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O TEXTO MISTO

 No dia-a-dia, dificilmente vamos encontrar


textos “puros”. Em um mesmo texto,
podemos encontrar trechos narrativos,
descritivos ou dissertativos. Para
determinarmos o modo de organização de
um texto (narrativo, descritivo ou
dissertativo) procuramos verificar qual dos
três modos de organização é predominante
naquele caso.
Clara (Eu!)
 “Sabe, toda vez que me olho no espelho,
ultimamente, vejo o quanto eu mudei por
fora. Tudo cresceu: minha altura, meus
cabelos lisos e pretos, meus seios. Meu
corpo tomou novas formas: cintura, coxas,
bumbum. Meus olhos (grandes e pretos)
estão com um ar mais ousado. Um brilho
diferente. Eu gosto dos meu olhos. São
bonitos. Também gosto dos meus dentes,
da minha franja...Meu grande problema são
as orelhas.
Acho orelha uma coisa horrorosa, não sei por
que (nunca vi ninguém com uma orelha
bonitona, bem-feita). Ainda bem que cabelo
cobre orelha!
 Chego à conclusão de que tenho mais
coisas que gosto do que desgosto em mim.
Isso é bom, muito bom. Se a gente não
gostar da gente, quem é que vai gostar?
(Ouvi isso em algum lugar...) Pra eu me
gostar assim, tenho que me esforçar um
monte.
 Tomo o maior cuidado com a pele, por
causa das malditas espinhas (babo quando
vejo um chocolate!) Não como gordura (é
claro que maionese não falta no meu
sanduíche com batata frita, mas tudo
ligth...) nem tomo muito refri (celulite!!!).
Procuro manter a forma. Às vezes sinto
vontade de fazer tudo ao contrário: comer
comer, comer... Sair da aula de ginástica,
suando, e tomar três garrafas de
refrigerante geladinho.
 Pedir cheese bacon com um mundo de
maionese.
 Engraçado isso. As pessoas exigem que
a gente faça um tipo e o pior é que a gente
acaba fazendo. Que droga! Será que o
mundo feminino inteiro tem que ser igual?
Parecer com a Gisele Bündchen... ou com a
Xuxa ou sei lá com quem? Será que tem
que ser assim mesmo?

Por que um monte de garotas que eu
conheço vivem cheias de complexos?
Umas porque são mais gordinhas. Outras
porque os cabelos são crespos ou porque
são um pouquinho narigudas.
 Eu não sei como me sentiria se fosse
gorda, ou magricela, ou nariguda, ou
dentuça, ou tudo junto. Talvez sofresse,
odiasse comprar roupas, não fosse a
festas...Não mesmo! Bobagem! Minha mãe
 sempre diz que beleza é “um conceito muito
relativo”. O que pode ser bonito para uns,
pode não ser para outros. Ela também fala
sempre que existem coisas muito mais
importantes que tornam uma mulher
atraente: inteligência e charme, por
exemplo. Acho que minha mãe está coberta
de razão!
 Pois bem, eu sou Clara. Com um
pouco de tudo e muito de nada.”
 (Juciara Rodrigues)
 Nos três primeiros parágrafos, tempos a
descrição de Clara. Ela apresenta suas
características físicas e psicológicas. Nos
três últimos, temos uma pequena
dissertação que começa com a pergunta de
Clara; “Será que o mundo feminino inteiro
te que ser igual?”. Então, observe que em
um texto predominantemente narrativo,
temos ao menos um trecho descritivo e um
dissertativo.
DESCRIÇÃO
 É o levantamento das características de
uma determinada pessoa, objeto, ambiente,
cena ou processo.
 É difícil encontrar um texto descritivo
isolado. As descrições, em geral, aparecem
dentro de textos narrativos ou dissertativos.
Descrição
 A descrição pode ser objetiva ou subjetiva

 Na descrição objetiva não mostramos as


nossas impressões pessoais, descrevemos
 o elemento da forma real que nos permite
 vê-lo.
Na descrição subjetiva acabamos retratando
o objeto de acordo com nosso ponto de
vista, ou seja, envolvemo-nos
emocionalmente, expressando o nosso
ponto de vista.
Descrição de uma pessoa

 Observe, neste trecho do romance Dom


Casmurro, de Machado de Assis, uma
descrição objetiva de Capitu:
 “Não podia tirar os olhos daquela criatura
de quatorze anos, alta, forte e cheia,
apertada em um vestido de chita, meio
desbotado. Os cabelos grossos, feitos em
duas tranças, com as pontas atadas uma à
outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas
costas. Morena, olhos claros e grandes,
nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o
queixo largo.”
 Na descrição subjetiva, além das
características exteriores, encontramos
elementos que nos permitem compreender
algumas características interiores ou
psicológicas da pessoa ou personagem da
qual se está falando.

 Veja um exemplo retirado do livro


Inocência, do autor Taunay.
 “Caía então luz de chapa sobre ela,
iluminando-lhe o rosto, parte do colo e da
cabeça, coberta por um lenço vermelho
atado atrás da nuca.
 Apesar de bastante descorada e um tanto
magra, era Inocência de beleza
deslumbrante.
 Do seu rosto irradiava singela expressão de
encantadora ingenuidade, realçada pela
meiguice do olhar sereno que, a custo,
parecia coar por entre os cílios sedosos a
franjar-lhe as pálpebras, e compridos a
 ponto de projetarem sobras nas momosas
faces.
 Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a
boca pequena, e o queixo admiravelmente
torneado.”

 Você observou que, além dos traços físicos,


essa descrição revela, no terceiro
parágrafo, alguns aspectos da
personalidade de Inocência, do seu jeito de
ser. Desse modo o autor faz o leitor ter uma
idéia de como é a personagem por fora e
por dentro.

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