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Teatr

o – Máfia
Personagens:
Julia Fertig: Don Ferdinand Trápani
Julia K. W: Don Clemenza
Lucas Souza: Don Luchese Corleone
Luiza W: Elizandra
Milena T. D: Isabela
Pedro P: Vicenzi
Rodrigo: Hayman Roth
Thiago: Luigi Bonavita/ Walter
Victoria: Cecília
Viniccius: Al Pacino Corleone
Ato1, cena1
EUA, 1964, Nova York.
Cenário escuro. Musica (Beethoven-moonlight) entra
devagar com a luz (luz baixa, para parecer uma rua à
noite).
A luz revela um corpo no chão (Al Pacino), com um tiro
no peito.
Logo, entra sua esposa (Elizandra), assustada com o
que vê, dá-se conta de que é seu marido e cai de
joelhos ao seu lado e começa a chorar, encosta a
cabeça em seu peito e chora desesperadamente.
Entra calmamente Roth e Walter, admiram-se com a
mulher.
H. Roth: Senhora? Está tudo bem? Viemos investigar o
caso.
Elizandra olha para ele, volta a olhar o marido.
Walter: qual o seu nome senhora?
Ela olha pelo canto dos olhos e não responde.
H. Roth: Você é parente desse homem?
Elizandra: (chorando) Sim, sou esposa dele
H. Roth: Ok, por acaso viu quem o matou?
Elizandra: não, eu não estava aqui, moro ali perto, e
quando ouvi o tiro corri para cá.
Walter: não chegou a tempo de ver o assassino?
Elizandra: única coisa que vi foi o corpo já no chão-
(para um momento e pensa)- havia também um
homem, mas a certa distancia já...
Walter: poderia descrevê-lo?
Elizandra: ele estava de costas, só o que vi é que usava
um chapéu largo e longas vestes. É tudo.
H. Roth: a senhora tem idéia de quem poderia ter feito
isso?
Elizandra: (Faz que “não” com a cabeça).
H Roth: e ele estava metido com algo perigoso com
alguma divida ou algo assim? Tem percebido alguma
mudança de comportamento?
Elizandra: bom...ultimamente ele tem recebido muitas
visitas inesperadas.
Walter: de quem?
Elizandra: eu não os conheço. Também tem andado
muito nervoso
Walter: e você sabe por quê?
Elizandra: (pensa por um momento) Não faz muito
tempo, ele comentou sobre uma visita importante,
disse que deveria ver seu...
H. Roth: seu...?
Elizandra: seu Padrinho.
A luz vai se apagando e a luz sai devagar.
FIM DE CENA
Cena2
Acende-se a luz. Entra musica (Godfather soundtrack).
Em cena, Don Lucchesi Corleone, Vicenzi e Isabela. Don
Lucchesi está sentado a sua mesa (cheia de livros)
pensativo, Isabela e Vicenzi sentados
perpendicularmente a mesa.
-Vicenzi: Lucchesi, Clemenza está te esperando lá fora.
-D. L: Mande-o entrar, mas Vicenzi faça-me um favor,
após nosso acordo mate ele, certo?
(Vicenzi faz que “sim” com a cabeça, Clemenza entra)
-Clemenza: Boa noite Don Corleone, Vicenzi, Isabela...
-D. L: Don Clemenza, (cumprimentam-se) sente-se, por
favor.
-Clemenza: (cochichando) Não sei como consegue
trabalhar com uma mulher em seu escritório. (Olha
brevemente para Isabela e da um sorriso)
-D. L: Ela me ajuda bastante, mas vamos aos negócios
Clemenza. Pode me explicar por que apenas 25% dos
lucros dos cassinos em cuba chegaram até mim?
-Clemenza: Bom Lucchesi, você sabe que as revoluções
em Cuba não colaboraram para...(Lucchesi o
enterrompe).
-D. L: O combinado é 45% Clemenza. O que aconteceu
com o resto?
-Clemenza: Ora Lucchesi, alguns revolucionários
andaram nos dando alguns prejuízos, maldito Fidel! E
então...
-D. L: E por que estes prejuízos não constam no
relatório que me mandou?
-Clemenza: Bom Don Corleone... (gesticula com as
mãos)é que...
