Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A “Mensagem”
Introdução
Este trabalho consiste numa comparação parcial entre Os Lusíadas, de Luís Vaz
de Camões, e A Mensagem, de Fernando Pessoa.
Os Lusíadas
Os Lusíadas é uma obra escrita por Luís Vaz de Camões, que está dividida em
dez Cantos, cada estrofe tem oito versos e cada verso tem dez sílabas métricas,
tendo, assim, versos decassílabos. Esta grande epopeia, internamente está
dividida em cinco partes: Proposição (I, 1-3), Invocação (I, 4-5), Dedicatória (I,
6-18), Narração (I, 19; X, 144) e Epílogo (X, 145-156).
Fonte:
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/letras/ensaio28.htm
http://faroldasletras.no.sapo.pt/mensagem_textos_teoricos.htm
http://members.tripod.com/netopedia/Literatura/lusiadas.htm
http://oslusiadas.no.sapo.pt/cantos.html
http://pwp.netcabo.pt/0511134301/lusiadas.htm
http://pwp.netcabo.pt/0511134301/lusiadas.htm
http://web.rccn.net/camoes/camoes/index.html
http://www.educom.pt/proj/por-mares/obra.htm
http://www.somentepoesias.hpg.ig.com.br/paginas/poetas.htm
Macedo, J. Oliveira. Sob o signo do Império. Edições ASA, 1ª edição, Novembro de 2002.
A Mensagem
A Mensagem é uma obra composta por três partes, Brasão, Mar Português e
Encoberto, cada uma destas partes subdivididas em noutras: Brasão – 5 partes;
Mar Português – 1 parte com 12 poemas e o Encoberto – 3 partes. Esta divisão
tem um simbolismo e tem como base o facto das profecias se realizarem três
vezes, ainda que de modo diferente e em tempos distintos. Corresponde à
evolução do império português que tal como o ciclo da vida, passa por três
fases: Brasão – nascimento/fundadores; Mar Português – vida/realização e O
Encoberto – morte/ressurreição.
Na segunda parte, o Mar Português a realização através do mar em que heróis
com uma grande missão de descobrir foram construtores do grande destino da
Nação. Em “O Infante”, símbolo do Homem universal, que realiza o sonho por
vontade divina: ele reúne todas as qualidades, virtudes e valores para ser o
intermediário entre os homens e Deus, “Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce.”. Em “Mar Português”, símbolo do sofrimento por que passaram todos os
portugueses: a construção de uma “supra-nação”, de uma Nação mítica implica
o sacrifício do povo, “Ó mar salgado, quanto do teu sal/São lágrimas de
Portugal!”. Em “O Mostrengo”, símbolo dos obstáculos, dos perigos e dos medos
que os portugueses tiveram que enfrentar para realizar o seu sonho: revoltado
por alguém usurpar os seus domínios, “O Mostrengo” é uma alegoria do medo,
que tenta impedir os portugueses de completarem o seu destino, “Quem é que
ousou entrar/Nas minhas cavernas que não desvendo, /Meus tectos negros do
fim do mundo?”.
Na terceira parte, O Encoberto, a morte ou fim das energias latentes é o novo
ciclo que se anuncia que trará a regeneração e instaurará um novo tempo. Em
“O Quinto Império”, símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim
como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há
que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e
descontente com o que se tem e o que se é, “Triste de quem vive em
casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem
é feliz!”. O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição
do ter sido, o «Portugal-espírito», vivente de cultura e esperança, tanto mais
forte quanto a hora da decadência a estimula. Em “Nevoeiro”, símbolo da nossa
confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto espiritual e
emocional como mentalmente: algo ficou consubstanciado, pois temos o desejo
de voltarmos a ser o que éramos, “(Que ânsia distante perto chora?)”, mas não
temos os meios, “Nem rei nem lei, nem paz nem guerra...”.
