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Agricultura Biologica
Agricultura Biologica
Departamento de Engenharias
obrigada.
ABSTRACT
Índice
ÍNDICE DE FIGURAS vi
CAPÍTULO.1 - INTRODUÇÃO 1
1.1 Enquadramento 1
1.2 Motivação 3
1.3 Objectivo do trabalho 4
1.4 Estrutura do trabalho 4
Índice de Figuras
Índice de Tabelas
Tabela 3.1 - Subdivisão do espectro da radiação óptica de acordo com o 74
standard DIN5031, parte 7
Tabela 3.2 - Resumo das principais grandezas energéticas e fotométricas 75
Tabela 3.3 - Dados técnicos do IRGA GMP111 8fornecido pelos fabricantes) 80
Tabela 4.1 - Temperaturas óptimas para a cultura do cravo 100
Tabela 4.2 - Resumo das temperaturas e seus efeitos na gerbera 114
Tabela 4.3 - Resumo dos parâmetros passíveis de gerar alerta de doenças e 118
pragas no cravo e na gerbera
Tabela 4.4 - Alerta para o mínimo biológico para o cravo/gerbera 119
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Quando se fala de agricultura, não se trata apenas de falar dos
problemas técnicos como sejam, fertilizar os campos, que produtos
escolher ou como combater os insectos nocivos às culturas de forma a
tornar rentável as produções. Trata-se sim de falar de uma forma de
estar perante a vida, perante a natureza, com a energia, com o
trabalho, com toda engrenagem que move o sistema de quem decide e
organiza o futuro da humanidade, que é também o nosso futuro. É
pois importante saber qual o caminho a seguir, sabendo que se torna
crucial uma nova relação com o equilíbrio biológico do planeta,
baseado no respeito e na reciprocidade, ao contrário da exploração
unívoca dos recursos por parte do homem.
É possível, hoje em dia, encontrar na ciência uma aliada neste tipo
de desenvolvimento quer pelas tecnologias que existem ao dispor bem
como das aplicações que se podem fazer dessas mesmas tecnologias.
O desenvolvimento exponencial da indústria electrónica a partir de
meados do século passado conduziu, não só, à miniaturização dos
dispositivos de medida bem como tornou possível realizar sistemas
computacionais evoluídos com capacidades de comunicações sem-
fios tornando possível uma visão inovadora sobre questões eternas,
como é caso da relação da Homem com a Natureza.
1.1 Enquadramento
1.2 Motivação
AGRICULTURA BIOLÓGICA
A agricultura que tem vindo a ser praticada até aos dias de hoje, visa
acima de tudo a produção deixando para segundo plano a preocupação com a
conservação do meio ambiente e a respectiva qualidade dos alimentos.
BASEADA EM
PROCESSOS NATURAIS
PARA UMA LONGA VARIANTES RÚSTICAS
FERTILIDADE CONSOCIAÇÕES
AGRICULTURA
BIOLÓGICA POLICULTURA
DIRECÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DA
AGRICULTURA MODERNA
AGRICULTURA
MONOCULTURA
INDUSTRIALIZADA
GRANDES EMPRESAS
INDUSTRIAIS, MÃO-DE-OBRA
BASEADA EM ASSALARIADA
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
E EM PRODUTOS
QUÍMICOS
VARIEDADES SELECCIONADAS
PARA ALTO RENDIMENTO
ECOLOGICAMENTE
ECONOMICAMENTE MERCADOS DISTANTES
E SOCIALMENTE TECNOLOGIAS COM GRANDES
INSTÁVEL DESPERDÍCIOS, ENERGIAS NÃO
RENOVÁVEIS (PETRÓLEO)
Fig. 2.2- Percentagem de área ocupada pela agricultura biológica na União Europeia em
2000
90000 85912
80000 70857
70000
60000
47974 50002 TOTAL NACIONAL DE
50000 OPERADORES
BIOLÓGICOS
40000
29622
30000 ÁREA AFECTA Á
AGRICULTURA
20000 12193 BIOLÓGICA( ha)
9182
10000 2799 983 1059
763
73 240 278 564 750
0
1993 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Fig. 2.4 - Percentagem da área ocupada pela Agricultura Biológica em Portugal Continental
por regiões
Capítulo 2. Agricultura Biológica 29
Fig. 2.6 - Evolução das áreas das Culturas de Produção Biológica em Trás-os-Montes
Capítulo 2. Agricultura Biológica 30
SENSORES EM ESTUFAS
Grande parte da actividade humana é fundamentada, de algum modo, na
quantificação. O conhecimento, depende muito das noções quantitativas da
realidade, adquiridas através de medições de todos os tipos. Na ciência, desde os
ramos da engenharia até à medicina, recorre-se frequentemente aos sensores, para
medir variáveis do universo que estudam.
Segundo [Jones77],
“A ciência é arte de projectar, construir e aplicar aparelhos e sistemas físicos
para estender, refinar, substituir ou ultrapassar as capacidades sensoriais,
perceptivas ou comunicativas do homem”.
A instrumentação electrónica necessária em aplicações com sensores pode
claramente ser definida a partir desta afirmação.
tensão eléctricas, entre outras, para que por intermédio das suas leituras se obtenha
uma ideia do estado actual do processo e desta forma definir a estratégia de acção
para que ele evolua de forma desejada.
Nos de terceiro tipo, análise experimental em ciência e engenharia, o trabalho
de investigação científica e tecnológica requer frequentemente uma grande
quantidade trabalho experimental a fim de testar hipóteses científicas, formular
relações empíricas, analisar a composição de materiais, etc. Os sensores usados
com essa finalidade devem ser de elevada precisão e de excelentes características
de funcionamento.
Outro processo de classificação de acordo com o IEEE (Institute of Electrical
Electronics Engineers) [IEEE05], consiste na divisão em dois grandes grupos:
• Passivos: geram directamente sinais eléctricos em resposta a um
estímulo externo, ou seja a energia do estímulo de entrada é convertida
pelo sensor numa energia de saída sem necessidades de potências
adicionais, como exemplo termoeléctricos, piroeléctrico,
piezoeléctrico.
• Activos:: auto-alimentados, necessitam de uma fonte externa para
operarem que normalmente se designa por sinal de excitação.
Designam-se por vezes por paramétricos, pois as suas propriedades
modificam-se em resposta a efeitos externos e essas propriedades
podem ser depois convertidas em sinais eléctricos. Como exemplo
para estes sensores temos o termistor que é uma resistência sensível à
temperatura. Este sensor não gera qualquer sinal mas fazendo passar
através dele uma corrente eléctrica (sinal de excitação) pode medir-se
a resistência em ohms e directamente relacionar-se com a temperatura.