-D. L: Você esta me roubando!!?(aos gritos) Eu te dei a
chance de trabalhar comigo Clemenza! Deixei-te
administrar os cassinos em Cuba para mim!E é isso que
me dá de volta?
-Clemenza: Por favor, Lucchesi, entenda que...(Vicenzi
aponta uma arma para a cabeça de Clemenza)
-D. L: Quem está na jogada Clemenza? Para quem você
está mandando o dinheiro?
-Clemenza: Ora Lucchesi, como assim?Para ninguém
(Vicenzi encosta a arma na cabeça de Clemenza)
-D. L: Fale!!
-Clemenza: Tudo bem...(desesperado), para Don
Trápani.(Lucchesi o olha atentamente)Ele me prometeu
uns favores e...agora ele domina todo o negócio de
drogas e prostituição em Cuba, estão todos na mão
dele. E ele...
-D. L: o que mais? (Vicenzi guarda a arma)
-Clemenza: Ele está planejando te matar, após a festa
dele de aniversario. (eles parar de falar por um
momento)
-D. L: Certo, onde está o dinheiro?
-Clemenza: Em minha casa.
-D. L: Tudo bem, quero ele aqui amanha ouviu? Espero
que não aconteça isso novamente.
-Clemenza: (feliz por não ter sido morto)Ah! Muito
obrigado Don Corleone! Não vou te decepcionar,
(arrumando suas coisas)agora eu vou indo, estão me
esperando no...
(Vicenzi chega por traz de Clemenza e o enforca com
uma corda)
-D. L: Tire-o daqui, Isabela, vá até a casa dele e pegue o
dinheiro.
(todos saem, fica apenas Luchesi)
-D. L: Não suporto traidores...
Blackout
FIM DE CENA
Cena 3
De volta para a cena 1, Elizandra já mais calma.
Entra Cecilia devagar olha o corpo e coloca a mão em
um ombro de Elizandra, tentado confortá-la. H. Roth e
Walter se olham.
-H. Roth: Olá senhora, qual o seu nome? Parente deste
homem?
-Cecilia: Chamo-me Cecilia, apenas nos encontramos
algumas vezes, trabalho num bar onde ele
costuma...costumava ir.
-H. Roth: E você sabe de algo que pode nos ajudar?
-Cecilia: Bom, não tenho certeza...mas
ultimamente...quando ele ia ao bar tinha um homem
que entrava logo depois dele, só para falar algo breve e
ia embora. Um homem estranho, com roupas escuras e
chapéu.
-Walter:É só o que sabe?
-Cecilia: Bom, certo dia... (blackout, troca rápida de
cenário, entra do lado esquerdo do palco Al Pacino e do
lado direito Cecilia, eles se esbarram, pedem desculpas
e continuam a andar, entra rapidamente Isabela e para
Al Pacino, Cecilia pára para ouvir.)
-Isabela: Al Pacino, Don Corleone está te esperando, é
melhor você ir rápido falar com ele.
-Al Pacino: Tudo bem, já estou indo.
(blackout, volta para a cena onde Cecilia está falando
com os policiais)
-H. Roth: Hum... Don Corleone... Já ouviu falar deste
homem Walter?
(Walter responde com certo desconforto)
-Walter: Não, não o conheço...
-H. Roth: com licença senhora, (dirige-se à Elizandra)
qual o nome de seu marido?
-Elizandra: Al Pacino, Al Pacino Corleone.
-H. Roth: Acho que devemos fazer uma visita a esse
Don corleone...
-Walter: Aé? Mas por quê? Ele pode ser apenas
“qualquer um”...
-H. Roth: Pois é, mas não custa conferir...
Blackout
FIM DE CENA
Cena 4
No escritório de Don Corleone, ele, Isabela e Vicenzi
aguardam a visita dos policiais.
-D. L: quero que fiquem apenas sentados escutando,
qualquer coisa vocês são... Uns amigos que vieram me
visitar. (entra os policiais).
-H. Roth: Bom dia senhor... Don Corleone, é este seu
nome?
-D. L: Bom dia cavalheiros, é, chamo-me Luchesi
Corleone. A que devo esta visita inesperada senhores?
-H. Roth: O senhor já deve saber da morte de Al Pacino
Corleone não?
-D. L: Ó meu deus! Eu não acredito! Al Pacino morreu?