Mensagem
44 Poemas
19 12 13
1.ª Parte 2.ª parte 3.ª Parte
– Brasão – – Mar Português – – O Encoberto –
IV – A Coroa
Nuno Álvares
Pereira
V – O Timbre
A Cabeça do
grifo: O Infante D.
Henrique
Uma Asa do
Grifo: D. João o
Segundo
A Outra Asa do
Grifo: Afonso de
Albuquerque
•Origem da nossa •Apogeu dos •Fim das energias,
nacionalidade, Portugueses simbolizado pelo
destacando-se conseguido pelas nevoeiro que
figuras míticas descobertas: envolve Portugal.
(“Ulisses” ) e – “ O Infante ” •Vinca-se o mito
históricas (“ D. sebastianista com a
Dinis” , “D. – “ O Mostrengo ”
figura do
Sebastião, Rei de – “ Mar Português Encoberto.
Portugal”, o ”
sonhador, o •Esperança e
lutador) impaciência do
poeta na vinda do
Messias, para a
construção do
Quinto Império
(“Quando é o Rei?
Quando é a Hora?”
– “Screvo meu libro
à beira-mágoa” )
â â â
Nascimento ® Vida ® Morte
Ressurreição
Fontes:
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/bezerra01.rtf
http://faroldasletras.no.sapo.pt/indice_mensagem_pessoa.htm
http://faroldasletras.no.sapo.pt/mensagem_textos_teoricos.htm
http://faroldasletras.no.sapo.pt/poesia_mensagem.htm
http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/pessoa/mensagem.html
http://omj.no.sapo.pt/forum.htm
http://paulacruz.com/bin/documentos/A___mensagem.doc
http://www.exames.org/apontamentos/uploads/portugues-mensagem.doc
http://www.prof2000.pt/users/hjco/mensagem/Pg000006.htm
http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/Mensagem.htm
A História
Os Lusíadas
A narração d' Os Lusíadas desenvolve-se em quatro planos, um dele é o Plano
da História de Portugal, constituído pelos discurso de Vasco da Gama a Rei de
Melinde, e de Paulo da Gama a Catual, bem como, pelas profecias de Júpiter, do
Adamastor e de Thétis.
No Primeiro Canto, no Concílio dos Deuses (I, 19 a 46), Júpiter afirma, acerca
dos Lusos, que eles são antecedentes aos próprios deuses e melhores que os
grandes heróis do passado histórico conhecido, porque filhos do Fado e do
Destino, a que a mitologia está submetida, “Eternos moradores do
luzente,/Estelífero pólo e claro assento,/Se do grande valor da forte gente/De
Luso não perdeis o pensamento/Deveis de ter sabido claramente/Como é dos
Fados grandes certos intento/Que por ela se esqueçam os humanos/De Assírios,
Persas, Gregos e Romanos.” (I, 24).
Fontes:
Camões, Luís de, Os Lusíadas, Círculo de Leitores, 2002
http://lusiadas.gertrudes.com/poesia1.html
http://oslusiadas.no.sapo.pt/cantos.html
http://www.educom.pt/proj/por-mares/lamentacao.htm
http://www.educom.pt/proj/por-mares/obra.htm
Macedo, J. Oliveira, Sob o signo do Império, Os Lusíadas – Mensagem, Análise comparativa,
edições ASA, colecção Saber Ler, Novembro 2002
A Mensagem
Na obra A Mensagem, Fernando Pessoa escreve História de um povo português
heróico e um Rei, que apesar de Mito, constitui o Quinto Império, o Império
Espiritual emergente.
Ao terminar a Parte I, Pessoa mostra que Portugal tinha uma marca nobre, um
Brasão, uma História, um mito, uma cultura e um sonho, logo, estavam prontos
para ir para o “Mar Português”.
