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Calculo 1 Notas de Aula - Ma
Calculo 1 Notas de Aula - Ma
2005
Sumário
1 Os Números Reais 4
1.1 Os Números Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Os Números Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Módulo de um Número Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 *Limitação de Subconjuntos de R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Funções 16
2.1 Noções Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Operações com Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3 Definições Adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.5 Funções Exponenciais e Logarı́tmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.6 *Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.6.1 Limite de uma Seqüência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 Limite e Continuidade 34
3.1 Noção Intuitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 Propriedades do Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.5 Propriedades das Funções Contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.6 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.7 Limites no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.8 Limites Infinitos no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.9 O Número e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.10 Outras Propriedades das Funções Contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.11 *Limite de Funções e Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4 A Derivada 64
4.1 Motivação e Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2 Fórmulas e Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.3 A Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.4 Derivação Implı́cita e Derivada da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . 72
1
4.5 Derivadas de Ordens Superiores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.6 Máximos e Mı́nimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.7 O Teorema do Valor Médio e suas Conseqüências . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.8 Concavidade e Pontos de Inflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.9 Regras de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.10 Assı́ntotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.11 Esboço de Gráficos de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5 Aplicações da Derivada 88
5.1 Velocidade e Aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.2 Taxas de Variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.3 Taxas Relacionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.4 Reta Tangente e Reta Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.5 Aproximações Lineares e Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.6 Polinômios de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
5.7 Problemas de Mı́nimos e Máximos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6 A Integral 99
6.1 A Integral de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
6.2 Propriedades da Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.3 O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
6.4 Antiderivadas ou Primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
6.5 O Segundo Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
6.6 O Logaritmo Definido como uma Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
2
8.5 Área de Superfı́cie de Revolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
8.6 Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
8.7 Centro de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
3
Capı́tulo 1
Os Números Reais
4
(M3) (elemento neutro) existe 1 ∈ Q, tal que x1 = x, para todo x ∈ Q ;
(M4) (elemento inverso) para todo x ∈ Q, x 6= 0, existe y ∈ Q, y = x1 , tal que x·y = 1 ;
x + z = y + z =⇒ x = y .
Prova.
+(−z) (A1)
x + z = y + z =⇒ (x + z) + (−z) = (y + z) + (−z) =⇒ x + (z + (−z))
(A4) (A3)
= y + (z + (−z)) =⇒ x + 0 = y + 0 =⇒ x = y .
Segue da lei do cancelamento que
Proposição 1.4. Para todo x ∈ Q, x · 0 = 0.
Proposição 1.5. Para todo x ∈ Q, −x = (−1)x.
Diremos que
a não-negativo, se a · b ∈ N
∈ Q é
b positivo, se a · b ∈ N e a 6= 0
e diremos que
não-positivo, se a não for positivo
a b
∈ Q é
b negativo, se a não for não-negativo.
b
Sejam x, y ∈ Q. Diremos que x é menor do que y e escrevemos x < y, se existir t ∈ Q
positivo tal que
y = x + t.
Neste mesmo caso, poderemos dizer que y é maior do que x e escrevemos y > x. Em
particular, x > 0 se x for positivo e x < 0 se x for negativo.
Se x < y ou x = y, então escreveremos x ≤ y e lemos “ x é menor ou igual a y ”. Da
mesma forma, se y > x ou y = x, então escreveremos y ≥ x e, neste caso, lemos “ y é maior
ou igual a x ”. Escreveremos x ≥ 0 se x for não-negativo e x ≤ 0 se x for não-positivo.
A quádrupla ( Q , + , · , ≤ ) satisfaz as propriedades de um corpo ordenado, ou seja,
além das propriedades anteriores, também valem as propriedades seguintes:
5
(O1) (reflexiva) x ≤ x, para todo x ∈ Q ;
(O2) (anti-simétrica) x ≤ y e y ≤ x =⇒ x = y, para quaisquer x, y ∈ Q ;
(O3) (transitiva) x ≤ y , y ≤ z =⇒ x ≤ z, para quaisquer x, y, z ∈ Q ;
(O4) Para quaisquer x, y ∈ Q, x ≤ y ou y ≤ x ;
(OA) x ≤ y =⇒ x + z ≤ y + z ;
(OM) x ≤ y e z ≥ 0 =⇒ xz ≤ yz .
Proposição 1.6. Para quaisquer x, y, z, w no corpo ordenado Q, valem
x≤y
(a) =⇒ x + z ≤ y + w.
z≤w
0≤x≤y
(b) =⇒ xz ≤ yw.
0≤z≤w
Outras propriedades:
Sejam x, y, z, w ∈ Q. Então valem
• x < y ⇐⇒ x + z < y + z;
• z > 0 ⇐⇒ z −1 > 0;
• z > 0 ⇐⇒ −z < 0;
• Se z > 0, então x < y ⇐⇒ xz < yz;
• Se z < 0, então x < y ⇐⇒ xz > yz;
0≤x<y
• =⇒ xz < yw;
0≤z<w
1 1
• 0 < x < y ⇐⇒ 0 < < ;
y x
• (tricotomia) x < y ou x = y ou x > y;
• (anulamento do produto) xy = 0 ⇐⇒ x = 0 ou y = 0.
6
1.2 Os Números Reais
Nem todo ponto da reta real é racional. Considere um quadrado de lado 1 e diagonal d .
Pelo Teorema de Pitágoras,
d2 = 12 + 12 = 2.
Seja P a intersecção do eixo x com a circunferência de raio d.
