Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Port12 Resumos CAM-2
Port12 Resumos CAM-2
Autor: CAM
Disciplina: Português
E a emoção do leitor? “Sinta quem lê.” O leitor não é capaz de sentir as emoções do
poeta (nem a vivida nem a imaginada); a emoção que o poeta exprime artisticamente é um
estímulo que provoca no leitor novos estados de alma.
Ruptura e Continuidade
O Pessoa ortónimo escreveu poemas da lírica simples e tradicional, muitas vezes
marcada pelo desencanto e melancolia; fez um aproveitamento cuidado de impressionismo e
do simbolismo, abrindo caminho ao modernismo, onde põe em destaque o vago, a subtileza e
a complexidade.
A Dor de Pensar
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a ter de pensar. Gostava, muitas
vezes, de ter a inconsciência das coisas ou de seres comuns que agem como uma pobre
ceifeira. (“O que em mim sente ‘stá pensando.”).
O ortónimo é obcecado pelo pensamento. Contudo, o pensamento está na origem de
ser incapaz de sentir intuitivamente, como quem descobre o mundo sem preconceitos.
Impedido de ser feliz, devido à lucidez, procura a realização do paradoxo de ter uma
consciência inconsciente. Mas ao pensar sobre o pensamento, percebe o vazio que não
permite conciliar a consciência e a inconsciência.
Nostalgia da Infância
Fragmentação do “eu”
O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco por onde desfilam diversas
personagens, distintas e contraditórias. Incapaz de se manter dentro dos limites de si próprio, o
sujeito poético procura observar o seu “eu”, ou seja, conhecer-se a si próprio, o que leva à
fragmentação e à consciência de que é capaz de viver apenas o presente.
Questiona a sinceridade das emoções escritas nos seus textos, porque não sente hoje
da mesma forma que sentiu no passado, pois as emoções, ao serem escritas e lidas, são
intelectualizadas (“não sei quantas almas tenho”).
Fernando Pessoa
Ortónimo Heterónimos:
(“ele próprio”) - Alberto Caeiro;
- Ricardo Reis;
- Álvaro de Campos
Poesia do
Mensagem (1934)
cancioneiro
Fernando Pessoa e Heterónimos
Alberto Caeiro
• Natureza (Bucolismo);
• Dambulismo (anda pelo espaço da Natureza);
• Poeta da simplicidade;
• Escrita simples; privilegia o uso da comparação, a metáfora e do polissíndeto
(repetição do “e”);
• Poeta anti-metafísico (recusa o pensamento);
• Interpreta o mundo a partir dos sentidos;
• Interessa-lhe a realidade imediata e o real objectivo que as sensações lhe oferecem;
• Uso do verso branco (sem rima), do versilibrismo (estrutura métrica irregular) e da
estrutura estrófica livre.
Ricardo Reis
• Contemplativo (observa);
• Racional (conclui resignando-se);
• Clássico:
equilibrio
linguagem
forma
• Horaciano
“aurea mediocritas”
“carpe diem”
ode
• Pagão
Crença nos deuses/Fado (destino)
crença na presença divina das coisas
• Estoico-epicurista
Estoicismo
o supremacia nos Deuses e no Fado
o aceitação voluntária das leis do universo (ilusão de liberdade)
o ideal de apatia (indeferença)
Epicurismo
o procura a felicidade moderada (= ausência de sofrimento)
o ideal de ataraxia (indiferença)
o “carpe diem”
Ricardo Reis é o poeta da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a
relatividade e a fugacidade de todas as coisas.
A filosofia de vida de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer
do momento, o carpe diem, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos
instintos.
Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que
nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia. Sente que tem de
viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa
verdadeira ilusão da felicidade.
Ricardo Reis recorre à ode e a uma ordenação estética marcadamente clássica.
Em Ricardo Reis há a apatia face ao mistério da vida mas também se encontra o
mundo das angústias que afecta Pessoa.
Álvaro de Campos
O mais moderno e multifacetado dos heterónimos. O filho indisciplinado da sensação.
Três fases poéticas:
• Decandentismo: o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações.