Fontes:
Garrido, Ana, Antologia, Português 12º, Lisboa Editora, Lisboa, 2006
Apontamentos Professora Lurdes Magalhães
http://omj.no.sapo.pt/forum.htm
Descobrimentos
Os Descobrimentos constituíram, simultaneamente, uma das causas e
consequências do Renascimento, dada a ânsia do Homem de conhecer o mundo
e por este proclamar o seu conhecimento.
Fonte:
http://www.prof2000.pt/users/hjco/Descoweb/Pg000001.htm
Os Lusíadas
Na obra Os Lusíadas, relatam-se vários episódios da História de Portugal, a
Viagem da Armada de Vasco da Gama, bem como as conquistas deste grande
povo, que são relatadas em diversos momentos da obra.
Ainda no canto III e IV, Gama narra episódios dos nossos Reis da 1ª Dinastia,
nomeadamente, a conquista de Ceuta, considerada como o início da expansão
portuguesa, início de Os Descobrimentos, (conquista relativamente fácil,
organizada por D. João I, em 1415) a aventura ultramarina ganharia grande
impulso através da acção do Infante D. Henrique, o seu grande impulsionador,
"Este, depois que contra os descendentes/Da escrava Agar vitórias grandes
teve,/Ganhando muitas terras adjacentes”(III,26), “Não sofre o peito forte,
usado à guerra,/Não ter amigo já a quem faça dano;/E assim não tendo a quem
vencer na terra,/Vai cometer as ondas do Oceano./Este é o primeiro Rei que se
desterra/Da Pátria, por fazer que o Africano/Conheça, pelas armas, quanto
excede/A lei de Cristo à lei de Mafamede.”, “Eis mil nadantes aves pelo
argento/Da furiosa Tethys inquieta/Abrindo as pandas asas vão ao vento,/Para
onde Alcides pôs a extrema meta./O monte Abila e o nobre fundamento/De
Ceita toma, e o torpe Mahometa/Deita fora, e segura toda Espanha/Da Juliana,
má, e desleal manha.”(IV, 48 e 49); as batalhas de D. Afonso Henriques contra
os Mouros na conquista do território Luso, “Mas já o Príncipe Afonso
aparelhava/O Lusitano exército ditoso,/Contra o Mouro que as terras
habitava/D’além do claro Tejo deleitoso;/Já no campo de Ourique se
assentava/O arraial soberbo e belicoso,/Defronte do inimigo Sarraceno,/Posto
que em força e gente tão pequeno.”(III,42); a tomada de Lisboa, "E tu, nobre
Lisboa, que no Mundo/Facilmente das outras és princesa,/Que edificada foste do
facundo,/Por cujo engano foi Dardânia acesa;/Tu, a quem obedece o mar
profundo,/Obedeceste à força Portuguesa,/Ajudada também da forte
armada,/Que das Boreais partes foi mandada”,"Cinco vezes a Lua se
escondera,/E outras tantas mostrara cheio o rosto,/Quando a cidade entrada se
rendera/Ao duro cerco, que lhe estava posto./Foi a batalha tão sanguina e
fera,/Quanto obrigava o firme pressuposto/De vencedores ásperos e ousados,/E
de vencidos já desesperados.” (III, 57 e 59), "Ulisses é o que faz a santa casa/A
Deusa, que lhe dá língua facunda;/Que, se lá na Ásia Tróia insigne abrasa,/Cá
na Europa Lisboa ingente funda."/— "Quem será estoutro cá, que o campo
arrasa/De mortos, com presença furibunda?/Grandes batalhas tem
desbaratadas,/Que as águias nas bandeiras tem pintadas."(VIII,5 – narração de
Paulo Gama Catual); a exploração de África (Alcácer Ceguer, entre Tânger e
Ceuta, foi ocupada em 1458; Tânger, cidade no norte de África, pertencente
a Marrocos, em 1471 com a tomada de Arzila, os habitantes de Tânger
compreendendo que o objectivo final dos lusos era a tomada da sua cidade,
abandonaram-na; Senegal e Cabo Verde, Serra Leoa. Cabo das Palmas. Ilha de
São Tomé; Congo, Rio Zaire, Equador) “Este pôde colher as maçãs de ouro,/Que
