Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BASES BIOPATOLÓGICAS
PARA CURSOS DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE
F. Oliveira Torres
Nuno Sampaio
Luis Monteiro
2012
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Página 2
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CAPÍTULO XII
Deve ser acrescentado, ter o sangue, para além das proteínas da coagulação, células
efetoras dessa coagulação, as plaquetas. Estas aderem a tudo que é estranho, aderem
entre si e segregam fatores estimuladores da coagulação. São as grandes responsáveis
pela hemóstase, ou seja, paragem de sangramento após traumatismo. Aderem ao
colagénio e vão constituir o coágulo.
Página 3
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
- Ativadora do plasminogénio.
Página 4
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Página 5
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
- Inativador da αl-antitripsina.
Página 6
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
As grandes trocas acontecem entre os dois componentes dos 20% da água extracelular,
ou seja, entre a água intersticial e a plasmática. Os 50% da água intracelular são
intocáveis, tem de ser constantemente reposta pois a sua baixa é incompatível com a
vida. Assim, em caso de perda de água extracelular em crianças, por temperatura
elevada, vómitos e diarreia, deve haver rápida hidratação para não acontecer
desidratação intracelular, causa de morte.
1 - a pressão hidrostática na área venosa sanguínea, quando aumentada faz sair água
para os interstícios. Esta pressão anda pelos 25/30 mm de Hg.
2 - O teor proteico plasmático, ou pressão osmótica do plasma, anda também pelos
25/30 mm de Hg, e retém água dentro dos vasos.
3 - A pressão osmótica do líquido intersticial, relacionada com o teor de sódio, anda
pelos 2/3 mm Hg, e retém água nos espaços extracelulares.
4 - A pressão hidrostática intersticial, à volta de 1/2 mm de Hg, impede a saída de água
do plasma para os interstícios.
São as variações entre estas quatro forças, determinadas por fatores diversos, quem vai
ser causa de desidratação e de edema.
Página 7
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
à não ingestão de água, calor intenso, sudação intensa, sem reposição de água, diarreia e
vómitos.
Os edemas generalizados possuem uma causa geral única, ou associada a outras causas
gerais.
O edema por retenção de sódio, para além das causas já referidas, cardíacas e renais,
agrava-se com a ingestão excessiva de sal. Este deve ser retirado da alimentação em
qualquer situação de edema.
Página 8
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
3 - Obstrução linfática
- Carcinomas.
- Cicatrizes inflamatórias.
- Radiações.
Página 9
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
SISTEMA ARTERIAL
TERRITÓRIO
CORAÇÃO
MICROCIRCULATÓRIO
SISTEMA LINFÁTICO
SISTEMA VENOSO
Página 10
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
- Por alterações dos factores plasmáticos da coagulação como é o caso das hemofilías
por deficiência dos factores anti-hemofílicos (factores 8 e 9 da coagulação), ou por
hipoprotrombinemia (deficiência de protrombina), ou por hipofibrinogenémia
(deficiência de fíbrinogénio).
Quer a protrombina quer o fíbrinogénio são proteínas produzidas pelo fígado. Assim em
toda a insuficiência hepática, há tendência para hemorragias, por deficiência dos fatores
de coagulação.
Por redução do número de plaquetas (trombocitopenia), por lesão medular com não
produção de plaquetas, ou por gasto de plaquetas e por alteração de formação
plaquetária (púrpuras). Também pode acontecer aumento de destruição de plaquetas por
causa autoimune, DIC, hiperplenismo primário e por tóxicos.
Página 11
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
O estado de choque, com anúria, constrição vascular, pele pálida e fria, a suar,
taquicardia e taquipneia, tudo sintomas e sinais da tentativa de suprir a deficiência de
sangue ao cérebro e coronárias.
Página 12
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
3 - Tirosina hidroxilase, enzima reguladora da síntese de protamina, que vai regular por
meio de células glómicas do corpo carotideo, a manutenção de um aumento de
ventilação.
Já foi referido o estado de pele pálida, fria, pela constrição vascular simpática,
estimuladora das glândulas anexas à pele, aparecendo sudação prejudicial, pela perda de
água que acarreta.
