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ÍNDICE

INDRODUÇÃO......................................................................................................2

CONSUMIDOR, FORNECEDOR NA RELAÇÃO DE CONSUMO............................3

VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO DO SERVIÇO.......................................................5

FATO DO PRODUTO E FATO DO SERVIÇO.......................................................6

EXLUDENTES DE RESPONSABILIDADE.............................................................7

RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL LIBERAL.................................8

TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA LEI 8.078/90 (CDC).....................9

DECADÊNCIA E PRESCIÇÃO NO CDC NA LEI 8.078/90........................................11

CONCLUSÃO.............................................................................................................13

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................14
INTRODUÇÃO

Do direito do consumidor vieram às grandes mudanças no direito


privado brasileiro posteriores à Constituição de 1988. O Código do Consumidor
revolucionou o direito privado brasileiro, assentou certas práticas saudáveis,
estimulou a consciência dos consumidores, caminhou, enfim, rumo à efetividade.

O Código Civil de 2002 adotou, em muitos pontos, soluções


introduzidas pelo Código do Consumidor. Atualmente, deixou de ser necessário
invocar, em vários pontos, a disciplina do Código do Consumidor para as relações
civis, pois o Código Civil positivou idênticas soluções, como no caso da adoção da
boa-fé objetiva (impondo às partes o dever de lealdade e cooperação, antes, durante
e depois da relação negocial – Código Civil, arts.113,187,422). Desta forma o
presente trabalho irá abordar sucintamente sobre a responsabilidade civil nas
relações de consumo.

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CONSUMIDOR, FORNECEDOR NA RELAÇÃO DE CONSUMO

A relação de consumo tem sempre os mesmos sujeitos: de um lado


o fornecedor, e do outro, o consumidor. E tem como objeto produtos ou serviços. É
preciso no entanto certos cuidados para não enxergar como gratuitos certos serviços
nos quais a remuneração existe, embora subjacente.

O CDC aplica-se às relações de consumo, isto é, àquelas nas quais


estão caracterizados, em pólos opostos, um consumidor e um fornecedor. Assim
temos três tipos de relações:

1. Relações entre consumidor e fornecedor;

2. Relações entre empresários, e;

3. Relação civil entre pessoas comuns.

Para a caracterização de uma relação de consumo é fundamental a


identificação de suas partes. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Há grandes divergências jurisprudenciais e doutrinarias em relação a


conceituação de consumidor, pois a legislação brasileira optou por definir
consumidor limitando sua conceituação àqueles que adquirem ou utilizam produtos
ou serviços como destinatários finais. Não é consumidor quem adquire o produto
como etapa na cadeia de produção, por exemplo, a empresa que compra cola para
inserir no processo produtivo de calçados que fabrica.

Já o fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolve
atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou serviços. Em síntese é o
desempenho com habitualidade da atividade.

Mas tem que ter muita cautela para não confundir, pois não é
fornecedor, por exemplo, o escritório de advocacia que, pretendendo remodelar o
ambiente de trabalho, põe à venda os móveis antigos. Assim será uma relação civil,
de compra e venda.
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Um dos pontos mais controverte é quando diz respeito ao
“Consumidor Final”, assim é fundamental seu entendimento. É necessário, em
princípio, que a aquisição do produto ou a fruição do serviço não ocorra com fins
profissionais. Se uma empresa adquire de outra madeira pré-fabricada para
confeccionar cadeiras de escritório, que serão posteriormente vendidas, não
teremos aí, uma relação de consumo, e sim um contrato profissional.

Em regra o CDC se aplica aos consumidores não profissionais,


como tais entendidos aqueles que, ao adquiri o produto ou serviço, o fazem de modo
alheio às finalidades profissionais, sem procurar, por meio da aquisição, aumentar
seus lucros. Não se pode, contudo, adotar excessiva severidade nessa
conceituação, mas de toda sorte, sempre que no caso concreto, estiver evidenciada
a desigualdade material, a parte mais fraca deverá ser protegida, ainda que não seja
o caso de aplicar o CDC. O Código Civil tem normas que possibilitam essa proteção,
mormente se interpretado à luz da Constituição.