somente o Tiríntio colher pôde:/Do jugo que lhe pôs, o bravo Mouro/A cerviz
inda agora não sacode./Na fronte a palma leva e o verde louro/Das vitórias do
Bárbaro, que acode/A defender Alcácer, forte vila,/Tângere populoso e a dura
Arzila.”(IV, 55), "Passamos o limite aonde chega/O Sol, que para o Norte os
carros guia,/Onde jazem os povos a quem nega/O filho de Climene a cor do
dia./Aqui gentes estranhas lava e rega/Do negro Sanagá a corrente fria,/Onde o
Cabo Arsinário o nome perde,/Chamando-se dos nossos Cabo Verde.”(V,7),
“Sempre enfim para o Austro a aguda proa/No grandíssimo gólfão nos
metemos,/Deixando a serra aspérrima Leoa,/Co'o cabo a quem das Palmas
nome demos./O grande rio, onde batendo soa/O mar nas praias notas que ali
temos,/Ficou, com a Ilha ilustre que tomou/O nome dum que o lado a Deus
tocou.”(V,12), "Ali o mui grande reino está de Congo,/Por nós já convertido à fé
de Cristo,/Por onde o Zaire passa, claro e longo,/Rio pelos antigos nunca
visto./Por este largo mar enfim me alongo/Do conhecido pólo de Calisto,/Tendo
o término ardente já passado,/Onde o meio do mundo é limitado.” (V,13).
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses
http://lusiadas.gertrudes.com/poesia3.html
A Mensagem
Na obra A Mensagem, além dos mitos, lendas e sonhos, Pessoa também
descreve episódios essenciais da nossa História, nomeadamente algumas
conquistas e descobertas dos lusitanos, que contribuíram para formação do
Império Português e o tão desejado Quinto Império.
Fernando Pessoa abre a segunda parte da obra com uma viagem iniciática que
permite a realização do sonho (espiritual, cultural e físico), com uma perspectiva
de algo desconhecido, longe, nublado, fantasmagórico (Nevoeiro), mas que o
sonho, o desejo, a esperança, a vontade faz com que lutemos contra a neblina e
sigamos em frente, com fé, alma e sonho de realização, como Diogo Cão fez
(Padrão). Este é lembrado por ter dado o primeiro passo para abrir o horizonte
do sul e, assim, dobrar o Cabo Bojador, tornando-se um momento de descoberta
de um caminho marítimo, de júbilo, de conhecimento do diferente,
desconhecido, “Ó mar anterior a nós, teus medos/Tinham coral e praias e
arvoredos./Desvendadas a noite e a cerração,/As tormentas passadas e o
mistério,/Abria em flor o Longe, e o Sul sidério/‘Splendia sobre as naus da
iniciação./Linha severa da longínqua costa –/Quando a nau se aproxima ergue-
se a encosta/Em árvores onde o Longe nada tinha;/Mais perto, abre-se a terra
em sons e cores:/E, no desembarcar, há aves, flores,/Onde era só, de longe a
abstracta linha. /O sonho é ver as formas invisíveis/Da distância imprecisa, e,
com sensíveis/Movimentos da esp’rança e da vontade,/Buscar na linha fria do
horizonte/A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte/Os beijos merecidos da
Verdade.” (Horizonte); “O esforço é grande e o homem é pequeno./Eu, Diogo
Cão, navegador, deixei/Este padrão ao pé do areal moreno/E para diante
naveguei./A alma é divina e a obra é imperfeita./Este padrão sinala ao vento e
aos céus/Que, da obra ousada, é minha a parte feita:/O por-fazer é só com
Deus./E ao imenso e possível oceano/Ensinam estas Quinas, que aqui vês,/Que
o mar com fim será grego ou romano:/O mar sem fim é português./E a Cruz ao
alto diz que o que me há na alma/E faz a febre em mim de navegar/Só
encontrará de Deus na eterna calma/O porto sempre por achar.” (Padrão).
