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Fichamento – Direito no Brasil Colonial –             Expõe-se o funcionamento das três ordenações que
Wolkmer (Org.) vigoraram no Brasil Colonial:

Antonio Carlos Wolkmer (Organizador) “As leis gerais, salvo casos particulares, eram consideradas
vigentes no Brasil-Colônia e seu ajustamento fez surgir três
CAPÍTULO 12 – O DIREITO NO BRASIL COLONIAL grandes ordenações, a saber: Ordenações Afonsinas (1466),
Ordenações Manuelinas (1521) e Ordenações Filipinas
1          INTRODUÇÃO: (1603)”.

            Cláudio Valentin Cristiani resume bem sobre o que “As Ordenações Afonsinas foram a primeira grande
seu texto trata: compilação das leis esparsas em vigor… As Ordenações
Manuelinas, de 1521, foram a obra da reunião das leis
extravagantes promulgadas até, então com as Ordenações
“O enfoque procurará privilegiar, num primeiro momento, o Afonsinas… Promulgadas em 1603, as Ordenações Filipinas
estudo dos elementos culturais e econômicos, presentes no compuseram-se da união das Ordenações Manuelinas com
Brasil colonial, e a influência no campo específico da as leis extravagantes em vigência, no sentido de, também,
formação do direito… Em seguida, serão analisados os facilitar a aplicabilidade da legislação”.
fatores e influências trazidos pelas diversas etnias… Outro
ponto a ser destacado será o da formação da legislação no
Brasil colonial… Posteriormente, a atenção voltará para uma             Depois da era das Capitanias Hereditárias, o Direito
leitura de quem eram os operadores (juristas) que ocupavam na época do Governo-geral:
os cargos mais importantes do Poder Judiciário… Ao final,
serão expostas algumas sugestões sobre a formação do “Com a adoção do Governo-geral, os poderes locais foram
direito nacional”. diminuídos e houve, conseqüentemente, uma centralização
das decisões, inclusive com maiores possibilidades de
 2          FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A recursos para pleitear-se reforma das decisões”.
FORMAÇÃO/IMPOSIÇÃO DO DIREITO NACIONAL
“Sucintamente, pode-se dizer que a administração da
            Cláudio expõe como foi feita a implementação do Justiça, na primeira instância, era realizada por diversos
“direito” após a chegada dos portugueses: operadores jurídicos cujas competências, muitas vezes, eram
similares ou muito próximas”.
“Pelos portugueses colonizadores o Brasil nunca foi visto
como uma verdadeira nação, mas sim como uma empresa             Referente aos Tribunais instalados no Brasil:
temporária, uma aventura, em que o enriquecimento rápido,
o triunfo e o sucesso eram objetivos principais”. “O primeiro Tribunal da Relação na Bahia foi criado em
1587… Decorrido quase um século, só em 1751 é que foi
“O direito, no Brasil colonial, sofreu a mesma sorte da implantado no Brasil, no Rio de Janeiro, mais um Tribunal
cultura em geral… A condição de colonizados fez com que de Relação, em que a exemplo do tribunal da Bahia, ‘seus
tudo surgisse de forma imposta e não construída no dia-a-dia desembargadores eram em número de dez, incluindo o
das relações sociais”. chanceler’ (GARCIA, Rodolfo)”.

            São mostradas algumas características desse direito “Acima dos Tribunais de Relação, das suas decisões, só
primitivo no Brasil: restava o recurso extremo à Casa da Suplicação em Lisboa”.

“A primeira grande fase desse período foi marcada pelas leis             Sobre as autoridades eleitas pela Coroa Portuguesa
de caráter geral e pelos forais… Buscavam, essas leis de para exercer a atividade jurista no Brasil Colonial:
força nacional, a centralização do poder nas mãos da
monarquia”. “Certamente, a Metrópole, para garantir o seu domínio,
tratou de enviar à Colônia um corpo burocrático de agentes
“Mesmo com leis de validade nacional, havia questões públicos… Portugal pretendeu formar uma burocracia
locais que eram normalizadas e tinham soluções no seu profissionalizada na Colônia a fim de proteger os seus
próprio âmbito. Daí a instituição dos forais, que se interesses e sufocar as pretensões locais”.
mostravam como verdadeiras miniaturas de constituições
políticas durante a Idade Média”. “A formação e organização do Poder Judiciário, na esteira
do que ocorreu com o governo em geral, deu-se, na Colônia,
“A fase em que houve a aplicação dos forais corresponde ao por meio da burocracia e das relações pessoais de
início da colonização… Nesse período histórico, percebe-se, parentescos… À elite local era extremamente conveniente a
não havia uma burocratização quanto aos procedimentos e união com o corpo burocratizado de operadores jurídicos”.
confundia-se em uma só pessoa as funções de legislar,
acusar e julgar”.
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“Como a aristocracia brasileira era formada pela riqueza em evidentemente, a possibilidade de se pensar num direito
terras, logo os magistrados tornaram-se proprietários de uma dinâmico renovado que aponte para efetivas transformações.
fazenda de cana-de-açúcar ou de um engenho, com isso Também não parece ser incorreto vislumbrar-se operadores
alcançando a riqueza necessária para se igualarem ao status jurídicos, no presente, comprometidos com a justiça, pois
da nobreza”. estes, antes que juízes, promotores, advogados, etc., são
verdadeiros cidadãos”.
“Pode-se dizer que os magistrados de então não eram
pessoas afastadas dos interesses da elite dominante, antes “Por outro lado, não há como negar que o direito assim
dela faziam parte. Decorre daí que o mito da imparcialidade como se apresenta não é o resultado da vontade nacional e
e da neutralidade era totalmente destruído pela prática sim daqueles que dominam material e ideologicamente
vigente de troca de favores e tráfico de influência”. nossa sociedade”.

3          CONSIDERAÇÕES FINAIS             Finalizando, Cláudio resume a finalidade de seu


texto:
            De início, Cláudio faz uma análise de como esse
Direito Colonial influenciou o nosso sistema atual: “Foi essa perspectiva que se procurou privilegiar no decorrer
destas considerações. Isto é, o simples fato de se acumular
“Primeiramente, é de se perceber que o direito nacional, conhecimentos históricos do passado não faz com que os
infelizmente, nunca representou a contento os interesses do problemas contemporâneos sejam resolvidos. Mas, se tais
bem comum da coletividade”, procedimentos forem devidamente analisados e trazidos para
o presente, de forma crítica, tornam-se extremamente úteis
“Essa herança histórica, por certo, influenciou para a compreensão dos problemas existentes em nosso
consideravelmente o modelo jurídico atual, o que não exclui, contexto atual”.

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