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RIO GRANDE, SEGUNDA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2010 - ANO 01 - Nº 01

A opinião do
acadêmico Pedro
Salomão como
incentivo para uma
ampla e polêmica
discussão. Pág 3

Estudantes de medicina de todo o

sul do Brasil, participam da
ocupação da reitoria da
Universidade Federal de Ciência da
Saúde de Porto Alegre, lutando por
espaço para os estudantes após a
demolição do Centro Acadêmico
XXII de março. O DAFB estava lá!
Pág 6
Pág 7

„ Para que lado eu vou?................................................................................................................3

Professora Simone Karam fala um pouco sobre a escolha da especialização em genética.
„ Intercâmbio..............................................................................................................................5
Bruna Ballarotti do Centro Acadêmico de Medicina da UFSC (CALIMED) fala sobre o movimento
Redação: Mayara Floss estudantil.
Equipe de edição:
Danilo Barros Zanotta „ História.....................................................................................................................................4
Claudir A. da Silva Jr
Revisão: Jaqueline Pandolfo O machismo na história do ensino médico
Colaboradores:
Arnildo D. Miranda Jr Participe também do Glasgow 15, mandando um e-mail para: glasgow15.furg@gmail.com .
Gabriela Breitenbach
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Carta ao leitor contamos com a honrosa presença da

Professora Simone Karam. Para o
Carta para o DAFB objetivos que constavam em nossa lista de
reivindicações, fundamos nosso DCE e o apoio de
contato dos alunos da FURG e vocês nos trouxe mais confiança e vontade de vencer.
Caros, Olá DAFB, A participação dos seus membros foi um dos fatores
proporcionar a troca de materiais foi
criado o Fórum da Medicina – decisivos no nosso caminho e esperamos que esse
É com imenso prazer que nós do Eu, Isabela (Bel), como coordenadora geral laço seja permanente entre nossas organizações.
www.medicinadoporto.forumfree.it . do CAXXII de Março, da medicina da UFCSPA,
DAFB convidamos você a ler o jornal da Agradecemos a todos e estamos à
Convidamos vocês a participar do venho agradecer em nome de todos os acadêmicos
medicina, o nosso jornal. Fazendo-o disposição, assim como fizeram por nós.
Glasgow enviando e-mail para: da UFCSPA o apoio à ocupação da reitoria, do dia Continuaremos lutando pela expansão do
ressurgir, agarramo-nos a ideia de
glasgow15.furg@gmail.com, no nosso 06 ao dia 09 de setembro. ensino superior com a qualidade que o estudante
informá-los, ou, pelo menos distraí-los da
blog: www.dafbfurg.blogspot.com, ou Nosso movimento foi em busca de um merece.
nossa rotina aula-hospital-UBSF. Nesta
entrando em contato conosco (na nossa espaço na nossa Universidade inicialmente para o
retomada do GLASGOW 15, faltou até
pequena sede do DAFB), certamente CAXXII de Março, que no início do ano de 2010
espaço na capa para tantas notícias fruto foi demolido arbitrariamente pela reitoria, sem
estaremos de braços abertos. Muito obrigada,
da participação ativa dos alunos e negociação e sem oferta de novo espaço. Refletimos Isabela Cristina Coelho da Cunha
integrantes do DA. Também destacamos que na UFCSPA temos todos os outros 7 cursos em
Com carinho, Coordenadora geral do CAXXII de Março
a série cultural e a nova coluna “Para que situação semelhante à nossa, então passamos a lutar Comissão provisória do DCE-UFCSPA
lado eu vou?” que a cada nova edição trará por um espaço para os Centros Acadêmicos e para a
Equipe Glasgow e DAFB
um novo especialista para falar um pouco convivência dos alunos. Com a união de todos os “Gentileza gera gentileza. Truculência gera
sobre as escolhas da residência, desta vez nossos cursos, conseguimos todos os nossos ocupação.”

Área cultural
Anjos e demônios: a volta de Blake
Dolly
Ame-o. Mas não para juntar conchas de Zoso ganhosecundario.blogspot.com
veraneio. Não peça aos sofistas justificativas
Era uma vez uma ovelhinha chamada Dolly. Dolly era
platônicas. É mais fácil sugar no próprio um clone, não possuía idiossincrasias.
banquete. Não ame de forma vã como os
pequenos burgueses. É preciso despir-se de
pérolas. É preciso ser neve da montanha e Ovelha Dolly, ovelha Dolly
desejar o sol: sem medo .Ame-o como as O que tens em mente?
donzelas de um passado fantástico ou como Não quero que te molhes
Com essa chuva insolente.
os poetas perdidos nas tavernas da existência.
Mas também busque o cinismo e a O mundo todo é raios
boaventurança: anastomosados em franjas E tu desprotegida
Queres que eu fique em frangalhos
frutacor. Não ouse dizer que não teve escolha. Com tua atitude descabida?
Cada probabilidade se concretizou porque
você insistiu em jogar. E o fez com pedras Não vês que és cópia mal-feita
E que tens de obedecer
intermitentemente lascadas. Por isso, não Porque tua cabeça imperfeita
sorva com remorso. Carregar um limite é Vai te fazer perecer?
simular a própria bancarrota. Ame porque é o
Ovelhinha que desengano
que você precisa. É isso que você galga. Sua
Perdida no pasto
edificação e maldição. Do Brás Cubas tivesse ganho
Imagem: Magritte / Jennyfer Paulla jennypaulla.blogspot.com O fabuloso emplasto.

Se vires uma casinha

“Você que inventou esse Estado/Inventou de inventar/Toda escuridão/ Não te acanhes
Desinventar Você que inventou o pecado/Esqueceu-se de inventar o perdão (...)/ Entra e toma uma caninha
Você que inventou a tristeza/Ora tenha a fineza de ‘desinventar’ “ Que vai fazer com que sonhes.
Chico Buarque
Ultra-mega-micro
Minúsculas invenções
Nano emoções Colegas fiquem atentos que o DAFB está preparando para o ano que
Macro tristezas vem...

Grandes descobertas
Pequenos corações
Ultra depressões
Acopladas em um átomo
de sentimento

Dieta-moda-remédios
Cápsulas de milagre
Arranha-céus de desejos
Tudo dentro de uma cedulazinha

Idealmente abstrato
na (des)personalidade nossa
Do infinito mundo de genes
e do microscópico universo de ideias

Essencialmente criados, mas

Mesmo que tenham inventado “Te aprochega meu velho companheiro
Que te convido pra um carreteiro
A teoria da gravidade,
Seja na música, prosa ou verso
As maças já caiam antes Te garanto o peito aberto”
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pois desejam simplesmente aprender mais ou almejam do programa é necessário fazer pediatria ou clínica antes e
Para que lado eu vou... especialidades afins. No fundo isso mostra que a disciplina depois 2 anos de genética. Em outros , o R1 é um rodízio por

Geneticista
Profª. Simone de Menezes Karam
Bem, em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a
gentileza de me convidarem para ocupar esta coluna e espero
que tal espaço seja mesmo ocupado com regularidade por
outros colegas.
Acho que a maioria dos estudantes agora já me conhece,
mas como mando o figurino, devo me apresentar. Fiz minha
graduação na UFPel, onde me formei em 1995. Lá, também
fui residente de Pediatria (1996-97). No final de 97 fui
aprovada no Exame Amrigs e então ingressei na Residência
de Genética Médica do HCPA, sobre a qual vou falar em
seguida. Ao término da Residência ingressei no mestrado e
nesta época fui professora substituta aqui na FURG (2001-
03), quando ainda não era Faculdade e sim Curso de Medicina.
Em paralelo, iniciava meu consultório de Genética Clínica em
Pelotas, atividade que mantive até janeiro de 2006, quando
então ingressei como professora efetiva aqui em Rio Grande.
Desde então, 5 turmas já passaram por mim e acredito que foi
possível dar uma ideia aos alunos de que a Genética é realmente
importante para a Medicina. Neste período tive a felicidade
de reiniciar e manter o ambulatório de genética e ter muitos
alunos trabalhando comigo, todos voluntários. Com eles, obtive
prêmios na MPU e na SAMED. O mais curioso de tudo isso, é
que nenhum desses alunos deseja ou desejou fazer genética,
mas isso não me entristece, pelo contrário, me deixa lisonjeada,
atingiu um de seus objetivos: despertar o gosto pela genética e
mostrar que é uma ciência necessária para a prática médica.
Como este jornal é de estudantes para estudantes, não
posso deixar de elogiar a ATM 2011 ( que me escolheu como
sua paraninfa) primeira turma que passou por mim e que
exemplifica o que falei anteriormente. Uma turma que aceitava
os desafios e cumpria suas tarefas com alta qualidade e, às
vezes, até antecipadamente.
Por quê eu escolhi a Genética como especialidade?
Sempre gostei de genética, desde o ensino médio, mas
não entrei na faculdade com a pretensão de segui-la como
especialidade. Como bolsista, durante 5 anos trabalhei na área
de epidemiologia, o que contribuiu muito para a minha
formação acadêmica. Eu sempre gostei muito de clínica e
assim, pensei na clínica médica, depois na pediatria pela qual
era apaixonada, mas queria descobrir algo mais e isso me levou
à genética, a qual começara a explodir na década de 90. Mais
do que com a especialização, me preocupava em ter uma
formação geral sólida, pois até mesmo para uma especialidade
complexa como a que escolhi, os fundamentos clássicos como
a semiologia e a relação médico-paciente são a essenciais.
Dessa forma, só me decidi no último ano.
Como é a Residência e a carreira de um geneticista?
Quando eu fiz a Residência havia somente 4 programas
e 4 vagas em todo o Brasil. Hoje, se não me engano, são 6
programas e 14 vagas, contando algumas de R4. Dependendo
pediatria, endocrino, neuro e gineco-obstetrícia e mais 2 anos
de genética. No HCPA, o R1 é dividido em Pediatria e Clínica
Médica, incluindo plantões, emergência e tudo o mais. No meu
caso que já era pediatra, fiz apenas ½ ano de Clínica e 2 anos
e meio de genética. Eu sempre achei haver necessidade,
principalmente da pediatria, antes da formação em genética e
encontrei respaldo nisso quando fiz estágios no Canadá e na
Inglaterra, onde é preciso fazer , pelo menos, 3 anos de
pediatria para depois começar a ser um geneticista. A formação
do médico geneticista permite que ele trabalhe também em
laboratórios de citogenética , erros inatos do metabolismo e
biologia molecular, desde que, faça prova para o título de
especialista nestas áreas. Tais áreas podem ser somadas à
clínica ou não. A maioria dos geneticistas possui vida
acadêmica e esta é a parte central de sua carreira, já que em
termos de consultório, a clínica pode ser boa, mas quase sempre
pequena, pois trata-se de problemas raros. O laboratório, pode
ser o mais rentável, mas muitos ainda preferem apenas a vida
acadêmica. São raríssimos os que se dedicam apenas à clínica
privada e estes , geralmente trabalham na área de Dignóstico
Pré-natal (DPN). Aliás, é possível trabalhar com todas áreas,
meu caso aqui, em função da demanda, ou especializar-se em
dismorfologia, erros inatos, DPN, neuro ou oncogenética.
Em relação a genética médica, minha alegria é ver que
está cada vez mais presente e que um médico geneticista já
não é mais chamado de um “pesquisador” como há anos atrás.
Meu temor é por ver que a especialidade está se vulgarizando
e, com isso, comercializando a genética.

CAPA

ENADE – Porque o boicote?