A obra de Fernando Pessoa existe uma ligação entre o Acto e o Destino, o Acaso
e a Vontade, uma vez que Portugal teve a ousadia e o conhecimento, a alma
divina e o meio para enfrentar horizontes. Esta “alma divina” originou a ousadia
para descobrir o “mar sem fim” em contraste com o mar limitado (Mediterrâneo
dos Gregos e Romanos), “Com duas mãos — o Ato e o Destino —/Desvendamos.
No mesmo gesto, ao céu/Uma ergue o facho trêmulo e divino/E a outra afasta o
véu./Fosse a honra que haver ou a que havia/A mão que ao Ocidente o véu
rasgou,/Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia/Da mão que desvendou./Fosse
Acaso, ou Vontade, ou Temporal/A mão que ergueu o facho que luziu,/Foi Deus
a alma e o corpo Portuga/lDa mão que o conduziu.” (O Ocidente).
Como não podia deixar de ser, o Sebastianismo é dos tema centrais. A partida
de El.Rei D. Sebastião provoca uma grande variedade de emoções e arca com o
mistério e o desejo de realização do sonho/missão impossível em prol do
Império, bem como a consciência dos perigos e das possíveis ilusões e
incertezas. A conquista mais desejada será o regressos deste Rei, que
representa toda liberdade, fé, união, força e certezas de que o povo precisa, ou
seja, o Quinto Império, “Levando a bordo El-Rei DE. Sebastião,/E erguendo,
como um nome, alto o pendão/Do Império,/Foi-se a última nau, ao sol
aziago/Erma, e entre choros de ânsia e de pressago/Mistério./ Não voltou mais.
A que ilha indescoberta/Aportou? Voltará da sorte incerta/Que teve?/Deus
guarda o corpo e a forma do futuro,/Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro/E
breve. Ah, quanto mais ao povo a alma falta,/Mais a minha alma atlântica se
exalta/E entorna,/E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço/,Vejo
entre a serração teu vulto baço/Que torna. Não sei a hora, mas sei que há a
hora,/Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora/Mistério./Surges ao sol em
mim, e a névoa finda:/A mesma, e trazes o pendão ainda/Do Império.” (A
Última Nau).
Fontes:
Macedo, J. Oliveira, Sob o signo do Império, Os Lusíadas – Mensagem, Análise
comparativa, edições ASA, colecção Saber Ler, Novembro 2002
Garrido, Ana, Antologia, Português 12º, Lisboa Editora, Lisboa, 2006
Apontamentos Professora Lurdes Magalhães
Pensamentos do poeta
Os Lusíadas
No Canto I “Quem lá vem traz escuridão/Ventre de nuvem de chuva;/Monstro
morto, podridão,/O mistério em cada curva.” Quem navega assim, à mercê dos
caprichos da Natureza, descobre que o homem, por mais que se queira fazer
gigante, não passa de um pequeno grão de pó na imensidão deste planeta: ora
o vento abrandava e as naus paravam; ora o vento enfurecia e as naus rangiam
de dor quase a partirem-se; e vinham tempestades e doenças e todos os perigos
que seguem como sombras quase sempre as aventuras. Pior do que tudo era
não se saber ao certo para onde se ia.
Este primeiro canto acaba com uma belíssima estrofe em que o poeta dá largas
aos seus sentimentos acerca das falsidades da vida; tanta desgraça nos
temporais terríveis do mar, tanta luta em terra, tanto engano e tanta mentira!