Sinal
ESTRUTURA DE UM SENSOR
da variável
Ambiente
Sensoriada
- Função de transferência –
A função de transferência Sfs = f (estímulo) é uma expressão matemática que
estabelece uma relação entre o sinal de entrada (estímulo) e o sinal de saída
(resposta). Idealmente deveria existir uma proporcionalidade entre o estímulo e a
resposta de forma a simplificar todo o processo de aquisição, condicionamento e
controlo dos sistemas, Sfs ideal na Fig. 3.3. Na realidade, na maior parte dos casos
e para todos os valores da grandeza a medir, esta propriedade não se verifica pois
existem sempre intervalos onde as não-linearidades são inevitáveis (+Δ, -Δ), Sfs real
na Fig. 3.3. Na maior parte dos casos, a estratégia consiste em utilizar o sensor em
zonas de funcionamento onde o seu comportamento é linear, ou onde a não-
linearidade não condiciona de uma forma grave o funcionamento de todo o
processo. É claro, que tudo isto deve ser um compromisso entre o objectivo final
da aplicação e a grandeza que se pretende medir.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 43
Sfs
Sfs ideal
-Δ
+Δ
Sfs real
estímulo
- Sensibilidade -
A sensibilidade de um sensor é o menor valor de entrada que provoca alteração
na saída. Pode ser definida como o declive S = ΔY / ΔX da curva característica
(recta) de saída do sensor, Fig. 3.4. Alguns autores chamam-lhe ganho incremental
ou factor de escala. O inverso da sensibilidade é o coeficiente de deflexão ou
sensibilidade inversa.
f(x)
erro de sensibilidade
Ymax
curva ideal
gama dinâmica
(gama total)
ΔY
b •
ΔX
S = ΔY / ΔX
0,0
Ymin
- Erro de Sensibilidade -
O erro de sensibilidade é o desvio em relação ao declive ideal da curva
característica (na Fig. 3.4 a tracejado).
- Gama -
A gama de um sensor corresponde aos valores máximo e mínimo da grandeza
de entrada que pode ser medida pelo sensor, eixo dos XX’ na Fig. 3.4.
- Precisão -
Representa uma medida da proximidade do valor medido com o valor real de acordo
com um intervalo de incerteza. Idealmente o erro de medida deve tender para zero
(δ →0), Fig. 3.5.
Sfs
x – valor de entrada
z – ponto da função de transferência ideal
y – valor de saída ideal
+Δ Z – ponto da função de transferência real
y’ – valor de saída obtido
-Δ
z’ – valor da função de transferência ideal para y’
Sfs ideal x’ – valor de entrada idealmente correspondente y’
y z δ – erro da medida
z´ Z
y´ Sfs real
x´ x
estímulo
δ
Fig. 3.5 Precisão de um sensor.
- Erro de calibração -
Imprecisão admitida pelo fabricante. É um erro sistemático, ou seja, manifesta-
se sempre da mesma forma. O erro cometido na leitura de A2 leva a que a recta seja
determinada incorrectamente o que implica um erro na especificação do sensor, Fig.
3.6. Este erro é a diferença entre o resultado da medição e o valor real da quantidade
Capítulo 3. Sensores em Estufas 45
resposta
A2
(Δ ) erro de calibração
A 2 -Δ
A
Sfs calibração
a1
Sfs real
a
estímulo
S1 S2
Fig. 3.6 Erro de calibração de um sensor.
- Exactidão -
A exactidão de um sensor corresponde à diferença máxima verificada entre o
verdadeiro valor (o qual deverá ser medido por uma referência) e o valor indicado
à saída do sensor. A exactidão pode ser expressa como percentagem da gama
dinâmica do sensor, ou em termos absolutos.
- Histerese -
Diferença entre a média dos erros em pontos correspondentes de medida
quando estes são aproximados por sentidos opostos (isto é valores crescentes e
valores decrescentes do medido x e y respectivamente). Pode ser provocada por
folgas, fricção, ou pelas características magnéticos dos materiais.
Idealmente, um sensor é capaz de medir as variações do parâmetro de entrada,
independentemente da sua diminuição ou aumento. A histerese é uma medida
desta propriedade. A Fig. 3.7, mostra uma curva típica de histerese. É de notar a
importância do sentido em que a variação é feita.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 46
resposta
Sfs
y
• •x
h
histerese
estímulo
- Não linearidade -
Linearidade: quando a sensibilidade se mantém constante para todo o domínio
de valores medidos o instrumento de medida é linear. Se assim não for, o sensor é
não linear e o máximo desvio de linearidade é frequentemente expresso como uma
percentagem do valor máximo da escala (γ), Fig. 3.8.
Normalmente utiliza-se o sensor sempre na zona linear, já que em geral gerir não
linearidades não é tarefa fácil como já foi referido atrás. O erro de não linearidade é
especificado para sensores cuja função de transferência pode ser aproximada por
uma linha recta. Este erro γ, define-se como sendo o máximo desvio verificado entre
a função de transferência real e a função de transferência linearizada. É
normalmente especificada como uma percentagem da gama de valores de entrada,
como se pode verificar na Fig. 3.8.
resposta
curva ideal
curva medida
erro
máximo
(γ)
estímulo
Fig. 3.8 Curva característica ideal de um sensor, em função da curva medida, apresentando o
erro de linearidade
Capítulo 3. Sensores em Estufas 47
- Saturação -
Apesar de certas regiões poderem ser consideradas lineares, para determinados
níveis do sinal de entrada a saída não produz o sinal desejado. Todos os sensores
têm limites de funcionamento a partir dos quais perdem a sua linearidade. A zona de
saturação é uma dessas zonas, Fig. 3.9.
resposta
estímulo
Zona aproximadamente linear Zona de saturação
- Repetitibilidade -
É uma medida da semelhança de um conjunto de medidas da mesma
quantidade, feitas pelo mesmo observador, nas mesmas condições, pelos mesmos
métodos e com os mesmos instrumentos.
O erro de repetitibilidade Δ é causado pela incapacidade do sensor reproduzir o
mesmo sinal em condições idênticas de medida dos valores referentes ao teste_1 e
teste_2 da Fig. 3.10. É normalmente especificado como uma percentagem da gama
de valores de saída (FS).
Capítulo 3. Sensores em Estufas 48
resposta
teste_2
teste_1
estímulo
Δ FS
100%
- Banda morta -
Incapacidade que um sensor tem para medir uma gama específica do estímulo de
entrada. Para esta gama normalmente a saída é zero.