-
0 1 P x
Prova.
(a) Se a for ı́mpar, então existe k ∈ Z tal que a = 2k + 1 . Daı́ segue que
(b) Suponha, por absurdo, que a não é par. Logo a é ı́mpar. Então, pela Proposição 1.7
(a), a2 também é ı́mpar, o que contradiz a hipótese. Portanto a é par necessariamente.
Prova. Suponhamos, por absurdo, que x2 =2 tem solução em Q . Então podemos tomar
a a a 2
x = com a, b ∈ Z e irredutı́vel. Logo = 2 , ou seja, a2 = 2b2 e portanto a2 é par.
b b b
Segue da Proposição 1.7 (b) que a também é par. Portanto existe k ∈ Z tal que a = 2k .
Mas
a2 = 2b2
=⇒ 2b2 = 4k 2 =⇒ b2 = 2k 2 .
a = 2k
7
a
Portanto b2 é par e, pela Proposição 1.7 (b), b também é par. Mas isto implica que é
b
redutı́vel (pois a e b são divisı́veis por 2 ) o que é uma contradição. Portanto não existe
a a 2
∈ Q tal que = 2.
b b
Denotamos o conjunto dos números reais por R. Temos R ⊃ Q e todo número real que
não é racional é dito irracional.
Em R , definimos uma adição (+) , uma multiplicação (·) e uma relação de ordem (≤).
Então a quádrupla ( R , + , · , ≤ ) satisfaz as condições (A1) a (A4) , (M1) a (M4) , (D) ,
(O1) a (O4) , (OA) e (OM) como na seção anterior e portanto é um corpo ordenado.
Exemplo 1.1. Resolva a inequação πx + 1729 < 4x + 1.
Vamos começar adicionando o oposto de 1729 + 4x dos dois lados da inequação. Assim
πx + 1729 − 1729 − 4x < 4x + 1 − 1729 − 4x
ou seja
πx − 4x < 1 − 1729
que também pode ser escrita como
(π − 4)x < −1728.
Agora multiplicaremos a última inequação pelo inverso de π − 4, que é negativo. Obtemos,
então,
1728
x>−
π−4
ou seja
1728
x> .
4−π
x+1
Exemplo 1.2. Qual é o sinal de em função de x ?
1−x
O numerador é positivo quando x > −1, negativo quando x < −1 e zero quando x = −1. O
denominador é positivo quando x < 1, negativo quando x > 1 e zero quando x = 1. Portanto
a fração será positiva quando −1 < x < 1, negativa quando x < −1 ou x > 1 e zero quando
x = −1.
4x + 1
Exercı́cio: Resolva a inequação ≤ 4.
3−x
8
Segue da definição acima que |x| ≥ 0 e |x| ≥ x, para todo x ∈ R.
Exemplo 1.3. Mostre que |x|2 = x2 , ou seja, o quadrado de um número real não muda
quando se troca seu sinal.
√
Segue do Exemplo 1.3 que |x| = x2 , isto é,
√
x2 = |x|
Exemplo 1.4. A equação |x| = r, com r ≥ 0, tem como soluções os elementos do conjunto
{r, −r}.
Exemplo 1.7. Seja com r > 0. Então |x| < r ⇐⇒ −r < x < r .
• x ≥ 0 =⇒ r > |x| = x,
• x ≥ 0 =⇒ |x| = x < r,
9
|x| < r
r -
x
−r 0 r
|x − p | < r
r -
x
p−r p p+r
| xy| = | x| | y| .
| x + y| ≤ | x| + | y| .
10
| x + 1| = −x − 1
• Se x < −1, então e, portanto, | x + 1| + | x − 1| = −x − 1 − x + 1 =
| x − 1| = −x + 1
−2x.
2x, x≥1
Logo | x + 1| + | x − 1| = −2, −1 ≤ x < 1
−2x, x < −1.
• (−∞, +∞) = R.
Exemplo 1.12. x ∈ R : 2x − 3 < x + 1 = x ∈ R : x < 4 = (−∞, 4).
Proposição 1.9. Um conjunto A ⊂ R será limitado se, e somente se, existir L > 0 tal que
A ⊂ [−L, L].
Exemplo 1.13.
11
2n − 1
(d) C = : n ∈ N∗ é limitado.
n
Definição 1.4. Um conjunto A ⊂ R será dito ilimitado, se ele não for limitado.
Proposição 1.10. Um conjunto A ⊂ R será ilimitado se, e somente se, para todo L > 0,
existir x ∈ A tal que | x| > L.
Definição 1.5. Seja A ⊂ R. Diremos que
• A será dito limitado superiormente, se existir L ∈ R tal que x ≤ L, para todo
x ∈ A.
Neste caso, L será chamado limitante superior ou cota superior de A.
(b) N não é limitado mas é limitado inferiormente por 0, pois 0 ≤ x, para todo x ∈ N.
√
(c) B = √{x ∈ Q : x ≤ 2} não é limitado, mas é limitado superiormente por L, onde
L ≥ 2.
Definição 1.6. Seja A ⊂ R limitado superiormente (respectivamente limitado inferior-
mente), A 6= ∅.
• Se L ∈ R for cota superior (resp. cota inferior) de A e para toda cota superior (resp.
cota inferior) L de A, tivermos
L ≤ L (resp. L ≤ L ),
12
Proposição 1.11. Seja A ⊂ R limitado superiormente, A 6= ∅. Então L = sup A se, e
somente se, valerem as propriedades seguintes
Analogamente temos
Exemplo 1.15.