Pedro Salomão
Antes de mais nada, gostaria de rasgar
um pouco de seda e parabenizar a atual gestão
do DAFB pela iniciativa de voltar a rodar o
Glasgow 15 e pela atuação cada vez maior da
galera na construção dos nossos espaços
democráticos. Seja aqui na FURG ocupando as
nossas vagas de representação discente, seja em
outras universidades, defendendo que a voz de
nenhum estudante seja calada por medidas
autoritarias. Parabéns! Gostaria também de
agradecer pelo convite para escrever essas
palavras sobre esse tema tão importante que não
poderia deixar de fazer parte desse renascimento
do Glasgow.
Chegando final de ano, gurizada do 6°
ano apavorada com as provas de residencia,
pessoal do primeiro ano revisando peças de
anatomia e estudando fisiologia e mais uma
prova se faz necessaria, ou melhor, é enfiada
faringe abaixo: o ENADE - Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes. Antes de
começarmos a discussão sobre o assunto é
preciso que retornemos brevemente no tempo
para nos situarmos na questão da avaliação do
ensino superior do país.
Nos anos 90, a ANDIFES apresentou a
proposta de implementação do PAIUB –
Programa Avaliação Institucional das
Universidades Brasileiras, que era composto por
avaliações internas, externas e reavaliações, com
adesão voluntaria das universidades. Após a
posse de FHC, o PAIUB foi substituido pelo
Exame Nacional de Cursos, mais conhecido
como Provão. Obrigatório e ranqueador, aplicado
aos concluintes de todos os cursos anualmente,
classificando os cursos com conceitos de A a E,
o Provão foi contestado por diversos setores da
sociedade, com as principais críticas abordando
seu caráter punitivo e sua má formulação pois
avaliava apenas o “produto” final da
universidade, ou seja, o conhecimento adquirido
pelo aluno durante sua formação de maneira
pontual, sem considerar o contexto regional e
da própria instituição, colocando a culpa do mal
desempenho sobre o estudante. Outro ponto
fortemente criticado era a maneira como a midia
utilizava os resultados do ENC, gerando dúvidas
quanto a qualidade das instituições e de seus
graduandos. O Provão sofreu tanta pressão dos
movimentos sociais da educação, entre eles o
movimento estudantil, que seus conceitos de
nada valiam diante dos sucessivos boicotes
aplicados.
Lula, ainda candidato a presidência,
condenava o Provão e sinalizava a necessidade
de um novo tipo de avaliação das instituições de
ensino. Em 2003, o Ministério da Educação
criou uma comissão para desenvolver um novo
programa de avaliação do ensino superior. O
resultado foi o SINAES – Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior. Com um
discurso de construção coletiva, instituiu-se a
CONAES – Comissão Nacional de Avaliação da
Educação Superior – composta por
‘especialistas’ indicados pelo governo com
plenos poderes de decisão acerca das políticas
pedagógicas e metodológicas da avaliação do
ensino e sua aplicação nas instituiçoes. O
SINAES baseia-se em um tripé: avaliação dos
cursos, avaliação das insituições e avaliação do
desempenho dos estudantes – ENADE.
Ufa, chegamos finalmente no ponto. Não
irei me deter em críticas quanto as duas primeiras
pernas deste sistema para não nos alongarmos
demais e perdermos nosso foco. O ENADE em
si possui tantas fragilidades quanto o antigo
Provão. Parafraseando um amigo, “é o velho
transvestido do novo”. Ranqueamento, punição,
desrespeito às diferenças regionais também estão
presentes no ENADE. A classificação por
conceitos, desta vez de 1 a 5, diferenciando as
“melhores”e “piores” universidades são
amplamente divulgados pela midia, exatamente
como ocorria com o provão, novamente
colocando o estudante como foco da avaliação
da qualidade da instituição. Mesmo que o
ENADE tenha apenas pouca participação na
criacão do IGP (Índice Geral de Cursos) é o seu
conceito que é divulgado, e não a avaliacão final
do SINAES.
O caráter punitivo é claro, tanto ao
estudante quanto a universidade. O estudante que
não comparece ao local de prova tem seu diploma
retido, enquanto que a universidade que atinge
um mal conceito necessita se recuperar de acordo
com o Protocolo de Compromisso (que assina
garantindo que vai resolver os problemas
apresentados) sem receber investimentos para
isso. Ou seja, o Governo
Federal simplesmente
“detecta” o problema e
manda a universidade
resolve-lo, sem indicar
como e sem oferecer
incentivos para tal.
A avaliação ainda é
pontual. Avaliar
estudantes ingressantes e
concluintes, com a
MESMA prova, do Amapá ao Rio Grande do Sul,
arrasa com as diferenças regionais e
institucionais. Como se não bastasse o fato de
realizarmos diversas provas e seminários, sermos
avaliados subjetivamente e tecnicamente durante
toda a universidade temos que demonstrar nossa
habilidade médica(ou seja, conhecimentos
técnicos nas diversas especialidades, relação
médico paciente, ética médica, ...) em uma prova
de apenas 10 questões de conhecimentos gerais
e 30 de conhecimentos técnicos, além de um
questionário online.
Claro que a palavra boicote gera arrepios.
Não só a nós estudantes, que poderemos acabar
‘boicotando‘ nossa própria universidade, mas
principalmente aos dirigentes das instituições e
diretores de curso. Já existem experiências
positivas em relação ao boicote, vide UFBA que
o realizou em 2007. O que não podemos é fechar
os olhos e permitir que a precarização do ensino
público se desenrole na nossa frente sem que
pensemos e atuemos ativamente para a evolução
dos processos avaliativos. Existem outras
maneiras de avaliar as instituições e os
estudantes, basta que esses projetos sejam
discutidos e para isso necessitamos demonstrar
nosso descontentamento com a atual situação.
* Nota do DAFB
Colegas, só para reforçar: haverá na SAMED, dia 25 após a mesa de abertura, uma mesa redonda sobre o
assunto. Nela o tema ENADE será discutido sob diferentes perspectivas para possibilitar a formação
embasada de sua opinião.
Aqui exponho minha opinião, não a do
DAFB. Novamente, chamo a atenção para a
importancia do debate. Escutar apenas um lado
da moeda é errado, até porque nunca existe
apenas dois lados
em uma discussão
qualquer, muito
menos quando o
assunto é
política.Vivemos
em um país
democrático de
direito, apesar de
ainda termos uma
herança de
dominação imensa, expressada na opinião de
alguns colegas e ações de muitos de nossos
professores. Não podemos nos calar e permitir
que sejamos conduzidos pela universidade como
marionetes.
Nossa formação universitaria deve
abranger nosso desenvolvimento não só tecnico,
mas político, humano, crítico e transformador.
Contemplar, questionar, discutir, propor, crescer.
Esse é o caminho e o ENADE é uma ótima
oportunidade para nós estudantes mostrarmos a
nossa força e capacidade de organização. Deixar
claro que nos importamos com a contrução do
ensino público, gratuito e de qualidade para
servir a nossa sociedade.
Portanto, convido aos colegas que não
fiquem apenas com essas minhas palavras, até
porque não tenho capacidade de sintetizar tudo
o que o assunto propõe. Segue abaixo uma lista
de sites para uma leitura mais profunda e para
que cada um possa refletir sobre a dimensão do
tema e tirar sua proprias conclusões acerca do
ENADE e sobre a necessidade ou não de boicotá-
lo. Não “engulam” qualquer conversinha por aí.
Os futuro da educação em nosso país depende
do nosso interesse em transformá-la. Abraço!

CAPA História
O machismo na história do ensino médico
Joffre M. de Rezende – Publicado com
autorização da editora.
A e somente foi aceita pelo “Genova College”
medicina,
assim como
a carreira
militar e a
eclesiástica,
s e m p r e
f o r a m
atividades
consideradas
próprias do
s e x o
masculino.
Embora
a Escola de
Salerno, na
Idade Média,
admitisse mulheres no curso médico, houve a
partir de então uma dificuldade crescente de
acesso às Universidades para o sexo feminino.
Em relação à Medicina, havia ainda o
preconceito de que se tratava de uma profissão
inadequada à mulher por razões de ordem
moral. Quando muito admitia-se a colaboração
da mulher no cuidado aos doentes como
enfermeira, função exercida durante séculos
pelas religiosas de várias ordens (Irmãs de
Caridade), ou na assistência às parturientes,
como parteiras.
Em 1754, para assombro de toda a
Europa, uma alemã, de nome Dorotea Cristina
Erxleben, conseguiu o título de Doutor em
Medicina na Universidade de Halle, tendo sido
a primeira Mulher a receber oficialmente o
diploma de médico[A.Silva, p. 19].
Em 1809, nos Estados Unidos, as
primeiras estudantes que se matricularam em
um Colégio Médico, na Pensilvânia, foram
motivo de chacotas, insultos e desrespeito por
parte dos estudantes.
Na mesma época, em Edimburgo, na
Inglaterra, as primeiras moças que
conseguiram matrícula no curso médico foram
vaiadas, insultadas e agredidas pelos rapazes.
A Reitoria abriu um inquérito administrativo
e decidiu pela expulsão das alunas,
considerando-as culpadas pelos distúrbios. A
imprensa chamou-as de “as sete sem-
vergonha” e uma publicação médica,
intitulada Escholastic Medical, escreveu a
propósito: “nada há tão materialmente
inaceitável como uma doutora em medicina.
Se há paradoxo possível é a admissão da
mulher na arte de curar. Se Deus tivera
adivinhado que a mulher se havia de lembrar
uma vez de ser doutora em medicina,
certamente, não incomodaria o sono de Adão
para lhe tirar a costela...”[Asilva, p19-20]
Em 1812 formou-se em Edimburgo um
médico de nome James Barry, que ingressou
no serviço médico do exército inglês, tendo
trabalhado durante muitos anos como médico
militar nas colônias inglesas. Era franzino,
imberbe e tinha a voz fina. Com a sua morte,
em 1865, descobriu-se que se tratava de
mulher disfarçada em homem. Para evitar
escândalo foi sepultada como homem e só
posteriormente o segredo foi revelado.
Seguramente inspirada na lenda de Agnodice,
foi a maneira encontrada por essa mulher para
atender a sua vocação.[wiki, a silva, lyons,
565].
Apesar de todas as dificuldades
encontradas, algumas mulheres destemidas
conseguiram pouco a pouco vencer todos os
preconceitos e todas as barreiras.
Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010
Elizabeth Blackwell, ao tentar matricular-
se em um curso médico nos Estados Unidos,
teve o seu pedido recusado por 11 Faculdades
hoje “Hobart College”, em Nova York. Pela
manhã, ao se dirigir às aulas, as outras
mulheres se afastavam de seu caminho.
Diplomou-se em 1849 e a solenidade de sua
formatura atraiu uma multidão de curiosos,
que queriam ver a “Doutora”. Sua irmã, Emily
Blackwell, por sua vez, conseguiu matrícula
no “Rusch Medical College”, de Chicago, fato
que valeu à escola uma censura da Sociedade
Médica local.
Elizabeth procurou aperfeiçoar-se nos
Hospitais de Paris e de Londres e foi mal
recebida, sendo-lhe permitido freqüentar em
Paris apenas a Maternidade. De volta aos
Estados Unidos, juntamente com sua irmã
Emily e outra médica alemã, de nome Marie
Zakrzewska, fundaram em Nova York um
Hospital para mulheres e crianças pobres, o
“New York Infirmary for Women and
Children”. Este Hospital franqueou suas
instalações a todas as médicas que desejassem
freqüentá-lo. Neste Hospital foi criada a
primeira Escola de Enfermagem dos Estados
Unidos e nele se utilizou pela primeira vez
nos EE.UU. de um aparelho de raios-X. O
trabalho pioneiro das irmãs Blackwell foi mais
tarde reconhecido.[A silva, 20, Lyons 569].
A liberalização se deu lentamente e com
muita resistência. Em 1850 fundou-se em
Philadelphia a primeira escola médica para
mulheres, “The Female Medical College of
Pensylvania”. Os professores desta escola
eram mal vistos pelos seus colegas e pelas
sociedades médicas da época. Seguiram-se
outras escolas semelhantes, em Boston, New
York, Baltimore e Cleveland. Aos poucos,
aumentava o número de médicas nos EE.UU.
Em 1871, um editorial da revista Transactions
of the American Medical Association
comentava: “Uma outra doença está se
tornando epidêmica: a questão feminina na
medicina é apenas uma das formas pelas quais
a pestis mulieribus atormenta o
mundo...[Lyons, 571].
O exemplo dos EE. UU. foi seguido
por outros países. Em 1873 fundava-se em S.
Petersburgo, na Rússia, uma escola médica
exclusivamente para mulheres, e em 1874
criava-se na
Inglaterra a
“London
School of
Medicine for
Women”. A
Suíça foi o
primeiro país
europeu a A
liberar, em
1876, a Obstetrícia e chegou a ter uma grande clínica
matrícula em
suas escolas
médicas para
ambo os
sexos e logo
outros países
fizeram o que continha
mesmo.[Lyons 571]
O Brasil passou a permitir o acesso das
mulheres aos cursos superiores, inclusive o de
medicina, partir de 1879. Apesar das
autorizações legais, a tradição cultural e os
preconceitos sociais continuavam a opor-se à
presença das mulheres na profissão médica.
Em um publicação de1883, intitulada
Apontamentos e Comentários sobre a Escola
de Medicina Contemporânea, seu autor, que
dafbfurg.blogspot.com
assinava Leandro Malthus, assim se referiu às
estudantes do sexo feminino matriculadas no
curso médico: “São desertoras do lar. São,
finalmente, os inconscientes arautos que nos
vêm mostrar os prenúncios funestos da
dissolvência da família”[Doyle, p.61]
No mesmo ano em que o Brasil abria o
curso médico ao sexo feminino, as poucas
estudantes que conseguiram matrícula na
Faculdade de Medicina de Paris foram
duramente maltratadas por seus colegas.
No alvorecer do século XX, mais
precisamente em 1905, o Kaiser Guilherme II,
da Alemanha, ao ser indagado o que pensava
do estudo da medicina pelas mulheres,
respondeu com ironia: “a mulher deve ocupar-
se exclusivamente dos 3 K: Küche, Kirche e
Kinder” (cozinha, igreja e filhos).
No Brasil, a primeira mulher a receber o
diploma em medicina foi MARIA AUGUSTA
GENEROSA ESTRELA, natural do Rio de
Janeiro. Como em nosso país, até 1879, era
vedado o estudo de Medicina a moças, dirigiu-
se ela aos Estados Unidos em 1875, com
apenas 16 anos de idade, tendo concluído o
curso em Nova York, em 1881. Retornando
ao Brasil em 1882, revalidou o seu diploma
na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,
passando a exercer a clínica.
A partir de 1879, com a reforma
Leôncio de Carvalho, foi autorizada a
matrícula de mulheres nas escolas superiores.
A autorização legal, entretanto, em nada
mudou a situação, em vista dos arraigados
preconceitos sociais contra o curso de
medicina.
A partir de 1881 registraram-se algumas
matrículas de moças nas duas Faculdades de
Medicina existentes no País: a do Rio de
Janeiro e a da Bahia. As três primeiras
mulheres a concluir o curso médico no Brasil
foram três gaúchas: RITA LOBATO VELHO
LOPES, da cidade do Rio Grande;
ERMELINDA LOPES DE VASCONCELOS,
natural de Porto Alegre, e ANTONIETA
CESAR DIAS, de Pelotas.
As três se matricularam na Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro, porém RITA
LOBATO transferiu-se para a Faculdade de
Medicina da Bahia, onde concluiu o curso em
1887. Defendeu tese de doutoramento em 24
de novembro de 1887 versando sobre um
estudo comparativo das diferentes técnicas
utilizadas à época nas operações cesarianas.
ERMELINDA VASCONCELOS formou-se
em 1888 e ANTONIETA CESAR DIAS em
1889, ambas no Rio de Janeiro.(A.Silva,
1954).
A primeira médica formada no Brasil,
portanto, foi RITA LOBATO VELHO LOPES.
segunda, Dra. ERMELINDA
VASCONCELOS, que se dedicou à
no Rio de Janeiro. Por ocasião de sua
formatura mereceu uma crônica do historiador
S i l v i o
Romero, sob
o título
“Machona”,
as seguintes
palavras:
“Esteja certo
a doutora
que os seus
pés de
machona não
pisarão o
meu lar”.
Te m p o s
4
depois, a Dra. Ermelinda foi chamada para
fazer o parto da mulher de Silvio Romero. Na
ocasião mostrou-lhe um recorte de jornal que
guardava consigo, com a referida
crônica.[A.Silva].
No início do século XX, a atenção
mundial era despertada para o fato inédito de
uma mulher - MARIA SKLODOVSKA
CURIE - ter ganho o prêmio Nobel de Física
em 1903, juntamente com seu marido Pierre
Curie. Apesar disso, a Academia de Ciências
de Paris recusou-se a admiti-la como membro.
Em 1911, quando já não vivia Pierre, ganhou
sozinha o prêmio Nobel de Química em
1911.[Mc Greyne). Era assombroso a mesma
mulher ganhar duas vezes o prêmio Nobel:
desfazia por completo a idéia generalizada da
inferioridade da inteligência feminina (O
filósofo Schopenhauer havia definido a
mulher como um ser de cabelos longos e idéias
curtas).
Pouco a pouco os espaços foram sendo
conquistados e a medicina deixou de ser
privilégio dos homens. Figuras notáveis de
médicas e pesquisadoras têm surgido nas
últimas décadas. Oito mulheres já foram
aquinhoadas com o prêmio Nobel de
Fisiologia e Medicina: Gerty Cori, em 1947,
Rosalyn Yallow, em 1977, Barbara
McClintock, em 1983, Rita Levi-Montalcini,
em 1986, Gertrude B. Elion, em 1988;
Christiane Nuesslein-Volhard, em 1995; Linda
B. Buck, em 2004, e Françoise Barré-Sinoussi,
em 2008, em parceria com Luc Montagnier,
pela descoberta do vírus da AIDS.[Nobel]
Um dado expressivo da mudança de
mentalidade em nosso País, a respeito desta
questão, pode ser colhido no levantamento
realizado, entre 1994 e 1996, pelo Conselho
Federal de Medicina, em parceria com o
Instituto Oswaldo Cruz, para avaliação da real
situação do médico no Brasil.
Dentre 184.708 médicos pesquisados
em todo o território nacional, 124.125 (67,2%)
eram homens e 60.583 (32,8%) eram
mulheres. Quando se considerou a distribuição
por sexo e idade, verificou-se que, com idade
inferior a 35 anos, havia 50% de cada
sexo.[Machado]
Fontes bibliográficas
LYONS, A. S.., PETRUCELLI, R. J. Medicine. An illustrated
history. New York, Harry N. Abrams Inc., Publ. 1978.
SILVA, Alberto – A primeira médica do Brasil. Rio de Janeiro,
Irmãos Pongetti Ed., 1954
McGRAYNE, Sharon Bertsch. Mulheres que ganharam o
prêmio Nobel em Ciências. São Paulo, Marco Zero, 1994.
MACHADO, M. H., Os médicos no Brasil. Um retrato da
realidade, Rio de Janeiro, Ed. Fiocruz, 1999.
MAIA, G., D., Biografia de uma faculdade. UFRJ, 1995.
WIKIPEDIA, Internet, “James Barry (surgeon)’, disponível
em: http://en.wikipedia.org/wiki/
James_Barry_(surgeon)
NOBEL PRIZE ORG. Internesurgeont. Disponível em:
http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/
i n d e x . h t m l
Autoria
Rezende JM; O machismo na História do Ensino Médico In:
REZENDE, J. M. À sombra do plátano: Editora Unifesp,
2009. 408 p.
Disponível na Web: http://usuarios.cultura.com.br/
jmrezende/
machismo.htm Acessado em 14/09/2008.