Existem outras modalidades de consumidor que recebem proteção


diferenciada relativa ao consumo. Um é o consumidor por equiparação, são três
regras que prevêem a figura do consumidor por equiparação.

A primeira, esta prevista no art. 2° do CDC: “Equipara-se a


consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo”. Assim, quem quer que intervenha, ainda que
de modo indeterminado, nas relações de consumo é equiparado a consumidor,
recebendo a proteção a este dispensada.

A segunda modalidade resulta no art. 17 do CDC: “Para os efeitos


desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”. Assim, a
teor desse dispositivo, quem quer que tenha sofrido dano, em razão de produto ou
serviço, poderá no prazo de cinco anos (art. 27) contados do conhecimento do dano
e de sua autoria, ingressar com ação postulando reparação moral e material.

Já a terceira previsão de consumidor por equiparação vem traduzida


pelo art. 29 do CDC: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele
previstas”. Assim, quem quer que seja exposto à publicidade abusiva, mesmo sem
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ter adquirido o produto ou usado o serviço, pode, amparado nesse artigo, reivindicar
a proteção peculiar ao consumidor.

Se alguém, atropelado em virtude de falha no sistema de freios do


veículo, embora não tenha nenhuma relação (atropelado e montadora), poderá
acioná-la, em virtude do acidente de consumo havido. Não importa se o atropelado
firmou ou não contrato de consumo com a fabricante do veículo, ele é consumidor
por equiparação, tendo sido vítima do evento, (CDC, art. 17), também chamado de
bystanders, fazendo jus à aplicação do CDC.

VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO DO SERVIÇO

Tanto no vício quanto no fato haja responsabilidade civil do


fornecedor, ambos não se confundem no sistema brasileiro. No vício, há um
descompasso entre o produto ou serviço oferecido e as legítimas expectativas do
consumidor, já no fato há um dano ao consumidor, atingindo-o em sua integridade
física ou moral.

O vício do produto está previsto no art. 18 do CDC: “Os


fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes
viciadas”. Se o consumidor compra lâmpada em, cuja embalagem vem a indicação
de 200 watts, porém a lâmpada só tem verdadeiramente 100watts, trata-se de vício
do produto.

Quanto ao vício do serviço, este está complementado no art. 20 do


CDC: Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária (...). Se o consumidor compra pacote turístico em hotel em frente ao mar,
depois descobrindo que o hotel fica longos quilômetros da praia, haverá vício do
serciço. Esclarece Gustavo Tependino: “Defeito é, portanto, uma ruptura entre a
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legítima expectativa do consumidor e a performance do produto ou da prestação do
serviço”.

FATO DO PRODUTO E FATO DO SERVIÇO

O fato do produto está referido no art. 12 do CDC: “O fabricante, o


produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre a
utilização e riscos”. Se o consumidor compra uma lâmpada que explode e o atinge
no rosto, causando-lhe danos materiais e estéticos, haverá um fato do produto. O
fato do produto ou serviço também é chamado de acidente de consumo. Os
produtos que, por seus defeitos, causem danos, fazem surgir a responsabilidade civil
do fornecedor, independentemente de culpa. A informação insuficiente ou
inadequada, acerca do produto, é defeito, e como tal gera o dever de reparar.
Lembrando que o produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor
qualidade ter sido introduzido no mercado. (CDC, art. 12, § 2°).

O fato do serviço vem previsto no art. 14 do CDC: “O fornecedor de


serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores Poe defeitos relativos â prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
Se um elevador de um hotel despenca, causando serias lesões físicas ao
consumidor que nele se encontrava haverá um fato do serviço. Da mesma forma
que previsto em relação aos produtos, também aqui, no que se refere aos serviços,
a informação insuficiente, ou inadequada, é defeito, e como tal empenha
responsabilidade, sem culpa, do fornecedor. Porém o serviço não é considerado
defeituoso pela adoção de novas técnicas (CDC, art. 14, § 2°).

