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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

“Caramuru” - Poema Épico do Descobrimento da Bahia


(Frei José de Santa Rita Durão)
Equipe:
Eliedson
Ellen Joyce da Silva Santos
Lidiane Martins Ribeiro de Carvalho
Myriam dos Reis Cedro
Renata da Silva Macambyra Ferreira
1. Resumo Caramuru – Autor e Enredo
2. Caramuru X Lusíadas;
3. Comparação entre o Brasil e as Índias;
4. O amor à pátria;
5. As fontes históricas;
6. Caramuru: herói por acaso, sujeito
individualizado;
7. O caráter divino do naufrágio;
8. O Estado e a Igreja;
9. Ênfase na religião e na ação jesuítica;
10. O índio: interior e exterior (foco na questão
do "branqueamento");
11. Gupeva
12. A antropofagia segundo Santa Rita Durão e
Oswald de Andrade;
13. A guerra;
14. Submissão às armas portuguesas;
15. Os desdobramentos de Caramuru.
Frei José de Santa Rita Durão.
Cata Preta, atual Santa Rita Durão, em Minas Gerais, em 1722.
Lisboa – Portugal, em 1784
Portugal aos 10 anos de Idade
Fuga para a Itália – Duas décadas
Retorno a Portugal – Cátedra de Teologia em Coimbra
Início da Obra – Publicada em 1781 – três anos antes de sua morte.

[...] "a obra de Durão pode ser vista tanto como expressão do triunfo
português na América quanto das posições particularistas dos
“americanos”; e serviria, em princípio, seja para simbolizar a lusitanização
do país, seja para acentuar o nativismo.”
(Antônio Cândido)
Precursor do nativismo no Brasil, pelo fato da Obra Caramuru ser a primeira obra a ter
como tema o habitante nativo do Brasil;
O Poema foi escrito ao estilo de Luís de Camões, imitando um poeta clássico assim como
faziam os outros neoclássicos (árcades).

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•Narrativa respaldada por fatos históricos – Já que não foi o único a escrever sobre o Brasil.
•Descritiva e Informativa – Detalhista ao Extremo – A descrição das atrocidades e das guerras.
•Justificativa – Amor à Pátria - Saudosismo
•Inspiração Religiosa
•A Ideologia – Elogio ao trabalho de Colonização e de Catequese - Ação civilizadora do
Português
•Necessidade de Catequização do Índio.
•Descrição do Brasil como Lugar Edênico permeia toda a obra
•Preconceito já existente na época é recorrente na obra.

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I Estrofe
A Terra e o Herói – Descrição e Narração
II Estrofe
Pede a ajuda divina para a realização do seu intento
III a VIII Estrofe
Dedica o Poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil e para os Índios (Dignos e capazes de se
integrarem à civilização Cristã – Prevê Portugal renascendo no Brasil).
IX Estrofe em diante
Narração propriamente dita.

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Diogo Álvares Correia – Aventureiro Português
• Viana do Castelo - Portugal – 1475
• Salvador – Bahia – 1557
• Facilitador do contato entre Europeus e Índios
1. Naufrágio (08) – 1510 – Colonização efetiva do Brasil por volta de 1530

“Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;


E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há, que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos”
Canto I, Estrofe XVII

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2. Acolhimento e Engorda de Diogo + 6
3. Precaução e Resgate de Artefatos Bélicos
4. Ritual de Antropofagia
5. Sergipe X Gupeva
Diogo e Gupeva ( O Índio Bom) – Sem Cobiça -
• Terror e Convencimento – A Iluminura da Virgem Maria –
• Jararaca ( Índio Ruim – Indomável - discurso ) X Gupeva ( Índio Bom – Porque se deixou domar)
6. Caramuru faz amizade interétnica com o «bom e justo» índio Gupeva, e o ajuda a combater o temível
cacique Jararaca.
• Demonstração de Força e Poder
• Caramuru – Grande Moréia – Dragão do Mar – Pau que cospe fogo – Filo do trovão
Vários significados foram atribuídos ao apelido ao longo das várias narrativas, literárias ou não, que se
sucederam sobre a vida de Caramuru: “filho do fogo, filho do trovão, homem do fogo, dragão do mar, dragão
que o mar vomita, peixe dos rios brasileiros semelhante à moréia, grande moréia, rio grande, europeu
residente no Brasil, aquele que sabe falar a língua dos índios...” (AMADO 2007: 2)
• Deseja ser temido mais que cultuado

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INDÍGENA «BOM E JUSTO»
Gupeva, o grande amigo de Caramuru
Inocente corajoso e capaz de raciocínios surpreendentes - como a «singular filosofia» demonstrada por
Gupeva «tão alto pensar numa alma rude»,
INDÍGENA « MAU E CRUEL»
Jararaca, o grande opositor, ainda por cima enamorado de Paraguaçu, ou Taparica –
Antropófagos Renitentes, Desconhecem a Língua Portuguesa (Notável exceção de Paraguaçu),
desconhecem o Deus Cristão, gosto particular pela guerra (o que faz deles extremamente perigosos)
«gentio ferocíssimo», «nação feríssima», «feras», «gente crua», «infausta gente», «ignorância rude» e «gula
infame» (=antropofagia) são expressões com freqüência a eles relacionadas.
O fato dos indígenas serem assim é o que permite a Caramuru, e, por extensão, a todo o povo português,
exercer a missão evangelizadora e civilizadora a ele(s) reservada pela história.