Leia mais...
À Sombra do Plátano
Crônicas de história da
medicina - Obra contém coletânea
de textos que revelam episódios e
personagens da história da
medicina.
“À Sombra do Plátano é um
livro de história da medicina não
no estilo tradicional de descrição
longitudinal ou transversal da
evolução de conceitos e progressos
havidos, seguindo uma trajetória
mais ou menos contínua através do
tempo. [...] O leitor pode escolher
os assuntos que lhe pareçam mais
interessantes e, sem prejuízo do
conjunto, desfrutar da leitura. [...]
Se o leitor é médico, estudante de
medicina, profissional ou estudante
de qualquer área ligada à saúde,
este livro ser-lhe-á de melhor
compreensão. Se estiver fazendo
um curso de história da medicina,
a motivação e o aproveitamento
serão particularmente grandes.
Mas, se o leitor for um simples
curioso interessado nas coisas
médicas ou em história geral, digo-
lhe que, mesmo assim, este livro
fará muito bem à sua cultura geral.
[...]
Em suma, trata-se de obra da
melhor qualidade destinada aos que
se interessam pela história da
medicina, de valor inestimável pelo
seu conteúdo, de alto teor cultural
e de irretocável qualidade no que
tange ao vernáculo.”
Ulysses G. Meneghelli,
professor titular da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
O autor:
Joffre Marcondes de Rezende
Professor emérito da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal
de Goiás e médico
gastroenterologista. Após
aposentadoria em 1987, iniciou, na
mesma faculdade, um curso de
extensão de história da medicina,
que se tornou disciplina curricular
optativa. É um dos membros
fundadores da Sociedade Brasileira
de História da Medicina.
Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010 dafbfurg.blogspot.com
Intercâmbio
Um pouco sobre a História do Movimento Estudantil de Medicina
Por Bruna Ballarotti do CALIMED (UFSC)
Você já deve saber que o Diretório Acadêmico Francisco Martins
Bastos (DAFB) é o órgão que representa os estudantes de Medicina da
FURG. Pode saber também que nacionalmente, todos CA/DAs e estudantes
de Medicina do Brasil são representados pela Direção Executiva Nacional
dos Estudantes de Medicina (DENEM). Mas desde quando surgiu esse
hábito dos estudantes de Medicina se organizarem? O que motivou e ainda
motiva esses estudantes a se reunirem, se encontrarem e defenderem coisas
em comum?
Em 1808, com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, foi
fundada a Escola de Medicina da Bahia, a primeira do país. No final do
século XIX já se tem registro dos estudantes de Medicina de Salvador se
organizando em Sociedades Acadêmicas, com o papel de realizar
benfeitorias na região e de debater a qualidade de sua formação. Com o
advento da Universidade, já na década de 1930, Getúlio Vargas incorpora
a estrutura de Centros Acadêmicos dentro da instituição, numa tentativa
de obter mais controle sobre as diversas modalidades de organização dos
estudantes que existiam até então. Apesar dessa origem tutelar, a criação
dos Centros Acadêmicos não obedeceu ao seu suposto futuro de submissão.
Pelo contrário, o feitiço vira contra o feiticeiro, e a criação dos CAs só faz
dar mais organicidade para o Movimento Estudantil (ME), que não deixou
de se manifestar e de reivindicar suas bandeiras.
É no final da década de 1950 e início da década de 1960 que o ME
amadurece seu conceito de Universidade. Para os estudantes, a
Universidade deve servir de instrumento para superar as desigualdades
existentes em nossa sociedade, e deve prover ferramentas para que a
sociedade se mobilize e lute por seus direitos. É um período onde o país
debate as Reformas de Base do João Goulart, e a UNE, criada em 1937,
alcança grande legitimidade pelos diversos seminários que realiza e greves
que articula, no sentido de trazer a público a construção sendo feita pelos
estudantes.
O Golpe Civil-Militar de 1964 interrompe esse processo. O Regime
Militar vai efetuar uma série de mudanças econômicas, políticas, sociais
e culturais que terão na Universidade e na organização política um objeto
específico de controle. De 1965 a 1968 o Governo Militar vai aprimorando
sua proposta de Universidade. Com a ajuda da USAID (United States
Agency for International Development) elabora uma Reforma Universitária
de caráter privatista, que visava sucatear as universidades públicas através
de um drástico corte de verbas e da inserção do ensino pago dentro das
Vale a pena conferir
A morte de Ivan Ilitch
Por Arnildo D. Miranda Jr
A morte de Ivan Ilitch de
Leon Tolstói é considerada
uma das maiores obras da
literatura universal, um livro
curto, direto e sem floreados.
Aquilo que tem a dizer é dito
em poucas páginas e de
forma simples, contudo esta
obra trata de um tema muito
delicado, a morte, como o
título já revela. Ela levanta
todos os sentimentos
envolvidos com esse fato: a
negação, o sofrimento, a falta de compreensão dos outros,
as dificuldades dos que o rodeiam de manifestar os
sentimentos e o próprio fato de já considerarem Ivan Ilitch
morto.
O livro constrói-se a partir de imagens do cotidiano, da
vida de Ivan Ilitch, de sua filosofia da vida mundana, de um
esforço para ser aceito na alta sociedade, sem brios ou vitórias
reais, mas acontecimentos de pouca grandeza, sem heroísmo.
Aliás, ao adoecer, duas revelações surgem para Ivan Ilitch:
sua doença, que lhe toma o lugar de protagonista e a relação
da sociedade com o moribundo, o real abandono do moribundo
perante todas as pessoas de seu círculo, exceto Guérassim,
fiel mujique que acompanha sua dor. É um livro forte e cada
página traz muito emoção. Boa Leitura!
5
mesmas. A Reforma Universitária de 1968, que demonstrava ainda mais
o autoritarismo do Governo Federal e seu controle sobre a Universidade,
faz com que os estudantes, mesmo proibidos de se manifestar, saiam às
ruas em 1967 e 1968, alcançando grande visibilidade e estabelecendo
diálogo com diversos outros grupos e movimentos sociais, para denunciar
o que estava acontecendo não apenas na Universidade, mas na sociedade
brasileira como um todo. Em dezembro de 1968 é decretado o AI-5, que
poe fim a qualquer possibilidade de articulação e mobilização como se
conhecia até então. Muitos grupos nesse momento não vêem outra opção
de combater o regime que não a luta armada, urbana e rural. O aparelho
de repressão do Regime Militar vai se aperfeiçoando, e até 1972 quase
todos os grupos de luta armada foram dizimados.
Após esse baque do AI-5, na primeira metade da década de 1970,
apesar do aparente vazio, se ensaia o retorno aos Centros e Diretórios
Acadêmicos. Os estudantes estão vivendo na pele as conseqüências da
Reforma Universitária de 1968 e precisam se organizar...Mas como? A
UNE estava na ilegalidade, os DCEs e DAs sob controle da Ditadura. É
nesse momento que ganha força uma outra forma de se organizar, o
“Movimento de Área”, onde estudantes do mesmo curso se encontram
pelo Brasil, nos Encontros de Área, geralmente com um mote acadêmico/
científico, mas que serve para os estudantes se articularem politicamente.
Esse movimento é o embrião, quando encerra a ditadura, das diversas
executivas de curso que se oficializam ao final da década de 80.
No nosso caso, foram criados os Encontros Científicos dos Estudantes de
Medicina (ECEMs) em 1969, que acontecem até hoje, há mais de 40
anos. E no ECEM de 1986 em Fortaleza é fundada a DENEM, entidade
que representa todos os estudantes de Medicina no Brasil desde então.
São quase 25 anos defendendo uma Educação Pública, Gratuita e de
Qualidade, defendendo o Sistema Único de Saúde e seus princípios,
defendendo uma formação médica de qualidade e comprometida com as
necessidades de saúde da população. Bandeiras que surgiram ainda na
década de 1970 e que fazem sentido até hoje.
3 idiotas
Por Arnildo D. Miranda Jr
3 idiotas (2008), ganhador de muitos prêmios pelo mundo
todo, é mais um sucessos do cinemas indiano que chega ao Brasil.
Na verdade na Índia são produzidos muitos filmes de qualidade
artística admirável, dentre esses o ganhador do Oscar de 2009 na
categoria de melhor filme: “Quem quer ser um milionário”. Contudo
poucos chegam ao nosso conhecimento.
3 Idiotas pode ser classificado como comédia, mesmo assim,
o longa possui pitadas de drama, romance e até mesmo de
suspense. Contudo o filme não se limita a diversão e
entretenimento, apresentando também um lado crítico ao questionar
a educação rígida da Índia, na qual muitos rapazes são mandados
para escolas de engenharias pelos seus pais, sem direito à escolha,
visto que é uma profissão que tem um futuro promissor nesse país,
além de questionar os métodos de ensino, que tratam os alunos
como máquinas e não seres humanos. 3 Idiotas é fabuloso e de
grande qualidade, pode ser apreciado pelos mais variados
espectadores. É um filme que realmente vale a pena ser assistido.
 Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010 dafbfurg.blogspot.com
CAPA
XIX Semana Acadêmica de Medicina FURG
FURG
Kelly Gelinske e Gabriela Breitenbach especialista em cardiologia-; Exames em Neurologia -Dra. Maria
Helena Fenalti Neurologista e Neurofisiologista da clínica Tesla-
Em 1985, a Comissão de Curso de Medicina (COMCUR) ; Uso racional e interpretação de Exames complementares -Mestre
promove a primeira Semana Acadêmica de Medicina.Essa é um em Clínica Médica e especialista em doenças infecto parasitárias
espaço onde a união dos profissionais da saúde proporciona a Hugo Cataud Pacheco Pereira-.
troca de experiências culturais e acadêmicas. Também é um Na segunda-feira dia 25 de outubro pela manhã e pela
momento onde seus estudantes tomam conhecimento de produções tarde serão apresentado os trabalhos na modalidade de
científicas diferenciadas, pensam junto suas dificuldades comuns apresentação oral e banners respectivamente, sendo premiado o
e propõem soluções, com isso adquirem uma visão mais ampla de primeiro classificado no encerramento que ocorrerá no dia 28 de
sua profissão em seu país. Essa vontade de crescer e atuar, continua outubro.À noite iniciam-se as palestras, logo após a cerimônia de
no coração de nossos estudantes. O diretório permanece atuante, abertura, seguida de uma Mesa de debates sobre o ENADE, a
tendo organizado eventos que mobilizaram um grande número de qual será composta por Mário San Segundo (Professor e Mestre
pessoas (SAMED, protesto contra o bacharelado em medicina, de História na UFRGS), Babington Rodrigo Silva - Coordenador
edição de um jornal próprio, assembléias internas,ocupações entre da Sul I da DENEM- , Prof. Obirajara Rodrigues -Coordenador
outros) e participando de importantes fóruns e espaços de discussão do Curso de Medicina da FURG- e Prof. Dr. em Engenharia
do movimento estudantil de medicina, onde constrói suas políticas Mecânica Humberto Camargo Piccoli e Profa. Mestra em Ciências
internas e torna o DAFB reconhecido nacionalmente. Biológicas Cristina Zardo – responsáveis pelo modelo de avaliação
Neste ano a XIX Semana Acadêmica conta com um mini- da FURGI.
curso a tarde e palestras sobre diversos assuntos no turno da noite.O Na noite de terça a palestra sobre Mercado de Trabalho
mini-curso contempla o tema sobre Interpretação de Exames, em Medicina da Família e Comunidade será ministrada pelo Dr.
visando aprimorar o conhecimento dos acadêmicos a respeito Luis Antônio Benvegnú - Médico e Doutor em Epidemiologia e
Eletrocardiograma -ministrado pelo Prof. Carlo Schmidt Baldoni, Dr. Arílson Silva Cardoso – Médico Sanitarista; Secretário da
Saúde de São
Lourenço do Sul;
Presidente da
ASSEDISA.Que
pretende ilustrar
modelos de Sistema
da Saúde Pública de
referência e as
opções de trabalho
que essa área
proporciona. Ainda
na mesma noite o
Atendimento Pré-
hospitalar será tema
dos palestrantes:
Dra. Edi Marlene
Santana – formar profissionais com senso crítico e conhecimento, inserido
Ginecologista
O b s t e t r a ;
Coordenadora do
Comitê de Urgência
do Município de
Pelotas e Dr. Carlos
Augusto Comet
Júnior – Médico
Regulador e -Nicolas Martinez ATM 2014
Intervencionista do
SAMU Pelotas;
Médico da ECO-
Sul, com enfoque
para médicos em
formação em
situações de
emergência nas ruas.
Aconteceu
Fique ligado
Projeto: CRACK QUEBRANDO ESSA mudar esse cenário, o qual afeta não apenas a sua
- A eleição do DCE IDEIA cidade, mas certamente grande parte das cidades
brasileiras. Pesquisaram então por conhecimento
ocorrerá em Paula Ruiz Trevisol.
sobre a droga para poderem planejar sua atuação na
novembro. Procure comunidade, quando, no entanto, encontraram
informar-se a respeito apenas falta de informação específica na literatura e
das chapas que estão de preparo das equipes dos profissionais da área da
concorrendo. saúde. Portanto, percebida nessa situação, a
necessidade de melhor preparar os estudantes e
- Os estudantes da profissionais da área para poderem atuar
FURG terão a orientada
corretamente nas condutas frente a esses pacientes
oportunidade motivou a realização do Simpósio.
novamente de avaliar Os temas abordados foram, entre outros, as
seus professores em variadas linhas de tratamento, os efeitos do uso do
todas as disciplinas. crack nos recém-nascidos e o uso dessa droga por
Autoavaliação crianças e adolescentes, além de depoimentos de ex-
Institucional é a usuários. Entre os palestrantes, Fernando Amarante,
oportunidade dos Vice-Presidente do Conselho Estadual de Políticas
estudantes auxiliarem Sobre Drogas do Rio Grande do Sul, Dr. Luiz
Realizou-se, entre os dias 9 e 11 de
na construção de uma setembro de 2010, na cidade de Rio Grande, no
Antônio Saint Pastous Godoy, psiquiatra e Diretor
nova forma de pensar estado do Rio Grande do Sul, o Simpósio
Técnico da Clínica São José de Porto Alegre- RS e
a Universidade e Informativo sobre o Crack, primeira etapa do
Dr. Félix Kessler, psiquiatra e Vice-diretor do Centro
ajudá-la a implantar projeto Crack Quebrando essa Idéia.
de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS.
melhorias. O período O simpósio lotou o auditório do Hospital
O projeto foi idealizado por alunos do
da avaliação será de terceiro ano da Faculdade de Medicina da
Universitário e teve grande aprovação por seus
18 de outubro a 16 de participantes. No entanto, o projeto está apenas
Universidade Federal do Rio Grande (FURG), os
novembro pelo site começando; as próximas etapas já estão sendo
quais, tendo contato com um número considerável
www.sistemas.furg.br. idealizadas. Para mais informações, acesse o site:
de pacientes usuários de crack ou de alguma forma
atingidos pelo uso dessa droga, motivaram-se a http://www.crackquebrandoessaideia.com .
6
Já na quarta-feira, dia 27 virá de São Paulo a Dra. Cláudia
Sá Amaral especialista em ginecologia e obstetrícia, formada em
1990 na FURG, pós-graduanda na Santa Casa de Porto Alegre
que contará em sua palestra intitulada “Idealismo na Medicina no
século XXI” suas experiências com Medicina de Comunidade
no pós-guerra de Angola em 1996 e no pós-guerra de Kosovo em
1999, sobre seu trabalho em Moçambique que durou 2 anos e em
Ruanda, também por 2 anos, além disso atuou 5 anos em Manaus
na Amazônia.
No último dia de palestras, contaremos com a presença
do Mestrando em Medicina na disciplina de Emergência Clínica
pela USP- Santiago Correa- que palestrará sobre o tema “Como
dar Más Notícias” (Sobre SPIKES, Sua Variante CONES e a
Estratégia de Ensino I*CARE), uma vez que esse tema não é
abordado no currículo e se mostra com muita importância, visto
que o médico nem sempre consegue garantir cura, porém pode
sempre trazer conforto aos momentos mais difíceis da vida do
paciente. Na sequência teremos uma apresentação do Dr. Fernando
Weber Matos, Presidente do Conselho Regional de Medicina do
Estado do Rio Grande do Sul, que nasceu em Porto Alegre,
formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em
1971, especialista em Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo,
titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia, ex-professor adjunto de
Cirurgia na Ulbra, mestre em Saúde Coletiva, ex-superintendente
do Grupo Hospital Conceição (GHC), o qual ministrará sobre o
Novo Código de Ética da Medicina, que sofreu alterações este
ano, assunto que diz respeito a todos profissionais da saúde uma
vez que guia nossa conduta profissional correta.
Aos alunos que participarem das palestras e do mini-curso
receberão certificado de 40 horas, já os certificados dos
acadêmicos que optarem apenas pelas palestras à noite terão 20
horas. As assinaturas que validam as presenças e o abono de faltas
nas aulas serão colhidas ao início e término de todos os turnos
com tolerância de 30 min.
Para dúvidas quanto às normas de apresentações de
trabalhos os organizadores estão disponibilizando folha
informativa e modelo de resumo no local de inscrições.
Contamos com sua presença na XIX SAMED, para cada vez mais
em um centro universitário capaz de formar médicos atuantes tanto
no campo humano quanto técnico. Enfim, um profissional
completo e motivado a proporcionar melhor qualidade de vida à
população.
Qualquer outra dúvida entrar em contato com os organizadores
do evento:
- Pedro Berro ATM 2014
-Mauro Pavesi ATM 2014
-Claudir Junior ATM 2014
-Bruna Porto ATM 2014
-Carolina Cunha ATM 2014
-Danilo Zanotta ATM 2014
-Rodrigo Luz ATM 2015
-Camila Fogaça ATM 2015
-Kelly Gelinske ATM 2014
-Gabriela Breitenbach ATM 2014
Criação da Liga de Educação e Saúde
Mayara Floss
Durante o mês de agosto e setembro, foi criada e
consolidada a Liga de Educação e Saúde (LES) na FURG.
Idealizada
pelos alunos
do primeiro
ano e
p e l o
professor
T a r s o
Teixeira a
LES atua em
outubro e
novembro
no Centro de Atenção Integral a Criança (CAIC) à noite
no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) com
oficinas sobre prevenção e rodas de discussão com os
alunos. Com os objetivos de estimular a promoção e
prevenção da saúde, a participação do profissional em
formação na discussão sobre as políticas públicas de saúde
- contribuindo para a conscientização sobre a importância
da medicina preventiva - e colaborar para a formação de
profissionais capacitados a trabalhar em equipes e
compreender o processo saúde em sua real complexidade.