Versos Ilustrativos
Alberto Caeiro
Antimetafísica (recusa do pensamento)
“Eu não tenho filosofia: tenho sentidos”
Valorização da Natureza
“Sou o Descobridor da Natureza”
Sensacionismo- visualismo
“ O meu olhar é nítido como um girassol”
Panteísmo
“E ando pela mão das estações”
Ricardo Reis
Paganismo (crença nos deuses da mitologia e no Fado)
“Pagãos inocentes da decadência”
“Carpe Diem”
“Colhe/o dia porque és ele”
“a confiança mole/na hora fugitiva”
Ideal de ataraxia/apatia
“Mais vale saber passar silenciosamente”
“O desejo de indiferença”
Álvaro de Campos
Futurismo/modernismo- apologia da civilização moderna
“Ser completo como uma máquina”
Sensacionismo
“Ah,não ser eu toda a gente em toda a parte!”
Nostalgia da Infância
“No tempo em que festejavam o dia dos meus anos”
Dor de Pensar
“Tirem-me daqui a metafísica”
“Não penses! Deixa o pensar na cabeça”
Frustração/negatividade/cansanço existencial
“Somam-se-me os dias/serei velho quando for”
“A única conclusão é morrer”
Os Lusíadas e Mensagem
Classificação Literária
- parte de um núcleo
de acontecimentos Transfigura matéria histórica em
históricos; símbolos que fecundam o presente,
- usa,por vezes, o tom inventando o futuro (mitos que são
sublime ou comovido ideais a seguir): o assunto não são
da epopeia. os eventos históricos, mas a
essência de ser português.
Estrutura da Obra
Mensagem
• Portugal -» Mensagem (poemas produzidos de 1913 a 1914)
o Os Símbolos
o Os Avisos
o Os Tempos
Os Lusíadas
Estrutura Interna
• Proposição;
• Invocação;
• Dedicatória;
• Narração.
Estrutura Externa
• Forma Narrativa;
• Versos decessilábicos;
• Rimas com esquema abababcc (rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada
nos dois últimos);
• Estâncias- oitavas;
• Poema dividido em 10 cantos.
Planos
Plano da Viagem
A narração dos acontecimentos ocorridos durante a viagem realizada entre Lisboa e
Calecut
Plano da Mitologia
A mitologia permite e favorece a evolução da acção (os deuses assumem-se, uns
como adjuvantes, outros como aponentes dos Portugueses) e constitui, por isso, a intriga da
obra.
Plano do Poeta
Considerações e opiniões do autor expressos, nomeadamente, no início e no fim dos
cantos.
Proposição d’ Os Lusíadas – O Herói
Reflexões do Poeta
Nos planos narrativos desta Epopeia, encontramos um plano que se diz respeito às
chamadas considerações pessoais do poeta. Estas reflexões surgem ao longo da Narração,
normalmente no final de cada canto. Nestas estrofes, o poeta apresenta a sua perspectiva em
relação ao império português, que perdia o seu brilho e aos valores dominantes do país.
Por um lado, refere os “grandes e gravíssimos perigos”, a tormenta e dano do mar, a
guerra e o engano em terra; por outro lado, faz a apologia da expansão territorial para divulgar
a fé cristã, manifesta o seu patriotismo e exorta D. Sebastião a dar continuidade à obra
grandiosa do povo português.
Felizmente Há Luar!
Felizmente Há Luar! recria em dois actos a tentativa frustrada de revolta liberal de
Outubro de 1817, reprimida pelo poder absolutista do regime de Beresford e Miguel Forjaz,
com o apoio da igreja. Ao mesmo tempo, chama a atenção para as injustiças, a repressão e as
persiguições políticas no tempo de Salazar.
A acção de Felizmente Há Luar! centra-se na figura do General Gomes Freire de
Andrade e a sua execução, mostrando, ao mesmo tempo, a resignação do povo, dominado
pela miséria, pelo medo e pela ignorância. O protagonista é construído através da esperança
do povo, das perseguições dos governantes e da revolta impotente da sua mulher e dos seus
amigos. Amado por uns, é odiado pelos que temem perder o poder.
Dentro dos princípios do teatro épico, Felizmente Há Luar! é um drama narrativo que
analisa criticamente a sociedade, apresentando a realidade com o objectivo de levar o
espectador a tomar a posição. Com a denúncia do amibente político repressivo daquela época,
tenta provocar a reflexão sobre a opressão e a censura que se repete no século XX.
