra razão em matemática significa divisão. Portanto, os números inteiros e os números fraccionários
podem ser expressos como uma razão de dois números naturais. Por isso, são chamados de números
racionais.
A descoberta de números racionais foi um grande passo para o desenvolvimento da Matemática.
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
5. O s Números e as Civilizações
A base 12 assentava na utilização das três falanges que compõe cada um dos dedos, usando o polegar como
auxiliar de contagem (apoiava-se o polegar em cada uma das falanges, sendo assim possível a contagem até
12).
Na sequência de uma combinação entre os dois sistemas manuais de contagem, surge a base 60. Esta nova
técnica de contagem era praticada da seguinte maneira: na mão direita, contam-se as falanges, tal como na
base 12, "guardando" o número de contagens na mão esquerda, assim como na base 5.
Esta é uma das muitas hipóteses que existem acerca da origem do sistema sexagesimal (sistema este que
constituiu um dos maiores méritos da cultura suméria).
Mão esquerda Mão direita
É importante frisar que ainda é notório, na nossa cultura, a utilização deste sistema, quer por exemplo na
expressão das medidas do tempo, em horas, minutos e segundos, ou a dos arcos e ângulos em graus, minutos
e segundos.
Cerca do século XXVII a. C., estes algarismos foram alterados, passando a estar dirigidos para a direita, em
vez de estarem dirigidos para baixo, conforme ilustra a figura:
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
De forma a simplificar e evitar as desmedidas repetições de sinais idênticos, os escribas de Sumer usaram
frequentemente o método subtractivo, escrevendo, por exemplo, os números 9, 18, 38, 57, 2360, 3110, da
seguinte forma:
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A História dos NÚMEROS
HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
O processo operatório no qual se baseavam para realizar a divisão consistia, no final de cada etapa, em trocar
os objectos pelos de ordem imediatamente inferior. Com efeito, consideremos o seguinte exemplo:
Dividir 324000 por 7
324000=9×36000
Como se pretende a divisão por 7, repartiremos 9 esferas perfuradas por grupos de 7 (note-se que as esferas
representam a maior unidade neste sistema):
O número de grupos de 7 esferas perfuradas que resulta desta primeira divisão é igual a 1, ou seja, o
quociente desta primeira divisão parcial é 1. No final desta primeira divisão restam 2 esferas perfuradas.
Para se poder prosseguir a operação é necessário converter 2×36000 em múltiplos de 3600 (unidade
imediatamente inferior a 36000). Deste modo 2×36000=2×10×3600=20×3600. Obtemos assim 20 esferas
simples, que repartimos novamente por grupos de 7:
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HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
O número de grupos de 7 grandes cones perfurados que resulta da terceira divisão é igual a 5 (quociente) e
sobra 1 grande cone perfurado (resto).
De seguida converteremos 1×600 em múltiplos de 60. Obtemos assim 10 grandes cones simples, que
repartimos novamente por grupos de 7:
O número de grupos de 7 grandes cones simples que resulta da quarta divisão é igual a 1 (quociente) e
sobram 3 grandes cones simples (resto).
Depois de converter 3×60 em múltiplos de 10 obtemos 18 bilhas, que repartimos novamente por grupos de 7:
O número de grupos de 7 bilhas que resulta da quinta divisão é igual a 2 (quociente) restando 4 bilhas. Para
terminar a operação resta-nos converter 4×10=40 por grupos de 7:
5 grupos
Sexto resto
O número de grupos de 7 pequenos cones que resulta da quinta divisão é igual a 50 (quociente) e restam 5
pequenos cones.
O quociente final obtém-se fazendo a adição dos quocientes obtidos nas várias divisões, com efeito:
1×36000+2×3600+5×600+1×60+2×10+5×1=46285 (quociente da divisão de 324000 por 7)
M C D U Posteriormente foi adoptado um outro processo que consistia em organizar por colunas as
contagens que se efectuavam, sendo a primeira (a da direita) associada às unidades, a
seguinte às dezenas e assim sucessivamente.