- Resolução -
É o menor incremento da medida que pode ser detectada com precisão pelo
sensor, θ na Fig. 3.11. Esta especificação corresponde à variação incremental do
parâmetro mais pequena que pode ser detectada no sinal de saída. Tal como a
exactidão, a resolução pode ser expressa tanto como uma fracção da leitura (gama
dinâmica na Fig. 3.4) ou em termos absolutos. A resolução descreve os incrementos
mínimos que podem ser sentidos pelo sensor.
SFs
estímulo
- Offset -
O erro de offset de um sensor é definido como o valor da saída existente, quando
à partida se esperaria que o seu valor fosse nulo. Ou seja, é a diferença entre o
verdadeiro valor de saída e o valor especificado em determinadas condições. No
exemplo descrito pela Fig. 3.4, o erro de offset seria caracterizado por uma recta
(curva característica) com declive (sensibilidade) igual ao declive ideal, mas com
ordenada na origem diferente de zero.
- Impedância de saída -
A impedância de saída de um sensor (Zout) é importante para o projecto do
circuito de interface com o sistema de medida. Saída em tensão, Zout deve ser baixa,
Fig. 3.12 A; Saída em corrente: Zout deve ser alta, Fig. 3.12 B.
Zout
V Zin Zout Vs V Zin
Vs
- Excitação -
Sinal eléctrico necessário para activar as operações do sensor. As características
de excitação especificam qual o estímulo eléctrico necessário ao funcionamento de
um sensor. Nalguns casos a especificação da frequência e estabilidade é necessária
ao sinal de excitação.
- Faixa de actuação -
É o intervalo de valores de grandeza em que pode ser usado o sensor, sem
destruição ou imprecisão descontrolada.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 50
- Tempo de resposta -
O estado da saída dos sensores não varia imediatamente quando ocorre uma
alteração na entrada. Esta mudança de estado é feita durante um período de tempo,
designado por tempo de subida, representado por T1, na Fig. 3.13. O tempo de
resposta pode ser definido como o tempo necessário para a saída de um sensor variar
do seu estado anterior, para um valor final de estabelecimento, dentro de uma banda
de tolerância em torno do novo valor. Este conceito é de alguma forma diferente do
conceito de constante de tempo T do sistema, o qual pode ser definido de forma
análoga à definição do tempo de carga de um condensador através de uma
resistência.
saída saída
T1 T2
K2 %
K1 % T banda de tolerância
tempo
tempo
- Atraso -
Tempo que demora entre a aplicação do sinal de excitação ao sensor e o
momento em que começa a operar com a precisão desejada.
- Linearidade dinâmica -
A linearidade dinâmica de um sensor é a sua capacidade de medir variações
rápidas que possam ocorrer nos valores do parâmetro de entrada do mesmo. As
características de distorção da amplitude e da fase, bem como o tempo de resposta
são importantes na determinação da linearidade dinâmica.
- Resposta em frequência -
Especifica a forma, em módulo como em fase, com que o sensor reage a uma
mudança em frequência do impulso de entrada.
- Desfasamento -
Específica o atraso/avanço entre a saída e a entrada.
- Frequência de ressonância -
Número expresso em Hertz (Hz) onde a saída do sensor aumenta
consideravelmente.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 52
- Damping -
Progressiva redução ou supressão de oscilação no sensor com uma resposta de
ordem superior a 1.
sub-amortecido
S A
C
B
F criticamente amortecido
sobre-amortecido
Fig.3.14 Damping
O factor de damping num sistema que oscile pode ser expresso através do
parâmetro:
F A B
Factor de damping= = = .
A B C
Para além das características estáticas e dinâmicas, podem existir outros factores
também importantes para caracterizar sistemas que envolvam sensores. Como
exemplo, temos as condições de armazenamento que têm de ser levadas em conta
quando se utilizam sensores de humidade, como vamos ver a seguir.
- Condições de armazenamento -
Especificam as condições necessárias para o armazenamento dos sensores
quando estes estão desactivados para que as suas características se mantenham
inalteradas, tais como: a temperatura máxima e mínima, as condições de humidade,
pressão, ou a presença de gases ou fumos.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 53
- Temperatura ambiente -
A gama de temperaturas ambientes às quais o sensor possui a sua precisão
própria é importante em muitas situações para a determinação da verdadeira
precisão da medida.
- Erro de auto-aquecimento -
Erro introduzido pelo aquecimento próprio do sensor que pode afectar
significativamente a sua precisão. É normalmente fortemente dependente das
condições de refrigeração a que está sujeito.
- Confiança ou fiabilidade -
A confiança é a capacidade com que um sensor realiza a sua função para
determinadas condições, num determinado período de tempo. É expressa em termos
estatísticos como a probabilidade que o dispositivo tem de funcionar sem erros ao
longo dum intervalo de tempo específico ou um número finito de utilizações.
A fiabilidade dá-nos uma medida da capacidade que um sensor tem de cumprir
uma dada função sob dadas condições de funcionamento durante um determinado
período de tempo. É normalmente expressa como a probabilidade de um dispositivo
funcionar sem falhas num intervalo de tempo. Embora muito importante, é
raramente especificada pelos fabricantes talvez por ser muito difícil de definir.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 54
T1 T2
T1 T2
E
B B B B
I
Ο Ο
Voltímetro Amperímetro
Termopar
100
coeficiente de
E
seebeck α 80
T
J
60 região linear
40
K
R
20
S
0
-500 0 500 1000 1500 2000
temperatura ºC
Detectores térmicos
São projectados para absorver o máximo de radiação em todos os
comprimentos de onda. Podem ser constituídos por, Resistance
Temperature Detector (RTD), termistores ou termopares Os detectores
térmicos piroeléctricos possuem uma resposta mais rápida que se deve
ao facto da sua saída ser proporcional à variação temporal da
temperatura do detector;
Capítulo 3. Sensores em Estufas 61
Detectores fotónicos
A radiação de entrada (fotões) liberta electrões da estrutura do
detector, produzindo-se assim um efeito eléctrico mensurável. Estes
acontecimentos ocorrem a uma escala de tempo atómica ou molecular,
obtendo-se tempos de resposta muito rápidos. Os detectores fotónicos
do tipo fotocondutivos (sulfato de chumbo) possuem uma resistência
eléctrica que varia com o nível de radiação de entrada. As células
fotovoltaicas, também chamadas fotocélulas de barra, são constituídas
por uma camada fotosensível de alta impedância, colocada entre duas
camadas de material condutor, quando a célula é exposta à radiação
aparece entre as duas camadas condutoras uma diferença de potencial
eléctrico [Doebelin83]. Nos detectores fotoelectromagnéticos
(antimónio de irídio) utiliza-se o efeito de Hall. Um cristal
semicondutor submete-se a um forte campo magnético, aplicando-se a
radiação a uma das faces. Desenvolve-se uma diferença de potencial
entre os terminais do cristal.