Prova. Suponhamos, primeiramente, que x > 0 e suponhamos, por absurdo, que A seja
limitado. Então existirá L = sup A pois A 6= ∅ (por que?). Logo, dado m ∈ N, existirá
x ∈ R tal que L − x < mx (veja a Proposição 1.11). Portanto L < (m + 1)x o que contradiz
a suposição.
O caso x < 0 segue de modo análogo.
13
Corolário 1.4. Para todo ε > 0, existe n ∈ N tal que
1
< ε.
n
1
Corolário 1.5. Se A = : n ∈ N , então inf A = 0.
n
Definição 1.7. Uma vizinhança de a ∈ R é qualquer intervalo aberto da reta contendo a .
Exemplo 1.17.
(a) Seja A = (a, b). Então o conjunto dos pontos de acumulação de A é [a, b].
Exemplo 1.18.
(a) Seja B = {1, 1/2, 1/3, . . .}. Então o conjunto dos pontos de acumulação de B é {0} e
o conjunto dos pontos isolados de B é o próprio conjunto B.
Observação: Podem haver conjuntos infinitos que não possuem pontos de acumulação (por
exemplo Z). No entanto, todo conjunto infinito e limitado possui pelo menos um ponto de
acumulação.
Pela propriedade arquimediana de R, podemos provar a proposição seguinte.
14
Proposição 1.15. O conjunto dos pontos de acumulação de Q é R.
Exercı́cios:
√
(a) Mostre que se r for um número racional não nulo, então r 2 será um número irracional.
(c) Mostre que todo intervalo aberto contém um número infinito de números irracionais.
(d) Mostre que qualquer número real é ponto de acumulação do conjunto dos números
irracionais.
15
Capı́tulo 2
Funções
• A é chamado domı́nio de f ;
• B é chamado contra-domı́nio de f ;
• o conjunto
Im(f ) = {y ∈ B ; y = f (x), x ∈ A} .
é chamado imagem de f .
x ∈ A 7→ f (x) ∈ B .
é chamado gráfico de f .
Decorre da definição acima que G(f ) é o lugar geométrico descrito pelo ponto (x, f (x)) ∈
R × R, quando x percorre o domı́nio Df .
16
Definição 2.3. Sejam f : A → B e D ⊂ A. Denotamos por f D a restrição de f ao
subconjunto D de A. Então
f D (x) = f (x), para todo x ∈ D.
(h) função algébrica: função construı́da usando operações algébricas começando com
√ (x − 4) √
polinômios; por exemplo, f (x) = x2 + 1, g(x) = √ 3 x + 1.
x5 + 2x
Exemplo 2.2. Função definida por partes: definida de forma diversa em diferentes
partes de seu domı́nio; por exemplo,
1 − x se x ≤ 1, x se x ≥ 0,
(a) f (x) = (b) g(x) = |x| =
x2 se x > 1; −x se x < 0.
17
2.2 Operações com Funções
Definição 2.4. Dadas funções f : Df → R e g : Dg → R e dado x ∈ Df ∩ Dg , podemos
definir algumas operações com funções:
Observação: Em geral, f ◦ g 6= g ◦ f.
√ √
Exercı́cio: Se f (x) = x e g(x) = 2 − x, encontre e determine o domı́nio das funções:
18
2.3 Definições Adicionais
No que segue, consideraremos f : Df → R uma função.
Observação: O significado geométrico de uma função par é que seu gráfico é simétrico em
relação ao eixo y e de uma função ı́mpar é que seu gráfico é simétrico em relação à origem.
Exemplo 2.5. f (x) = x2 é par; a função identidade I(x) = x é ı́mpar; f (x) = 2x − x2 não
nem par nem ı́mpar.
Em particular, se existir um menor ω0 positivo tal que f seja ω0 -periódica, então diremos
que ω0 será o perı́odo mı́nimo de f .
Exemplo 2.6.
(a) f (x) = x − [x], onde [x] = max{n ∈ Z : n ≤ x} é a função maior inteiro, é 1-periódica
e o perı́odo mı́nimo de f é 1. Note que [x + 1] = [x] + 1.
1, se x ∈ Q
(b) f (x) = é r-periódica para cada r ∈ Q\{0}. Então f não tem
0, se x ∈ R\Q
perı́odo mı́nimo.
19
• f é injetora se, e somente se,
Exemplo 2.7. A função módulo f (x) = |x| não é injetora pois, por exemplo,
| −+1| = |1| e
+ +
−1 6= 1. f não é sobrejetora pois Im(f ) = R ⊂ R. Agora, considerando f R+ : R → R a
função será bijetora.
Observação: Se tomamos B = Im(f ) então f sempre será sobrejetora.
Definição 2.9. Uma função f : A → B será dita invertı́vel, se existir g : B → A (denotada
por f −1 ) tal que g ◦ f = IA e f ◦ g = IB .
Proposição 2.2. Uma função f : A → B será invertı́vel se, e somente se, f for bijetora.
Neste caso, a função inversa está definida por
f −1 (y) = x ⇐⇒ f (x) = y, ∀ y ∈ B.
3. Troque x por y.
Exemplo 2.9. Calcule f −1 para a função f (x) = 1 + 3x, .
1−y
Escrevemos y = 1 + 3x. Resolvemos para x, ou seja, x = . E substituindo y por x,
3
obtemos
1−x
f −1 (x) = .