Consideremos o seguinte o exemplo: Representação do número 3672
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HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DAS TÉCNICAS
Para representar um número, os egípcios tinham apenas em consideração as unidades das potências de 10,
escrevendo-as, da esquerda para a direita, da maior ordem decimal até às unidades
simples. Assim, a representação do número 1 422 000 é a seguinte:
Exemplo do quanto o sistema hierático veio facilitar a escrita dos números egípcios. É assim, por exemplo,
a representação do número 3 577:
Adição
Para somar dois números, representavam-nos em separado e, posteriormente,
agrupavam os algarismos da mesma ordem de grandeza. De seguida, cada vez que
tivessem dez símbolos da mesma espécie, substituíam-nos pelo algarismo da
grandeza imediatamente superior, conforme ilustra o seguinte exemplo:
Multiplicação
Para multiplicar dois números, consideravam-se três casos:
Multiplicação por múltiplos de 10 [divisão por múltiplos de 10]:
Substituíam cada símbolo pelo símbolo correspondente ao algarismo da
ordem de grandeza seguinte [grandeza anterior], vejamos o caso da
multiplicação de 1464 por 10:
De forma a tornar a explicação mais perceptível, consideremos que se pretendiam multiplicar (ou dividir) a
por b, com a múltiplo de 2 e a > b. Notemos que todos os cálculos que seguidamente serão expostos eram
feitos com os algarismos hieroglíficos.
Como no caso anterior, formavam duas colunas e, numa delas, colocavam o número 1 seguido das sucessivas
multiplicações por 2, até à primeira potência inferior a a. Na segunda coluna colocavam o número b e
procediam de modo análogo, efectuando o mesmo número de multiplicações necessárias para chegar ao a na
primeira coluna. Posteriormente procuravam e assinalavam com um pequeno traço horizontal os números da
1 11 primeira coluna cuja soma era a. Somando os números correspondentes a esses na
2 22
4 44 / segunda coluna (que eram marcados com um traço oblíquo) obtinham o resultado
8 88 / pretendido.
16 176 /
32 352
64 704 / Exemplo: Multiplicação de 92 por 11
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92×11= 44+88+176+704
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Divisão por números que não são potências de 2 nem múltiplos de 10:
O processo é idêntico, uma vez que vamos ter novamente duas colunas mas, desta vez, a primeira coluna a
ser preenchida é a segunda, onde colocavam o divisor e as sucessivas multiplicações por 2, até esse produto
ser o maior número inferior ao dividendo. Na primeira coluna colocavam o número 1 e as sucessivas
multiplicações por 2, tantas vezes quantas as utilizadas nas coluna 2. Posteriormente procuravam e
assinalavam com um pequeno traço horizontal os números da segunda coluna cuja soma era o dividendo.
Somando os números correspondentes a esses na primeira coluna (que eram marcados com um traço
oblíquo) obtinha-se o resultado pretendido. 1 17
2 34
4 68 /
8 136 /
16 272
32 544
Exemplo: Divisão de 4556 por 17 64 1088
128 2176
256 4352 /
4556÷17= 4+8+256
Os egípcios eram realmente muito habilidosos e criativos nos cálculos com números inteiros. Mas, em
muitos problemas práticos, eles sentiam necessidades de expressar um pedaço de alguma coisa através de um
número. E para isso os números inteiros não serviam.
Na escrita dos números que usamos actualmente, a ordem dos algarismos é muito importante. Se tomarmos
um número, como por exemplo: 256 e trocarmos os algarismos de lugar, vamos obter outros números
completamente diferentes: 265 526 562 625 652
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(pelo menos nada o evidência) até que ponto eles estavam conscientes da sua natureza abstracta. Um facto
que reforça esta constatação está na circunstância, que do ponto de vista geométrico, todas as civilizações
anteriores aos gregos estiveram definitivamente vinculadas ao concreto.
Esta contribuição dos gregos foi essencial, pois abordaram a matemática de uma forma completamente nova,
tornando-a abstracta. E, assim sendo, o conceito de número foi conscientemente reconhecido.
Os pitagóricos terão reconhecido que a matemática lida com abstracções, embora este reconhecimento possa
não ter ocorrido numa fase inicial do seu trabalho (Kline, 1972). Os matemáticos gregos, em particular os
pitagóricos, desenvolveram toda uma filosofia do universo onde a noção de número (natural) tinha um papel
fundamental.
Eles estavam convencidos que tudo se poderia exprimir recorrendo-se aos números naturais.