Como?
-Walter: ele morreu ontem à noite signore.
(Roth olha desconfiado para Walter)
-H. Roth: não sabia que falava Italiano Walter. Bom mas
senhor Luchesi, que ligação o senhor tinha com este
homem?
-D. L: Sou irmão de seu pai, os pais dele morreram
quando ele tinha 16 anos, e cuidei dele até sair de casa
e morar com sua esposa.
-H. Roth: vocês tinham algum tipo de negocio juntos?
-D. L: eu e seu pai éramos do ramo do azeite de oliva e
vinho. Depois que ele morreu, Al Pacino ocupou seu
cargo e trabalhava comigo.
-H. Roth: e vocês tinham algum tipo de divida? Pois ele
foi assassinado.
-D. L: não, sempre pagamos nossas contas direitinho.
-H. Roth: Certo. Acho que é só. Vamos indo.
-D. L: se tiverem noticias me avisem, até mais
cavalheiros.
(os dois se retiram, breve blackout, cenário vazio,
entram conversando H. Roth e Walter)
-H. Roth: o que achou deste homem Walter?
-Walter: deve estar falando a verdade, eu falei, é só
mais um cara normal...ainda mais parente do morto.
-H. Roth: não sei não, ele não me pareceu muito
confiável, parece que ele tem algo de muito importante
para esconder, eu queria saber o que aconteceu entre
ele e seu sobrinho antes do assassinato. E Walter...
Quando aprendeu a falar italiano?
-Walter: nos meus tempos livres eu aprendo um pouco
com livros...
(Blackout)
FIM DE CENA
Cena 5
No escritório, Don Luchesi, Isabela, Vicenzi e Al
Pacino(sentado à mesa de seu padrinho conversando).
-A. P: padrinho, por favor entenda, eu não quero
trabalhar com você!(gritando)Estes negócios são
ilegais, vocês matam, roubam e traficam coisas! Vou
sair desta porcaria de faculdade e seguir meu próprio
caminho.
-D. L: Al Pacino, seu pai quando morreu me fez
prometer que ensinaria tudo sobre nossos negócios
para você, e quando você terminar a faculdade irá me
substituir! Você será o Don!
-A. P: mas não é isso que eu quero!
-D. L: eu prometi ao seu pai, um Corleone sempre
cumpre com suas promessas. Agora, eu marquei um
encontro com Don Trápani, tenho negócios com ele,
mas não confio nele, ele pretende me matar em sua
festa de aniversário, quero que fique para aprender,
verá a realidade com que terá que trabalhar.
(Vicenzi se levanta para abrir a porta para Don Trápani)
-D. T: Don Corleone!
-D. L: Don Trápani, sente-se, por favor, conhece meu
sobrinho Al Pacino? (todos se cumprimentam).
-D. T: então Don Corleone, para que me chamou aqui?
-D. L: Don Trápani, eu gostaria de saber como estão
nossos negócios em cuba...
-D. T: Ah estão muito bem, apesar da revolução ainda
temos bastante movimento lá.
-D. L: é, os números parecem muito bons mesmo, e
somos os únicos na área não é?
-D. T: claro claro, eu mesmo tratei de investigar isso.
-D. L: por isso Don Trápani quero comprar sua parte de
todo seu negócio em Cuba.
-D. T: como assim Luchesi? Quer comprar tudo que
tenho em Cuba?
-D. L: isso mesmo, já que são apenas parte de nossos
cassinos...E quero negociar alguns aqui também.
Quanto quer em sua parte de Cuba?
-D. T: bom Luchesi, não é fácil assim falar um
preço...que tal seus negócios na região norte de Nova
York?
-D. L: Hum...esperto você. Tudo bem, mas deve me
assegurar de que todo seu negócio em Cuba passará
para mim certo?
-D. T: mas tudo o que tenho lá não vale apenas o que
esta querendo negociar.
-D. L: como assim? Seus cassinos lá não valem mais
que isso...
-D. T: é mas...
-D. L: e somos os únicos lá não somos?
-D. T: sim é claro Luchesi.
-D. T: então...por que não quer fazer negócio?
-D. T: se fecharmos terei de passar tudo para você ?
-D. L: isso mesmo e quero me certificar de que não
restou nada.