O doente está ansioso, taquicárdico, para haver maior rapidez circulatória do volume de
sangue existente, e taquipneico, ou seja, com aumento do número de movimentos
respiratórios, para ser possível uma maior oxigenação do menor volume de sangue
existente. O suplemento sanguíneo necessário ao cérebro e ao miocárdio acontece, à
custa de redução sanguínea a outros órgãos, como o pulmão pela circulação brônquica e
o rim.
Deste modo, no pulmão vai acontecer anóxia dos pneumócitos de tipo II com
dificuldade na renovação do surfactante pulmonar. O pulmão torna-se pesado e
edemaciado - pulmão de choque, prejudicial à oxigenação do sangue, já que o edema
ocupa os alvéolos e o ar não entra. Por outro lado, edema pulmonar é perda de mais
água, situação prejudicial.
No rim, a isquémia vai lesar muito mais o túbulo renal do que o glomérulo. A anóxia
tubular leva à sua destruição - tubulorrexis, situação de nefrose a dominar o quadro de
irreversibilidade de choque e morte.
O fígado, devido à anóxia, vai apresentar acumulação gorda – fígado gordo.
Na suprarrenal, órgão central na situação geral adaptativa, vai acontecer total depleção
lipídica, por esgotamento dos lipídeos no fabrico das hormonas córticosuprarenais.
No intestino podem aparecer sufusões hemorrágicas generalizadas, dependentes de
fenómenos de coagulação vascular generalizada.
Página 13
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Alterações na coagulação:
Trombose
Página 14
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Evolução dos trornbos - Podem propagar-se, dar origem a êmbolos, podem ser
fíbrinolisados, podem sofrer contaminação bacteriana e serem parcialmente digeridos
por enzimas bacterianas (amolecimento puriforme do trombo), podem ser penetrados
por tecido de granulação (organizarem-se), podem endotelizar-se, recanalizar-se e
calcificar.
Embolia
Êmbolos gasosos - têm origem em gases do sangue, como o O2, o CO2 e o azoto,
quando submetidos a grandes pressões, como acontece em grandes profundidades ou
em altitudes, se rapidamente despressurisados, se libertam sob a forma de bolhas.
Êmbolos amnióticos - são formados por células do liquido amniótico, na altura do parto
introduzido nos vasos abertos pela pressão negativa da expulsão do feto. Localizam-se
preferencialmente no pulmão, podendo acarretar embolismo fetal.
Êmbolos gordos, resultam muitas vezes da fraturas ósseas, mesmo simples, com
veiculação de lipídeos da medula óssea para a corrente sanguínea, não ligados a
proteínas e por isso tóxicos para as células endoteliais microcirculatórias. Pode
acontecer desencadear-se uma situação de coagulação vascular disseminada, muitas
vezes acompanhando o chamado síndrome de embolismo gordo, com lesão pulmonar e
cerebral, e sintomatologia de coagulopatia de consumo. Parece ser todo um cortejo de
alterações ligadas ao stress, à toxidade dos lipídeos e ao DIC, mais do que a embolia em
si, a causa da síndrome.
Página 15
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Enfarte
A morfologia do enfarte vai-se modificando com o tempo. Inicia-se por palidez, rodeada
por hiperémia da resposta inflamatória, evolui para reparação cicatricial, terminando em
tecido de cicatriz.
Página 16
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
O ateroma será o depósito de produtos, o mais importante, o colesterol, nas paredes das
artérias.
Página 17
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
aparecimento de mais células macrofágicas, agora macrófagos que já nada tem a ver,
com a dinâmica fisiológica das células musculares lisas.
Esta realidade do atrito e da ação da plaqueta são a base de teorias sobre a formação do
ateroma.
Na sequência da primeira teoria, a metabólica ou da circulação lipidica - a tal nutrição
da íntima pela própria corrente circulatória, surge depois, na base do já referido, as
teorias mecânicas ou hidrodinâmica ou do atrito, e a teoria durante muito tempo em
voga é uma realidade, a teoria da trombose mural infiltrativa de Duguid. Este autor
acentava a sua teoria no já referido e no facto da morfologia do ateroma ser o de uma
meia lua, encrustada na parede e com a convexidade para o lúmen. Referia Duguid ser
este o aspecto, o resultado do "empurrar" pela própria força circulatória, de um trombo
saliente no lúmen vascular. Só se poderia dispor em forma de meia lua, dentro da
parede, perante essa força.