Na procura das leis eternas do universo, os pitagóricos estudaram geometria, aritmética, astronomia e música
(o que mais tarde se chamaria o quadrivium) (…) Os números, isto é, os inteiros, chamados arithmoi, eram
divididos em classes: ímpares e pares, primos e compostos, perfeitos, amigos, triangulares, quadrados,
pentagonais, etc. (…) os pitagóricos investigavam as propriedades desses números, acrescentando-lhes uma
marca do seu misticismo e colocando-os no centro de uma filosofia cósmica que tentava reduzir todas as
relações fundamentais a relações numéricas («tudo é número»). (Struik, 1997, p. 78)
Para Pitágoras, o pai da matemática (~580-497 AC), os números eram a origem de todas as
coisas. A ele e seus seguidores é atribuída a descoberta da tabuada.
Para ele “O número é a causa e o princípio de tudo”1. Esta afirmação sugere a existência de
um princípio unificador do Universo, ideia que desempenhou um papel importante na filosofia grega. A
mesma frase simboliza também as contradições e ambiguidades do pensamento pitagórico: misticismo,
magia e mistério mas, por outro lado, exactidão e rigor. Pode ainda servir para caracterizar a cultura
Ocidental na sua relação com o número, ou melhor dizendo, na sua obsessiva quantificação das qualidades.
De facto, na ciência moderna, desde o Renascimento até a actualidade, é possível encontrar manifestações do
espírito Pitagórico, das mais conscientes às mais ingénuas.
A afirmação de Filolau2 (nascido em 450 AC), matemático da Escola Pitagórica, “todas as coisas têm um
número e nada se pode compreender sem o número”3 significa, para Bento Caraça, o “aparecimento da
ideia luminosa duma ordenação matemática do Cosmos”, ideia que é um dos fundamentos essenciais da
ciência moderna.
A Escola Pitagórica funcionava na realidade como uma seita. Os Pitagóricos, para além de outros símbolos
e rituais místicos, usavam o pentágono estrelado, como sinal de aliança entre eles. Os conhecimentos
matemáticos e as principais descobertas da Escola eram transmitidos oralmente aos seus membros que, sob
juramento, se comprometiam a não os divulgar. É curioso que, apesar da sua doutrina ser ensinada apenas
oralmente durante as primeiras décadas, a Escola sobreviveu várias centenas de anos. Prolongaram-se por
oito séculos (V AC a III DC), o desenvolvimento de especulações matemáticas, astronómicas e harmónicas,
mas também de natureza física ou médica, e ainda morais e religiosas que se associam ao Pitagorismo.
1
Segundo a Metafísica de Aristóteles, que é a principal fonte do pitagorismo antigo (Mattei, J-F., Pythagore et les Pythagoriciens)
2
Arquitas de Tarento (428 a.C. – 347 a.C.), filósofo e cientista grego, considerado o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos.
Acredita-se ter sido discípulo de Filolau de Crotona e foi amigo de Platão. Fundou a mecânica e influenciou Euclides. Foi o primeiro a
usar o cubo em geometria e a restringir as matemáticas às disciplinas técnicas como a geometria, aritmética, astronomia e acústica. Arquitas
de Tarento
Para resolver o famoso problema da duplicação do cubo (dobrar o seu volume), valeu-se de um modelo tridimensional.
Embora inúmeras obras sobre mecânica e geometria lhe sejam atribuídas, restaram apenas fragmentos cuja preocupação central é a
Matemática e a Música.
Arquitas também actuou na política. Os tarentinos o elegeram estratego (governador) sete vezes consecutivas.
Morreu em um naufrágio na costa de Apúlia.
3
Citado po Bento de Jesus Caraça em Conceitos Fundamentais da Matemáica.
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Por volta do ano 500 AC, como resultado de perseguições políticas, os pitagóricos tiveram que fugir de
Crótona (Itália), onde a seita estava instalada e tinha atingido considerável prestígio cultural e político. Os
seus discípulos espalharam-se então por várias regiões da Grécia. Só nessa época, contemporânea de
Sócrates, aparecem os primeiros escritos pitagóricos, um dos quais é a obra de Filolau – Sobre a Natureza.
Talvez seja um abuso de linguagem chamar pitagorismo à tendência para valorizar excessivamente os
aspectos matemáticos do saber científico pois, evidentemente, a pretensão de querer traduzir o mundo por
números não tinha, para Pitágoras, o mesmo sentido que se dá hoje à matematização do conhecimento. No
entanto, o termo pitagorismo serve perfeitamente para caracterizar o exagero das posições de alguns
cientistas na actualidade. É tentador associá-las a Pitágoras, tanto mais que estamos aqui também em
presença de um paradoxo cultural. Ele traduz-se, em certas áreas científicas, pela coexistência entre a forte
presença da matemática e a tendência para um obscurantismo crescente.