3
Exercı́cio: Determine a função inversa de:
20
Observação: Note que
Com isto, fica fácil verificar que G(f −1 ) é a reflexão de G(f ) em torno da reta y = x.
√
Exercı́cio: Esboce os gráficos de f (x) = −x − 1 e de sua função inversa.
Definição 2.10. Diremos que f é limitada se, e somente se, o conjunto Im(f ) for limitado.
Caso contrário, a função f será dita ilimitada. Se A1 ⊂ A, então f será limitada em A1
se, e somente se, a restrição f |A1 for limitada.
Observação: Segue da Definição 2.10 que se existir L > 0 tal que
21
• Se valer a implicação x < y =⇒ f (x) > f (y), então f será estritamente decres-
cente.
• Se valer a implicação x < y =⇒ f (x) ≥ f (y), então f será decrescente.
Definição 2.13. Se f : A → B satisfizer uma das condições da Definição 2.12, diremos que
f é uma função monótona ou monotônica.
Exemplo 2.11. f (x) = x2 é estritamente crescente para x > 0 e estritamente decrescente
para x < 0.
x+1
Exemplo 2.12. f (x) = é estritamente decrescente.
x
b = c,
cos B b = b,
cos C
a a
a b
C b
B
b b = b,
sen B b = c.
sen C
c a a
Estas relações definem o seno e cosseno de um ângulo agudo, pois todo ângulo agudo é
um dos ângulos de um triângulo retângulo. Note que sen B
b e cos B
b dependem apenas do
ângulo B e não do tamanho do triângulo.
b
Segue do Teorema de Pitágoras que
a2 = b2 + c2 = a2 sen2 B
b + a2 cos2 B
b = a2 (sen2 B
b + cos2 B).
b
Logo
1 = sen2 B
b + cos2 B.
b (2.1)
É claro que o seno e o cosseno de um ângulo agudo são números compreendidos entre 0 e 1.
A relação (2.1) sugere que para todo ângulo α, os números cos α e sen α são as coordenadas
de um ponto da circunferência de raio 1 e centro na origem de R2 . Usaremos isto para
estender as funções cosseno e seno para ângulos fora do intervalo (0, π/2).
Observação: Sempre que falarmos das funções seno e cosseno os ângulos serão sempre
medidos em radianos.
Se considerarmos a circunferência unitária centrada na origem do R2 e marcarmos, a par-
tir do eixo x, um ângulo t, então poderemos definir sen t e cos t de forma que as coordenadas
do ponto P sejam (cos t, sen t).
22
P = (cos t, sen t)'$
r
6
r Q = (cos α, sen α)
t
@ @ α -
−1 1
&%
Assim, sen t e cos t coincidem com a definição original se 0 < t < π/2 e pode ser estendida
para qualquer t ∈ R, se marcarmos ângulos positivos no sentido anti-horário e ângulos
negativos no sentido horário.
Proposição 2.3 (Propriedades).
(a) O seno é positivo no primeiro e segundo quadrantes e negativo no terceiro e quarto
quadrantes.
(c) O seno e cosseno são funções 2π-periódicas com imagem no intervalo [−1, 1].
23
A partir das fórmulas de adição deduzimos
24
α + β α − β
(b) cos(α) − cos(β) = −2sen sen .
2 2
Definição 2.14. Definimos
sen(α)
• tg(α) = , D(tg) = {α : cos α 6= 0}
cos(α)
cos(α)
• cotg(α) = , D(cotg) = {α : senα 6= 0}
sen(α)
1
• cosec(α) = , D(cosec) = {α : senα 6= 0}
sen(α)
1
• sec(α) = , D(sec) = {α : cos α 6= 0}
cos(α)
• Se x = 0, então a0 = 1.
1
• Se x = −n, onde n é um inteiro positivo, então a−n = .
an
p √ √
• Se x = , onde p e q são inteiros e q > 0, então ap/q = q ap = ( q a)p .
q
• Se x for un número irracional, então ax é o único número real cujas aproximações por
falta são as potências ar , com r racional menor do que x e cujas aproximações por
excesso são as potências as , com s racional maior do que x. Em outras palavras, no
caso de a > 1, ax satisfaz a seguinte propriedade:
r < x < s, com r, s ∈ Q =⇒ ar < a x < a s .
Desta forma, se olhamos o gráfico da função ax onde x racional, os buracos correspon-
dentes aos valores irracionais de x, foram preenchidos de forma a obter uma função
crescente para todos os números reais.
25
Proposição 2.10 (Propriedades). Sejam a e b números positivos e x e y números reais
quaisquer, então
(a) ax+y = ax ay ,
(c) (ab)x = ax bx ,
(e) Se 0 < a < 1 a função exponencial é estritamente decrescente, ou seja, se x < y então
ax > a y .
1 x
Exercı́cio: Esboce o gráfico da funções exponenciais f (x) = 2x e f (x) = .
2
Como a função exponencial é ou crescente ou decrescente, existe a função inversa.
loga x = y ⇐⇒ ay = x.
Observação: Note que loga x está definido para x > 0, a > 0 e a 6= 1. Além disso satisfaz
(e) Se 0 < a < 1 a função logarı́tmica é estritamente decrescente, ou seja, se x < y, então
loga x > loga y,
logb x
(f ) (Mudança de base) loga x = .
logb a
26
Exercı́cio: Esboce o gráfico da funções logarı́tmicas f (x) = log2 x e f (x) = log 1 x.
2
x
A função exponencial de base e onde e ≈ 2, 718281, f (x) = e , desempenha um papel
importante no cálculo.