Texto Secundário
A peça é rica em indicações cénicas. Estas didascálias assumem duas funções
essenciais:
Indicações em itálico, normalmente entre parenteses oferecem marcações típicas das
didascálias: tom de voz, movimentos cénicos das personagens, vestuário, efeitos de
som e luz, entre outros,
Elementos Simbólicos
Paralelismo de construção do início dos dois actos:
Os dois actos deste texto dramático começam exactamente da mesma forma, para
sugerir que, após a prisão do General, a situação do povo continua exactamente na
mesma, se não mesmo pior, pois com a prisão de Gomes Freire, o povo perde até a
esperança.
William Beresford
Poderoso;
Interesseiro;
Calculista;
Sarcástico e irracional;
Representante do poder militar inglês em Portugal;
Odiava Portugal;
Pragmático;
Protestante;
Mau oficial.
Principal Sousa
Fanático;
Hipócrita;
Não tem valores épicos;
Representante do alto clero;
Odeia os franceses;
Não gosta de Beresford;
Não gosta do povo devido à sua posição social.
Matilde
Corajosa;
Romântica:
Inconstante (mudanças de humor);
Contra a injustiça:
Lutadora;
Meia idade;
Nasceu em Seia numa família pobre;
Casada com o General;
Personalidade forte;
Mulher solitária.
Sousa Falcão
Não foi capaz de denfender os seus ideais;
Amigo de Gomes Freire;
Tem como ideais “justiça” e “liberdade”;
Está de luto pela execução do General e por ele próprio;
Crítico (autocritica-se);
Manuel
Denuncia a opressão;
Papel de impotência do povo;
O mais consciente dos populares;
Casado com Rita;
É pobre e vive miseravelmente;
Crítico;
Irónico.
Vicente
Elemento do povo;
Falso;
Hipócrita;
Interesseiro;
Alpinista Social;
Cúmplice do conselho de regência;
Delactor:
Pretende ser chefe de polícia;
Revoltado por pertencer ao povo;
Ambicioso;
Traidor do povo.
Os Símbolos
Saia Verde
A felicidade: a prenda compradas em Paris, com o dinheiro da venda de duas
medalhas do General.
Ao escolher aquela saia para esperar o General, destaca a “alegria” do reencontro.
A Lua, por estar privada de luz própria, na dependência do sol. A lua, é símbolo de
transformação e de crescimento.
Os Tambores
Símbolo da repressão, provocam o medo e prenunciam com ambiência trágica da
acção.
Memorial do Convento
Saramago, em Memorial do Convento, recorrea um momento da História e, em forma
de narração alegórica, propõe uma reflexão sobre esses acontecimentos, sobre o
comportamento e o destino humano e sobre um mundo onde há a magia do inexplicável.
Romance histórico, mas também social e de espaço, este romance articula o plano da
História, com o plano da ficção e o plano fantástico.
As vozes do narrador e das personagens proporcionam, constantemente, uma análise
crítica aos tempos representados e da enunciação, mas, sobretudo, um comentário e uma
crítica ao presente, por onde passa também a História, permitindo confrontar o ser e o tempo.
Título da Obra
Memorial do Convento aponta para o relato de acontecimentos históricos relacionados
com a construção de um convento (em Mafra), recorrendo à memória do autor, com o objectivo
de inscrever na memória colectiva um período da nossa História e os heróis que construiram
um monumento que marcou essa época.
A obra é classificada como um romance, onde se aliam os factos históricos, que podem
ser comprovados pela visão oficial da História, à ficção.
Acção/Estrutura
Memorial do Convento estrutura-se em 25 capítulos, não numerados, que se
organizam em vários planos narrativos: a promessa do rei mandar construir um convento em
Mafra, a construção desse convento concretizada pelo povo, a construção de uma máquina
voadora que realizará o sonho de um padre de voar e a história de amor entre um homem e
uma mulher.
Pode-se considerar que as duas acções principais são aquelas que giram em torno da
construção do convento de Mafra e da relação entre Baltasar e Blimunda; acrescenta-se ainda
a narrativa da construção da passarola que funciona como uma linha de acção secundária.
Estrutura Circular da Obra/Dimensão Simbólica
Memorial do Convento tem uma estrutura claramente circular. É num auto-de-fé, que
se realiza no Rossio, em Lisboa, que Blimunda encontra pela primeira vez Baltasar. No final da
narrativa repete o percurso que fizera 28 anos antes reencontrando Baltasar (quando passa por
Lisboa pela 7ª vez, após 9 anos de procura) de novo num auto-de-fé, no Rossio, no qual Sete-
Sóis morre queimado na fogueira da Inquisição.