3.4.4.1 RTD
Baseiam-se na variação crescente da resistência de um elemento condutor, com a
variação crescente da temperatura. Ou seja, todos os RTD têm um coeficiente de
temperatura positivo.
fios de ligação
fios de
cerâmica
ligação enrolamento
a) b)
c)
A técnica das pontes é o método mais clássico para tratar o sinal da RTD. Em
aplicações digitais, computorizadas, a técnica do “ohmímetro de 4 fios” é no entanto
a mais utilizada. Há que referir no entanto que a precisão da medida é afectada pelo
auto-aquecimento do sensor devido à corrente que o percorre (RI2), induzindo assim
um erro de medida. Para reduzir este efeito um dos métodos a utilizar consiste em
aplicar impulsos breves de corrente, outro método consiste em aplicar uma corrente
de baixa amplitude.
Como vantagens os RTD apresentam; boa precisão (±0.1 ºC a ±0.5ºC), boa
estabilidade, boa linearidade numa larga faixa de temperaturas, boa imunidade ao
ruído, possuem uma inércia térmica adequada a muitos processos (constantes de
tempo 1s a 30s). Como desvantagens, podemos referir que os detectores resistivos
de temperatura, apresentam uma robustez limitada (pouco adequada para altas
temperaturas e sensível a cargas mecânicas), o custo elevado, a necessidade de uma
fonte de alimentação, a existência do erro de auto-aquecimento e a baixa variação da
resistência coma temperatura (0.4Ω por cada ºC).
T
Fig. 3.21 Variação da resistência em função da temperatura num PTC
PTC
NTC
Resistência
•x RTD
m
R25
• Tt T0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura ºC
Fig. 3.24 Função de transferência dos PTC e dos NTC comparadas com os RTD
Podemos resumir como vantagens dos termístores, a boa precisão ( <± 0.1% a
100º C), a sensibilidade elevada, as reduzidas dimensões, os tempos de resposta
pequenos (0.1 a 5s) e a imunidade ao ruído. Como desvantagens apresentam uma
robustez limitada, as gamas de temperaturas medidas estão em geral limitadas ao
intervalo [-100, 150]ºC, necessitam de uma alimentação externa, os problemas com
as não linearidades quando se utilizam circuitos de condicionamento analógicos
3.5.1 Mecânicos
Este tipo de sensor aproveita a alteração das dimensões que sofrem certos
materiais na presença de humidade. Aqueles que sofrem mais alterações são
algumas fibras orgânicas e sintéticas, como é por exemplo o cabelo humano. Ao
aumentar a humidade relativa, as fibras aumentam de tamanho e alongam-se. Logo
esta deformação deve ser medida tendo em atenção à proporcionalidade com o
aumento da humidade relativa
São baratos e usados normalmente apenas para indicação de valores
aproximados, ou seja para valores não precisos.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 68
Fig.3.25 Psicrómetro.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 69
Entrada de ar
5a
3 1 -
2 Amplificador
(K)
Sendo;
1= Resistência de aquecimento
2= Espelho Saída de ar 5b
Regulador
3= Zona de refrigeração de potência
4= Fonte luminosa
5= (a, b), foto-resistências
Fig.3.26 Sensor de humidade por condensação
Capítulo 3. Sensores em Estufas 70
A
C= ⋅ε
d
Capítulo 3. Sensores em Estufas 71
na faixa dos [400, 700]nm, que representa a radiação que influencia directamente a
fotossíntese [Teixeira83].
A radiação óptica é entendida como parte do espectro electromagnético na gama
de comprimentos de onda entre os 100nm e 1nm sendo esta banda de radiação
óptica ainda dividida em três sub-bandas: Ultravioletas (UV), Radiação Visível
(Luz), e os Infravermelhos (IV). As bandas de UV e IV encontram-se divididas em
três subgrupos A, B e C e a gama visível nas suas cores relevantes. Como se pode
verificar na tabela 3.1 (de acordo com o standard DIN5031, parte 7)
Grandezas
Grandezas Energéticas Símbolo Unidade Símbolo Unidade
fotométricas
Intensidade
Intensidade I W/sr Iv lm/sr =cd
luminosa
3.6.1 Fotoresistências
As fotoresistências ou células fotocondutivas, Light Dependent Resistor
vulgarmente conhecidas por LDR são dispositivos resistivos caracterizados por uma
variação da sua resistência quando sujeitas à influência de um fluxo incidente.
O mecanismo de funcionamento apoia-se na fotocondução, resultante de um
efeito fotoeléctrico interno que consiste na libertação de cargas eléctricas no
material fotocondutor sob a influência da radiação incidente com o correspondente
aumento da sua condutividade.
Dependendo da resposta espectral desejada para o dispositivo os materiais
utilizados para a construção de LDR's podem ser variados. O material mais comum
é no entanto o sulfito de cádmio (CdS) que apresenta uma forte resposta foto-
condutiva cuja sensibilidade espectral está limitada entre os 300nm e os 880nm com
um máximo nos 550nm, resultando similar à sensibilidade do olho humano.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 77
104
103
102
10
Fig. 3.31 LDR típica e respectiva característica resistência R(Ω) vs iluminação Ev(lux)
3.6.2 Fotodíodo
Os fotodíodos podem ser classificados como fotocondutores, apesar de
apresentarem funcionamento e desempenho diferentes.
O fotodíodo pode operar em dois modos: o modo fotocondutivo e o modo
fotovoltaico. Quando a junção p-n de um fotodíodo é polarizada inversamente, o
fotodíodo opera no modo fotocondutivo, comportando-se como uma fonte de
corrente controlada pelo fluxo incidente na junção, apresentando uma relação
bastante linear entre o fluxo incidente e a fotocorrente gerada. Em situação de
ausência de luminosidade, existe uma corrente de fugas que é independente da
tensão inversa aplicada e que é principalmente devida à geração térmica de
portadores de carga. A característica fotocorrente/irradiação típica de um fotodíodo
está representada na seguinte Fig. 3.32.
Capítulo 3. Sensores em Estufas 78
100
20
µA 10
2.0
1.0
0,2
0.1
0.1 0,2 1.0 2.0 10 20 100
mW/cm2
Figura 3.33 Ilustração do sensor-transmissor de CO2 GMP 111 da Vaisala (versão de difusão)
por filmes de plástico, já que a colocação do vidro não seria muito prática. A
escolha do filme é feita em função das suas propriedades de transmissão à luz solar,
térmicas e de durabilidade.