Página 18
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Como factor agregador plaquetário, o ácido úrico será mais um factor circulante da
aterogénese.
As LDL constituem o que se chama o mau colesterol. Só são más porque em excesso,
por alimentação excessiva em produtos ricos em colesterol, ou pela sua não utilização
por deficiência das apo-E, ou por deficiência genética celular em recetores para as LDL
Página 19
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
- Teoria proliferativa reacional de Ross, em que a proliferação era policlonal reativa, aos
vários estímulos referidos.
Todas as teorias têm a sua lógica desde a hidrodinâmica à da célula residual, todas se
completam. Falta porém a mais importante de todas, aquela que vai explicar os
prejuízos da lesão ateromatosa e suas consequências.
Página 20
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
A COX2, aparece na placa, quer no endotélio que a reverte, quer na célula muscular.
Está sempre ligada à libertação de citocinas como a IL1, o TNF, interferon, fatores de
crescimento e regulação de crescimento. A COX2 está hoje também implicada na
neoangiogénese e na apoptose. Os fibroblastos também produzem COX2, bem como os
macrófagos e células da placa. A COX2 apoia a importância da inflamação no ateroma.
Por isso, a inibição da COX2 por anti-inflamatórios anti-COX2, são à partida fatores
protetores da aterogénese. A COX2 é menos sensível à inibição pela aspirina que a
COXl. É de referir contudo que inibindo as COX, se reduz a inflamação da placa, mas
perde-se toda a ação protectora das prostaglandinas na parede vascular.
As células endoteliais e as células musculares lisas das artérias normais são de baixo
turnover. Estão protegidas da apoptose por diferentes mecanismos. Na hipertensão, as
células musculares lisas tem uma replicação aumentada não contrabalançada pelo
aumento da apoptose, resultando em espessamento da túnica média das artérias e das
arteríolas. Quer os macrófagos, quer as células musculares lisas, sofrem apoptose nas
placas ateromatosas. Nos estados precoces da aterosclerose, as células musculares lisas
tornam-se mais suscetíveis à apoptose por diferentes factores pró-apoptóticos.
A perda de células musculares lisas é prejudicial para a estabilidade da placa, por perda
de tensibilidade, elasticidade da camada fibrosa produzida pela célula muscular lisa.
A apoptose dos macrófagos (que fagocitam e destroem células musculares lisas) pode
ser benéfica para a estabilidade da placa, se os corpos apoptóticos forem removidos. Se
tal não acontecer, os corpos apoptóticos ativam a trombina, o que leva à trombose na
placa. Em conclusão, a apoptose é prejudicial por poder levar à rotura e à trombose, e
Página 21
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
As LDL oxidadas são mais agressivas para a parede vascular, levam à estimulação de
macrófagos e formação de "foam cells" - células espumosas, macrófagos carregados de
lipídeos. Isto acontece por ação do fumo do cigarro e é prevenido pela vitamina E,
antioxidante. Também os esteróides oxidados como a vitamina D3 podem ser
prejudiciais.
Consequências da arteriosclerose
Página 22
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
- Diabetes mellitus.
- Deficiência de rectores celulares para as LDL e hipercolesterolemias.
- Deficiência nas apoproteínas, principalmente na ApoE e B100. Hipercolesterolémia de
tipo III e defeito da Apo-E.
- Ação da MTP - proteína microssómica de transferência de triglicerídeos, havendo na
sua deficiência, acumulação destes. Os inibidores da MTP baixam o colesterol.
- Metabolismo endógeno e exógeno de lipídeos.
Página 23
BASES BIOPATOLÓGICAS PARA CURSOS DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Fácil saber, grosso modo, porque há hipertensão, difícil dissecar os seus mecanismos.
A hipertensão pelo aumento de resistências pode ser dependente da renina que liberta
angiotensinas vasoconstritoras.
A hipertensão pode ser benigna ou maligna. Esta última atinge indivíduos novos e mata
por insuficiência cardíaca ou acidente vascular cerebral. Na hipertensão maligna há
intensa hialinização da parede dos vasos da microcirculação, com aspecto histológico de
"casca de cebola".
Página 24