CAPA
Ocupação da reitoria da UFCSPA
Na fund(ação) das nossas bases:
uma narrativa sobre a ocupação da
UFCSPA
M. F.
Tomei a liberdade de escrever um
pouco aqui do começo da manifestação pelo
CAXXII de março da UFCSPA, ao seu
desfecho e em que se transformou o
movimento que parecia simples, mas tomou
proporções gigantescas.
Éramos três estudantes do primeiro
ano da Universidade Federal de Rio Grande
(FURG) e mais vários veteranos
(principalmente do segundo ano). Tudo
começou após uma palestra sobre o
movimento estudantil e as palavras do ex-
presidente (atual secretário geral) do CAXXII
de março da Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA – antiga
Fundação), que ainda estava (há pelo
menos 8 meses se estendia a “lenga-
lenga”) na luta pela reconquista do
seu espaço que foi demolido
arbitrariamente sem maiores
satisfações da reitoria. A palestra foi
no dia 5 (domingo) de setembro
dentro do contexto do XV EREM
que, inclusive, estava com o título
ousado de “Procura-se Educação
Médica de Qualidade”. O Secretário
explicou que o CAXXII de março
fundando em 1961 teve uma
trajetória marcada pelas
reivindicações de caráter acadêmico
e por confundir-se com a própria história da
UFCSPA (como a maioria dos CA/DAs
atuantes confundem-se com a história da sua
universidade).
Foi apresentada a pauta de
reivindicações que o CAXXII de março
propôs a reitoria, exigindo
comprometimento à: fornecer motivo concreto
para a demolição da antiga sede do CA XXII
de Março em janeiro de 2010; disponibilizar
a planta baixa das construções do anexo 2 e 3
que estão em andamento no campus central, a
planta baixa da antiga sede destruída no mês
de janeiro de 2010 do CA XXII de Março e
também disponibilizar por escrito o local
exato das futuras instalações definitivas do CA
XXII de Março, assegurando área mínima
igual à metragem da antiga sede; como medida
emergencial, disponibilizar espaço imediato
com capacidade para a realização de reuniões,
com autonomia de horário e controle do
espaço por parte dos estudantes, com
localização necessariamente dentro do campus
central e de fácil acesso, de no mínimo 50m²;
e disponibilizar espaço de convivência para
os estudantes da UFCSPA, com metragem
adequada, cerca de 100m², para propiciar boa
integração entre os acadêmicos. Sugerimos o
espaço atualmente ocupado pela Capela ou um
espaço no Estacionamento do anexo 2; não
haver punição a nenhum estudante envolvido
nas manifestações realizadas pelo CA XXII
de Março.
Não sei a que ponto isso foi consenso
geral, mas nos solidarizamos com questão do
CAXXII de março porque as reivindicações
deles não estão tão distante da nossa;
aparentemente ninguém hesitou em apoiá-los.
Na noite do dia 5 de setembro após a palestra
e a apresentação do caso eu e meu colega
usamos nossos “dotes” musicais (violão e
Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010
balde, quem estava presente entenderá) no
Sarau do EREM e tocamos madrugada
adentro. Pela manhã, nós, três mosqueteiros
do primeiro ano, levantamos com os olhos
cansados pedindo por mais algumas horas de
cama. Mesmo com os olhos cansados, como
todos que leram este texto já passaram e
assistimos à palestra pela manhã e almoçamos
rapidamente.
Foi combinado que sairíamos às
12h30min do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre e caminharíamos até o prédio da
reitoria da UFCSPA. Saímos com apenas dois
cartazes e muita vontade pelas ruas de Porto
Alegre passando (na maioria das vezes) pelos
olhares “tortos” das outras pessoas, que
arraigaram erroneamente o movimento
estudantil à vandalismo. Entoamos canções,
batemos palmas (até minhas mãos
avermelharem) e em baixo do sol levamos
cantos como:
“Quem disse que sumiu aqui quem fala
é o movimento estudantil” – estávamos
reavivando os nossos corações, ou “Quem são
vocês? Sou estudante. Não escutei! Somos
estudantes. Mais uma vez! Sou, sou estudante
eu sou, eu quero me organizar, mas sem CA
não dá vamos a luta!”
o
Entre outras canções vivas em minha
memória. No caminho da UFCSPA passamos
pelo campus da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e convidamos outros
alunos para participar da manifestação. O
coordenador geral da DENEM (Direção
Executiva Nacional dos Estudantes de
Medicina), Luís Guilherme de Souza, do
Diretório Acadêmico Nilo Cairo (DANC) da
Universidade Federal do Paraná (UFPR), fez
o convite no campus da UFRGS da seguinte
maneira: ele falava uma frase e repetiam-se
todas as nossas vozes em forma de convite,
da aproximadamente da seguinte maneira:
LG: - Nós estamos aqui
Todos: - Nós estamos aqui – (e nossas palavras
reverberaram pelo campus).
LG: Para reivindicar o direito do Centro
Acadêmico XXII de março – e repetíamos –
da Fundação a recuperar seu espaço que foi
arbitrariamente demolido – e ecoávamos – em
uma manifestação pacífica, obrigado – e
nossas palavras ficaram ressonando no
campus. Alguns bravos estudantes juntaram-
se a nossa causa.
Ao nos aproximarmos da UFCSPA
escutamos a bateria da universidade e,
sinceramente, arrepiei-me. Estávamos
começando a juntar nossas forças. Através de
dafbfurg.blogspot.com
um megafone, as lideranças
coordenavam nossa manifestação,
que a princípio iria terminar até as
13h30min do dia seis de setembro.
O coordenador geral da
DENEM e o secretário geral do
CAXXII de março informaram que
iriam tentar um diálogo com a
reitoria. Enquanto eles trilhavam o
início do nosso caminho, tentávamos
pressionar a reitoria com a
movimentação lá em baixo. Para
quem não sabe a reitoria da UFCSPA
se localiza no quinto andar do prédio
de entrada do campus UFCSPA.
Escutamos novamente a pauta pelo
megafone, aplaudimos e seguimos com a
nossa entoação. Depois de algum tempo, em
uma estreita sintonia com nossas lideranças
(sintonia sem usar meios de comunicação),
nós que estávamos lá embaixo começmos a
passar pelas roletas da Fundação com a digital
e cartões dos alunos que nos conduziam pelo
“castelo da REItoria”. Enquanto estávamos lá
em baixo o vice-reitor da UFCSPA (a reitora
não estava presente) – confortavelmente
sentado em seu trono e com espaço para fazer
as próprias reuniões – alegava que não
receberia os estudantes.
Se a história acabasse aqui, com
certeza, já seria um grande feito para a história
da universidade que até então nunca havia
presenciado tal fato. Subimos em estreita
sintonia, enquanto nossos porta-vozes
continuavam com a porta fechada nos seus
narizes (claro, a reunião). Subimos cantando
até a torre do quinto andar às portas da reitoria,
às vezes, quando via meus colegas do primeiro
ano os olhares passavam de assustados para
corajosos.
Não posso dizer que não temi, mas
posso falar que o leão das diversas injustiças,
não só do CAXXII de março, mas da nossa
saúde e das nossas escolas médicas, em geral,
estava bradando em meu peito. Ao chegar no
topo da torre do castelo eu já estava sem voz,
mas com certeza ainda gritava pela nossa luta
engasgada.
O movimento foi tomando forma e
depois de algum tempo pressionando o
castelo, entramos oficialmente na ala da
reitoria, agora a porta do vice-REItor estava a
um passo. Sentamos pacificamente em seu
corredor, mas ainda continuamos cantando,
esperando que o representante da reitoria
abandonasse seu conforto.
Enfim, depois dos primeiros passos,
parecíamos estar conquistando de fato algo
(concreto, pois o sentimento já estava
inundado). O vice-reitor solicitou a presença
7
de 4 “cabeças” para fazerem uma reunião,
então neste momento foi perguntando quem
se considerava líder da manifestação e
instantaneamente todos os alunos presentes
levantaram a mão e a REItoria teve de dialogar
francamente (ou pelo menos era o que
esperávamos) frente a todos.
O vice-reitor, um tanto quanto restrito,
só tinha a máxima “não sei” para nos
responder e dizia se comprometer a levar a
nossa causa para instâncias superiores, porém
sem dispor-se a assinar um termo. Após
ficarmos sem nenhuma resposta satisfatória
dos sete pontos citados acima, além de outras
propostas que surgiram por parte dos alunos,
sugerimos que a nossa proposta fosse melhor
analisada e aguardaríamos uma contra-
proposta até às 17h. Nesse momento foi
tomada a decisão de seguir as atividades
“normalmente” do EREM nos corredores
da reitoria da UFCSPA.
Nesse momento nosso horário de
13h30min, já havia sido ultrapassado e
estávamos por volta das 14h. Nos
corredores da UFCSPA, tivemos a nossa
palestra sobre a greve dos residentes com
Gustavo Arruda Passos Freire de Barros
sobre a mão de obra barata dos médicos-
residentes, a necessidade do auxílio-
moradia, alimentação e outros direitos do
trabalhador: como 13.º, férias e licença-
maternidade. Por exemplo, os residentes não
são incluídos nem na classe de estudantes nem
da de trabalhadores (afinal não possuem os
direitos trabalhistas), mas pagam os impostos
trabalhistas. Em meio a seu discurso Gustavo
rememorou seu tempo de participante do
Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC) da
Universidade de São Paulo (USP) o qual teve
sua sede no ano de 1997 incendiada
criminosamente e depois ficou fechado até o
ano 2000, quando foi concretado com a
desculpa de realizar obras. Na época do novo
milênio especulava-se que a sede do CAOC
fosse virar laboratórios de professores, fato
que moveu os alunos – Gustavo no seu
primeiro ano de faculdade – a pegarem
“marretas e picaretas” e reconquistar o CAOC.
Nesse contexto, percebo que o nosso
espaço estudantil está cada vez menor, nossa
voz está cada vez “mais baixa”, inclusive, aqui
na FURG, o nosso Diretório Acadêmico
Francisco Martins Bastos (DAFB) possui
poucos metros quadrados para nos
articularmos e organizarmos.
Ainda na palestra o grevista tocou no
assunto que muitas pessoas perguntavam a ele
“porque está lutando por essa greve, se logo
terminaria a residência e não desfrutaria nada
ou muito pouco das possíveis conquistas?”.
Não com uma resposta muito diferente da
nossa, ele insistia que as mudanças eram para
todos e a conquista entra em um contexto