Regra geral, utiliza-se o polietileno normal que apresenta uma reduzida
durabilidade (cerca de um ano). Quando se pretende maior durabilidade opta-se por
polietileno térmico com estabilizador de ultra violetas (UV) (aproximadamente três
anos). Ambos têm como inconveniente o facto de obrigar periodicamente a
substituição da cobertura.
O arrefecimento é feito normalmente por ventilação natural, através da abertura
e fecho das janelas, podendo também ser efectuado automaticamente. Os sistemas
de aquecimento são simples tendo como principal função evitar a congelação das
plantas.
A estufa capelar é uma construção que utiliza estruturas em ferro galvanizado,
alumínio ou aço, e para a cobertura é utilizado vidro ou placas de policarbonato.
Possui uma grande longevidade e uma boa transmissão da radiação solar, no entanto
como inconvenientes podemos apontar o elevado investimento inicial. Estas estufas
são mais eficientes do ponto de vista energético, uma vez que o seu tipo de
construção permite obter um maior volume de ar.
Comparativamente com a estufa do tipo hemi-cilíndrica, a estufa capelar
consegue uma maior área de cultivo para a mesma área coberta, uma vez que,
devido à curvatura das estruturas hemi-cilíndrica, as linhas de cultura mais próximas
das paredes laterais deverão ficar mais afastadas para que possam desenvolver-se de
uma forma adequada. As estufas capelares são muito utilizadas pelos produtores de
flores, utilizando um maior número de equipamentos de condicionamento
ambiental, sistemas de aquecimento, arejamento natural e forçado, enriquecimento
de dióxido de carbono, iluminação artificial, injectores de nutrientes, entre outros.
Em relação ao tipo de suporte para o desenvolvimento das raízes, este nem
sempre necessita de ser o solo podendo ser substituído por um substrato inerte, que
vai fixar as raízes e onde são injectados sob a forma de gotejadores ou de uma
solução nutriente circulante a água e os nutrientes necessários ao correcto
desenvolvimento das plantas. São chamadas estufas Hidropónicas. O termo
hidropónico tem origem do grego, hidro→água e ponos→trabalho, que significa
trabalho na água ou alimentação recorrendo à água. A utilização desta técnica de
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 86
grande comprimento de onda), que por sua vez é emitida por todos os objectos que
interceptam a radiação solar, o que faz com que as trocas de energia radiante térmica
com o exterior sejam reduzidas.
A quantidade e qualidade da produção em estufa estão dependentes de diversos
factores tais como: a temperatura, humidade e composição química do ar, a escolha
da variedade e idade da cultura entre outras como foi referido anteriormente. Resulta
pois importante identificar todas as variáveis que são de extrema importância no
processo de crescimento e desenvolvimento das plantas numa estufa.
Convém ter presente que a resposta a um factor ambiental está sempre muito
influenciada por outros parâmetros ambientais, por exemplo, a dependência da
fotossíntese à intensidade da radiação solar, é diferente em função da temperatura a
que se encontram as plantas. Assim deve pensar-se na planta como um sistema em
equilíbrio em que um factor presente em quantidades limitantes, vai limitar também
a utilização de outros recursos. Na ausência de luz a absorção do dióxido de carbono
atmosférico é praticamente nula, mesmo em condições de iluminação muito fraca a
quantidade de gás fixada pela fotossíntese pode ser muito inferior à libertada pela
respiração [Teixeira83].
Como fonte primária de carbono e energia para a planta, o processo
fotossintético desempenha um processo determinante no crescimento das plantas.
A resposta da fotossíntese à temperatura está muito influenciada por outros
factores ambientais nomeadamente a intensidade luminosa e a concentração de
dióxido de carbono. Enquanto que num ambiente ao ar livre a interacção entre os
diferentes factores ambientais ocorre de tal forma que facilita o crescimento
equilibrado de um conjunto de plantas, numa estufa por efeito mesmo da cobertura e
como consequência de intervenções de climatização e mesmo das práticas culturais,
podem ocorrer situações de desequilíbrio no crescimento da cultura. É possível por
exemplo que a superfície total das plantas seja excessiva durante o ciclo de
desenvolvimento no que diz respeito à disponibilidade de energia solar. Uma
situação similar pode verificar-se com as culturas de ciclo Outono-Inverno, as quais
iniciam o seu ciclo quando a disponibilidade de energia solar é tal que permite um
bom crescimento vegetativo, no entanto chegam a completar o seu ciclo quando a
radiação total diária sofre um decréscimo, logo a relação entre a fotossíntese e a
respiração pode ser desfavorável. Operações culturais que permitam evitar um
excessivo crescimento vegetativo durante a primeira fase do ciclo de
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 88
T= Cs*ΔW.
Cs corresponde à condutância estomática ao vapor de água e ΔW à diferença de
pressão de vapor de água entre espaços celulares da folha e a atmosfera. A regulação
estomática modifica muito a transpiração de uma folha em função de ΔW. Enquanto
que para valores de Cs constantes a transpiração aumenta de forma proporcional ao
aumentar ΔW, por efeito da regulação estomática tal efeito de proporcionalidade
apenas se verifica para valores de ΔW moderados.
Numa planta a troca entre o vapor de água com a atmosfera está inevitavelmente
ligada ao nível dos estomas com as trocas de dióxido de carbono.
Para absorver o dióxido de carbono e ter aberto os estomas, a folha vai perder
água, [Alpi91]. Se a perda de água conduzir a um potencial hídrico excessivamente
negativo a planta vai fechar os seus estomas com a consequente redução na absorção
de dióxido de carbono.
A humidade relativa do ar exerce uma influência directa na transpiração nos
mecanismos de regulação térmica das plantas, na condutância dos estomas e na
incidência de determinadas doenças ou pragas. Como efeitos negativos apresentam-
se: desidratações devido à evaporação excessiva, redução da fotossíntese em
consequência de uma diminuição da condutância dos estomas ou o aparecimento de
doenças por fungos (botritis) ou pragas em consequência de um excesso de
humidade. A nível de problemas fisiológicos este excesso de humidade intervém na
absorção de cálcio, provocando uma carência neste elemento [Alpi91].
As plantas captam da atmosfera o carbono sob a forma de dióxido de carbono
(CO2), as quais combinam este gás com a água (H2O) e com a luz, sintetizando deste
modo as substâncias orgânicas, através de um processo biológico chamado de
fotossíntese conforme a reacção química (1). Pelo facto da maior parte das estufas se
encontrarem fechadas mais horas ao dia do que abertas, a concentração de CO2 vai
diminuindo no interior da estufa (as plantas vão utilizá-lo para realizar a
fotossíntese). Assim os valores de dióxido de carbono no interior da estufa vão
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 90
variar durante o dia, sendo os seus valores superiores durante a noite decrescendo
durante a manhã.
