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" As coisas não são tão róseas como querem fazer crer. O Brasil vem colhendo frutos do
que plantou no passado, muito embora não tenha plantado tanto e o fez de forma lenta "
As coisas não são tão róseas como querem fazer crer. A dívida externa vem baixando
desde muito antes de Lula assumir, em que pesem as crises internacionais, que
obrigaram o governo bater à porta dos organismos internacionais em busca de socorro.
O Brasil vem colhendo frutos do que plantou no passado, muito embora não tenha
plantado tanto e o fez de forma lenta.
Tudo isto e mais um conjunto de aquilos fez com que, no momento em que nosso
desenvolvimento cruzou com a estabilidade econômica internacional, com os países
desenvolvidos empanturrados de dinheiro, pudéssemos desfrutar deste momento de
euforia, que nos permite termos recursos em caixa para pagar, com sobras, toda nossa
dívida externa.
O leitor há de perguntar: "e o Lula, não fez nada?". Pois é, leitor, o analista
desapaixonado não terá outra resposta como alternativa: não fez nada. E esta, por
incrível que pareça, foi sua grande participação, sua grande vantagem - ter a percepção
de que os outros fizeram certo. Não fazer nada foi sua grande ajuda. Lula está sendo
ótimo neste rol dos que participaram e participam deste grande momento, exatamente
por não fazer nada. E explico. Nas quatro campanhas eleitorais de que participou, Lula
pregou a subversão de tudo o que vinha sendo feito, na forma e no conteúdo. Cansamos
de escrever que o objetivo de Lula era criar no Brasil, uma "República Sindicalista".
" Não fazer nada foi a grande ajuda de Lula neste processo "
Lula, sabe-se agora, mais por demagogia do que propriamente por filosofia, era contra
tudo e contra todos. Raras foram as oportunidades em que Lula se uniu às forças de
oposição para combater a ditadura. Combatia à sua maneira, pois queria chegar ao poder
sem vínculo com qualquer outra força filosófica. Disputou uma, duas, três e finalmente
na quarta tentativa ganhou e levou, e, aos poucos foi abandonando tudo o que dissera
antes. Lula e não FHC deveria dizer: "esqueçam tudo o que disse no passado".
Resumindo, a grande participação de Lula neste processo foi exatamente esta, perfilar
seu comportamento presidencial ao de FHC, Sarney, Collor e mesmo ao dos militares,
sem sua truculência. À Juscelino e Vargas. Foi a sua e nossa sorte, pois se faz o que
prometia, adeus.
Mas este é apenas um aspecto do momento positivo (reservas altas) que alcançamos.
Existem outros. Agora, vamos esperar as conseqüências. Diz ele que agora é hora de
gastar. Que o Congresso fique atento. Doutor Antônio Ermírio, aí por volta dos anos 80,
declarou que a pior coisa que poderia acontecer ao país, naquele momento, seria a
Petrobras descobrir um poço de petróleo de 1 milhão de barris diários. "Vão comprar a
França", falou, tal o grau de euforia do governo com o tal "milagre econômico". O Lula,
com seu "faro de empresário", vai comprar o quê?
Fonte:
http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2008/02/27/como_brasil_conseguiu_pagar_sua_di
vida_externa-425982771.asp