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há tanto tempo que nem se lembram mais os visitantes daquele lugar ainda em pé por obra do acaso

ou infortúnio que cobra sempre um pouco além da conta por serviços nem sempre prestados ou
prestáveis e prostrados seguiram após a chuva incansável daquele abril chuvoso que contrariava
todas as expectativas que geraram as previsões que lhes levaram precisamente àquele lugar quando
AQUELES 2 RESOLVEM PASSEAR POR AÍ e devolvem ao cotidiano da semana o sêmen de sua
desventura se cada passo em direção a um alvo se desvia os tiros de revólver pela culatra dessa
falcatrua cultural e também do pedante pedindo um pouco além da chuva e do efêmero – o seu
tempo, há tanto lhe pareceu tão pouco e só este pode desvendar seus olhos ofertados ao abismo
absurdo de todas as coisas suas cascas carcaças parecia um caçador tipo felino olhos, não sei,
bêbedos morenos moles cílios violentos lentos passos todos no passeio àquela praça que sequer
sabiam se ainda existia ou se havia existido e assim conjugaram: verbos versos juras de amor. Não
lembro de quando me juntei a eles. Já tava completamente fora de mim Sem teto afeto ou o intento
de obtê-los Temores de espelhos Me via fora dos eixos e engrenagem e carne e osso e nervo regidos
por pesos constantes gravitacionais notavam no andar dos dois atrás das janelas perna perna
refletidos pares de pernas a população assustada susteve-se de suspiros quando todos os corpos de
vidro se desfizeram numa pretensão absurda aquela confiança toda: já sabiam de suas verdades e de
seus sistemas internos, não se surpreendem com o que ali se lhes revela, então acenderam velas pra
que garotas nuas dançassem no mesmo escuro que dançaram sua mãe no mesmo escuro úmido de
Eva no mesmo estrume da trama narrativa dos fatos do universo obscuro – descubro = me cubro de
ramagens e teus cabelos finos emaranhados no crespo da minha juba – aquele grupo de monstros
titãs demônios viciados e miseráveis, todos querendo um café um cafuné um sanduíche de
mortadela e um beck ou crack qualquer coisa que eu nunca quis dizer desse dia antes. Minha
memória não mumifica e esquadrinha os fatos até o seco. Espero o oco. Que ecoe o resto. Você
vive tirando minha coberta Essa chuva não vai deixar nenhum deles dormir E eu Quem são vocês]
Ofega, veja> janelas abertas < essa garoa me afoga Qual tua língua – 2 num bando mundo
covalente dois valetes de espadas dois valetes de paus posso inventar de novo teu baralho Tarou-se
em travas e alavancas de anões O de bigodes, sim são muitos Na tua retina fenda secreta felina
minha língua lambe o avesso do que você vê e a tua retina copia e codifica o que defecam minhas
moléculas NUM SURTO TE ABRAÇO nesses braços que mal cabem nessa blusa usada todos os
dias, por religião, a mesma blusa o mesmo cheiro
e
NUM OUTRO ABRAÇO TEUS BRAÇOS AXILAS RIACHOS BROTANDO NA MINHA BOCA
TEUS CABELOS INVADEM AS NARINAS ME SUFOCAM DE CHEIRO
ESTOU PRESO NO PESO DO MEU TRAVESSEIRO PRETO
DE TARJAS E LIVRE
DE SONHOS
sinto meu medo em cada sinal do teu
teus olhos saltados fora da órbita
teus olhos enxertos
se desenrola da pálpebra o teu novelo
Chora calado sem molhar meu ombro
Chovia cuspe e esperma naquele abril
A chuva me afaga
Aperta esmaga os bagos me esgota o fôlego E só me sobram
Marcas
De gotas
No pescoço

18 de dezembro; 2010
largo a faca:
atack cardíaco
crack inofensivo
beijo de alumínio
as cigarras passam 17 anos embaixo da terra
quero 17 dias teu corpo embaixo do meu

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