Também os seguidores de Pitágoras não se limitaram a especular acerca da natureza e significado dos
números e a estabelecer as suas propriedades místicas; eles produziram resultados matemáticos importantes
perfeitamente integrados no conjunto da ciência grega. Pitágoras e os seus discípulos são mesmo
considerados os iniciadores duma área matemática, a Aritmética, hoje designada por Teoria de Números4.
Cada número triangular corresponde à soma dos primeiros números naturais: 1=1; 3=1+2; 6=1+2+3;
10=1+2+3+4; 15=1+2+3+4+5; etc.
1 3 6 10 15 21
É fácil verificar que 1=1x2/2 (primeiro número triangular); 3=2x3/2 (segundo número triangular); 6=3x4/2
(terceiro nº. triangular).
4
A obra aritmética dos pitagóricos é conhecida através do livro 7 dos Elementos de Euclides.
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Para encontrar o 7º número triangular basta calcular 7x8/2=28, e o enésimo número triangular é calculado
pela fórmula n(n+1)/2.
Os outros membros da Escola Pitagórica construíram os números poligonais (números quadrados e números
pentagonais) e usaram essas representações para deduzir propriedades dos números inteiros. Por exemplo, a
seguinte propriedade dos números ímpares: a soma dos primeiros n ímpares é um quadrado perfeito, pode ser
deduzida a partir da representação geométrica em números quadrados. A dedução desta e doutras
propriedades pode ser vista em diversos livros de história da matemática.
O estudo das propriedades dos números a partir de representações geométricas foi uma constante na
matemática grega. Também para operar com os números ou para resolver equações os gregos recorriam à
geometria. Ao conjunto de métodos de resolução por eles desenvolvidos dá-se o nome de álgebra
geométrica.
Só durante o período final da matemática grega, chamado período Alexandrino, os matemáticos começam a
elaborar métodos de cálculo independentes das construções geométricas. Herão (50 AC – 50 DC) resolve
problemas de raízes quadradas e cúbicas sem nenhuma referência à geometria. Nicómaco, um neo-
pitagórico, (50 – 110 DC) trabalha sobre teoria de números, afastando-se da representação geométrica e
finalmente com Diofanto (séc. III) a álgebra grega atinge o seu maior desenvolvimento. No conjunto das
matemáticas gregas a obra de Diofanto constitui algo de novo, tanto do ponto de vista do conteúdo como dos
métodos, em ruptura total com os métodos geométricos tradicionais. Ele resolve problemas que podemos
considerar algébricos e introduz as primeiras abreviaturas simbólicas. No entanto, é importante sublinhar que
Diofanto não estabelece métodos gerais de resolução nem faz qualquer tentativa para elaborar uma teoria das
equações. Essa será a grande tarefa dos matemáticos árabes nos séculos seguintes (sécs. VIII-XII).
Antes de referir outros exemplos de problemas estudados, tanto pelos pitagóricos como pelos actuais
investigadores em teoria de números, é importante acentuar que, para os primeiros, o estudo numerológico
era inseparável das especulações geométricas, harmónicas, físicas e cosmológicas. Estas, por sua vez serviam
e alimentavam preocupações morais, políticas e religiosas. Os números, “para Pitágoras representavam não
só a forma que governa a combinação das coisas, mas também a matéria mesma destas coisas. (13)” . Para
Teão, um neo-Pitagórico do séc. IV DC, “no número dois considera-se a matéria e tudo o que é sensível, a
geração e o movimento” (...) “o número seis é perfeito” (...) “é nupcial porque torna os filhos semelhantes
aos pais” (14).
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A representação através de entalhes verticais continuou a ser utilizada até ao algarismo nove. Para o
algarismo 10, que correspondia ao número de dedos das duas mãos, a representação escolhida foi o
cruzamento de dois entalhes oblíquos com diferentes direcções, sugerido pela posição dos dois polegares.
Este processo repete-se continuamente até surgir a necessidade de se inventar um outro símbolo, o que
acontece quando se atinge o número 50. Assim sendo, para o representar decidiu-se acrescentar um traço à
representação do algarismo 5.
Para a centena sentiu-se novamente a necessidade de introduzir outra notação, que consistiu em acrescentar
um ou dois traços à representação do algarismo 10, ou então considerando o duplo de uma das
representações do algarismo 50.
