cidade de Guaratinguetá, em São Paulo. Filho de portugueses, ricos proprietários de terra, foi o terceiro de 13 filhos e o único a estudar na corte. No Colégio Pedro II, considerado o melhor de Lisboa, foi colega de classe de Joaquim Nabuco. Formou-se em direito em São Paulo antes de ingressar na vida pública, em 1872, como deputado provincial pelo Partido Conservador. Em 1887 chegou a presidente da província de São Paulo (o equivalente ao governador), cargo que voltaria a ocupar em 1900 e 1916. Após a Proclamação da República, foi deputado constituinte, em 1890, e ministro da Fazenda duas vezes no governo de Floriano Peixoto e no de Prudente de Morais. Eleito presidente da república em 1902, deu continuidade à política de valorização do cultivo do café que vinha sendo adotada no Brasil. A Urbanização da Capital
O governo Rodrigues Alves (15/11/1902 - 15/11/1906) adquiriu grande
projeção em virtude dos êxitos obtidos pela política externa brasileira, liderada pelo Barão do Rio Branco, e pelas iniciativas de remodelação e saneamento da Capital Federal, tendo à frente Oswaldo Cruz, Pereira Passos, Francisco Bicalho e Paulo de Frontin.
Quando assumiu a chefia do governo federal, o país vivia uma
conjuntura econômica favorável, face à recuperação dos preços do café no mercado internacional e à austera política de saneamento financeiro executada por seu antecessor, Campos Sales. A facilidade para obter novos créditos no exterior, permitiu que Rodrigues Alves tornasse a contrair dívidas junto a estes mesmos banqueiros para financiar a remodelação urbanística e o saneamento da capital federal. As condições sanitárias da cidade, que desde meados do século anterior convivia com sucessivos surtos de doenças infecciosas, vinham ameaçando a política de estímulo a imigração, indispensável para o suprimento de mão-de-obra aos setores mais dinâmicos da economia brasileira após o declínio do trabalho escravo. centrando suas atenções no programa de remodelação urbana e de saneamento da capital da República. O engenheiro Pereira Passos foi nomeado prefeito da cidade do Rio de Janeiro, com plenos poderes para a implementação das reformas de modernização. O porto foi ampliado, os antigos quarteirões com seus cortiços foram demolidos e os moradores transferidos para a periferia, abrindo espaço para o alargamento de ruas e a construção de novas avenidas, entre elas a avenida Central, atual avenida Rio Branco. A modernização da cidade também compreendeu a regulamentação de novas posturas públicas, como a proibição do comércio ambulante, da venda de bilhetes de loterias pelas ruas e no interior dos bondes, dos fogos de artifício, dos balões e das fogueiras. A Vacina: Durante o governo de Rodrigues Alves libertou-se o Rio da febre amarela, que todos os verões ceifava vidas. O grande plano de erradicação do terrível mal foi executado pelo médico e cientista brasileiro Osvaldo Cruz. Aperfeiçoando os processos usados pelos americanos em Cuba e nas Filipinas, Osvaldo Cruz conseguiu em1906, praticamente, livrar a cidade da doença, muito embora mais uma vez fossem utilizados métodos opressivos contra a população. Revolta da Vacina (1904)
O cientista e médico Osvaldo Cruz, que até então dirigira o Instituto
Manguinhos, foi nomeado diretor-geral de Saúde Pública, implementando o combate às epidemias, como a peste bulbônica e a febre amarela. Em 1904, a obrigatoriedade de vacinação contra a varíola levou a população carioca ao protesto nas ruas, no dia 10 de fevereiro, movimento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. A população, manipulada pela oposição, revoltou-se contra a lei da vacinação obrigatória proposta por Osvaldo Cruz. Na verdade, a revolta deveu-se muito mais à desinformação da população e ao medo que esta tinha do governo, uma vez que estava acostumada a ser sempre agredida. Pensou-se que, em vez de vacina, o governo estaria injetando um vírus ou uma bactéria com o fito de matar os miseráveis. O governo, contudo, ao invés de esclarecer tais fatos, preferiu atacar violentamente os líderes do movimento. Expansão das Fronteiras:
A maior figura do ministério escolhido pelo presidente Rodrigues
Alves foi, sem dúvida, José Maria Silva Paranhos Jr., o célebre Barão de Rio Branco. Filho do visconde de Rio Branco, a atuação de Rio Branco na Pasta das Relações Exteriores foi marcada, principalmente pela solução de uma grave pendência relativa à fronteira Brasil-Bolívia, compreendendo a vasta região do Acre. A região, pertencente à Bolívia foi ocupada por trabalhadores brasileiros durante o "Ciclo da Borracha". Nesse período atingiu o apogeu a exportação de borracha.
O território acreano praticamente só continha brasileiros, vez que a
região havia permanecido desabitada pelos bolivianos. Pelo Tratado de Petrópolis, assinado a 17 de novembro de 1903, foi incorporada definitivamente ao nosso país a região acreana. O Brasil pagou uma indenização à Bolívia mas que poderia recuperar em alguns anos, com a cobrança de impostos regulares na região. Ao final do seu mandato, concluído em novembro de 1906, o Rio de Janeiro já apresentava muitos dos aspectos de uma cidade remodelada, além de estar livre da febre amarela sob a forma epidêmica. Pode-se dizer também que a peste bubônica estava sob controle, através do combate aos ratos e da soro-vacinação. A Revolta da Vacina impediu que a vacinação anti-variólica fosse obrigatória e um novo surto da doença surgiria em 1908.