Onde haverá segurança para o homem, pobre ser desamparado e fraco perante
os perigos imensos que o cercam? “Queimou o sagrado templo de Diana, /Do
sutil Tesifónio fabricado, /Heróstrato, por ser da gente humana/ Conhecido no
mundo e nomeado. /Se também com tais obras nos engana/O desejo de um
nome aventajado, /Mais razão há que queira eterna glória/Quem faz obras tão
dinas de memória.”.
No Canto III, a narrativa leva-nos pelo conhecimento do povo que somos, das
glórias que fomos, dos sonhos que nos levaram a partir para o Mundo.
No Canto IV, Nuno Álvares Pereira diz ao povo e aos soldados que descendem
de grandes homens e que terão de ser grandes como os seus antecessores. Que
lutem por aquilo em que acreditam.
No Canto V, o rei diz a Vasco da Gama que saudade é a melhor palavra para
descrever o que sentiram quando saíram de Lisboa. Ficou para trás aquele
Portugal que amam ainda mais quando se distanciam.
No Canto VI, é neste canto que Camões aplica os seus melhores dotes de
oratória. Defende um ataque em forma aos portugueses: a manifestação da
evidência do perigo, a perda das honras, dos títulos, o desespero das lágrimas,
para convencer os deuses dos seus intentos.
No Canto VII, longa viagem, viagem longa. O que é, afinal, uma viagem? Um ir
sem saber se o que imaginámos existe? Um ficar em quem nos ama e no que
amamos?
A Índia estava próxima. Miragem? Não percas o ânimo. Vai. Segue o teu sonho.
Acredita em ti e acredita depois no que poderás colher se fores tu a tua meta.
Avança contigo, dentro de ti, a riqueza que te espera pode ser, será talvez, a
imagem nova que de ti recolheres ao ser…, “Ora sus, gente forte, que na
garra/Quereis levar a palma vencedora:/Já sois chegados, já tendes diante/A
terra de riqueza abundante!”.
Se Deus existe não será um deus de mortos, um deus qualquer, mas aquele que
descobre entre os vivos os que mais merecem a sua distinção. Os Portugueses
não serão a prova de que Deus existe?
Por último, no Canto X, uma folia. Alias, deve ser sempre assim o amor: coisa
de confiar, de brincar, de prazer dado e recebido, de sonhos, de fantasias, de
jogos e danças, musicas, partilhas.
Mesmo espreitando por detrás da cortina indiscreta, não há nada para contar,
não se vai dar pormenores, eles lá estiveram como quiseram, triste sorte a de
não poder ficar, talvez assim para sempre, pois há sempre o dever primeiro e o
prazer fica sempre na causa das tarefas, isso é sabido.
Talvez, Camões, que tanto se emocionou com encantos de damas, com amores,
namoros e folguedos destes, ficou com uma pontinha de inveja.
É tempo de nova invocação, o poeta chama por Calíope, fonte inspiradora, roga-
lhe ajuda em tempo tão difícil. “Aqui minha Calíope te invoco/Neste trabalho
extremo por que em pago/Me tornes do que escrevo e vão pretendo/O gosto de
escrever que vou perdendo.”.
Fontes:
Pinto Pais, Amélia, Para Compreender Fernando Pessoa, areal editores, 2004
A Mensagem
No brasão II, em Os Castelos, no poema “Ulisses”, na última estrofe, a
passagem do nada ao tudo: a lenda vem (escorre) de cima; ao entrar na
realidade, fecunda-a – fazendo o “milagre” de tornar irrelevante a vida cá de
baixo, dita do mundo real, objectivo: “Em baixo, a vida, metade/De nada,
morre”. Só readquire vida aquilo que o mito/nada tudo fecunda – e o processo
não é do passado, mas intemporal – de onde os tempos verbais de presente.
É irrelevante, parece dizer Pessoa desde este poema, que as figuras de que vai
ocupar-se, os heróis fundadores, tenham tido ou não existência histórica – o que
importa é que todos eles tenham funcionado com a força do mito, que, não
existindo, é tudo.