Com efeito, o sistema de numeração que deu origem ao sistema romano hoje conhecido, tinha a seguinte
forma:
Ao longo do tempo, este sistema foi sujeito a diversas transformações gráficas até originar o sistema romano
que chegou até nós.
Inicialmente a numeração romana foi baseada no princípio da adição, como mostra o exemplo:
MMMDCCCCXXXXVIIII = 3 949
Numa fase posterior, de forma a simplificar a notação, foi introduzida uma notação seguindo o princípio
subtractivo. Assim sendo, a representação do número anterior passou a ser:
MMMCMXLIX
Para números maiores, os romanos adoptaram duas representações gráficas possíveis:
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Foi assim que, pouco a pouco, os romanos foram conquistando a península Itálica e o restante da Europa,
além de uma parte da Ásia e o norte de África.
Apesar da maioria da população viver na miséria, em Roma havia luxo e muita riqueza, usufruídas por uma
minoria rica e poderosa (roupas luxuosas, comidas finas e festas grandiosas faziam parte do dia-a-dia da elite
romana).
Foi nesta Roma de miséria e luxo que se desenvolveu e aperfeiçoou o número concreto, que vinha sendo
usado desde a época das cavernas.
Como foi que os romanos conseguiram isso?
5.4.4. O s milhares
Como se verifica, o número 1.000 era representado pela letra M. Assim, MM correspondiam a 2.000 e
MMM a 3.000.
E os números maiores que 3.000?
Para escrever 4.000 ou números maiores que ele, os romanos usavam um traço horizontal sobre as letras que
representavam esses números.
Um traço multiplicava o número representado abaixo dele por 1.000. Dois traços sobre o M davam-lhe o
valor de 1 milhão.
O sistema de numeração romano foi adoptado por muitos povos, mas, ainda, era difícil efectuar cálculos com
este sistema.
Por isso, matemáticos de todo o mundo continuaram a procurar intensamente símbolos mais simples e mais
apropriados para representar os números.
E como resultado dessas pesquisas, aconteceu na Índia uma das mais notáveis invenções de toda a história
da Matemática: O sistema de numeração decimal.
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O resultado obtido é:
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Pensa-se que a escolha dos símbolos usados na representação dos algarismos chineses, ficou a dever-se à
semelhança fonética que existia entre o símbolo e a
palavra oral correspondente aos algarismos. Este
facto poderia explicar a escolha de um homem para
representar o 1 000.
Mas esta não é a única explicação: a escolha dos
símbolos pode também ter sido de ordem religiosa.
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Mais tarde, para distinguir as ordens das unidades, decidiu-se representar as ordens de grandeza
intercaladamente, com barras verticais e horizontais. As unidades simples, as centenas, as dezenas de milhar,
etc, eram representadas através de barras verticais, as dezenas, os milhares, as centenas de
milhar, etc. eram representadas por barras horizontais. Para tal elucidar, considere-se a
representação do número 174:
No entanto, continuaram a surgir equívocos, principalmente nos casos em que o zero, desconhecido na altura,
intervinha na representação do número,
como por exemplo:
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Na divisão, o divisor era colocado na linha de baixo, o dividendo na do meio e o quociente na de cima. Este
último obtinha-se retirando do dividendo os resultados dos produtos parciais.
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A divisão consistia em subtrair-se o divisor do dividendo o maior número de vezes possível, sendo o
resultado encontrado o quociente pretendido.
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O sub continente indiano foi berço de uma das mais antigas civilizações do mundo, cobrindo uma área
maior que a do Egipto e da Suméria.
São do 3º milénio a.C. os primeiros vestígios matemáticos da civilização que se desenvolveu no vale do rio
Indo. Na verdade, cerca de 2500 a.C., os harapas adoptaram um sistema decimal (pelo menos é o que as
investigações parecem indicar) de pesos e medidas.
Entre 1500 a.C. e o século VII da era cristã, dá-se uma invasão dos arianos (povo nómada da Ásia central).
Mais tarde foi formada a civilização védica que resultou da fusão dos arianos com os povos que viviam na
planície indo-gangética. Desta época foram encontrados os Vedas, conjunto de textos sagrados e os
primeiros textos científicos - os Vedangas e os Sulbasutras (estes últimos descreviam algumas regras
matemáticas, tais como a construção de um quadrado com área igual à de um rectângulo dado, que eram
utilizadas na construção precisa de altares para sacrifícios).