Adjetivos usados por Santa Rita durão para descrever o Índio:


“infeliz”, “gente insana”, “devassos”, “corrupto gentilíssimo”, “cruel gente”, “feíssimos”, selvagens”, “gente tão
nojosa”, “bárbaro ignorante”.
A respeito da língua local, o autor diz que é um “idioma escuro”, além de se referir à condição dos índios
como “danosa”, uma condição que é uma “vergonha, triste miséria humana”.
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Paraguaçu
Fala um português fluente, além de, inexplicavelmente, ser branca, ter olhos claros, seguindo totalmente o
modelo de beleza europeu do século XVII.
“Paraguassu gentil (tal nome teve),
Bem diversa de gente tão nojosa,
De cor tão alva como a branca neve,
E donde não é neve, era de rosa;
O nariz natural, boca mui breve, Myl:
Myl:
Olhos de bela luz, testa espaçosa;
De algodão tudo o mais, com manto espesso,
Quanto honesta encobriu, fez ver lhe o preço.
(Canto II, estrofe LXXVII)
Rejeita Jararaca
Prometida a Gupeva
Fala Português - Serve de Intérprete entre Diogo e Gupeva
Encontro Romântico entre Europeu e Índio – diferente de guerra e extermínio – Uma idéia de
miscigenação, povoamento e colonização. (Castos até o casamento, segundo Santa Rita Durão)
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Boa parte do poema é dedicada às guerras entre as tribos, das quais Caramuru
participa. Santa Rita Durão mostra-se defensor da monogamia: desde o início
Caramuru possui apenas uma esposa, Paraguaçu. As outras são apenas apaixonadas
por ele, havendo entre elas «a infeliz Moema», afogada ao atirar-se junto com as
outras ao mar, atrás de Diogo, que parte para a França com Paraguaçu.

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Caramuru descreve a fauna e flora Brasileiras na França
Paraguaçu torna-se Catarina do Brasil
Batizada e casada na Igreja Católica.
Caramuru deseja retornar ao Brasil e tem seu projeto de colonização e catequização
financiado em troca de fornecimento de Pau Brasil.
O casal de Volta ao Brasil serve como ponto de referência aos primeiros colonizadores e
segundo o Poema é responsável pelo povoamento do Recôncavo Baiano.
Terras do Recôncavo
Igrejas
Engenhos
Fortalezas
Apoio aos governadores
Luta contra os invasores Franceses e Holandeses
Preservação da liberdade do Índio e Responsabilidade do Rei com a Divulgação da fé
Cristã.
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O poema de Santa Rita Durão apresentava grande poder de
sedução, em parte por apoiar-se em ações vivas, coloridas, de
grande apelo dramático, em parte por repetir episódios conhecidos
(como os do naufrágio, da arma de fogo, da visão de Paraguaçu etc.,
muitas e muitas vezes já contados e fixados no imaginário luso-
brasileiro, os quais, à força da repetição, ganhavam uma magia
semelhante à dos contos de fada

Cento e vinte e oito anos após a Crônica... do jesuíta Simão de


Vasconcellos, o agostiniano Santa Rita Durão, utilizando-se dos
mesmos elementos, estabeleceu, com base na ficção, um novo e
poderoso padrão narrativo para a história do Caramuru, o qual,
apesar das fortes críticas que recebeu depois e das tentativas de
implantação de outros modelos, continua até hoje poderoso.

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Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há, que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos
I, XVII
Que horror da Humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
A Fé do Redentor, que humilde escuta?
Não era aquela infâmia praticada
Só dessa gente miseranda, e bruta;
Roma, e Cartago o sabe no noturno
Horrível sacrifício de Saturno. 13
I, XVIII
Os sete em tanto, que do mar com vida
Chegaram a tocar na infame areia,
Pasmam de ver na turba recrescida
A brutal catadura, hórrida, e feia:
A cor vermelha em si, mostram tingida
De outra cor diferente, que os afeia;
Pedras, e paus de embiras enfiados,
Que na face, e nariz trazem furados.
Na boca em carne humana ensangüentada
Anda o beiço inferior todo caído;
Porque a tem toda em roda esburacada,
E o labro de vis pedras embutido:
Os dentes (que é beleza que lhe agrada)
Um sobre outro desponta recrescido:
Nem se lhe vê nascer na barba o pêlo,
Chata a cara, e nariz, rijo o cabelo.

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Frei José de Santa Rita Durão. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consulta. 2009-06-
20].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$frei-jose-de-santa-rita-durao>.

AMADO, J. Diogo Álvares, o Caramuru, e a fundação mítica do Brasil, texto eletrônico disponibilizado
pelo site do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil,
da Fundação Getúlio Vargas, no endereço: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/282.pdf
último acesso feito em 20/06/2009.

DURÃO, J. S. R. Caramuru, texto em versão eletrônica, organizado pelo Centro de Comunicação e


Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina, disponível no endereço
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/caramuru.html , último acesso feito em 21/06/2007.

DVD:
CARAMURU, a invenção do Brasil. Direção de Guel Arraes. Produção: Globo Filmes. Intérpretes:
Selton Mello; Camila Pitanga; Deborah Secco; Tonico Ferreira; Luis Mello; Débora Bloch;
Diogo Vilela; Pedro Paulo Rangel e outros. Roteiro: Jorge Furtado e Guel Arraes: TV Globo
Ltda. 2000. 1 DVD (88 min.), sonoro, digital. Português.

CUNHA, E. L. . Estampas do Imaginário: literatura, história e identidade cultural. Belo Horizonte: Editora 15
UFMG, 2006. v. 1. 155 p.

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