Definição 2.17. A função logarı́tmica com base e é chamada logaritmo natural e deno-
tada por loge x = ln x.
2.6 *Seqüências
Nesta seção, consideraremos um caso particular de funções que são as seqüências.
Definição 2.18. Uma seqüência é uma função definida no conjunto dos números naturais
e com valores reais, ou seja, f : N → R.
Se denotamos f (n) por xn , então a seqüência f estará unicamente determinada pela lista de
números {x1 , x2 , x3 , . . .} ou, abreviadamente, por {xn }. Desta forma, adotaremos a notação
{xn } ou {x1 , x2 , x3 , . . .} para representar uma seqüência. O número xn é chamado elemento
de uma seqüência e o conjunto imagem de f , Im(f ), é chamado conjunto dos valores de uma
seqüência.
Como uma seqüência é uma função particular, então estão definidas as operações de
soma, multiplicação por escalar, produto e quociente de seqüências.
Exercı́cio: Escreva as definições de soma, multiplicação por escalar, produto e quociente de
seqüências.
(a) f : N → R dada por f (n) = n ou {n} ou {0, 1, 2, 3, . . .} é uma seqüência cujo conjunto
dos valores é N.
27
1 1 1 1 1
(b) f : N → R dada por f (n) = ou ou 1, , , , . . . é uma seqüência
n + 1 n +1 2 3 4
1 1 1
cujo conjunto dos valores é 1, , , , . . . .
2 3 4
(c) f : N → R dada por f (n) = (−1)n ou {(−1)n } ou {1, −1, 1, −1, . . .} é uma seqüência
cujo conjunto dos valores é {1, −1}.
n n 1 2 3
(d) f : N → R dada por f (n) = ou ou 0, , , , . . . é uma seqüência
n + 1 n +
1 2 3 4
1 2 3
cujo conjunto dos valores é 0, , , , . . . .
2 3 4
(e) f : N → R dada por f (n) = rn ou {rn } ou {1, r, r2 , r3 , . . .} é uma seqüência cujo
conjunto dos valores é {1, r, r2 , r3 , . . .} ( progressão geométrica).
28
Para encontrarmos N , tentaremos resolver a inequação
n + k1
1−ε< <1+ε
n + k2
que diz que o n-ésimo elemento está próximo de 1 por uma distância menor do que ε. Temos
ou seja,
k1 − k2 (1 − ε)
n> . (2.3)
−ε
Desenvolvendo a parte direita de (2.2), obtemos
nε > k1 − k2 (1 + ε)
e, portanto,
k1 − k2 (1 + ε)
n> . (2.4)
ε
Estes resultados ((2.3) e (2.4)) indicam que podemos satisfazer a definição de convergência
k1 − k2 (1 − ε) k1 − k2 (1 + ε)
pegando um N natural que seja maior que ambos e .
−ε ε
Exercı́cio: Seja {xn } uma seqüência convergente com limite `. Mostre que a seqüência
{cos xn } será convergente com limite cos `.
O próximo resultado diz que, se uma seqüência for convergente, então o limite será único.
lim xn = `1 e lim xn = `2 ,
n→∞ n→∞
então `1 = `2 .
1
Exercı́cio: Mostre que a seqüência n sen é convergente com limite 1.
n
Definição 2.20. Uma seqüência será dita divergente, se ela não for convergente.
29
Definição 2.21. Se h : N → R for uma função estritamente crescente e f : N → R for uma
seqüência, então a função f ◦ h : N → R será dita uma subseqüência de f .
Exemplo 2.16.
(a) Sejam h(n) = 2n e {xn } uma seqüência. Então {x2n } é uma subseqüência de {xn }
chamada subseqüência dos pares.
(b) Seja h(n) = 2n + 1 e {xn } uma seqüência. Então {x2n+1 } é uma subseqüência de {xn }
chamada subseqüência dos ı́mpares.
(c) Seja h(n) = n + p, p ∈ N, e {xn } uma seqüência. Então {xn+p } é uma subseqüência
de {xn }.
(d) A subseqüência dos pares (ı́mpares) da seqüência {(−1)n } é a seqüência constante {1}
(resp. {−1}).
Proposição 2.13. Se {xn } for uma seqüência convergente com limite `, então toda sub-
seqüência de {xn } será convergente com limite `.
Proposição 2.14. Se uma seqüência possuir duas subseqüências convergentes com limites
distintos, então a seqüência será divergente.
Definição 2.22. Uma seqüência será dita limitada se o seu conjunto de valores for limitado.
Caso contrário, a seqüência será dita ilimitada.
Observação: Note que a Definição 2.22 é coerente com a definição de função limitada dada
anteriormente (Definição 2.10).
Exemplo 2.18.
n
(a) A seqüência é limitada.
n+1
(b) A seqüência {(−1)n } é limitada.
1
(c) A seqüência cos é limitada.
n
(d) A seqüência {n} é ilimitada.
30
Observação: Note que, apesar de toda seqüência convergente ser limitada, nem toda
seqüência limitada é convergente (por exemplo, {(−1)n } é limitada, mas não é convergente).
Proposição 2.16. Seja {xn } uma seqüência. Então {xn } será convergente com limite 0 se,
e somente se, {|xn |} for convergente com limite 0.
Observação: Mostraremos mais tarde que se {xn } é convergente com limite ` então {|xn |}
é convergente com limite |`| mas não é verdade que se {|xn |} é convergente então {xn } é
convergente (basta ver o que ocorre com a seqüência {(−1)}n ).
