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Resumo P1 – Processos Patológicos e Terapêutica

 Prof.Guilherme
- Patologia: perda do estado homeostático.

- A limpeza do organismo é feita pelo banco mucociliar (formado por epitélio e células). Os
fumantes perdem este epitélio, que será substituído por um epitélio escamoso (pavimentoso
estratificado) perdendo o sistema de defesa do trato anterior.

- Outro sistema de limpeza são os macrófagos, que limpam o sistema de trocas gasosas. Este
sistema conta com uma importante participação do sistema imunológico.

 Causas da lesão celular:

- Hipóxia: deficiência do suprimento sanguíneo causando oxigenação inadequada.

- Substâncias químicas e drogas: podem alterar, por exemplo, a permeabilidade da membrana,


homeostase osmótica ou integridade de enzimas.

- Agentes físicos: traumas, calor ou frio extremo, alterações súbitas de pressão.

- Agentes microbianos

- Mecanismos imunes: doenças auto-imunes, reações anafiláticas

- Defeitos genéticos

- Desequilíbrios nutricionais

- Envelhecimento

- A ausência de O2 é a base da patogenia na lesão celular isquêmica, mas há ainda os radicais


livres que causam peroxidação dos lipídios e outros efeitos prejudiciais. Sobre a estrutura
celular

- Lesão reversível: o primeiro ponto de ataque da hipóxia é a respiração aeróbica celular. A


atividade da ATPase é reduzida, causando falência da bomba de Na, acúmulo de Na
intracelular, difusão do K fora da célula e tumefação (edema) celular aguda. Há ainda aumento
da taxa de glicólise para gerar ATP através do glicogênio e redução do pH intracelular. Logo
após, ocorre o descolamento dos ribossomos do retículo endoplasmático rugoso. Todos estes
distúrbios são reversíveis caso a oxigenação seja reestabelecida. Se a isquemia persistir, ocorre
lesão irreversível.

- Lesão irreversível: vacuolização das mitocôndrias, lesão na membrana plasmática, edema dos
lisossomos e grande entrada de Ca na célula, redução do pH levando à lesão dos lisossomos e
digestão enzimática dos componentes celulares e nucleares. Os dois pontos mais importantes
da lesão irreversível são as lesões na membrana plasmática e a incapacidade de reverter a
disfunção mitocondrial. Dentro disto, há quatro causas para lesões na membrana: perda de
fosfolipídeos, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres e produtos da degradação dos
lipídeos.

- Ou seja, a hipóxia afeta a fosforilação oxidativa e, portanto, a síntese de suprimentos vitais de


ATP; a lesão na membrana é decisiva para o desenvolvimento da lesão celular letal e o Ca é um
potencial mediador das alterações morfológicas na morte celular.

 Mediação da lesão celular por radicais livres

- Radical livre: substância que possui um elétron não pareado na camada de valência,
tornando-se reativa e instável. Podem ser iniciados por exposição à radiação ou reações de
redução-oxidação que ocorrem em processos fisiológicos normais.

- Alguns radicais livres:

1- Hidroxila

2- Superóxido (enzimas oxidativas do retículo endoplasmático, mitocôndrias, membrana


plasmática, peroxissomos e citossol convertem O 2 em superóxido. Metais como Fe ou Cu
catalisam a reação de Fenton (reação de formação de radicais livres). Ocorre a redução do Fe 3+
para Fe2+ para que este seja ativo na reação de Fenton, estimulando a produção de hidroxila.

- Os efeitos dos radicais são diversos, entre eles:

a) Peroxidação lipídica das membranas: as interações lipícdios-radicais produzem peróxidos,


que são instáveis e reativos, causando reações catalíticas e lesões na membrana e organelas.

b) Lesão mitocondrial não-peroxidativa: perda da função mitocondrial similar ao efeito da


hipóxia sobre a organela.

c) Lesões no DNA: reação com a timina produz rupturas nos filamentos de DNA, implicando em
destruição celular ou transformação maligna.

d) Ligação cruzada de proteínas: aumenta a destruição celular inativando enzimas.

 Morte celular:

- Há vários alterações (processos degenerativos) nucleares que indicam morte celular:

a) picnose: condensação da cromatina/núcleo celular (núcleo pequeno e hipercromático


devido à hematoxilina), aumento da basofilia.

b) cariorrexe: fragmentação da cromatina com perda/ruptura da carioteca.

c) cariólise: dissolução da cromatina, desaparecimento nuclear.

d) alterações citoplasmáticas (processos degenerativos citoplasmáticos): acidofilia (causa


morte celular), perda dos limites celulares (decorrente da morte celular).

