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Manobras Obscuras

A convivência entre os homens envolve afetos, desafetos, partilha de interesses


ou conflitos destes. Parcerias são estabelecidas, porém as rivalidades e os
enfrentamentos são inevitáveis. Há um lado sombrio do antagonismo entre as pessoas,
quando a disputa ou combate não são diretos, mas sim consistem de manobras
obscuras como intrigas, calúnia e difamação. Há aqueles que por serem altivos jamais
pensariam em agir como os que se comportam de forma tortuosa e que agindo à
distância fazem dos primeiros, inevitáveis vítimas de seus ardis.

A tática de atingir um desafeto por meios indiretos é utilizada por aqueles que
por impossibilidade ou covardia são incapazes de investir sua hostilidade e
antagonismo claramente. A fórmula usada é a de influir negativamente no meio social
a fim de minar o caminho do adversário.

Desde a propagação de mentiras e a malícia de fatos até a divulgação de visões


próprias e emotivas (encobertas de aparente razoabilidade) sobre seu desafeto. Aquele
que difama, procura transmitir uma imagem de si mesmo de digno e perfeito valendo-
se da sedução produzida por sua fala que chama atenção para o aparente contraste
entre a sua lisura e a propalada vileza do difamado.
De fato a calúnia é uma arma poderosa. E quanto mais inverossímil, mais
convincente àqueles cuja tolice e inocência roubam o senso crítico necessário a destilar
as informações. Muitos não têm escrúpulos em fazer circular uma fofoca, um boato,
uma difamação, desde que possam assegurar ao contar que não se trata de sua
autoria. Agem por devoção à leviandade simplesmente e acabam como co-
responsáveis por uma injustiça.

Mas, mesmo danosa num primeiro momento, dificilmente se mantém ao longo


do tempo. Pois mentiras são soluções adaptativas de curta efetividade. Enquanto
verdades, soluções para toda uma vida.

O maledicente presume dar-se mérito. Mas coleciona pouco a pouco


desconfiança e desconsideração. A insistência em desmerecer uma pessoa e o
constante auto-elogio deixa transparecer aos poucos sua perfídia. Interlocutores
atentos compreendem que da mesma forma que hoje vêem alguém sendo depreciado,
nada custa para que no futuro sejam elas as próximas vítimas.

A melhor atitude frente às calúnias é a clareza de propósitos, a atitude objetiva


e o silêncio frente às intrigas que chegam aos ouvidos. Pois uma consciência reta não
se abala e a melhor resposta é sempre a competência.

No fim, o caluniador, colhe os frutos de seu comportamento vil. Isolado, e


desacreditado acaba por alugar o ouvido de cães e mendigos a fim de sustentar sua
tese e angariar para si alguma importância.

Dr. Hélio Borges – Psiquiatra – CRM/PR 16.914


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