Em “D. Dinis”, Pessoa vai ver D. Dinis como o rei capaz de antever futuros,
justamente porque poeta visionário, em cujo cantar de
amigo se fundem um rumor – a “fala dos pinhais” – e o
mar futuro. Por isso ele é visto como “plantador de
naus a haver”, as naus/cantar de amigo, que
desvendarão, no futuro que ele sonha, “o oceano por
achar” (que a Europa e Portugal fitam, “com olhar
esfíngico e fatal”, como sabíamos já). No poema, os
pinhais plantados pelo rei – poeta – visionário são “um
trigo de império” e “ondulam sem se poder ver”
(porque futuros – só acessíveis aos sonhadores); a “fala
dos pinhais” é, assim, “o som presente desse mar
futuro/é a voz da terra ansiando pelo mar”.
Na segunda estrofe, o balanço: terá mesmo valido a pena? Pessoa responde que
sim, porque “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Toda a vitória implica
passar além da dor.
Em “A Última Nau”, este poema é mais um dos consagrados a D. Sebastião e ao
sonho com que ele se foi, a bordo d’A última nau a que “não voltou mais”, a que
ninguém sabe se atingiu uma ilha “indescoberta” ou se voltará algum dia. O
sonho sonhado pelos seus marinheiros ficou interrompido, mas, diz o poeta,
Deus, que “guarda o corpo e a forma do futuro”, pode projectá-lo, “sonho
escuro/e breve”.
O poeta, capaz ainda de sonhar futuros, consegue ver, diz, entre a serração, o
vulto baço do Rei que torna. Ele, poeta do presente, do séc. XX, sabe que há a
hora (ainda que não saiba quando, exactamente) do regresso de D. Sebastião/
sonho por cumprir. Assim se repita o ciclo: Deus volte a querer e o homem volte
a sonhar. É para aí que aponta o último poema de “Mar Português”.
“É a Hora!”, mas de quê? Pessoa não o diz, mas todo o livro o significa: a Hora
de partir, de novamente conquistarmos a “Distância/Do mar ou outra, mas que
seja nossa!” (poema “Prece”), de assumirmos o sonho, cumprindo o nosso
destino – assim a Obra nascerá de novo, como em “Mar Português” – e
poderemos “viver a verdade/que morreu D. Sebastião”.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem_(livro)
http://www.instituto-
camoes.pt/CVC/bvc/revistaicalp/esfingicopessoa.pdf#search=%22historia
%20portugal%20mensagem%20pessoa%22
http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/Mensagem.htm#Lusíadas
http://www.cfh.ufsc.br/~magno/oslusiadaseamensagem.htm
http://www.letras.ufrj.br/posverna/docentes/70057-1.pdf#search=
%22%22pensamentos%22%20lusiadas%20%22Mensagem%22%22
Conclusão
No final deste trabalho chegamos à conclusão que A Mensagem não é um
“poema nacional, uma versão moderna, espiritualista e profética dos Lusíadas”.
O que seria uma exaltação de valores nacionais converteu-se numa exortação
renovadora e corajosa a D. Sebastião (vivo – Lusíadas – ou como mito –
Mensagem).
Como Prado Coelho afirmou, “Em contraste com o realismo d’Os Lusíadas (…) a
Mensagem reage pela altiva rejeição a um «Real» oco, absurdo, intolerável,
propondo-nos em seu lugar a única coisa que vale a pena: o imaginário”.