Quais quer lesados, por produtos ou serviços, podem, no prazo de


cinco anos, pleitear a reparação dos danos materiais e morais, ainda que não sejam
consumidores em sentido estrito.

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EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

As excludentes de responsabilidade, previstas no Código do


Consumidor, não guardam identidade com aquelas previstas no Código Civil. Ao
consumidor cumpre demonstrar, apenas, o nexo causal entre o dano e a atividade
do fornecedor, cabendo a este, para eximir-se da reparação, a prova de alguma das
excludentes de responsabilidades.

O ônus da prova, em relação às excludentes, está a cargo,


naturalmente, do fornecedor. A ele cabe prová-las. Assim o fornecedor somente não
será responsabilizado se o nexo causal se romper, inexistindo responsabilidade civil.

Artigo. 12 , § 3° - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador


só não será responsabilizado quando provar:

        I - que não colocou o produto no mercado;

        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito


inexiste;

        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Artigo. 14, § 3° - O fornecedor de serviços só não será


responsabilizado quando provar:

        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Outras questões de excludentes de responsabilidade são o caso


fortuito ou força maior, menos o CDC não prevendo nada sobre a doutrina firmou-se
no sentido da admissibilidade de tais excludentes, diz Gustavo Tependino: “Quanto
a hipótese de caso fortuito ou força maior, embora o CDC não inclua,
expressamente, como excludente, deve ser considerada como tal, uma vez que sua
ocorrência é capaz de romper o nexo de causalidade entre o acidente e o dano,
indispensável à conflagração de responsabilidade.

Se houver dano, porém em razão, única e exclusivamente , da


conduta culposa do consumidor, inexistirá responsabilidade civil, pois inexistirá nexo
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causal. Sem nexo causal não há reparação civil, sequer na responsabilidade
objetiva, uma vez ausente a relação que liga o dano à ação ou imissão do
fornecedor de produtos ou serviços.

O fato de terceiro, em geral, não desobriga a reparação, apenas


enseja o direito de regresso para quem alega ter causado o dano em virtude dele.
Portanto pretender responsabilizar o fabricante do medicamento se o dano adveio
não de defeito do produto, mas se sua indevida ingestão, causada por prescrição
médica equivocada. Ao médico é que incube, no caso, a reparação.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO PROFISSIONAL LIBERAL

A legislação brasileira incluiu os serviços prestados por profissionais


liberais no Código de Defesa do Consumidor, podendo violar direitos quando atuar
profissionalmente. Diz Oscar Ivan Prux:

"A atuação dos profissionais liberais pode infringir direitos dos


consumidores no tocante à prática contratual, à oferta, à
publicidade, à cobrança de dívidas e, principalmente, ao contrato de
adesão. Sempre que uma infração desse tipo ocorrer, os
profissionais liberais devem responder de forma idêntica à aplicável
aos demais fornecedores em situações semelhantes".

A ocorrência de caso fortuito ou força maior isenta o profissional


liberal de fornecer seu serviço e, além disso, resolve o contrato, de modo que o
consumidor fica isento de pagar pelo serviço não recebido, ou se já o pagou, total ou
parcialmente, tem direito à devolução da importância paga devidamente corrigida.
Nota-se com isso, que o legislador procurou um equilíbrio, sendo razoável ao não
exigir do profissional liberal o cumprimento da obrigação a qualquer custo e do outro
lado ao proteger o consumidor, isentando-o de pagar por algo que não recebeu e
dando-lhe o direito de restituição financeira, caso tenha pagado pelo serviço.