Por volta 500 a.C. a civilização védica começa a entrar em decadência devido ao desenvolvimento das
religiões budista e jainista, acompanhada pelo declínio da Matemática Védica. O florescimento da escola
jainista tem como resultado o estudo da teoria dos números, permutações e combinações e o
desenvolvimento de uma teoria do infinito. Porém, é no período clássico da civilização hindu, entre os
séculos V e XII que se deu o maior desenvolvimento do estudo das ciências, da filosofia, da medicina, da
literatura e, em particular, da matemática tendo aparecido matemáticos notáveis como Aryabata,
Bramagupta, Mahavira e Bhaskara.
Para multiplicar, primeiramente dispunham-se os dois números na prancheta de modo a que o primeiro
algarismo (da direita) do número de baixo ficasse sempre sob o último algarismo (da esquerda).
Seguidamente procediam-se a tantas etapas quantas as ordens decimais que houvesse no multiplicando, cada
uma subdividindo-se em tantos produtos quantos o número de algarismos do multiplicador. Sucessivamente
apagavam-se os resultados dos cálculos intermédios.
Considere-se a multiplicação 421×53:
No final de cada etapa avançavam todos os algarismos do multiplicador, uma casa à direita. A verde estão
indicados os produtos efectuados e a negrito os respectivos resultados obtidos.
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O procedimento de Brâskarâchârya
Este processo de multiplicação era designado
por sthânakhanda (separação das posições) e consiste num método análogo ao anterior. No entanto, os
algarismos do multiplicador são dispostos e
multiplicados separadamente, tal como se
ilustra na seguinte multiplicação
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O procedimento de Brahmagupta
Este método de multiplicar, designado por gomûtrika (semelhante à trajectória da urina da vaca), consiste em
formar tantas linhas quantos os algarismos do multiplicador, nas quais se dispõem, de cima para baixo, os
algarismos do multiplicador. Em cada uma das linhas coloca-se o multiplicador com uma translação para a
direita de uma coluna. Multiplicando cada um dos algarismos do multiplicador pelos do multiplicando e
somando estes resultados obtemos o resultado da multiplicação.
Vejamos o seguinte exemplo: 457×123
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O Mundo Árabe é uma região rica em cultura e tradições, que participou activamente no desenvolvimento da
cultuira Europeia desde a Idade Média até o Século XV.
Povo nómada por excelência, os árabes foram constituindo uma civilização no decorrer de sua expansão,
graças à assimilação profícua de conhecimentos aportados por povos de regiões muito mais adiantadas
culturalmente, como a Síria, o Egipto (salientando-se a cidade de Alexandria, um dos maiores depósitos da
cultura antiga) e a Pérsia.
Da cultura grega, por exemplo, os árabes inteiraram-se da Matemática, da Filosofia, das Ciências,
ampliando-as fundamentalmente pela incorporação de novos conceitos no campo da Aritmética e da Álgebra
e pelo alargamento da investigação e da análise de resultados na Medicina e na Astronomia.
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O ábaco de Gerbert era idêntico ao ábaco dos romanos, no entanto, as várias fichas necessárias para
representar os números para os romanos, foram substituídas por fichas únicas nas quais estavam inscritos os
algarismos árabes.
Nos seus cálculos os árabes começavam por colocar o multiplicando na linha inferior e o multiplicador na
linha superior distribuindo os seus algarismos pelas colunas das respectivas unidades de grandeza.
Era então efectuada a multiplicação do algarismo das unidades do multiplicador por todos os algarismos do
multiplicando e os produtos parciais obtidos eram registados no ábaco. Posteriormente, o processo repetia-se
multiplicando o algarismo das dezenas do multiplicador pelos algarismos do multiplicando, e assim
sucessivamente. Ao somar todos os produtos parciais obtinham o resultado da multiplicação que se
pretendia.
Consideremos a multiplicação 798 × 54:
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Simbad, o marujo, Aladim e sua lâmpada maravilhosa, Harum al-Raschid são nomes familiares para quem
conhece os contos de As mil e uma noites. Mas Simbad e Aladim são apenas personagens do livro, Harum
al-Raschid realmente existiu. Foi o califa de Bagdad, do ano 786 até 809.
Durante o seu reinado os povos árabes travaram uma séria de guerras de conquista. E como prémios de
guerra, livros de diversos centros científicos foram levados para Bagdad e traduzidos para a língua árabe.
Em 809, o califa de Bagdá passou a ser al-Mamum, filho de Harum al-Rahchid. Al-Mamum era muito
vaidoso, dizia com toda a convicção.