Para corrigir essas oscilações podemos utilizar quer meios naturais quer
artificiais. No primeiro caso trata-se de abrir com alguma assiduidade as janelas para
que se possibilite a circulação e renovação do ar da estufa, o que nem sempre é
possível dado às variações de temperatura que isso provoca. Quando falamos em
corrigir de uma forma artificial falamos na combustão de certos produtos (petróleo,
propano, gás natural, etc.) em estufas ou através de queimadores difusores podendo
ser também feita a introdução do CO2 sob a forma pura e de neve carbónica.
Se a concentração de dióxido de carbono se apresentar diminuta as
consequências para as plantas são obvias: perda de produção por diminuição na
síntese dos hidratos de carbono e aumento da foto-respiração. Caso contrário, se os
seus valores se encontrarem excessivamente elevados as consequências para as
plantas serão, danos fisiológicos e associado a temperaturas elevadas danos
térmicos.
O grau de humidade de um terreno influencia o crescimento das plantas a sua
produção e a qualidade das suas flores. As exigências de água não são as mesmas
quando se cultiva uma planta em estufa ou quando a planta cresce em campo aberto.
É de salientar a importância da quantidade e qualidade de água disponível no
sistema radicular das plantas, pela absorção dos nutrientes, regulação térmica e
sanidade da própria planta (doenças), caso de excesso de humidade ou em caso de
défice pela desidratação das plantas.
Concluímos então que a influência positiva ou negativa que a variação de um
factor ambiental exerce sobre o rendimento de uma cultura está sempre influenciada
pela interacção que se estabelece entre todos os parâmetros ambientais que fazem
parte do microclima de uma estufa. Note-se por exemplo, a influência da
temperatura sobre um organismo tão complexo como uma planta que não se limita à
regulação das reacções bioquímicas pois quando sujeita aos extremos pode mesmo
ter influência na estrutura física bem como nas funções das membranas
[Teixeira83].
No ambiente de uma estufa, e no que à temperatura diz respeito, torna-se
importante reduzir as oscilações, uma vez que estas serão decisivas no crescimento
das plantas no seu interior. Os valores ambientais devem ser regulados de acordo
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 91
com os valores considerados ideais para a cultura praticada, como vamos abordar na
secção 4.3 em que estudaremos dois tipos de culturas.
Mais importante ainda para que a cultura não sofra danos irreparáveis é que
esses valores permaneçam dentro dos limites quer inferior como superior. Estes
limites, como seria de esperar vão variar de espécie para espécie. No caso das
plantas se encontrarem expostas a limites inferiores de temperatura do ar, os efeitos
podem ser, deformações ou mesmo morte com congelamento dos tecidos. Caso
contrário, se a exposição seja a temperaturas próximas do seu limite superior, os
efeitos podem reflectir-se na danificação dos tecidos vegetais por desidratação
[Alpi91].
No capítulo seguinte, em que apresentamos alguns resultados sobre a
monitorização de duas culturas o Cravo e a Gerbera num ambiente controlado,
voltaremos a fazer referência a este assunto que está intimamente relacionado com a
geração de alertas por parte do sistema informático para o utilizador nos casos em
que se verifiquem riscos para a produção em causa.
mais tarde conseguem dominar a praga, mas depois desta já ter causado algum
prejuizo.
Os auxiliares de “protecção” entram em actividade no início do ataque da praga
mantendo-a abaixo do nível económico de ataque.
As funções que cada auxiliar desempenha quer de protecção como de limpeza
vão depender não só do próprio, como da praga e da cultura em causa. Um auxiliar
pode apresentar funções de limpeza em relação a uma determinada praga e de
protecção em relação a outra praga. Por exemplo, os percevejos mirídeos são de
protecção no combate ao aranhiço vermelho e de limpeza em relação aos afídeos em
macieira. As joaninhas são auxiliares principalmente de limpeza.
As joaninhas das 7 pintas são as mais conhecidas (Coccinella septempunctata),
uma vez que se trata da espécie mais abundante e por isso do conhecimento geral
[Carvalho86]. Os adultos, Fig. 4.1 e as suas larvas, Fig. 4.2, são predadores
energéticos na primavera, chegando a comer até 60 afídeos por dia, Fig. 4.3.
Características edáficas
O cravo é uma planta bastante versátil adaptando-se com facilidade a
diferentes tipos de solos. Prefere no entanto, solos com uma boa drenagem, ou
seja, solos arenosos ou franco-arenosos aos argilosos ou de origem calcária. Os
valores de pH óptimos situam-se na ordem dos 6,5 a 7,5.
Características climáticas
• Temperatura
Apesar do cravo suportar valores de temperatura negativos durante um
determinado período de tempo sem congelar (~ -3ºC), a formação de
gemas florais pára abaixo dos 8ºC e acima dos 25ºC. A temperatura de
0ºC é perigosa para o cravo causando deformações nas pétalas, a
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 100
Temperaturas óptimas
Diurna Nocturna
Inverno [15,18]ºC [10,12]ºC
Verão 21ºC 12ºC
• Luminosidade
Representa um factor predominante tanto para o crescimento como para
a floração, determinando a rigidez do caule bem como o tamanho e número
de flores. Torna-se necessário cuidado dobrado quer na escolha da
orientação da estufa, quer na escolha do material de cobertura da mesma
[Arbelaez00].
• Humidade relativa
Os valores ideais rondam os [60,70]%. Durante o verão as humidades
relativas baixas [30,40]% são prejudiciais. Devemos ter humidades relativas
próximas das ideais atendendo a que por um lado, para valores mais
elevados podem surgir doenças que a seguir iremos referir, tais como a
Fusarium e a Botritis cineria e por outro, para valores de humidade relativa
inferior a 60% a qualidade da flor é influenciada negativamente. No verão o
sistema de micro aspersão é indispensável para manter a humidade relativa
elevada e em associação à abertura da estufa, faz diminuir a temperatura no
interior da estufa para valores próximos dos ideais conforme indica a Tab.
4.1.