muito maior, inclusive a solidariedade entre
os colegas.
(Só um parênteses: no código de ética
médica está escrito no artigo 15° do capítulo
dois as seguintes palavras: “deve o médico
ser solidário com os movimentos de defesa
da dignidade profissional, seja por
remuneração condigna, seja por condições
de trabalho compatíveis com o exercício
ético-profissional da Medicina e seu
aprimoramento técnico” – perdoem-me as
pessoas que não são estudantes da medicina,
mas pareceu-me viável trazer estes
questionamento da minha futura profissão,
não tão distante, também, da necessidade da
nossa solidariedade com os nossos colegas
estudantes e futuros colegas de profissão).
Enquanto o EREM seguia, as
lideranças reuniam-se para organizar a
manifestação e conseguir algo para comer e
beber. Após terminar a palestra ficamos
esperando chegar a hora da contra-proposta e
nesse meio tempo outros alunos foram
chegando, inclusive de cursos como:
jornalismo, publicidade e propaganda,
(perdoem-me se esquecer de algo, mas nem
sempre consegue-se abranger tudo) enfim,
para nos ajudar. Também recebemos a visita
dos participantes do Encontro Nacional do
Movimento da Luta Antimanicomial
(ENEAMA) os quais explicaram sobre o
movimento antimanicomial e nos ajudaram a
passar o tempo. Houve, na verdade, uma troca
de informações nos com o EREM e eles com
o movimento. Enquanto os participantes do
ENEAMA conversavam conosco chegaram a
comida e a bebida, naquele momento de
solidariedade todos dividiram bananas,
bolachas e água para a nossa alimentação
(devo dizer que na hora a fome era grande) e
estávamos perto das 17h – prazo para a entrega
da contra-proposta da reitoria.
O vice-reitor havia saído da
universidade por volta das 15h e nos deixou
na vagueza e silêncio da reitoria. Entre as 17-
18h; o pessoal começou a se reunir para
abrirmos uma discussão, deu tempo de eu ir
pela primeira vez ao banheiro naquela tarde e
na hora tive a ideia de (guiada por estudantes
da UFCSPA) descer até uma pequena
lanchonete (acho que a única área de recreação
acadêmica dos estudantes) e comprar alguns
salgados e várias bolachas (alimento para
nossa reunião), minha colega ajudou com os
custos e cerca de 5 minutos depois a
lanchonete foi fechada por “ordem superior”.
Às 18h estávamos todos reunidos para
decidir pela ocupação ou não da reitoria (leia-
se ocupação=dormir na reitoria). Cada DA/
CAs teve a oportunidade de reunião com os
seus integrantes e deliberar sobre a decisão,
Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010
se não me engano eram 7 universidades
diferentes. Alguns alunos voltaram, mas a
grande maioria cerca, de 70 alunos, optou por
ficar. Nós, os três mosqueteiros do primeiro
ano, não pudemos ficar – estávamos
hospedados na casa de família do meu colega
e não poderíamos seguir na ocupação, mesmo
o sentimento sendo outro.
Depois da decisão majoritária, foi
decidido formar comissões (de segurança,
alimentação, agitação e comunicação, dentre
outras) que se articulariam para auxiliar a
todos e definir objetivos claros para a
manifestação. Foi proposta desde a saída e
esvaziamento do prédio pela manhã seguinte,
com um ato na hora da saída, até a invasão da
capela da UFCSPA para estabelecer o CAXXII
de março – para uma universidade leiga a
religião tinha mais espaço que os estudantes.
Existia, também, o medo de que talvez o
movimento terminasse porque os alunos do
EREM, que estavam em maioria no momento,
fossem embora e faltasse força para a luta; as
decisões ficaram nebulosas e o CAXXII de
março teve autonomia para tomar a sua
decisão em separado, enquanto as comissões
se articulavam.
Após ajudar no que podíamos,
teríamos que voltar para casa.
Cumprimentamos nossos companheiros e nos
dispomos a ajudar e apoio caso necessário.
Saímos da UFCSPA incendiados e com um
silêncio de luto por estarmos nos retirando.
Naquela noite, quando deitei na cama
não conseguia dormir, o cansaço ainda não
havia ganhado. Levantei-me e decidi, através
da internet, começar a distribuir as notícias
sobre a manifestação (Orkut, twitter,
comentário em matérias e conversando com
amigos) além de ficar em contanto com quem
estava na comissão de comunicação pedindo
que fotos e vídeos da manifestação fossem
postados. Fiquei madrugada adentro
distribuindo e espalhando o fervor do meu
peito. A maioria dos alunos da FURG teve que
partir no dia 7 à tarde de volta a Rio Grande,
com certeza, mudados pela manifestação.
Porém, a manifestação ainda não havia
terminado, fizemos praticamente uma reunião
do DAFB dentro do ônibus, mesmo depois de
noites mal dormidas. Um dos nossos colegas
ficou na reitoria e nos manteve informados
do que estava acontecendo. Voltei com o peito
em chamas e na certeza que os ecos da nossa
presença ficaram na reitoria. Acompanhando
de longe, vimos os alunos da UFCSPA escutar
a nossa luta e se aproximar do movimento;
aliás, não somente eles nos escutaram como
também os alunos da UFRGS e outras
universidades escutaram-nos.
Quinta-feira (dia 9) lemos um e-mail
do nosso colega do sexto ano, Pedro Salomão
Dias, que estava presente na manifestação,
com os seguintes dizeres:
Porto Alegre, 08 de setembro de 2010 - Sede
provisória do Centro Acadêmico XXII de
março, ex-reitoria da Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre
Caros colegas,
Escrevo estas palavras para informar-lhes
que a reitoria da UFCSPA está ocupada desde
o dia 6 de setembro. A nossa pauta, entre
outros pontos, exige que a reitoria ceda um
local para a sede do CA XXII de março, que
está sem espaço físico para suas atividades
desde janeiro deste ano, quando a reitoria
promoveu a demolição da antiga sede sem
dafbfurg.blogspot.com 8
explicações convincentes e sem fornecer um Escrevemos nossa moção de apoio e
novo local adequado para seu funcionamento. muitos, se necessário, cogitavam a
possibilidade de voltar. Felizmente, ontem (dia
Os estudantes que promoveram a ocupação 9) pela tarde os alunos conseguiram chegar a
estavam participando do XV EREM - um acordo. Saímos todos de cabeça erguida
Encontro Regional dos Estudantes de sentindo o poder do movimento estudantil e a
Medicina - quando após relato do que nossa capacidade de unidos mudar.
acontecia aqui na UFCSPA por um de seus Alcançamos nossos objetivos e até mais, e
diretores, organizaram uma marcha em com a nossa luta construímos novas ideias,
protesto do Hospital de Clínicas até a reitoria nosso entusiasmo e nosso entendimento.
da UFCSPA. O movimento
tomou corpo e após a reitoria
dialogar insuficientemente
com os estudantes, a decisão
da ocupação foi tomada. Vale
ressaltar que em todos os
momentos o movimento foi
democrático, dando voz a
todos os estudantes e
entidades presentes. Em
torno de 70 pessoas
ocuparam a reitoria na noite
do dia 6, permanecendo pelo
feriado de independência em
numero um pouco menor, já
que a maioria dos estudantes
necessitava retornar para
suas cidades. À medida que se levantaram as
questões do CAXXII, surgiram outras lacunas
Em menor numero, mas não com menos força. estudantis, inclusive por parte dos seguranças
A cada momento, estudantes da UFRGS e que trabalhavam nos cuidados do prédio da
UFCSPA, recebem mais e mais moções de reitoria. Saindo da esfera dos estudantes, os
apoio ao movimento. A certeza de que estamos seguranças expuseram a situação incoerente
lutando por algo verdadeiro nos faz esquecer de trabalho noturno, em que não era permitido
o cansaço e a falta de conforto. A nossa fazer refeições durante a noite sob punição (o
organização é invejável e em nenhum controle é feito através de câmeras de vídeo),
momento usamos armas que não nossas e escreveram uma moção de apoio aos
ideias. Estamos bem instalados, e tendo como estudantes que ocupavam a reitoria. Essa é a
único problema a falta de dialogo com a questão no movimento estudantil, antes de
reitoria. Hoje pela manhã, estamos esperando falarem que ele é banalizado ou de vândalos,
um encontro com a reitoria na sede provisória certamente seremos o profissional amanhã e
do CA e esperamos que consigamos dar fim a o que acontece dentro da universidade está
ocupação, que só acontecerá mediante a diretamente ligado com o que acontece fora.
assinatura de um termo de compromisso com
as exigências do movimento. Justamente, os alunos expandiram as
suas pautas e exigiram para a desocupação da
Amigos, desculpem as palavras cansadas, o reitoria:
texto sem cor, diferente do sentimento que
queima no meu peito e no de nossos colegas 1. Como medida emergencial, disponibilizar
aqui acampados. Nossa causa é legítima, espaço imediato para funcionamento
legal, moral e verdadeira. Lutamos por um administrativo das organizações estudantis,
direito conquistado. O direito de se organizar que poderá ser usado por todos os Centros
politicamente, de discutir, de refletir acerca Acadêmicos da UFCSPA. O local deve ter
dos problemas do nosso país dentro da capacidade para a realização de reuniões,
universidade e criar maneiras de transformar com autonomia de horário e controle do
a realidade do nosso país e mundo. espaço por parte dos estudantes, com
localização necessariamente dentro do
O que está acontecendo é histórico para o campus central e de fácil acesso, de no mínimo
movimento estudantil. O epicentro de muitas 50m2. Prazo: imediatamente após a
ações que hão de vir em breve. Não podemos desocupação da Reitoria.
fechar os olhos para isso. Não podemos
permitir que calem as vozes dos estudantes 2. Disponibilizar espaço de convivência para
desse país. Como universitários, estudantes, todos os estudantes da UFCSPA, com
cidadãos, devemos repensar o que tem se metragem adequada, cerca de 100m2, para
passado dentro da nossa instituição e nos propiciar boa integração entre os acadêmicos.
envolvermos, ao menos reflexivamente, nessas
discussões. 3. Disponibilizar por escrito o local exato das
futuras instalações definitivas do CA XXII de
Nós, estudantes,
devemos nos aproximar
dos nossos DAs e CAs
a fim de termos base
política para
entendermos os
porquês das muitas
coisas que percebemos
de erradas na nossa
instituição. O
movimento ta aí pra ser
criado por nós.
Na certeza da vitoria,
um abraço.
Pedro Salomão Dias