- Alguns agentes físicos (calor), químicos (toxinas bacterianas) e biológicos (bactérias e vírus)
podem causar morte celular
- Quatro pontos na célula levam à sua degeneração: genoma (integridade do DNA), membrana
plasmática (controle hidroeletrolítico, permeabilidade seletiva), fosforilação oxidativa na
mitocôndria (que é o centro energético, pois sem ATP a célula morre), retículo endoplasmático
granuloso.

- Potencial adaptativo

a) células lábeis (células tronco hematopoiéticas): estão constantemente no ciclo celular

b) células estáveis (células musculares e fibroblastos): não estão no ciclo celular, mas pode
entrar no ciclo por estímulo.

c) células permanentes: não entram no ciclo celular.

 Adaptações celulares de crescimento e diferenciação:

- Atrofia: diminuição do tamanho do órgão ou tecido. Ocorre em situações microambientais


adversas (nutricional, neurogênica, vascular e mecânica). As aparentes causas são:diminuição
da carga de trabalho, perda da inervação, diminuição do suprimento sanguíneo, nutrição
inadequada, perda do estímulo endócrino e envelhecimento. É acompanhada pelo aumento
de vacúolos autofágicose corpos residuais.

- Hipertrofia: aumento do volume do órgão ou tecido por aumento do tamanho das células
que o constituem. Ocorrem em condições fisiológicas ou patológicas. Pode ser hormonal (ex:
hipertrofia uterina ou gravidez) ou mecânica (ex: hipertrofia cardíaca na estenose valvar
compensatória, hipertrofia renal após exérese - retirar uma parte ou a totalidade de um órgão
ou tecido para fins terapêuticos - rim contralateral).

- Hiperplasia: aumento do número de células de um órgão ou tecido que, em geral, associa-se


à hipertrofia. Ocorre em condições fisiológicas (tecido mamário durante a lactação) e
patológicas (tecido de granulação na resposta cicatricial, ou seja, tecido de transição
relacionado à cura de feridas).

- Metaplasia: substituição de um tecido adulto bem diferenciado por outro adulto bem
diferenciado na vida pós-natal. Ocorre no pulmão de fumantes.

- Calcificação patológica: acúmulo de sais de Ca juntamente com outros sais minerais. Pode ser
distrófica (em tecidos mortos ou que estão morrendo) ou metaplásica (em tecidos normais;
reflete algum distúrbio no metabolismo do Ca e levando à hipercalemia).

 Acúmulos intracelulares:
a) Degeneração hidrópica: acúmulo de água intracelular consequência de desequilíbrios no
controle do gradiente osmótico no nível da membrama citoplasmática e nos mecanismos de
absorção, eliminação de água e eletrólitos intracelulares

b) Esteatose: acúmulo anormal e reversível de lipídeos no citoplasma de células


parenquimatosas, hepatócitos e fibras do miocárdio, onde normalmente lipídeos não são
encontrados.

c) Degeneração hialina: Acúmulo de proteínas no interior de células ou no meio extracelular


pela ação de substâncias irritantes com intensidade moderada.

- Homeostase tecidual: emigração, imigração e proliferação são importantes para haver


equilíbrio no tecido.

- Apoptose: morte celular ativa (com gasto de energia) não necessariamente associada à
injúria. É um evento biologicamente fundamental. Durante este processo há diminuição do
volume celular e picnose. Três aspectos caracterizam células apoptóticas: condensação da
cromatina e formação de vesículas na membrana, fragmentação do DNAe necessidade de
síntese de RNA e proteínas.

1- Eventos subcelulares:

a) Membrana celular faz externalização da fosfatidilcerina para sinalização de apoptose.


b) Poros na membrana mitocondrial permitem a saída do citocromo C para o citoplasma,
onde ativam as caspases (que degradarão enzimaticamente o citoesqueleto celular) e
as CADS (que estão no citoplasma e farão a degradação nuclear e a quebra enzimática
da cromatina)

c) Alterações proteolíticas.
d) Lisossomos fazem heterofagia (fagocitose) e autofagia (remoção de organelas
danificadas, remodelagem celular de diferenciação). Os corpos residuais (com
fragmentos não-digeridos) podem ser expulsos.

