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MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO

Os mediadores químicos na inflamação têm como objetivo iniciar,


amplificar e encerrar o processo inflamatório. A seqüência de eventos
vasculares e celulares da inflamação são: vasoconstrição (sendo transitória),
vasodilatação, alentecimento da circulação, aumento da permeabilidade
vascular, diminuição da velocidade circulatória local, estase sanguínea,
marginação leucocitária e migração leucocitária.
A maioria dos mediadores age por meio de ligação com receptores
específicos, outros por meio de ação enzimática direta ou por meio de danos
devido à geração de radicais livres. Eles podem desencadear uma cascata
capaz de gerar ampliação, com formação de mais mediadores. É importante
lembrar que a maioria desses mediadores tem meia-vida curta, deteriorando-se
rapidamente, sendo inativados por enzimas ou inibidos por inibidores.
 Lesão -> Estímulo para liberar -> Mediadores químicos ->
Inflamação aguda Inflamação crônica -> Resolução -> Cura.

 Formação de abscesso -> cura -> regeneração ->cicatrização

Princípios gerais dos mediadores químicos: Originam-se do plasma ou das


células teciduais. A maioria excreta sua atividade biológica inicialmente
ligando-se a receptores específicos nas células alvo. Um mediador químico
pode estimular a liberação de mediadores pelas próprias células alvo. Podem
atuar em um ou alguns tipos de células-alvo, possuir alvo difuso, ou até mesmo
ter efeitos diferentes de acordo com o tipo de célula e tecido. Uma vez ativadas
e liberadas a maioria tem vida curta. A maior parte tem o potencial de causar
efeitos nocivos.

Principais mediadores químicos

Aminas vasoativas: histamina e serotonina

Histamina: amplamente distribuída no tecido, normalmente presente no tecido


conjuntivo adjacente aos vasos sanguíneos. São encontradas em basófilos,
plaquetas e mastócitos (forma mais rica). A histamina é liberada pela
desgranulação de mastócitos em resposta a uma variedade de estímulos,
como traumatismo, frio e calor (estímulos físicos), reações imunes envolvendo
a ligação de anticorpos aos mastócitos, fragmento do complemento (C3a e
C5a), proteínas de liberação da histamina derivada dos leucócitos,
neuropeptídio, citocinas (IL – 1 e IL – 6). A histamina permite a dilatação das
arteríolas, aumento da permeabilidade das vênulas, constringe grandes artérias
aumenta a pressão arterial. É o principal mediador da fase imediata de
aumento da permeabilidade vascular, produz lacunas venulares, atua sobre a
microcirculação principalmente através do receptor H1.

Serotonina: corresponde ao segundo mediador vasoativo pré-formado, com


ações semelhantes as da histamina. Está presente em plaquetas e células
enterocromafins e a liberação é estimulada quando as plaquetas se agregam
após o contato com o colágeno com a trombina e com o difosfato de
adenosina, e ainda quando há presença do complexo antígeno e anticorpo.

Proteases plasmáticas: sistema complemento, de cininas e de coagulação

Sistema complemento: composto pelas proteínas que são encontradas em


maior concentração no plasma. Os componentes presentes na forma inativa no
plasma são numeradas de C1 a C9. O sistema complemento é responsável em
aumentar a permeabilidade vascular, ocasionar a quimiotaxia e a opsonização,
além da lise de micróbios pelo chamado CAM (complexo de ataque à
membrana). Os principais fenômenos vasculares provocados pelo sistema
complemento durante a inflamação aguda é o aumento da permeabilidade
vascular e vasodilatação (principalmente por histaminas liberadas dos
mastócitos) por C3a, C4a e C5a. A aderência, a quimiotaxia e a atuação dos
leucócitos na inflamação aguda são ocasionadas por C5a, um potente agente
quimiotático para neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Já a fagocitose
é provocada pelo C3b e C3bi, que quando fixados a parede bacteriana celular
atuam como opsoninas e favorecem a fagocitose por neutrófilos e macrófagos.