“Não há ninguém mais culto em todos os ramos do saber do que eu”.
Como era um apaixonado da ciência, o califa procurou tornar Bagdad o maior centro científico do mundo,
contratando os grandes sábios muçulmanos da época.
Entre eles estava o mais brilhante matemático árabe de todos os tempos: al-Khwarizmi.
Estudando os livros de Matemática vindos da Índia e traduzidos para a língua árabe, al-
Khwarizmi surpreendeu-se a princípio com aqueles estranhos símbolos
que incluíam um ovo de ganso!
Logo, al-Khwarizmi compreendeu o tesouro que os matemáticos hindus haviam descoberto. Com aquele
sistema de numeração, todos os cálculos seriam feitos de um modo mais rápido e seguro. Era impossível
imaginar a enorme importância que essa descoberta teria para o desenvolvimento da Matemática
Al-Khowarizmi decidiu contar ao mundo as boas novas e escreveu um livro chamado Sobre a arte hindu de
calcular, explicando com detalhes como funcionavam os dez símbolos hindus.
Com o livro de al-Khowarizmi, matemáticos do todo o mundo tomaram conhecimento do sistema de
numeração hindu.
Os símbolos – 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 – ficaram conhecidos como a notação de al-Khwarizmi, de onde se
originou o termo latino algorismus, daí a denominação de algarismo.
São estes números, criados pelos matemáticos da Índia e divulgados para outros povos pelo árabe al-
Khowarizmi, que constituem o nosso sistema de numeração decimal, conhecidos como algarismo indo-
arábicos.
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5
Vitorino Magalhães Godinho, Ensaios, Lisboa, Sá da Costa, 1978, vol. II, p. 55.
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Podemos analisar o quão importante teve a participação de G.W. Leibniz na história da informática,
auxiliando a Linguagem de Programação, dando o inicio ao sistema binário que até hoje temos.
A sua calculadora de rodas dentadas foi projectada para trabalhar com números decimais, mas Leibniz nunca
a converteu para números binários, talvez intimidado pelas longas cadeias de dígitos criadas por esse
sistema. Como apenas os dígitos zero e um são utilizados, o número 8, exemplo, torna-se 1000 quando
convertido em binário, e o equivalente binário do número decimal 1000 é a incómoda cadeia 1111101000.
Para Leibniz, o número um representava Deus; zero corresponderia ao vazio - o universo antes que existisse
qualquer outra coisa a não ser Deus. Tudo proveio do um e do zero, assim como o um e o zero podem
expressar todas as ideia matemáticas.
Em 1841, mais de um século após a morte de Leibniz, um matemático inglês autodidacta chamado George
Boole retomou vigorosamente a procura de uma linguagem universal.
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contrastando luz e trevas, macho e fêmea. Encorajado por essa aparente validação de suas próprias noções
matemáticas, Leibniz continuou aperfeiçoando e formalizando as intermináveis combinações de uns e zeros,
que constituíram o moderno sistema binário.
No entanto, não obstante toda a sua genialidade, Leibniz não conseguiu descobrir nenhuma utilidade
imediata para o produto dos seus esforços.
7.3.1. C omo funciona a lógica que faz com que os computadores funcionem.
Provavelmente todos nós já nos perguntámos como um computador, que trabalha apenas com números,
consegue realizar tantas tarefas que antes eram executadas somente por seres humanos. Dizer que o
computador trabalha apenas com números não é errado, mas também não é o mais correcto.
Nós, humanos, utilizamos o sistema decimal, que possui dez dígitos (0 ao 9). Por que escolhemos esse
sistema numérico? Simples, quantos dedos temos, somando ambas as mãos? Dez! Coincidência? Não,
conveniência! Cada um usa o sistema numérico que mais lhe convém!
Mas, você nunca viu um processador com dez dedos, viu?! Os computadores de uma forma geral e qualquer
outra máquina controlada por um processador, trabalham com sistema binário, composto apenas pelos
números um e zero. E foram estes dois números que deram origem à lógica booleana!
Como as chances de Boole ingressar em uma faculdade eram poucas ele decidiu tornar-se padre. Embora não
se tenha formado como religioso, os quatro anos de preparação eclesiástica abriram-lhe as portas, mas foi na
Matemática, ensinada por seu pai, que ele encontrou sua verdadeira vocação.