20cm
15 cm 20 cm 15 cm 50 cm
15 cm Planta
50 cm
Fig. 4.4 Diagrama representativo dos compassos de plantação escolhidos na cultura do cravo
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 102
Irrigação;
A rega após a plantação efectua-se por microaspersão. A fertilização pode
efectuar-se por meio do sistema de rega gota a gota (fertirigação). Na cultura
do cravo um excesso de azoto pode causar um aumento da sensibilidade a
pragas e doenças ao mesmo tempo favorece a rebentação axilar, o fósforo
torna-se essencial no início do crescimento uma vez que favorece o
crescimento das raízes, o potássio melhora o aspecto da planta e aumenta o
seu vigor, a sua carência provoca a formação de caules débeis de fraca
consistência e fraca floração. O cravo é bastante sensível a carências de cobre,
zinco [Tejero89].
Tutoramento;
É normalmente efectuado com uma rede plástica colocada na altura da
plantação para facilitar as tarefas, esticada com auxílio de arame preso aos
tutores laterais instalados ao longo do canteiro (Fig. 4.5).
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 103
Desbotoamento;
Realiza-se durante todo o período de vida da cultura, em cravos
americanos deve suprimir-se todos os botões laterais (ainda em fase de
formação) da haste floral.
Rebaixamento;
Realiza-se no fim do primeiro ano. Cortam-se as plantas 30 a 40 cm
acima do nível do solo.
Colheita;
Quando o botão começa a abrir, realizam-se dois cortes:
Corte baixo- no 3º e 4º nó (menores produções/ flores de melhor
qualidade). Corte alto – acima do 5º-7º nó (maiores produções/ flores de
qualidade inferior).
0
-4 -1 1 2 3 4 9 14 20 24
Semanas
Fig.4.7 Estrago causado numa flor do cravo por Tripes (Frankliniella occidentalis )
A- Adulto
B- Ovo
C- D- Larva
E- Pré-Pupa F- Pupa
Possuem dois estados larvares, I e II, separados entre si por uma muda. Os
recém nascidos são de cor branca passando de imediato a uma tonalidade amarelada
e não possuem asas. A larva II alimenta-se activamente começando a perder
gradualmente a sua mobilidade. Muda de cor ficando branca dirigindo-se para o solo
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 107
onde terá lugar o estádio pupal. A duração deste estádio é de cerca de 7 a 8 dias. A
pupa (imóvel), possui pequenos esboços de asas, antenas curtas, este estádio dura
cerca de 2 dias.
O adulto apresenta inicialmente tonalidades claras, adquirindo rapidamente uma
coloração “café” que se torna muito escura, alcançando a maturidade em 2 dias. Em
adulto pode chegar a durar cerca de 26 dias. As condições ambientais
principalmente de temperatura, humidade relativa elevadas e de disponibilidade de
alimento para as larvas, influem directamente sobre a duração do ciclo
[Arbelaez00].
Ao introduzirem o seu aparato bucal dentro dos tecidos, as ninfas e larvas
destroem as células da epiderme e o parênquima das folhas ao extrair a seiva e
esvaziar as células. Os adultos e larvas rasgam as paredes da epiderme com o seu
estilete, produzindo uma área necrótica e deformação da zona afectada. Se os órgãos
da planta afectados se encontram formados, originam-se áreas descoloridas e
necróticas, no entanto se são jovens, tenros, suculentos e em fase de crescimento,
junto às áreas atacadas surgem deformações causando atrofias e até a perda do botão
floral.
No caso de se tratar de um ataque directo sobre as pétalas do cravo já
desenvolvidas, acontece um fenómeno curioso, devido ao ataque do aparato bucal
do insecto, os lugares afectados, em variedades de cor vermelha ou tons mais
escuros, adquirem raios claros (branco/ creme, ver Fig.4.7). No caso das variedades
brancas e cremes adquire tons escuros (castanho).
A postura dos ovos induz lesões onde quer que a postura se realize. Se o órgão
implicado se encontra em fase de crescimento vai produzir-se uma pequena
concavidade, que faz reagir o tecido adjacente apresentando um halo esbranquiçado.
Se a postura tem lugar sobre a flor vai produzir-se alterações no processo de
formação da mesma [Arbelaez00].
As medidas preventivas são sempre as mais recomendáveis para controlar uma
praga de Tripes devendo fazer-se uma monitorização diária de todas as variáveis
climáticas que possam afectar o comportamento da praga: precipitação, temperatura,
e humidade relativa do ar. Pode ser também complementada com a aplicação de
medidas culturais, tais como, podas fitossanitárias e de renovação, eliminação de
hospedeiros alternativos, adequada preparação do solo, a utilização de barreiras
físicas, ou estratégias de monitorização com recurso a armadilhas que permitam ter
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 108
na qual a duração total do seu ciclo foi de 11.2 dias, com uma fecundidade total de
110.5 ovos/fêmea.
A uma temperatura de 17.5ºC, o ciclo durou 27.91 dias, a fecundidade baixou a
81.12 ovos/fêmea. Os valores mínimos para T. cinnabarinus indicam que este se
mostra inactivo entre 8 a 13ºC, com excepção do estado de deutroninfa no qual a
actividade cessa a valores de 4.46ºC.
Como medidas de controlo pode recorrer-se à introdução de organismos
auxiliares (em largadas) na cultura em causa, como ácaros predadores e parasitóides
que vão combater o aranhiço vermelho. Existem várias famílias de ácaros auxiliares,
sendo a dos Fitoseídeos, a principal. Aparecem no entanto outras com algum
interesse, tais como, os Trombidídeos (predadores de ácaros e de cicadelas), os
Anastídeos (predadores de ácaros e psilas), os Estigmateídeos (predadores de ácaros
e cicadelas) e os Tideídeos (predadores de ácaros, mas pouco eficazes). Os ácaros
fitoseídeos têm cor e tamanho parecida aos ácaros praga, mas são normalmente mais
rápidos. Têm quatro a sete gerações por ano, hibernam no estado de fêmea adulta, os
seus ovos eclodem em três a quatro dias e as ninfas atingem o estado adulto em
cinco a dez dias. Como possuem muitas gerações e o período de actividade coincide
com o dos aranhiços praga, os fitoseídeos são eficazes no seu combate.
doença, material vegetal são, água limpa, utilização de variedades com resistência à
doença, métodos de controlo físicos e biológicos.
A doença e seu agente causal foram descritos inicialmente por Prilleux e
Delacroix em 1899, dando-lhe o nome de Fusarium dianthi. Em 1940, Snyder e
Hansen realizaram estudos taxonomicos e deram-lhe o nome de Fusarium
oxysporum forma especialis dianthi. (Fusarium oxysporum f. Sp. dianthi), a forma
que actualmente se conhece [Marquez00].