Esta estrutura tem uma dimensão simbólica, ou seja, Blimunda encontra o seu homem
no momento em que perde a mãe e se torna autónoma. No final da narrativa, ao separar-se de
Blimunda, Baltasar fragmenta a unidade representada por este par; Blimunda procura-o
durante 9anos, numa demanda que se assemelha a um período de gestação, após a qual é
restabelecida a unidade deste par, quando Sete-Luas recolhe a vontade de Sete-Sóis, no
momento em que este morre porque a si e à terra pertence, parecendo iniciar outro ciclo de
vida.
O tema do amor
Em Memorial do Convento opõem-se dois tipos de amor: o amor contractual entre o rei
e a rainha e o amor verdadeiro entre Baltasar e Blimunda. A relação entre o casal real tem
como único objectivo dar um herdeiro à coroa, não existindo qualquer envolvimento afectivo
entre ambos o que acaba por gerar frustração (as infidelidades do rei e os sonhos da rainha
com o seu cunhado). Os encontros entre o casal real são cheios de protocolo, excesso de
roupa, de criados, num artificialismo que contraria um acto que deveria ser natural e
espontâneo.
Baltasar e Blimunda têm uma relação amorosa plena, cheia de carícias, jogos eróticos,
desinibições, transgredindo as regras sociais da época. Vivem um amor natural e institivo, onde
as palvras são desnecessárias e o amor parece eterno.
Acção
O rei D. João V, Baltasar e Blimunda e Bartolomeu Lourenço protagonizam o romance.
A acção principal é a construção do Convento de Mafra. Situando-se no século XVIII,
encontra-se um entrelaçamento de dados históricos, como o da promessa de D. João V de
construir um convento em Mafra e o do sofrimento do povo que nele trabalhou. Conhece-se a
situação económica e social do país, os autos-de-fé praticados pela Inquisição, o sonho e a
construção da passarola, as críticas ao comportamento do clero e os casamentos dos
príncipes.
Espaço
Os espaços físicos priveligiados pela acção são Lisboa e Mafra. Entre vários lugares da
capital ou dos arredores são referidos com frequência o Terreiro do Paço, o Rossio,
S.Sebastião da Pedreira, Odivelas e Azeitão. Nas referências a Mafra, encontramos a Vela,
onde se constrói o Convento, Pêro Pinheiro, Serra Monte Junto e outros locais.
O Alentejo surge como um espaço social importante, na medida em que permite
conhecer-se a miséria que então o povo passava.
Personagens
D. João V
É megalómano, infantil, devasso, libertino e ignorante, que não hesita em utilizar o
povo, o dinheiro e a posição social para satisfazer os seus caprichos.
Anda preocupado com a falta de descendente, apesar de possuir bastardos. Promete
levantar um Convento em Mafra se tiver filhos da rainha, com quem tem relações para
cumprimento do dever, em encontros frios e programados.
Baltasar Sete-Sóis
Baltasar Mateus é, com Blimunda, uma das personagens mais interessantes da obra.
Baltasar, depois de deixar o exército, por ficar maneta, chega a Lisboa como pedinte.
Conhece Blimunda, com quem partilhará a vida. Vai ainda partilhar do sonho do padre
Bartolomeu Lourenço, ajudando a construir a passarola e participando no seu primeiro voo.
Blimunda Sete-Luas
Filha de Sebastiana Maria de Jesus, que fora, pela Inquisição, condenada e
degredada, por ser cristã-nova. Com capacidades de vidente e possuidora de uma saberdoria
muito própria.
Blimunda é uma estranha vidente que vê no interior dos corpos os males que destroem
a vida e consegue recolher as “vontades” que permitirão o voo da passarola. Por amar Baltasar
recusa usar a magia para conhecer o sseu interior.
O poder de Blimunda permite ver o que está no mundo, as verdades mais profundas
que o sustentam.
Povo
O povo trabalhador construiu o convento de Mafra, à custa de muitos sacrificios e
mesmo de algumas mortes. Definido pelo seu trabalho, pela sua miséria física e moral, pela
sua devoção, este povo humilde surge como verdadeiro obreiro da realização do sonho de D.
João V.
Clero
A hipocrisia e a violência do clero revela-se em rituais que em vez de elevarem o
espírito acentuam a degradação moral e corrupção religiosa (autos-de-fé, procissões da
Páscoa e procissão do Corpo de Deus).