Proposição 2.17. Se {xn } for convergente com limite 0 e {yn } for limitada, então {xn yn }
será convergente com limite 0.
1
Exemplo 2.20. A seqüência cos n é convergente com limite 0.
n
Proposição 2.18. Toda seqüência {xn } crescente (respectivamente decrescente) e limitada
é convergente com limite sup{xn : n ∈ N} (resp. inf{xn : n ∈ N}).
√ √
Exercı́cio: Mostre que a seqüência {xn } dada por x1 = 2, xn = 2 + xn−1 , n ≥ 2, é
convergente e encontre o seu limite.
Proposição 2.19 (Propriedades). Sejam {xn } e {yn } seqüências convergentes com limites
`1 e `2 respectivamente e seja c ∈ R. Então
Proposição 2.21. Se {xn } for uma seqüência convergente e xn ≤ 0, para todo n ∈ N, então
lim xn ≤ 0.
n→∞
31
Prova. Suponha que lim xn = `. Então dado ε > 0, existe N ∈ N tal que
n→∞
` − ε < xn < ` + ε, ∀ n ≥ N.
` − ε < xn ≤ 0, ∀ n ≥ N,
Proposição 2.22 (Teorema do Confronto). Sejam {xn } e {yn } duas seqüências conver-
gentes com mesmo limite `. Se {zn } é um seqüência tal que
xn ≤ zn ≤ yn , ∀ n ∈ N,
` − ε ≤ xn ≤ zn ≤ yn ≤ ` + ε, ∀ n ≥ N.
Então vale |zn − `| < ε para todo n ≥ N e, portanto, lim zn = `. Isto conclui a prova.
n→∞
• Diremos que uma seqüência {xn } diverge para −∞ se, dado R > 0 existir N ∈ N
tal que xn < −R, para todo n ≥ N . Neste caso, escrevemos lim xn = −∞.
n→∞
• Diremos que uma seqüência {xn } oscila, se ela não for convergente e não divergir para
+∞ ou para −∞.
32
Exemplo 2.21.
33
Capı́tulo 3
Limite e Continuidade
x x+1 x x+1
1, 5 2, 5 0, 5 1, 5
1, 1 2, 1 0, 9 1, 9
1, 01 2, 01 0, 99 1, 99
1, 001 2, 001 0, 999 1, 999
↓ ↓ ↓ ↓
1 2 1 2
f (x) ↓ f (x) = x + 1
tende 2 r
a2 ↑
r -
→1 ← x
quando x tende a 1
34
Da tabela vemos que quando x estiver próximo de 1 (de qualquer lado de 1) f (x) estará
próximo de 2. De fato, podemos tomar os valores de f (x) tão próximos de 2 quanto quisermos
tomando x suficientemente próximo de 1. Expressamos isso dizendo que o limite da função
f (x) = x + 1 quando x tende a 1 é igual a 2.
Definição 3.1 (Intuitiva). Escrevemos
lim f (x) = L
x→p
x2 − 1
Observe que f (x) = não está definida quando x = 1. Temos que para x 6= 1,
x−1
x2 − 1 (x − 1)(x + 1)
= = x + 1.
x−1 x−1
Como os valores das duas funções são iguais para x 6= 1, então os seus limites quando x
tende a 1 também. Portanto,
x2 − 1
lim = 2.
x→1 x − 1
x2 − 1
se x 6= 1
Exemplo 3.2. Seja f (x) = Determine o limite quando x tende a 1.
0x − 1 se x = 1.
Observe que para x 6= 1 a função f (x) é igual à função do exemplo anterior, logo lim f (x) = 2,
x→1
o qual não é o valor da função para x = 1. Ou seja, o gráfico desta função apresenta uma
quebra em x = 1, neste caso dizemos que a função não é contı́nua.
Definição 3.2. Uma função f é contı́nua em p se
• f (p) está definida,
35
Se f não for contı́nua em p, dizemos que f é descontı́nua em p.
Exemplo 3.3.
(a) A função f (x) = x + 1 é contı́nua em x = 1.
x2 − 1
(b) A função f (x) = não é contı́nua em x = 1 pois não está definida nesse ponto.
x−1
x2 − 1
se x 6= 1
(c) A função f (x) = não é contı́nua em x = 1 pois lim f (x) = 2 6=
0x − 1 se x = 1 x→1
0 = f (1).
3.2 Definições
Nesta seção vamos a dar a definição precisa de limite. Consideremos a seguinte função
2x − 1 se x 6= 1
f (x) =
6 se x = 1.
Intuitivamente vemos que lim f (x) = 5. Quão próximo de 3 deverá estar x para que f (x)
x→3
difira de 5 por menos do que 0,1?
A distância de x a 3 é |x − 3| e a distância de f (x) a 5 é |f (x) − 5|, logo nosso problema
é achar um número δ tal que
|f (x) − 5| < 0, 1 se |x − 3| < δ, mas x 6= 3.
Se |x − 3| > 0 então x 6= 3. Logo uma formulação equivalente é achar um número δ tal que
|f (x) − 5| < 0, 1 se 0 < |x − 3| < δ.
0, 1
Note que se 0 < |x − 3| < , então
2
|f (x) − 5| = |(2x − 1) − 5| = |2x − 6| = 2|x − 3| < 0, 1.
0, 1
Assim a resposta será δ = = 0, 05. Se mudarmos o número 0,1 no problema para um
2
0, 01
número menor 0,01, então o valor de δ mudará para δ = . Em geral, se usarmos um
2
valor positivo arbitrário ε, então o problema será achar um δ tal que
|f (x) − 5| < ε se 0 < |x − 3| < δ.