O art. 14, § 4º do CDC impõe que a responsabilidade pessoal dos


profissionais liberais tenha como requisito indispensável a prévia demonstração de
culpa que, ao ver de Oscar Ivan Prux foi mal posta, in verbis:

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"Ao abraçar de forma sucinta e irrestrita a teoria subjetiva, sua
redação padeceu de uma melhor elaboração, de modo a utilizar os
avanços a que a construção jurisprudencial já tinha chegado bem
antes da criação do Código de Defesa do Consumidor. Assim, o
legislador deveria ter aproveitado a oportunidade para, em um texto
legal mais detalhado, manter vinculadas irrestritivamente ao
princípio da culpa apenas as obrigações consideradas de meio,
levando as de resultado para um tipo de responsabilidade em que a
inversão do ônus da prova fosse obrigatória, de modo a obter então,
um regime jurídico muito mais justo, o qual, pelos resultados
práticos idênticos ao da responsabilidade objetiva, aproveitaria o
que esta tem de melhor, sem, contudo, receber todo o estigma que
costuma acompanhá-la".

TEORIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL NA LEI 8.078/90 (CDC)

O princípio da autonomia patrimonial – segundo o qual os bens da


pessoa jurídica não se confundem com os bens das pessoas físicas que dela fazem
parte – não é absoluto, podendo sofrer relativizações quando a pessoa jurídica
houver sido utilizada como instrumento para fraudes. É o que postula a teoria, hoje
realidade normativa, da desconsideração da personalidade jurídica.

O Código do Consumidor foi o primeiro diploma a prever, no Brasil,


tal teoria. Dispôs o art. 28: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade
jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos
ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

Houve críticas à redação do art. 28, por ser demasiado ampla,


fugindo aos limites conceituais que orientaram a teoria da desconsideração. A
amplitude, entretanto, foi proposital, acorde com o propósito de resguardar, o mais
amplamente possível, o consumidor, deixando para o segundo plano as disputas
acadêmicas.

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Embora não explícita no CDC, a teoria do risco do desenvolvimento
vem sendo aceita pela doutrina majoritária como excludente de responsabilidade
civil do fornecedor. Se o fornecedor de produtos não sabia, nem tinha Razões para
saber, da periculosidade do produto ao inseri-lo no mercado, que só veio a ser
descoberta pelo avanço da ciência posterior à sua introdução, não há como
razoavelmente responsabilizá-lo.

O CDC a propósito, consigna no art, 10: Art. 10. “O fornecedor não


poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria
saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança”.
O § 1° prevê: “O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua
introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que
apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e
aos consumidores, mediante anúncios publicitários”. Assim a “época em que foi
colocado em circulação” deve ser levada em conta para se considerar, ou não,
determinado produto defeituoso (art. 12, § 1º, III). A impossibilidade do
conhecimento da periculosidade, porém, deve ser absoluta, para qualquer
fornecedor, e não subjetiva, apenas para um ou alguns.

A teoria da aparência é adequada para responsabilizar civilmente a


empresa que faz crê ser responsável pelo empreendimento, permitindo a utilização
da sua logomarca, seu endereço, de suas instalações, ou de qualquer outro modo
fazendo o consumidor acreditar ser verdadeiro algo que efetivamente não é.

O STJ condenou o “Baú da Felicidade” a indenizar, por danos


morais, uma senhora enganada por duas ex-vendedoras dos carnês, que induziram
a vítima em erro com o propósito de vendê-los, dizendo que a dina de casa (vítima)
teria sido sorteada com casa própria e que, para recebê-la, deveria adquirir mais oito
carnês, para receber o prêmio em São Paulo, durante a exibição do programa. Não
foi aceita a argumentação da empresa no sentido de que as vendedoras já haviam
sido afastadas da empresa em virtude de reclamações semelhantes. (STJ, REsp
551.786, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3º T.,j. 14/02/05.

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DECADÊNCIA E PRESCIÇÃO NO CDC NA LEI 8.078/90

O CDC tem regra específica a respeito da prescrição dos fatos do


produto (acidentes de consumo): “Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação
pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento di dano a de
sua autoria. O art. 27 do CDC cuida dos chamados acidentes de consumo.