Sistema de cininas: é formado pelo fator XII ou de hogeman, que ao ser


ativado, ativa a pré-calicreína transformando-a em calicreína. Esta permite a
formação de cininogênio e este é responsável em estimular a bradicinina
fechando assim a cascata coagulativa. A bradicinina provoca aumento da
permeabilidade vascular, contração muscular lisa, dilatação dos vasos
sanguíneos, e promove dor quando injetada na pele por estimular os
receptores da dor (nociceptores). A bradicinina apresenta ação curta e é
inativada no pulmão pela ECA (enzima conversora de angiotensina).

Sistema de coagulação: é formado pela trombina que é responsável pelo


aumento da aderência leucocitária, proliferação de fibroblastos, e permite a
conversão de fibrinogênio em fibrina liberando durante esse processo
fibrinopeptídeos, que causam aumento da permeabilidade vascular e
proporciona quimiotaxia para leucocitária.

Metabólicos do ácido araquidônico (prostaglandina, prostaciclina,


tromboxano e leucotrienos)

Prostaglandina: vasodilatação e hiperalgesia.


Prostaciclina: vasodilatação e inibe agregação plaquetária.
Tromboxano: vasoconstrição e induz agregação plaquetária.
Leucontrieno: aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia,
vasoconstrição intensa, aderência leucocitária e broncoespasmo ou
broncoconstrição.

Fator de ativação plaquetária (FAP): O FAP é responsável em aumentar


permeabilidade vascular, agregar plaquetas, ocasionar quimiotaxia de
leucócitos e sintomas anafiláticos como hipotensão, trombocitopenia,
neutropenia e broncoconstrição.
Citocinas:
Corresponde ao grupo diversificado de proteínas de sinalização intracelular.
Regulam as respostas inflamatórias e imunológicas locais e sistêmicas,
regulam cicatrização de feridas, a hematopoese e outros processos biológicos.
As ações podem ser locais ou sistêmicas sendo elas:
Autócrinas: atuam próximo ao local que foram produzidos na mesma célula
que a secretou.
Parácrinas: atuam em células da proximidade.
Endócrinas: que são produzidas em grande quantidade e liberadas na
circulação, podendo agir em locais distantes do sítio de produção.

As principais citocinas são: interleucinas (IL), TNF (fator de necrose tumoral),


interferon, fator de crescimento transformante (TGF-β). O TNF pode provocar
distúrbios metabólicos como síndrome do choque séptico, caracterizado por
colapso e CIVD (coagulação intravascular disseminada), trata-se de uma
complicação da sepse bacteriana gram negativo severa.

Óxido nítrico: Corresponde ao fator liberado pelas células endoteliais,


promove vasodilatação (relaxa a musculatura lisa vascular), reduz
recrutamento de neutrófilos, aumenta a produção de defesa do hospedeiro –
ação antimicrobiana.

Radicais livres derivados do oxigênio: São liberados pelos leucócitos e


apresentam ação lesiva onde lesionam células endoteliais (lise), inativam anti-
protease, promovem a lise de hemácias, células do parênquima e tumorais.

Resumo: Vasodilatação: prostagladina e óxido nítrico.


Aumento da permeabilidade vascular: aminas vasoativas, C3, C5a, bradicinina,
leucotrienos C4, D4 e E4, FAP e substância P.
Quimiotaxia, recrutamento e ativação leucocitária: C5a, LTB4, quimiocinina,
TNF, IL-1 e produtos bacterianos.
Febre: IL-1, IL-6, TNF-α e prostaglandina.
Dor: prostaglandina e bradicinina.
Dano tecidual: enzimas dos lisossomos de neutrófilos e macrófagos,
metabólitos do oxigênio e óxido nítrico.

Curiosidade: Machucou, gelo na hora resolve?


Gelo não inibe inflamação, apenas inibe a formação do edema.
Crioterapia: é o uso do gelo para o tratamento das lesões agudas em atletas. O
edema é reduzido, pois a crioterapia torna o ritmo das reações químicas mais
lentas e inibe a liberação de histamina que é um vasodilatador, aumentando o
fluxo sanguíneo local; o espasmo muscular, a dor e o tempo de incapacidade
também são minimizados devido seu efeito na redução do metabolismo celular
e na diminuição da condução nervosa pelos nervos periféricos.

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