Por iniciativa própria, George Boole passou a estudar as operações matemáticas de forma diferente,
separando todos os símbolos das coisas sobre as quais eles operavam, com o intuito de criar um sistema
simples e totalmente simbólico. Surge assim a lógica matemática.
Boole, ainda, é considerado um homem genial por estudiosos da matemática, mas como a Lógica de Boole
(ou lógica booleana) utiliza um sistema numérico binário, na época de sua descoberta não foi utilizada. Com
o surgimento do computador, a utilização do sistema binário tornou-se indispensável e, obviamente, a lógica
de Boole passou a ter aplicação prática!
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Assim, tal como o bem e o mal, o claro e o escuro, o fácil e o difícil, o certo e o errado são opostos, com 0 e
1 não seria diferente.
Na lógica Booleana, o zero representa falso, enquanto o um representa verdadeiro. Para trabalhar com esses
valores e torná-los algo lógico, que possa ser aplicado, são necessárias as chamadas Portas Lógicas!
A maneira mais fácil de criar fisicamente estas portas lógicas citadas no texto é através
de relés, dispositivos electromecânicos formados por ímanes e um conjunto de
contactos.
Os primeiros computadores utilizavam este dispositivo para a implementação das
portas lógicas, mas hoje em dia o processo é mais avançado.
Com a criação de várias portas AND, OR, NOT e XOR é possível criar circuitos somadores e diversos outros
tipos de circuitos que são utilizados não só em computadores, mas em diversos outros dispositivos
electrónicos, como relógios.
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9. C onclusão
Numa tradição que remonta a Pitágoras, os matemáticos especialistas em “teoria de números”, praticam-no
actualmente com toda a legitimidade nas universidades e nos centros de investigação. Essa teoria encontrou
inúmeras aplicações a partir da II Guerra, com o desenvolvimento dos computadores. Mas mesmo antes,
quando não havia quaisquer aplicações à vista, matemáticos famosos de todos os séculos “brincaram aos
números”, tal como faziam os pitagóricos, estabelecendo propriedades dos números inteiros, embora sem
lhes atribuir qualquer significado místico.
É também, de certa forma, um paradoxo cultural, o gosto de alguns matemáticos pela teoria de números. De
facto, durante um longo período histórico, desde o Renascimento até aos nossos dias, a grande motivação
para a matemática foi o estudo de fenómenos físicos e naturais, ou como às vezes se diz, o estudo do “real”.
Mas alguns dos matemáticos que trabalharam em problemas “reais” não deixaram, por isso, de estudar os
números e de se encantar com as suas propriedades. Fermat é um desses matemáticos, frequentemente citado
nestes últimos anos, precisamente por causa de um célebre teorema em “teoria de números”.
Leibniz, que também produziu trabalhos fundamentais no estudo matemático de fenómenos físicos, afirmou:
“não há homens mais inteligentes do que aqueles que são capazes de inventar jogos. É aí que o seu
espírito se manifesta mais livremente. Seria desejável que existisse um curso inteiro de jogos tratados
matematicamente”.
No nosso quotidiano usamos os números sem, no entanto, pensar sobre eles. De facto, mesmo não pensando
sobre eles, a vida, tal qual ela se nos apresenta hoje, seria impensável sem a primordial convivência com os
números.
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A História dos NÚMEROS
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Todas aquelas simples operações que executamos quotidianamente, como um simples pressionar de um
botão num comando de TV, numa caixa Multibanco, num teclado ou “rato” de um computador, no GPS do
nosso automóvel, tornaram-se tão banais que nos abstraímos dos números que lhes estão associados,
especialmente o zero (0) e o um (1).
O facto é que o progresso da humanidade envolveu e sempre envolverá este mistério “os números”. De todas
as invenções que a humanidade produziu e continua a produzir, os números ocuparão sempre um lugar
primordial, mesmo que discretos, mesmo que despercebidos, sabemos que eles estão presentes.
Cremos poder afirmar que após a descoberta dos números, especialmente a representação do “nada” (o
número zero (0), pelos hindus), a humanidade sofreu uma evolução exponencial.
Se olharmos para o percurso da humanidade, a fracção que medeia a “explosão” dos números e os nossos
dias, não é mais do que uma ínfima parte da nossa história, no entanto, os resultados evolutivos alcançados
foram astronómicos.
Impreterível a pergunta que não quer calar: seria a humanidade capaz de conceber o modo de vida hoje, sem
a presença dos dilectos números?
Julgamos óbvia a resposta.
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