O prazo prescricional, nos acidentes de consumo, começa a contar


não apenas do conhecimento do dano, mas do conhecimento do dano e também de
sua autoria. Assim, se alguém, doente crônico, obrigado a tomar vários
medicamentos inicia-se não a parti do dano, mas apenas quando a vítima souber
qual, dentre aqueles remédios, ocasionou o dano sofrido.

É preciso, no caso concreto, para que o prazo prescricional comece


a fluir, que se conjuguem os dois pressupostos: 1. Conhecimento do dano; e 2.
Conhecimento da autoria do dano. Ou seja, ao adotar a conjuntiva “e”, em vez da
disjuntiva “ou”, o CDC deixou claro que não basta que o consumidor, vítima de
acidente de consumo, conheça o dano. Deve também conhecer quem foi seu autor.
Apenas a partir dessa dupla ciência tem início a contagem do prazo prescricional de
cinco anos. A inovação, portando, tem grande repercussão prática.

Aliás, o CDC, prestigia como linha de tendência, o início dos prazos,


prescricionais e decadenciais, apenas quando houver efetiva ciência pelo
consumidor, seja do vício, seja do fato do produto ou serviço. O art. 26, § 3º,
tratando dos vícios ocultos de produto, prescreve: “Tratando-se de vício oculto, o
prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito”.

De acordo com o art. 26, I e II, do Código de Defesa do Consumidor,


o prazo decadencial será de 30 dias tratando-se de vício de produto ou serviço não
durável, e de 90 dias tratando-se de produto ou de serviço durável. A toda evidência,
não duráveis são aqueles produtos de vida útil efêmera, consumidos com pouco
tempo de uso, como os produtos alimentares, medicamentos, de higiene, limpeza,
etc. A contrário senso, duráveis são aqueles que têm vida útil mais duradoura, como
veículos, eletrodomésticos, móveis. Imóveis, etc.

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Os prazos, tanto para os vícios aparentes como para os ocultos são
os mesmos. O que diferencia um do outro é o dies a quo, isto é o seu ponto de
partida, o momento em que o prazo começa a fluir. No caso de vício aparente ou de
difícil constatação, conta-se o prazo decadencial a partir da entrega efetiva do
produto ou do término da execução do serviço (art. 26, § 1º). Se o vício é oculto, o
prazo só começa a correr a partir do momento que ficar evidenciado o defeito.

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CONCLUSÃO

Objetivou-se conhecer um pouco mais sobre a relação entre o


consumo e a responsabilidade civil, fazendo-se uma abordagem sobre seus
principais conceitos, seus elementos e espécies até os aspectos processuais no diz
respeito ao Código de Defesa do Consumidor, prescricionais e decadenciais.

O estudo foi feito através de uma abordagem simples, visando à


popularização do tema, tendo em vista o crescimento cada vez maior do
consumismo e suas conseqüentes relações jurídicas.

Presente ainda o intuito de elucidar e aprimorar o exercício da


cidadania através do conhecimento, evitando-se a prática de atos abusivos pelos
fornecedores de produtos e prestadores de serviço perante o consumidor, na maior
parte das vezes, hipossuficiente economicamente.

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BIBLIOGRAFIA

PRUX, Oscar Ivan - Responsabilidade Civil do Profissional Liberal no Código de


Defesa do Consumidor, Ed. Del Rey.

RODRIGUES, Sílvio, Direito Civil, São Paulo, v. 2, Ed Saraiva, 2003.

TEPENDINO, Gustavo. Temas de direito civil. Rio de Janeiro. Renovar, 2006.t.II

STOLZE GLAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito


civil: responsabilidade civil. São Paulo: Saraiva. 2005.

http://jus2.uol.com.br/DOUTRINA/texto.asp?id=8574

http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/l8078.htm

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