Março, assegurando área mínima igual à
metragem da antiga sede. Prazo: 10 dias após
a desocupação da Reitoria.
4. Admitir publicamente que não houve
negociação sobre o fato da demolição da
antiga sede do CA XXII de Março e do espaço
de convivência que era localizado no mesmo
prédio. Prazo: imediatamente após a
desocupação da Reitoria.
5. Disponibilizar a planta baixa das
construções do anexo lI e III que estão em
andamento no campus central, bem como
garantir espaço de diálogo onde os estudantes
possam manifestar suas necessidades e
opiniões quanto ao planejamento da
Entrevista
Mayara Floss
Durante a ocupação da reitoria da
Universidade Federal de Ciências da Saúde
de Porto Alegre (UFCSPA), no dia seis de
setembro, quando a greve dos residentes
completava 21 dias, foi realizada uma
entrevista informal com o residente Gustavo
Arruda Passos Freire de Barros após uma
palestra dele nos corredores da reitoria.
Formado em medicina em 2007 pela
Universidade de São Paulo (USP), ele esteve
presente na reunião em Brasília na terceira
semana de agosto para negociação da greve
dos residentes.
DAFB- Como você entrou no CAOC e
começou a se envolver com o Movimento
Estudantil?
Gustavo Arruda- Entrei na universidade com
17 anos em 2002. Logo no começo, no meio
das festas estudantis sem muitas bandeiras, caí
“de paraquedas” no CAOC. Com um CA
desestruturado devido a um incêndio
criminoso que destruiu a sede oficial do
CAOC que havia sido fechado por anos. Em
2002, surgiu um boato de que a Universidade
iria destruir o CAOC (que ocupa o “porão”
de um prédio inteiro da USP – tendo espaço
para os alunos almoçar, em jogar pebolim,
videogame, realizar compras na farmácia, loja
de materiais cirúrgicos) para montar
laboratórios para os professores, inclusive o
CAOC foi todo cimentado para não permitir
o acesso dos alunos. Indignados, com
“marretas e picaretas”, uma meia-dúzia de
alunos derrubaram as paredes e retomaram o
CAOC com as lideranças de Lígia Funaki e
Ademir Lopes Gerson Salvador. Em 2005, eu
entrei “de cabeça” na militância da
universidade e um dois maiores problemas era
a mobilização e a comunicação com os
estudantes. A falta de tempo não é uma
desculpa. Estudava, ia bem na medida do
possível, coordenava o CA e ainda participava
da Associação Atlética Acadêmica Oswaldo
Cruz (AAAOC).
DAFB-Porque a greve?
Gustavo Arruda-Na década de 50-60, por
causa das necessidades do Sistema Público de
Saúde de mão de obra, a residência médica,
Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010
utilização dos espaços físicos da UFCSPA.
Prazo: 10 dias após a desocupação da
Reitoria.
6. Disponibilizar a planta baixa do anexo l,
parcialmente destruído no mês de janeiro de
2010, onde existia a antiga sede do CA XXII
de Março e o espaço de convivência. Prazo:
10 dias após a desocupação da Reitoria.
7. Não haver punição a nenhum estudante ou
funcionário (da UFCSPA ou terceirizado)
presentes nas manifestações realizadas pelo
CA XXII de Março, conforme consta na
Legislação Brasileira.
Outras Pautas
Greve dos residentes
que antes tinha um caráter
evidentemente acadêmico (com muito
estudos, como uma pós-graduação),
desvirtuou-se para uma educação
trabalhista. Foi dada a sequência com
esse sistema com os órgãos de saúde
INAMPS, INPS e o próprio SUS, e a
residência médica continuou
estagnada na questão trabalhista em
cargas horárias excessivas, ausência
de preceptoria, remuneração muito
aquém do merecido – afinal, a
residência é a mão de obra médica
mais barata do mercado – e todos esses
problemas começaram a surgir. Então, a
ANMR foi fundada em 1967 e a partir daí foi
se discutindo um pouco mais a residência
médica e, no final da década de 70, culminou
nas mobilizações em São Paulo que levaram
a greves sucessivas as quais resultaram na
regularização da residência médica no Brasil,
que só ocorreu em 1981 com a lei 6932. A
partir de então se começou a discutir mais o
que é o médico residente. A lei fala claramente
que a residência médica é um aprendizado e
serviço. Essa é uma questão muito séria,
porque nós, residentes, não somos
classificados como estudantes, nem como
trabalhadores. Então ficamos neste meio-de-
campo no qual pagamos os encargos
trabalhistas; mas não temos os direitos
trabalhistas e na hora do residente estudar, nós
temos que cumprir uma carga horária de 80
horas semanais, e querem dedicação exclusiva
pagando uma bolsa de 2000 reais - o residente
fica em uma “sinuca de bico”. Em outros
locais, como Europa e Estados Unidos, os
residentes ganham em média 5000 dólares por
mês, e ainda, por exemplo, eles podem comer
no Hospital, tem preceptoria adequada, têm o
amparo do Hospital – constituindo um outro
panorama. A greve só se transforma em greve,
quando se esgota a possibilidade de diálogo.
DAFB-E o salário dos residentes?
Gustavo Arruda-Atualmente, fala-se da
expansão da bolsa de residência com o
programa Pró-residência que tem o intuito de
descentralizar a formação do especialista – por
exemplo, São Paulo tem 40% da residência
médica do país financiadas pelo próprio estado
- o que é muito importante. O financiamento
das bolsas dos residentes é uma das maiores
problemáticas da greve no momento. Uma
outra crítica feita ao movimento é que os
residentes só querem dinheiro, que é o que
querem que todo mundo acredite, e não é
verdade isso se reflete na desvalorização da
medicina, do trabalho médico. Nesse mundo
todos sabem o preço de tudo, mas não
sabem o valor de nada. Um exemplo
emblemático é que um obstetra ganha em um
parto R$ 230 em um parto e o cinegrafista que
vai filmar o parto, vai cobrar no mínimo R$
400; a pessoa que está filmando o parto está
ganhando mais do que aquela que está
fazendo-o. Outra situação é a dos cirurgiões
dafbfurg.blogspot.com
Realizar e apresentar à comunidade
acadêmica para discussão estudo de
viabilidade de implantação de Restaurante
Universitário. Prazo: 75 dias após a
desocupação da Reitoria.
Realizar e apresentar à comunidade
acadêmica para discussão estudo de
viabilidade de implantação de Moradia
Estudantil. Prazo: 75 dias após a
desocupação da Reitoria.
O protesto terminou após garantia da
reitoria de instalação de espaços para os
centros acadêmicos dos cursos da faculdade
no novo prédio que está sendo construído e
das outras pautas serem atendidas.
cardíacos; que ganham R$ 1000 para
dividir entre seis pessoas de uma equipe
para realizar uma cirurgia de transplante
que dura 12 horas – sendo que, o
orçamento da saúde aumenta a cada ano.
A saúde é um direito universal, só que não
querem remunerar adequadamente os
médicos. Isso está assim hoje, porque
também é culpa dos próprios médicos. Tal
fator não começou agora, há um
embasamento histórico, por exemplo, até
hoje não existe uma regulamentação
oficial do financiamento do SUS
(atualmente emenda 29). O SUS é um
modelo de saúde revolucionário, que já
tem mais de 20 anos e ainda não é
regulamentado financeiramente. Até agora,
não foi regulamentada a DRU, que é a
Desvinculação de Recursos da União, e então
pode ser feito que se quiser com o orçamento
da saúde entre outros tantos; e, infelizmente,
o movimento médico não faz a pressão política
necessária. Não há uma busca pelo interesse
de se criar uma carreira médica, como por
exemplo, a dos magistrados – não existe uma
busca por uma carreira pública. O médico que
entra no estágio de saúde da família, que é o
melhor da área na medicina, inicia com um
salário de 10.000 R$, só que sem um plano de
carreira passará a vida inteira ganhando isso,
o médico não é estimulado a desenvolver, a
criar raízes no local onde esta trabalhando.
Qual é a realidade do médico de família hoje?
Ele vai para um determinado local, passa 5
anos lá e depois volta para viver a “selva de
pedra” da medicina, ninguém pensa mesmo
em criar um sistema local de saúde, essa é a
filosofia. O médico não é corporativista,
dificilmente você irá ver um médico cirurgião
plástico lutando pela melhoria da tabela de
preços para um transplante, e essa é uma
questão importante, a desunião atual da
medicina. A greve entra neste contexto de
valorizar os médicos. A finalidade é valorizar
o SUS, a saúde, o paciente e os residentes
precisam ter condições de trabalho.
DAFB- E os estágios cursos?
Gustavo Arruda- Os estágios cursos devem
ser discutidos assim como o pró-residência, a
residência multiprofissional. Os cursistas
trabalham como o residente, aliás, trabalham
muito e não ganham nada, não se enquadram
nos estagiários. Foi tentando levar isso para a
comissão nacional de residência médica e eles
foram categóricos: “aqui a gente discute
residência médica e não trabalho escravo”.
Nós temos o posicionamento da AMERESP
que é contra o estágio de cursos, mas ainda
não se conseguiu chegar em um acordo na
associação nacional.
DAFB- O que foi discutido em Brasília?
Gustavo Arruda- Fui para Brasília há duas
semanas , estive lá em reunião, conseguimos
fazer uma pauta única e fomos em um grupo
negociar. Só que nós chegamos “atrasados”;
9
Hoje pela manhã (dia 10), reencontrei
o nosso colega do sexto ano na Unidade Básica
de Saúde da Família e nos abraçamos na
pequena comemoração e falamos em uníssono
“CONSEGUIMOS”. Na certeza que o
movimento continue a ecoar e que a chama
do meu peito não se torne uma faísca.
Rio Grande, dez de setembro de 2010.
“Se nos perguntassem se estávamos
cansados (mesmo com as olheiras
afundando nosso rosto), certamente não,
diríamos que não – a nossa luta era (é)
maior”.
porque, nesse ponto, depois de sucessivos
erros na condução do processo de greve, as
negociações já tinham sido canceladas. O
nosso trabalho primeiramente não está sendo
negociar, e sim abrir a mesa de negociações.
Uma crítica justa é que o governo está sendo
intransigente em relação a isso. Apenas na
semana passada conseguimos mobilizar todos
para que o pessoal entrasse realmente na greve,
que conseguimos algumas propostas de
negociação. Conseguimos chegar ao ministro
da educação e cultura e conseguimos uma
sensibilização no sentido de abrir as
negociações novamente. No momento, isso
está sendo uma vitória.
E sobre o que foi discutido na palestra, que o
seu professor comenta que você não irá
desfrutar dos benefícios pelos quais está
lutando, afinal já está no final da residência...
É difícil as pessoas entenderem o que aparece
na mídia, o que o governo salienta é que esta
é uma reivindicação por dinheiro: “nós só
estamos querendo o aumento da bolsa”. É
muito mais do que isso, entra em um contexto
maior, nós precisamos valorizar a medicina,
de deixar um legado para os próximos. É
inadmissível que no nosso país não exista
um programa de reajuste de bolsa ou de
discussão de residência médica. Se não a
cada quatro anos terá que ser feita uma nova
greve, como aconteceu em 2006, 2002...
Ninguém quer parar de trabalhar, nem de
operar, eu sou cirurgião e quero operar. A greve
não é de agora, desde 2006 que buscamos o
reajuste de bolsas, uma discussão da
residência médica. Corre o risco de estarmos
fazendo a greve agora e daqui a quatro anos
vocês estarem brigando novamente. Nós
queremos evitar isso. Uma questão importante
é que médico não pode ir contra a greve, que
é um movimento de classe, ele pode não aderir,
mas não é permitido boicotar a greve. Dessa
forma, as entidades médicas apoiam a nossa
greve e acham-na ela legítima, inclusive
qualquer represália orienta-se para denunciar
ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
Para o governo, o conceito de residente é
aprendizado e serviço, mas também pagamos
os encargos trabalhistas, temos, por exemplo,
que lutar pela 13° bolsa, preceptores que
também sejam bem assalariados, que as
residentes tenham seis meses de maternidade
– queremos discutir melhor esses conceitos e
os nossos direitos. No momento nós estamos
 Glasgow 15 - OUTUBRO DE 2010 dafbfurg.blogspot.com 10