Bibliografia
. http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/letras/ensaio28.htm
. http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/bezerra01.rtf
. http://cienciahoje.uol.com.br/images/chdia/n863a.jpg
. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/06/21/001.htm
. http://faroldasletras.no.sapo.pt/indice_mensagem_pessoa.htm
. http://faroldasletras.no.sapo.pt/mensagem_textos_teoricos.htm
. http://faroldasletras.no.sapo.pt/poesia_mensagem.htm
. http://genealogia.netopia.pt/images/pessoas/pes_409.jpg
. http://i1.trekearth.com/photos/4380/p6091797a-seafarermon-te.jpg
. http://lusiadas.gertrudes.com/poesia1.html
. http://lusiadas.gertrudes.com/poesia3.html
. http://members.tripod.com/netopedia/Literatura/lusiadas.htm
. http://nautilus.fis.uc.pt/personal/marques/old/pessoa/mensagem.html
. http://omj.no.sapo.pt/forum.htm
. http://orbita.starmedia.com/~agoniaextase/navio.jpg
. http://oslusiadas.no.sapo.pt/cantos.html
. http://oslusiadas.no.sapo.pt/planos.html
. http://oslusiadas.no.sapo.pt/viagem.html
. http://paulacruz.com/bin/documentos/A_mensagem.doc
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_portugueses
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem_(livro))
. http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Lus%C3%ADadas
. http://pwp.netcabo,pt/0511134301/lusiadas.htm
. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/24/
Luis_de_Camoes.jpg/300px-Luis_de_Camoes.jpg
. http://users.servicios.retecal.es/jomicoe/Viriato-C.A.Santos.jpg
. http://web.educom.pt/escolovar/historia_camoes_lusiada1.htm
. http://web.rccn.net/camoes/camoes/index.html
. http://www.atalaia.org/images/encontros/atalaia_encontros_fotos_
1073943289_8707718.jpg
. http://www.cartografia.eng.br/sandraperes/academico/lusiadas.php
. http://www.cfh.ufsc.br/~magno/oslusiadaseamensagem.htm
. http://www.educom.pt/proj/por-mares/lamentacao.htm
. http://www.educom.pt/proj/por-mares/obra.htm
. http://www.esec-emidio-navarro-
alm.rcts.pt/BoasLeituras/images/d.sebastiao.jpg
. http://www.etab.ac-caen.fr/vhugo/portugais/Vasco%20da%20Gama.jpeg
. http://www.exames.org/apontamentos/uploads/portugues-mensagem.doc
. http://www.geocities.com/imogenation/other/pessoa/fernando.gif
. http://www.instituto-camoes.pt/CVC/bvc/revistaicalp/esfingicopessoa.pdf
. http://www.instituto-
camoes.pt/CVC/bvc/revistaicalp/esfingicopessoa.pdf#search=%22historia
%20portugal%20mensagem%20pessoa%22
. http://www.instituto-camoes.pt/CVC/literatura/litviagens.htm
. http://www.letras.ufrj.br/posverna/docentes/70057-1.pdf#search=
%22%22pensamentos%22%20lusiadas%20%22Mensagem%22%22
. http://www.macjams.com/filemgmt_data/snaps/17500_3.jpg
. http://www.marinha.pt/extra/revista/ra_set_out2005/pag23_2.jpg
. http://www.prof2000.pt/users/hjco/mensagem/Pg000006.htm
. http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/Mensagem.htm
. http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/Mensagem.htm#Lusíadas
. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141992000100003
. http://www.somentepoesias.hpg.ig.com.br/paginas/poetas.htm
. http://www.teiaportuguesa.com/lisboa/images/camoes.jpg
. http://www.traditioninaction.org/SOD/SODimages/042_D.
%20Sebastiao_17.jpg
. http://www.ufp.pt/page.php?intPageObjId=10310
. httpwww.lissabon-umgebung.deimagespadrao_descobrimentos.jpg
. www.citi.pt/cultura/historia/personalidades/d_sebastiao/pessoa.gtml
. www.educom.pt/proj/por-mares/lamentacao.htm
. www.prof2000.pt/users/hjco/mensagem/Pg000006.htm
. www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/Mensagem.htm
. Pinto Pais, Amélia, Para Compreender Fernando Pessoa, areal editores, 2004
. Apontamentos Professora