-D. T: bom então temos que renegociar os valores... O
que tenho lá vale mais do que esta me oferecendo.
-D. L: seu filho da mãe... Acha que pode nos enganar
assim e ainda querer sair no lucro? Não quer me vender
pois tem negócios com tráfico de drogas e prostituição!
-D. T: o que ?
-A. P: pare com isso padrinho!
-D. L: Clemenza me contou tudo Trápani!
(Don Trapani se levanta)
-D. T: Desgraçados! (sai correndo para a porta, em
frente a porta está Isabela apontando uma arma para
ele, Trápani se vira para Luchesi e tenta sacar uma
arma mas Isabela atira em suas costas).
-A. P: meu deus!! Você matou ele!
-D. L: mas ele ia atirar em mim! Você viu!
-A. P: nunca!!! Nuca irei trabalhar para você !! Recuso-
me ser um mafioso! Eu tenho caráter padrinho,
caráter!! Coisa que vocês não tem. Vou seguir meu
caminho dentro da lei, sabe o que mais, eu vou
continuar minha faculdade, mas quando terminar terei
uma vaga garantida para juiz, sei que você também
tem negócios com esses políticos, e vou desmascarar
todos vocês! Idiotas! (sai pela porta caminhando rápido,
Luchesi quer segui-lo)
-Vicenzi: signore! Luigi está te esperando!
-D. L: Humpf...mande-o entrar, rápido.
(entra Luigi)
-Luigi: Padrinho! (beija sua mão)
-D. L: como vai Luigi?
-Luigi: estou bem, mas trágo más noticias...
-D. L: é seu amigo policial?
-Luigi: isso mesmo, ele parece estar desconfiando do
senhor padrinho.
-D. L: eu sabia que ele seria problema...
-Luigi: o que quer que eu faça?
-D. L: não, não se incomode, deixe que eu cuide disso,
só tente convencer ele de não abrir nenhuma
investigação nova. O resto deixa comigo.
-Luigi: tudo bem, o senhor parece meio nervoso
padrinho, aconteceu alguma coisa?
-D. L: você se lembra de meu sobrinho?
-Luigi: sim claro!
-D. L: ele se revoltou contra mim, bom, pior, revoltou-se
contra meus negócios.
-Luigi: bom ele sempre me pareceu um homem
esperto...Por que se revoltaria contra nós?
-D. L: Ele tem algo muito perigoso Luigi.
-Luigi: como assim?
D. L: ele tem conhecimento...e dignidade, é como o pai,
sempre foi o “certinho”da família, mas consegui
convencê-lo. Já seu filho é diferente, se ele continuar
assim vai nos trazer problemas, problemas sérios.
-Luigi: bom, vou torcer para que de certo. Já estou de
saída padrinho, (Luigi se levanta e beija a mão de seu
padrinho), tchau.
-D. L: certo, cuide-se, até mais. (Luigi sai de
cena)Isabela cuide para que o policial não interfira
mais, (Isabela sai de cena). Vicenzi, tenho um trabalho
importante para você.
-Vicenzi: si signore.
Blackout
FIM DE CENA

Cena 6
Cenário com pouca luz, entra Al Pacino caminhando, vai
até o meio do palco e olha para a platéia com aspecto
sério.
Entra Vicenzi lentamente e aponta uma arma para Al
Pacino.
-A. P: vai me matar Vicenzi? Não acredito que cresci
com monstros como vocês.
-Vicenzi: se padrinho apenas acha que pode trazer
problemas para os negócios.
-A. P: Só por que sou mais inteligente do que ele?
-Vicenzi: seu tio manda lembranças.
(Vicenzi atira contra Al Pacino, que cai no chão soltando
ao seu lado uma maleta que levava sempre com ele,
Vicenzi abre a maleta e de lá tira uma folha de papel e
lê)
“ Eu espero que eu sempre possua firmeza e virtude
suficientes para manter o que eu considero o mais
invejável de todos os títulos, o caráter de um homem
honesto, por isto, digo não à máfia, e farei o possível
para combatê-la”
(Vicenzi termina de ler, solta o papel no chão e sai. Em
seguida Luchesi entra caminhando calmamente, olha o
corpo, olha o papel e o pega, rasga a folha em vários
pedaços e guarda-os na maleta, sai calmamente).

Fim

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