- Necrose: morte celular associada à injúria. Durante este processo há aumento do volume
celular e é um processo passivo. Macroscopicamente são áreas mais pálidas do tecido e
apresentam resistência tecidual. Há ainda aumento da acidofilia. Há quatro tipos principais de
necrose:

1. Necrose de coagulação: preserva a arquitetura tecidual e perde a


distinção/detalhamento das células. Um exemplo são as lesões isquêmicas. Um
subtipo desta necrose é a gangrena. Gangrena é uma necrose isquêmica (falta de
suprimento sanguíneo e consequentemente de oxigênio) das extremidades (braço,
mão, perna, pé), seguida de invasão bacteriana e putrefação.
2. Necrose de liquefação (coliquação): Há dissolução do tecido necrosado,
Microscopicamente há perda da arquitetura e limites celulares. Ex: amolecimento
cerebral (lesão isquêmica) e infecções suporativas (purulentas).
3. Esteatonecrose: degradação enzimática da gordura. Aspecto de pontos de giz nas
áreas lesadas(esbranquiçado e quebradio). Há misto de preservação de limites
teciduais. Ex: tecido adiposo ou pancreático.
4. Necrose de caseificação: aspecto de queijo (branco amarelado) ricota nas áreas
lesadas. Microscopicamente há perda da arquitetura e limites celulares.Ex:
tuberculose.

- Consequências da necrose: depende do local e da extensão da lesão.

- Evolução na necrose: absorção do tecido necrótico por tecidos vizinhos, drenagem por meio
de vias normais ou neoformados, calcificação do tecido necrótico por cristais de cálcio,
encistamento, reparo (regeneração ou cicatrização)

 Inflamação

- É a resposta à reação do tecido conjuntivo vascularizado à injúria, visando o retorno à


homeostase, com aumento da temperatura local.

- Injúria: causa distúrbio circulatório

- Etiologia (causa): estímulos inflamatórios como agentes físicos (temperaturas extremas,


traumatismos), químicos ou biológicos (microorganismos, restos necróticos, doenças
autoimunes)

- Função: diluir (inchaço), destruir (fagocitose) ou seqüestrar (separar do tecido normal


constituindo uma cápsula fibrosa, um abcesso, ex: espinha).

- Transudato: líquido com uma densidade menor que o exsudato, que tem mais proteínas.

- Pus: formado por bactérias e neutrófilos.

- Arena (local onde ocorre a inflamação): microcirculação (arteríolas, capilares e vênulas)é o


ponto principal da inflamação.

- Tipos:

1. Aguda: de curta duração (minutos a dias), com produção de exsudato (edema –


plasma e proteínas no interstício). Há extravasamento do vaso (plasma) devido à
permeabilidade celular. Os leucócitos tornam-se polimorfonucleares (com granulação
– neutrófilos, eosinófilos e basófilos)
2. Crônica: de longa durção (semanas, meses, anos), podendo levar à morte. Tipicamente
celular, não há líquidos (exsudatos). Há acúmulo de células no interstício (leucócitos
infiltrantes (células mononucleares: linfócitos e plasmócitos), fibroblastos e vasos
neoformados.

- Nomenclatura: os processos inflamatórios terminam com o sufixo ITE: mastite (mamas),


dermatite (pele), otite (ouvido), osteíte (ossos), bursite (articulação), gastrite (estômago),
metrite (útero), balanite (pênis), postite (prepúcio), orquite (testículos), adenite (glândulas),
encefalite (SNC), poliomielite (substância cinzente espinal), leucomielite (substância branca
espinal), seratite(córnea), nefrite, celulite (subcutânea da pele), rinite (seios nasais),colicistite
(vesícula biliar), neurite (nervo), esplenite (baço), linfoadenite (linfonodo), queilite (lábio),
glocite (língua).

- Tipos de exsudatos (líquido intersticial) inflamatórios:

Seroso
(pinga-pinga do Catarral (mucoso) Fibrinoso Purulento
início da gripe)
Principal
Principal elemento: fibrina. Pus (restos
elemento: muco (aumento da celulares,
Equivalente ao (produzido pelas permeabilidade neutrófilos
Composição soro sanguíneo células vascular, degenerados e
caliciformes – polimerização da colônias
intestino e fibrina, escape de bacterianas)
estômago) fibrinogênio no
plasma)
Flegmão (difusa),
Emplema (em
Superfícies Mucosa (trato Superfícies cavidade
Localização serosas respiratório e serosas, mucosas natural)ou Abceso
(peritoneal, digestório) ou vísceras (em cavidade
pericárdio) neoformada
delimitado por
cápsula fibrosa)
Infecções virais, Infecções
Quando fases iniciais de bacterianas com Principalmente Infecções
ocorre infecções baixa toxicidade, infecções bacterianas ou
bacterianas toxinas ou bacterianas micóticas
infecções virais
Fluido Turvo, viscoso, Formação de Depende do
Macroscopi translúcido, aderente, falsa membrana tecido/bactéria:
a límpido esbranquiçado ou (pseudomembran pode ser
amarelado oso) revestindo a acinzentado,
superfície branco, amarelo,
mucosa/serosa esverdeado.
com fibrinas
Crupal (acidofílico
Hialino, pouco Muito muco, lamelar, material Restos celulares,
acidófilo (rosa epitélio laminar neutrófilos
Microscopia claro), com descamado e formando redes degenerados e
alguns neutrófilos com neutrófilos colônias
leucócitos associados) ou bacterianas
diftérico (mais
grave)
Diluição do Proteção, Circunscrição, Exemplo de
Função agente revestimento, delimitação e necrose liquefativa
injuriante impermeabilizaçã restrição do por não se
o da estrutura processo dissolver. Não há
degeneração, e sim
fibrose devido à
perda tecidual pelo
pus.
Fibrina atrai
fibroblastos que
Observações - - depositam -
colágeno e pode
causar fibrose
local

 Viagem dos leucócitos do sangue para o interstício:

- Quando ocorre a injúria, há uma vasoconstrição arteriolar transitória, a histamina liga-se aos
receptores e provoca vasodilatação arteriolar e aumento da permeabilidade vascular. Abrem-
se os esfíncteres pré-capilares e chega sangue arterial. Então, há escape de plasma para o
interstício e hemoconcentração (sangue mais viscoso), aumentando o atrito e fazendo o
sangue circular mais devagar (estase circulatória local), o que causa marginação leucocitária.
Ocorre então o rolamento dos leucócitos (a ligação de moléculas selectinas promovem o
rolamento), a adesão dos leucócitos ao endotélio e a produção de integrinas (feita pelos
leucócitos) que reconhecem imunoglobulinas no endotélio. Feito isso, há a
transmigração/diapedese destas células e expressão de PECAM-1 (moléculas da superfamília
das imunoglobulinas), passando por células endoteliais e provocando quimiotaxia, formando o
foco inflamatório e possibilitando a fagocitose.

 Reparo:

- Substituição de células mortas por células sadias.


- Fibrose: ativação e transformação das células de Ito (células estreladas) em miofibroblasto
(com capacidade contrátil e síntese de colágeno. Mecanismo mediado por IL1.

-- Cirrose: associação de eventos reparativos, regeneração e fibrose cursando com


hipertensão portal.

-- Hepatites: grupo de doenças que se caracterizam pela presença de lesões necróticas


associadas à infiltração inflamatória com acometimeto difuso e heterogênio do fígado.
Etiologia variada, principalmente viral.

- Cicatrização por primeira intenção (união primária): a crosta da lesão (casquinha) é composta
por sangue coagulado e restos celulares.

a) 24 horas após a incisão: descontinuidade epidérmica, espessamento epidérmico nas bordas


da lesão, mitoses em camadas basais, infiltração leucocitária (predominantemente
neutrofílica).

b) 48 horas após a incisão: restituição da continuidade do revestimento epidérmico (camada


única), infiltração leucocitária mista, predomínio macrofágico (que secretam citocinas que
estimulam angiogênese e fibroplasia), início de neovascularização e fibroplasia.

c) 5 dias após a incisão: período de auge da neovascularização.

d) 2 semanas após a incisão: deposição de matriz extracelular, predomínio de fibroplasia,


anexos epidérmicos perdidos não são repostos.

- Cicatrização por segunda intenção (união secundária): Há grande perda decidual


(queimaduras, úlcera); produção de um tecido provisório (granulação) composto por vasos
neoformadose fibroblastos.

a) de 1 a 5 dias: matriz extracelular provisória (fibrina, fibronectina - produzida no fígado ou


pelo macrófago – e ácido hialurônico – hidrofílico fazendo com que este agregue água) que
estimula a adesão plaquetária, ativação macrofágica, recrutamento leucocitário e a migração
de células epiteliais sobre a matriz provisória.

b) 5 a 10 dias: amplo predomínio de tecido de granulação, tecido de aspecto esponjoso pelo


acúmulo delíquido intersticial, angiogênese (liberação de FGF e WGF pelo macrófago),
fibroplasia (PDGF, TGFß).
c) A partir de 10 dias: deposição de matriz extracelular de forma progressiva (TGFß liberada
por macrófagos0. Pode haver conversão de fibroblasto em miofibroblasto (contração ou
retração cicatricial); remodelamento da matriz extracelular vinculado a metaloproteinases.

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