ε
E podemos ver que neste caso δ pode ser escolhido como sendo . Esta é uma maneira de
2
dizer que f (x) está próximo de 5 quando x está próximo de 3. Também podemos escrever
5 − ε < f (x) < 5 + ε sempre que 3 − δ < x < 3 + δ, x 6= 3,
36
ou seja, tomando os valores de x 6= 3 no intervalo (3 − δ, 3 + δ), podemos obter os valores de
f (x) dentro do intervalo (5 − ε, 5 + ε).
6 r
5+ε
f (x)
está 5 r
b
aqui
2x − 1 se x 6= 1
5−ε f (x) =
6 se x = 1.
r
-
3 x
3−δ 3+δ
|{z}
quando x está aqui
Definição 3.3 (Limite). Seja f uma função definida sobre algum intervalo aberto que
contém o número p, exceto possivelmente o próprio p. Então dizemos que o limite de f (x)
quando x tende p é L e escrevemos
lim f (x) = L
x→p
6 6
f f (p) r f
L+ε L+ε
L b L b
L−ε L−ε
- -
p−δ p p+δ x p−δ p p+δ x
37
6
f 6 f
L+ε
L = f (p) f (p) r
L−ε b
- -
p−δ p p+δ x p x
Devemos fazer uma análise preliminar para conjeturar o valor de δ. Dado ε > 0, o problema
é determinar δ tal que
ou
ε
|x − 2| < sempre que 0 < |x − 2| < δ.
3
ε
Isto sugere que podemos escolher δ = .
3
ε
Provemos que a escolha de δ funciona. Dado ε > 0, escolha δ = . Se 0 < |x − 2| < δ,
3
então
ε
|(3x − 2) − 4| = |3x − 6| = |3(x − 2)| = 3|x − 2| < 3δ = 3 = ε.
3
Assim,
|(3x − 2) − 4| < ε sempre que 0 < |x − 2| < δ
logo, pela definição, lim (3x − 2) = 4.
x→2
Então L1 = L2 .
38
Podemos dar a definição precisa de função contı́nua.
Exemplo 3.5.
então existe
lim f (x) e lim f (x) = L.
x→p x→p
x2 − 4
Exemplo 3.6. Calcule lim .
x→2 x − 2
x2 − 4
Como lim = 4 6= 3 = f (2), a função não é contı́nua em x = 2.
x→2 x−2
39
3.3 Propriedades do Limite
Suponha que lim f (x) = L1 e lim g(x) = L2 . Então:
x→p x→p
• lim f (x) + g(x) = lim f (x) + lim g(x) = L1 + L2 .
x→p x→p x→p
lim f (x)
f (x) x→p L1
• lim = = , se L2 6= 0 .
x→p g(x) lim g(x) L2
x→p
x3 + 1
Exemplo 3.10. Calcule lim 2 , [R : 1/4].
x→1 x + 4x + 3
De forma mais geral temos as seguintes propriedades. Seja n é um inteiro positivo, então
√ √
• lim n x = n p , se n for par supomos que p > 0.
x→p
p
n
q
• lim f (x) = n lim f (x), se n for par supomos que lim f (x) > 0.
x→p x→p x→p
√ √
x− 3 √
Exemplo 3.11. Calcule lim , [R : 1/2 3].
x→3 x−3
√
t2 + 9 − 3
Exemplo 3.12. Calcule lim , [R : 1/6].
t→0 t2
Os próximos três teoremas são propriedades adicionais de limites.
40
Teorema 3.2 (Teste da Comparação). Se f (x) ≤ g(x) quando x está próximo de p
(exceto possivelmente em p) e os limites de f e g existem quando x tende a p, então
lim f (x) ≤ lim g(x).
x→p x→p
Teorema 3.3 (do Confronto). Sejam f, g, h funções e suponha que existe r > 0 tal que
f (x) ≤ g(x) ≤ h(x), para 0 < |x − p | < r.
Se
lim f (x) = L = lim h(x)
x→p x→p
então
lim g(x) = L .
x→p
1
Exemplo 3.13. Mostre que lim x2 sen = 0.
x→0 x
1 1
Como −1 ≤ sen ≤ 1, multiplicando por x2 temos −x2 ≤ x2 sen ≤ x2 . Sabemos que
x x
2 2 2 1
lim −x = 0 = lim x . Então, pelo Teorema do Confronto, lim x sen = 0.
x→0 x→0 x→0 x
Exemplo 3.14. Seja f : R → R tal que |f (x)| ≤ x2 , ∀ x ∈ R.
(a) Calcule, caso exista, lim f (x).
x→0
Teorema 3.4 (da Conservação do Sinal). Suponha que lim f (x) = L . Se L > 0, então
x→p
existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
0 < |x − p| < δ =⇒ f (x) > 0 .
Analogamente, se L < 0, então existe δ > 0 tal que pata todo x ∈ Df ,
0 < |x − p| < δ =⇒ f (x) < 0 .
41
Exercı́cio: Prove que lim f (x) = 0 ⇐⇒ lim |f (x)| = 0.
x→p x→p
6
f (x)
1q
-
0 x
a −1
Quando x tende a 0 pela esquerda, f (x) tende a −1. Quanto x tende a 0 pela direita, f (x)
tende a 1. Não há um número único para o qual f (x) se aproxima quando x tende a 0.