Depois de “entrar” na planta o oxysporum f. sp. dianthi, desenvolve-se no
sistema vascular da planta, os vasos em especial o xilema são bloqueados e
destruídos de forma que o transporte de água e nutrientes fica dificultado o que
conduz à murchidão da planta.
Externamente o sintoma mais visível é a descoloração das folhas, sobretudo do
lado da folha por onde o fungo penetrou. As folhas tornam-se amarelas e a parte
superior da planta enrola-se para baixo, provocando posteriormente a murchidão da
planta, e mesmo a sua morte. Internamente pode ocorrer uma descoloração
acastanhada nos tecidos vasculares, Fig. 4.10 e Fig. 4.11.
Pragas
Myzus persicae Tetranychus cinnabarinus Frankliniella occidentalis
Semanas
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 24
Fig. 4.13 Cronologia das pragas/doenças mais frequentes na cultura do craveiro
Características climáticas
• Temperatura
A temperatura para a cultura da gerbera é um factor limitante na
produção, uma vez que quer as altas bem como as baixas temperaturas
influem na qualidade floral (diâmetro do capítulo e comprimento do
pedúnculo). O ideal é que as temperaturas oscilem entre 15ºC e 21ºC:
Com uma temperatura mínima de 12ºC assegura-se uma produção
rentável mas a temperaturas inferiores a 8ºC, a vegetação paralisa. Nos
países do Norte da Europa recorre-se ao aquecimento do solo, de 20ºC a
15cm de profundidade, desta forma assegura-se uma boa produção
invernal e obtém-se um maior nível de resistência à doença Phytophora
cryptogea, causada por um fungo.
Naturalmente que a utilização de aquecimento obriga a ter em conta a
relação temperatura/luminosidade. Um excesso de luminosidade
(intensidade e duração), pode reduzir a duração em água da flor cortada.
Nestes casos deve pois recorrer-se a variedades de pedúnculos grossos.
Recomenda-se usar rede de sombreamento no verão.
Em resumo;
Temperatura Valores Efeitos
• Luminosidade
A gerbera é uma planta que necessita de grande intensidade de luz
nas épocas produtivas. Durante as primeiras fases de desenvolvimento
são necessárias temperaturas moderadas (12ºC de noite e 17ºC de dia) e
dias curtos (8 horas de luz natural), estimulando-se deste modo a
produção de ramos laterais e consequentemente a produção floral.
• Humidade relativa
Os valores de humidade óptimos oscilam entre os 75% a 90%. Valores
superiores podem favorecer o aparecimento de doenças como a Botrytis.
Recomendando-se um controlo exaustivo da ventilação durante os meses
de Inverno já que a oscilação elevada entre o dia e a noite e entre
diferentes períodos podem afectar a qualidade da flor, diminuindo a sua
duração em jarra.
Valores de humidades superiores a 90% podem provocar manchas e
deformações nas flores durante o Inverno. Sendo de referenciar que um
dos problemas maiores na produção de gerbera é o da podridão das folhas,
devendo evitar-se o excesso de humidade.
Plantação
Rega por aspersão
OperaçõesArmação do terreno Rega gota -a- gota
0
-4 1 4 12 28
Sema -1
Semanas 0 20 28 32
Nas tabelas 4.3 e 4.4 resumem-se alguns parâmetros possíveis de gerar alerta de
doença ou praga para as duas culturas em estudo, o cravo e a gerbera. Também se
apresentam os valores de temperatura limite biológico cujo sistema tecnológico deve
sinalizar com precisão pois podem colocar em causa todo investimento associado a
uma produção.
No capítulo seguinte, apresentamos uma realização tecnológica que ao
interpretar todas estas questões e de acordo com a especificidade da cultura em
causa (conforme cronologia associada à probabilidade de ocorrência de doenças ou
pragas Fig. 4.14) poderá, conforme já referido no ponto 4.2.2, associar-se às
medidas de luta cultural directa e constituir mais um factor que promova a aplicação
da agricultura biológica.
Tabela resumo de alguns dos parâmetros passíveis de gerar alerta de Algumas doenças e
pragas comuns ao Cravo e à Gerbera
H.R.
> 80 % Fusarium
TEMP. Frankliniella occidentalis
27.5º C ( 15ºC a 30º C)
H.R.
> 90 % Botritis cinerea
TEMP.
> 27º C
Tabela 4.3- Resumo dos Parâmetros passíveis de gerar Alerta de Doenças e Pragas no cravo e na gerbera
Capítulo 4. Agricultura Biológica em Ambiente Controlado 119
gestão dos processos agrícolas, torna-se essencial o uso de um número cada vez
maior e mais específico de sensores que permitam avaliar o desenvolvimento das
culturas, cujos mais usuais se apresentaram no capítulo 3.
de carbono e intensidade da luz para uma espécie agrícola ao longo do seu ciclo de
vida (plantação até à recolha da flor) mantendo-se os factores climáticos dentro de
certos limites. São precisamente essas condições óptimas que neste trabalho se
propõem estabelecer, de modo a manter cada cultura em ambiente o mais próximo
possível do ideal fazendo uso de um sistema de monitorização e um de alertas em
tempo real.
T
(oC) 35
zona
crítica
temperatura
30 interior na estufa
Fig. 5.– Alerta “Limites Biológicos para o Gerbera”
25
20
15
10
Alerta
(Limite Máximo Biológico)
T > 35oC
Fig. 5.3– Máximo biológico para a Gerbera ultrapassado: geração do alerta pelo sistema
Na Fig. 5.4 Verifica-se, agora para a cultura do Cravo, que o limite mínimo para a
temperatura é atingido o que novamente activa o sistema de alerta (T< 4oC).
30
20
zona
crítica
15
10
Sinal de disparo de
alerta
0
-5
dia _1 dia _2
110
HR
(%)90
70 zonas
crítica
50
Sinal de disparo de
alerta
30
10
1 722
-10
dia _1
dia _2
Alerta
(Doença)
Fusarirum
Fig. 5.6– Risco de ocorrência de doença Fusarium: geração do alerta pelo sistema
110
HR 90
(%)
70
50
30
T
(oC)
10
-10
Alerta
(Praga)
Tetranychus
Fig. 5.8– Risco de ocorrência de doença Tetranychus: geração do alerta pelo sistema
CAPÍTULO 6
ACRÓNIMOS
Nesta dissertação são utilizadas abreviaturas e designações comuns apenas
apresentadas aquando da sua primeira utilização.
UE União Europeia
DDT Dicloro-Difenil-Tricloroaetano
UV Ultravioletas
IV Infravermelhos
CE Comunidade Europeia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[Arbelaez00] Arbelaez, G.; Gempeler, P.; Botero, D.; Cheever, D.; Hunter;
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