roendo o osso, para os outros comerem a
carne.
DAFB- Existe alguma mensagem que você
queira deixar para os estudantes,
residentes, classe médica?
Gustavo Arruda- Cada um tem que cumprir
o seu papel e o papel do estudante é lutar
pelo seus direitos, assim como o dos
médicos é lutar pela valorização da
medicina. Temos de fazer o nosso papel bem
feito. E vou repetir um frase: Vivemos em
um tempo em todos sabem o preço de
tudo, mas não sabem o valor de nada.
Hoje eu estou saindo da residência, mas
amanhã vocês estarão entrando.
Termos novos...
Emenda 29
Fixa os percentuais mínimos a serem
investidos anualmente em saúde pela União,
por estados e municípios. A emenda obrigou
a União a investir em saúde, em 2000, 5%
a mais do que havia investido no ano
anterior e determinou que nos anos
seguintes esse valor fosse corrigido pela
variação nominal do PIB. Os estados
ficaram obrigados a aplicar 12% da
arrecadação de impostos, e os municípios,
15%. Trata-se de uma regra transitória, que
deveria ter vigorado até 2004, mas que
continua em vigor por falta de uma lei
complementar que regulamente a emenda.
http://www2.camara.gov.br/agencia/
noticias/89874.html
Desvinculação de Receitas da União (DRU)
A DRU desvincula 20% da receita tributária
da União, dando ao governo federal mais
liberdade para distribuir os recursos do
Orçamento entre os programas que julgar
prioritários. Segundo o governo, a DRU é
responsável por cerca de 60% do total dos
recursos que a União tem liberdade de
gastar.
O governo argumenta que a estrutura
orçamentária e fiscal brasileira se
caracteriza por um volume elevado de
despesas obrigatórias (com pessoal e
benefícios previdenciários, por exemplo) e
pela vinculação constitucional de parcela
expressiva das receitas a finalidades
específicas, como saúde e educação.
A desvinculação foi criada com o nome de
Fundo Social de Emergência (FSE),
mudando depois para Fundo de
Estabilização Fiscal (FEF).
http://www2.camara.gov.br/agencia/
noticias/102045.html
SUS e INAMPS
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado
pela Constituição Federal de 1988 para que
toda a população brasileira tenha acesso de 70, o que hoje desempenha a Comissão
ao atendimento público de saúde. Nacional de Residência Médica (CNMR)
Anteriormente, a assistência médica estava – que supervisiona a qualidade e a
a cargo do Instituto Nacional de Assistência implantação dos Programas de
Médica da Previdência Social (INAMPS), Residência Médica (PRM) no Brasil.
ficando restrita aos empregados que
contribuíssem com a previdência social; os Desde a fundação, a ANMR tem estado à
demais eram atendidos apenas em serviços frente da organização do movimento dos
filantrópicos. Do Sistema Único de Saúde residentes, lutando por conquistas que
fazem parte os centros e postos de saúde, hoje são realidade. É a entidade que
hospitais - incluindo os universitários, articula com as associações estaduais e
laboratórios, hemocentros (bancos de hospitalares um movimento em defesa da
sangue), os serviços de Vigilância Sanitária, qualidade dos PRM e dos direitos do
Vigilância Epidemiológica, Vigilância médico residente. Ela é formada por uma
Ambiental, além de fundações e institutos diretoria executiva, eleita anualmente no
de pesquisa, como a FIOCRUZ - Fundação Congresso Nacional de Médicos
Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brazil. Residentes.
ANMR http://www.anmr.org/
index.php?formulario=historico&metodo=0&id=1
A Associação Nacional de Médicos
Residentes (ANMR) foi fundada em
1967, em plena ditadura militar, e
hoje representa os interesses de cerca
de 13 mil médicos residentes de todo
o país.
Nos primeiros anos de sua
existência, a entidade serviu de
foco para o ressurgimento do
movimento médico nacional. Teve
papel fundamental na
regulamentação da residência
médica enquanto forma de pós-
graduação, cumprindo, na década

Passatempo

Não que sobre muito tempo

para passar, mas a gente
sempre acaba na cadeira
de algum consultório...

