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Dois poemas de José Tolentino Mendonça

Para haver Natal este Natal O Natal não é ornamento

Talvez seja preciso reaprendermos O Natal não é ornamento: é fermento


Coisas tão simples! É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Que as mãos preocupadas com embrulhos Um alvoroço que nos acorda
Esquecem outros gestos de amor, para a dicção surpreendente que Deus faz
Que os votos rotineiros que trocamos da nossa humanidade
Calam conversas que nos fariam melhor,
Que os símbolos apenas se amontoam O Natal não é ornamento: é fermento
E soltam uma música triste Dentro de nós recria, amplia, expande
Quando já não dizem aquela verdade profunda!
O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
Para haver Natal este Natal nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
Talvez seja preciso recordar A simplicidade que nos propõe
Que as vidas começam e recomeçam não é o simplismo ágil das frases-feitas
E tudo isso é nascimento (logo, Natal) Os gestos que melhor o desenham
Que as esperanças ganham sentido não são os da coreografia previsível das convenções
Quando se tornam caminhos e passos.
Que para lá das janelas cerradas O Natal não é ornamento: é movimento
Há estrelas que luzem Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
E há a imensidão do Céu. Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Talvez nos bastem coisas Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Afinal tão simples: Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
(1) O alento dos reencontros autênticos;
(2) A oração como confiança soletrada;
(3) A certeza de que Jesus nasce em cada ano
Para que o nosso natal, alguma vez, esta vez, seja Natal!

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