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Jornal do Brasil | Segunda-feira, 1º de novembro de 2010 18

Vítor Silva

o popular Felipinho Cereal:


– Que touro? Não há touros.
A lição das urnas: Só patinhos!
Felipinho guarda no RB –
pega-se intimidade fácil
genebra na cabeça naquele boteco – uma
caneca do América, fixa, só
para ele, na prateleira, para
Alvaro Costa e Silva A maioria acorda cedo e horror do Picapau.
sufraga logo, para ganhar Este não sabe que é assim
É no botequim carioca, tempo e não estragar o chamado nas internas pelos
antes mesmo da última domingo. Praia? Nem outros. É que usa um
pesquisa de boca de urna e pensar: o destino é o bar. penacho com que disfarça a
da apuração dos votos, que No Rio-Brasília, reduto calvície.
se começa a redigir, entre tijucano que prima pelo Cheio de eflúvios, Picapau
nacos de asa de galinha e atendimento personalizado desde às 10 da manhã
goles de limão, o que os (“Ô, Paulo? Paulo? Cadê cantava o voto a plenos
jornais de antigamente, você, Paulo?”) e preços pulmões:
sobretudo os provincianos, abaixo da conta, a vaquinha NO ESPETO – Uma vaquinha garantiu o churrasco da eleição – É Dilma! Voto com os
chamavam, em vistosos recolhera o dinheiro do pobres!
editoriais que tomavam a churrasco na véspera, dava para contar os copos de barbicha. – Principalmente Lá pelas três da tarde, olhos
primeira página, de “A lição enquanto os fregueses de maracujás, as muitas da parte dos cariocas, que esgazeados, mudou de
das urnas”. sempre assistiam ao futebol garrafas de cerveja, os não se sentem opinião:
Há toda uma pompa e uma pela televisão: a vitória do pratos de empadinhas e um, representados numa disputa – É Serra! Confesso que
circunstância. Estamos Botafogo fez com que bastante suspeito, de pudim. presidencial há muito tenho um fraco pelos
falando do debate em torno Picapau, o pão duro do Veteranos de outras tempo. É só café contra café. carecas.
da eleição que, como sói, às pedaço, abrisse a carteira eleições, o historiador Luiz Nem leite tem mais. Ao cair da noite, Picapau
vezes nada tem a ver com com gosto. Antonio Simas e o advogado Em pleno gozo da lei teve um momento, um ao
ela. Tampouco com o ato em Ontem, dia de segundo Eduardo Goldenberg molhada, Espanhol, que menos, de sobriedade e
si, penetração e digitação na turno – “que demorou mais consolavam o estudante bebe vinho como se bebe deu-se conta de que havia se
cabine indevassável. O a chegar que o Natal”, Breno Boechat, água, andava de um canto a esquecido de comparecer ao
chamado dever cívico é segundo a avaliação de decepcionado com a pouca outro, resmungando local de votação, na Rua
considerado de menos Pedro, o dono do mobilização política dos enigmaticamente: Haddock Lobo, a poucos
importância para aqueles Rio-Brasília –, uma mesa na universitários. – Sorte y ao toro! Sorte y ao passos do Rio-Brasília.
que, assoviando Noel, fazem calçada era a mais febril: – O desânimo é geral, filho – toro! – no que era Ou seja, nem Dilma, nem
do botequim o seu lar. além do churrasquinho, garantia Simas, coçando a repreendido pelo sobrinho, Serra. Genebra na cabeça.

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