Humor
Homem X Animal
O veterinário precisou se consultar
com um médico. Assim que
chegou, após dizer sua profissão,
foi logo falando:
“Eu, quando trato meus pacientes,
sou obrigado a descobrir a doença
sem fazer nenhuma pergunta.
Experimente fazer o mesmo
comigo.”
O médico concordou e depois de
um exame cuidadoso, sentou-se
para redigir a receita, após o que
falou ao veterinário:
“Tome esses remédios, se dentro
de uma semana o senhor não tiver
melhorado, sinto muito, mas
vamos ter que sacrificá-lo.”
Horizontais:
1. Termo em latim que significa experimentação
fora do organismo, no tubo de ensaio.
2. O casal Pierre e ___ - ___ descobriram o
elemento Rádio.
3. Famoso poema de Manuel Bandeira.
4. Engº Francisco ___ Bastos em 1967 fundou a
Fundação Cidade Rio Grande que deu origem a
FURG.
5. Crença psicopatológica.
6. Literalmente significa “a ciência da mulher”,
mas na medicina é a especialidade que trata de
doenças do sistema reprodutor feminino, útero,
vagina e ovários.
7. Dispostivo intra-____ (DIU). 24. “Eu” em espanhol.
8. Encontro Científico dos Estudantes de Medicina. 25. Câncer de ____, maior causa de mortes do sexo feminino.
9. Manobra de ____, quando o paciente tem de abduzir o braço do paciente a 30° e 26. Feed-____.
estender, solicitar que o paciente vire a cabeça em direção ao lado que está sendo
examinado e inspirar profundamente. O examinador palpa o pulso radial e o teste é Verticais:
positivo quando o pulso se torna fraco ou desaparece. 1. Alexander Fleming descobriu a ____.
10. Espaço que existe entre os capilares sinusóides e os hepatócitos. 2. é uma doença neuromuscular que causa fraqueza e fadiga anormalmente rápida
11. Farmáco antagonista da angiotensina II, utilizado no tratamento da hipertensão dos músculos voluntários. A fraqueza é causada por um defeito na transmissão dos
arterial. impulsos dos nervos para os músculos.
12. Inflamação das articulações 3. ____ Central dos Estudantes (DCE).
13. Onde o bíceps braquial se insere. 4. O ____ pigmentoso é uma doença genética caracterizada pela deficiência na
14. Representa cerca de 4% dos aminoácidos das proteínas do nosso organismo, capacidade de reverter determinados danos que ocorrem no DNA , em especial os
aminoácido proteico não ingerido na dieta que pode ser encontrado fosforilado em causados pela luz UV.
algumas proteínas. 5. Ác. ____ produto do metabolismo proteico que se encontra no sangue e na urina e
15. É a parte mais visível (e colorida) do olho. o seu aumento pode originar gota.
16. Órgão que representa os estudantes de medicina. 6. É um dos vários tipos de desordem motora do esôfago . É caracterizado pela
17. É o único neurotransmissor utilizado no sistema nervoso somático e um dos ausência de contrações musculares na porção inferior do esôfago e falha na abertura
muitos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo (SNA). É também o do esfíncter esofagiano inferior
neurotransmissor de todos os gânglios autônomos. 7. Doença de ____, periflefite periférica não especifica, caracterizada por hemorragias
18. Síndrome de ____, caracterizada pela azoospermia por obstrução do epidídimo e decorrentes na retina e no corpo vítreo.
associada, também, a infecções respiratórias repetitivas. 8. Associação Nacional dos Médicos Residentes.
19. Instrumento cirúrgico usado para fazer incisões, caracterizado por possuir uma 9. Sufixo grego de vida.
lâmina muito afiada. 10. A ovelha ____, primeiro clone animal.
20. Equipamento que mantém pacientes graves em manutenção de vida estável , com 11. Cromossoma masculino.
“desvio” das funções de vários órgãos, até que se possa restabelecer a atividade 12. Instrumento com lentes que amplificam os objetos distantes do observador e que
normal dos mesmos, sem maiores danos. lhe permitem uma visão nítida dos mesmos.
21. Sigla em inglês da oncologia que denomina a resistência a múltiplos farmácos. 13. Síndrome da Imunodeficiência adquirida.
22. Um dos 20 aminoácidos que as células do corpo humano utilizam para sintetizar 14. Sufixo que indica anterioridade.
proteínas, porém o mesmo não o produz. Desempenha funções importantes no 15. ___-1 Regional da DENEM que o DAFB faz parte.
aumento das proteínas e atua com fonte de energia durante os exercícios físicos,
16. Citosina-Guanina-Timina-Timina
aumentando a resistência e reduzindo a fadiga.
23. ___ de bases, ds nucleotídeos complementares em uma molécula de DNA.
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Sexto ano
Sexto ...
ano...
Tainá Fagundes Behle (ATM 2010)
Por um lado o último, por outro o
primeiro... E por que não, apenas mais um de
uma longa trajetória...
Seis anos depois, muitas coisas mudam: os
pensamentos, os hábitos, as idéias... Mantém-
se alguns objetivos, criam-se novos,
incrementam-se tantos outros...
Fase difícil, que divide a saudade nostálgica de
um passado recente mas tão denso, tão rico e a
apreensão de um futuro incerto...
A imensa maioria almeja o ingresso em
uma Residência... O desejo de permanecer na
academia, aprimorar ainda mais o conhecimento,
seguir o processo de formação, vem
acompanhado de um grande estresse. São poucas
as vagas, sobretudo quando se pensa apenas em
escolas de grande qualidade. São muitas as
incertezas... Afinal, será mesmo essa ou aquela
a especialidade desejada? Será mesmo essa a
cidade que desejo pros próximos anos da minha
vida? Será mesmo tanta coisa, tantos anseios,
tantas expectativas?
E aqueles que não tem por meta
imediata, ou mesmo a longo prazo, o ingresso
na residência? Tranquilos? Obviamente que
não... Cada um traz consigo, traz em si, os
medos, os sonhos, os toques e retoques da futura
paisagem que será pintada por cada um de nós...
Cada um com seus motivos, mas todos um tanto
quanto ‘bambas’, nessa corda bamba da
formatura... Não há quem não balance ao fazer
um auto ‘check list’das habilidades adquiridas,
ao pensar nas responsabilidades que por agora
assumimos.
Hora também de pesar, de colocar na
balança ‘o tudo’ que se viveu... As amizades pra
sempre, ou aquelas que ao menos deixarão
grandes lembranças... O processo de
amadurecimento, de crescimento individual.
Cuidar da louça, da casa, do cachorro, da prova...
Estudar, jogar futebol, malhar, fazer festa, grupo
de estudos de estudar, grupo de estudos de comer
pizza, grupo de estudos de conversas, fazer
estágios, fazer churrascos... Enfim, viver! E o
processo coletivo então? Aprender com o
próximo, respeitar diferenças, ganhar, perder,
acreditar...
Fica agora também viva na mente a imagem de
cada grande professor, de cada grande mestre
responsável por lições de profissão, ou de vida,
ou de ambas... E por que não, lembrar também
daqueles que em nada colaboraram, que talvez
sirvam de exemplo do que não ser, do que não
se deve fazer...
A formação acadêmica é assim, coisas
boas e ruins... E o que fizemos por cada uma
das coisas? O quanto participamos da
transformação do nosso meio, da nossa facul,
do nosso pequeno nicho? Fomos recebidos por
uma faculdade sem DA, sem Atlética, de pouca
participação estudantil... Aos poucos, o
desenvolvimento foi notório, contínuo. Ainda há
muito o que se fazer, mas há também de se
reconhecer que muito foi feito, e que
participamos em muito de cada processo.
Organizamos eventos, participamos de eventos,
fomos a Intermeds, EREM‘s, ECEM‘s,
CGEM‘s, COBREM‘s, vagas discentes internas,
ocupamos vaga no Conselho Municipal de
Saúde, fomos pra rua com nariz de palhaço, e
fomos sem nariz de palhaço também...
É... Sexto ano... Hora de dormir menos, de não
dormir, de acordar cedo, de não acordar... Festiar
ou estudar mais... Rir de alegria, sentir a saudade
na pele, na alma, chorar de angústia, vibrar com
cada conquista, encher os olhos de água pelas
coisas que ficam, pelas coisas que virão, pelo
muito, pelo tudo, pela vida...
Enfim, a todos que encaminham-se ao fim e
também àqueles que vem trilhando esse rumo:
pra viver há que se mexer... Não cheguem ao
final com aquele gostinho de que mais devia ter
sido feito, de que muito deveria ter sido mudado,
de que coisas passaram indiferentes por nós..
Mexa-se, atue, transforme e se deixe
transformar.
É com alegria, saudade, tristeza e um arco-íris
de sentimento que despeço-me.
Tantos foram os textos de manifestos, de
incentivo, tantas foram as atividades... E hoje,
hora de atuar no grande papel de estudante e
definir a que tipo de medicina serviremos, qual
médico queremos ser... A que sociedade
serviremos.
Sorte a todos! Carinhos e saudades...
Que sejamos hoje e sempre agentes de
transformação, capazes e capacitadores.
Sexto ano... Um grande desfecho pros cinco que
já se passaram...

Sobre a AAAMAT
O que é a Associação Atlética
Acadêmica de Medicina
Almirante Tamandaré?
A AAAMAT é uma
instituição esportiva dos acadêmicos
de medicina da FURG cujo objetivo
é integrar os alunos por meio do
esporte. A gestão atual é composta
por 7 representantes; mas tu, aluno,
faz parte da Atlética, por isso
participa, critica, faz acontecer!
Quando e
como foi
criada?
A Quem foi Almirante Tamandaré?
ideia de criar
a Atlética surgiu após o Intermed de
Lages, em 2006 quando um pequeno
grupo voltou determinado a criar
uma representação da faculdade
perante as outras escolas médicas.
Então, no inicio do ano letivo de
Esportes
2007, 10 alunos se reuniram e
decidiram por fundar uma
Associação Atlética Acadêmica.
Na época da fundação, viu-
se que era necessário criar um nome
para a Atlética. Queríamos o nome
de uma figura importante
localmente, assim como Francisco
Martins Bastos (nome do diretório
acadêmico). Então se pensou no
riograndino Joaquim Marques
Lisboa, o Almirante Tamandaré, que
foi um militar da Marinha do Brasil.
Na carreira, atingiu o posto de
almirante tendo os seus serviços à
pátria sido reconhecidos pelo
Império com a concessão do título
de marquês de Tamandaré. Herói
nacional, é o patrono da Marinha de
Guerra do Brasil. O dia de seu
nascimento, 13 de dezembro, é
lembrado como o Dia do
Marinheiro.
Como foi escolhido o símbolo do
pinguim?
Queria-se como símbolo
algo que representasse a cidade.
Inicialmente, pensou-se em um
pirata por termos a proximidade com
a praia, mas após algumas
discussões vimos que queríamos

XV INTERMED SUL - CRICIÚMA 2010

XV INTERMED SUL
CRICIÚMA 2010
Os Jogos Sul-
Brasileiros de Escolas Médicas,
denominado Intermed Sul, formam
uma competição Poliesportiva
realizada anualmente entre os
acadêmicos das Escolas Médicas
dos estados do Paraná, de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul.
A representação dessas escolas é
feita pelas Associações Atléticas,
Diretórios Acadêmicos e/ou
Centros Acadêmicos, objetivando,
principalmente, a integração dos
estudantes de medicina.
Este ano, em sua XV
edição, o Intermed Sul se realizou
durante os dias 9, 10, 11 e 12 de
Outubro em Criciúma – SC tendo
como sede a Universidade do
Extremo Sul Catarinense
(UNESC). O evento quebrou
recorde de inscritos, totalizando
cerca de 4000 participantes.
Não foi só o evento que
obteve quebra de recordes, a
Associação Atlética Acadêmica de
Medicina Almirante Tamandaré
(AAAMAT) levou 125 alunos para
o Intermed, sendo esta a maior
delegação de todos os tempos.
Além disso, pela primeira vez em
nossa história em Intermeds(na era
pré e pós-atlética) obtivemos
- nosso PRIMEIRO TROFÉU DE 4º - UFCSPA 135 pts.
CAMPEÃO DE MODALIDADE. 5º - UEL 119 pts.
O troféu foi conquistado pela dupla 6º - PUCPR 104 pts.
de vôlei de praia feminino formada 7º - FURG 79 pts.
por Elisa Gallas e Emilly
Dall’Oglio.
Além dessa, pontuamos Pontuações FURG
em outras modalidades,
alcançando no Quadro Geral, Atletismo Feminino
publicado pela Organização, o 8° 2 pontos (8º Lugar)
lugar, porém houve erros na soma Basquete Feminino
das pontuações. Dessa forma, 18 pontos (2º Lugar)
adicionando os pontos não Handebol Masculino
somados e retirando os que nos 2 pontos (8º Lugar)
foram dados erroneamente, Handebol Feminino INTER-AMTs
ficamos em 7° lugar com 79 8 pontos (5º Lugar) Homenagem aos campeões do ano de 2010!
pontos, ultrapassando a Univali – Judô Masculino
Parabéns, ATM 2014!
Itajaí (SC), restando apenas uma 5 pontos (4º Lugar)
posição oficial final da Judô Feminino
Organização. 9 pontos (2º Lugar)
A AAAMAT agradece e Tênis Feminino
reconhece qualquer forma de 2 pontos (8º Lugar)
participação de toda a delegação, Tênis de Mesa
pois essa conquista e resultados 7 pontos (3º Lugar)
vêm dos esforços de todos e não Voleibol Masculino
só da Associação. Cabe agora 10 pontos (4º Lugar)
mantermos os esforços e seguir Voleibol de Dupla Feminino
treinando e se integrando para 12 pontos (1º Lugar)
podermos subir mais ainda no Xadrez
quadro geral e finalmente passar a 4 pontos (5º Lugar)
pontuação centenária.
Texto Produzido por Adriana F.
1º - UFSC 289 pts. Lemos (Tesoureira) e revisado por
2º - UFPR 169 pts. Juliano Z. Lima (Conselheiro) e
3º - UFRGS 168 pts. Thiago C. Moreira (Presidente)
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DAFB

No que o DAFB
INTERMED-SUL 2010
está trabalhando Delegação da FURG em 2010 é a maior já levada pela universidade em todas as edições
Pedro Berro – Presidente do
do evento. PÁGINA 11
DAFB

Após férias de julho

um tanto quanto inativas o
D.A.F.B. volta com força às
atividades estudantis.
Conseguimos nas eleições
para o COEPEA e para o
CONSUN - durante um
feriadão – mobilizar alguns
alunos e obtivemos sucesso;
conseguindo, enfim, uma
representação no Conselho
Universitário e a manutenção
de uma cadeira no Conselho
de Ensino, Pesquisa,
Extensão e Administração.
Já houve uma reunião
do Conselho Universitário
onde foi discutido e aprovado
o projeto de remodelação do
Hospital Universitário,
coincidentemente a primeira
reunião de nosso
representante no conselho foi
uma de tamanha importância
para a nossa formação. Não
houve ainda nenhuma reunião
do Conselho de Ensino,
Pesquisa, Extensão e
Administração.
Nossos representantes
no Conselho da Famed
participaram da Reunião que
decidiu pela suspensão da
pena aos envolvidos no trote
ocorrido no começo deste
ano. O pedido de
arquivamento foi
encaminhado pelo D.A.
depois de debater e considerar
o execussão da mesma
desnecessário visto que não
houve nenhum tipo de
violência ou humilhação.
Durante reunião da
câmara de assuntos estudantis
foram discutidos assuntos
burocráticos em relação a
XIX SAMED. Foi discutido
também um novo projeto de
tutoria para o curso de
medicina, seria um grupo
formado por alunos e
professores que auxiliaria e
orientaria os alunos que
encontrem alguma
dificuldade na aprendizagem
ao longo da graduação.
Participamos
ativamente do Encontro
Regional dos Estudantes de
Medicina e após nosso
retorno foi realizada uma
assembleia para a discussão
dos assuntos discutidos no
encontro, infelizmente não
contamos com a adesão
desejada nesta e a repercussão
quanto aos assuntos foi
tímida.
Superadas as

No próximo GLASGOW 15:

dificuldades iniciais a XIX
Samed está, enfim,
encaminhada. Trará palestras
de assuntos diversos, uma
mesa de discussão e mini- -Criaremos uma seção de anúncios, na qual você terá a oportunidade de divulgar notas de seu interesse, como compra, venda,
curso de interpretação de
exames em geral. troca, serviços, vaga em apartamento e etc. Os anúncios poderão ser enviados para o e-mail dafbfurg@gmail.com ou
Pedimos também o diretamente para um dos integrates do DAFB. Fique atento ao período de envio dos anúncios que será divulgado em nosso
apoio dos estudantes em uma
campanha de arrecadação de blog.
alimentos para posterior
distribuição para a
comunidade. A nossa meta é
um quilo de alimentos não
perecíveis por aluno por mês.