Portanto, lim f (x) não existe. Porém, nesta situação podemos definir os limites laterais.
x→0
• Escrevemos
lim f (x) = L
x→p−
• Escrevemos
lim f (x) = L
x→p+
42
6
6 f
f (x)
↓
L L
↑
f (x)
- -
x→p x p←x x
lim f (x) = L
x→p−
lim f (x) = L
x→p+
ou seja, √
x<ε sempre que 0 < x < δ,
ou elevando ao quadrado
Isto sugere que devemos escolher δ = ε2 . Verifiquemos que a escolha é correta. Dado ε > 0,
seja δ = ε2 . Se 0 < x < δ, então
√ √ √
x < δ = ε, logo | x − 0| < ε.
√
Isso mostra que lim+ x = 0.
x→0
43
|x| |x|
Exemplo 3.17. Calcule lim+ e lim− .
x→0 x x→0 x
|x|
Note que f (x) = não está definida em 0. Temos
x
|x| 1, x>0
=
x −1, x < 0.
Portanto
|x| |x|
lim+ = lim 1 = 1 e lim− = lim −1 = −1.
x→0 x x→0 x→0 x x→0
Teorema 3.5.
• se f não admite um dos limites laterais em p, então não existe lim f (x).
x→p
|x|
Exemplo 3.18. Verifique se o limite lim existe.
x→0 x
|x| |x|
lim+ = lim 1 = 1 e lim− = lim −1 = −1.
x→0 x x→0 x→0 x x→0
|x|
Portanto não existe lim .
x→0 x
44
3.5 Propriedades das Funções Contı́nuas
Seguem das propriedades do limite, as seguintes propriedades das funções contı́nuas. Sejam
f e g funções contı́nuas em p e k = constante. Então:
• f + g é contı́nua em p .
• kf é contı́nua em p .
• f · g é contı́nua em p .
f
• é contı́nua em p , se g(p) 6= 0.
g
Exemplo 3.19. f (x) = xn , onde n ∈ N, é uma função contı́nua.
Exemplo 3.20. Toda função polinomial é contı́nua, pois é soma de funções contı́nuas.
Exemplo 3.21. Toda função racional é contı́nua em p se o denominador não se anular em
p, pois uma função racional é quociente de duas funções polinomiais.
Teorema 3.6. As funções trigonométricas são contı́nuas.
π
Prova. Assumamos primeiro que 0 < x < e consideremos a seguinte figura:
2
'$
16
P T
x - Área do 4 OPA < Área do setor OPA < Área do 4 OTA
-1 O M A
&%
ou seja
sen x x tg x
< < portanto, 0 < sen x < x < tg x.
2 2 2
Se x < 0, −x > 0 então aplicamos a desigualdade para −x obtendo 0 < sen (−x) < −x =
|x|. Daı́ −|x| < sen < |x|. Como lim ±|x| = 0, pelo Teorema do Confronto, lim sen x = 0 e
x→0 x→0
como sen0 = 0, concluı́mos que a função seno é contı́nua em 0.
Em geral, para qualquer p, temos que
x − p x + p x − p x − p
|senx − senp| = 2sen cos ≤ 2sen ≤ 2 = |x − p|.
2 2 2 2
Como lim (x − p) = 0, pelo Teorema do Confronto temos que lim senx − senp = 0, ou seja,
x→p x→p
lim senx = senp. Logo a função seno é contı́nua para todo p.
x→p
A prova da continuidade
x + p do cosseno
x − p é feita de maneira similar utilizando a igualdade,
cos x − cos p = −2sen sen .
2 2
A continuidade das outras funções trigonométricas seguem das propriedades das funções
contı́nuas.
45
Teorema 3.7 (O Primeiro Limite Fundamental).
sen x
lim = 1.
x→0 x
π
Prova. Já vimos que para 0 < x < vale a desigualdade 0 < sen x < x < tg x. Dividindo
2
x 1 sen x
por sen x obtemos 1 < < e conseqüentemente cos x < < 1, pois cos x > 0
sen x cos x x
π
para 0 < x < .
2
π
Por outro lado, se − < x < 0, aplicando a desigualdade a −x, obtemos cos(−x) <
2
sen (−x)
< 1. Utilizando a paridade das funções concluı́mos que
−x
sen x π
cos x < < 1, 0 < |x| < .
x 2
sen x
Como lim cos x = 1, pelo Teorema do Confronto, lim = 1.
x→0 x→0 x
sen5x
Exemplo 3.22. Calcule lim .
x→0 x
sen5x sen 5x u=5x sen u
lim = 5 lim = 5 lim = 5.
x→0 x x→0 5x u→0 u
sen2 x
Exemplo 3.23. Calcule lim .
x→0 x2
46
Teorema 3.8.
(a) A função inversa de uma função contı́nua é contı́nua.
1 − √x
s
x2 − 1 √
(a) lim , [R : 2]; (b) lim arcsen [R : π/6].
x→1 x−1 x→1 1−x
Prova. Como g é contı́nua em p, temos que lim g(x) = g(p). Uma vez que f é contı́nua em
x→p
g(p) podemos aplicar o Teorema anterior para obter
lim f (g(x)) = f lim g(x) = f (g(p)),
x→p x→p
ou seja f ◦ g é contı́nua em p.
Exemplo 3.28. h(x) = sen(x2 ) é contı́nua pois h(x) = f (g(x)), onde f (x) = sen x e
g(x) = x2 que são funções contı́nuas.
47
Exemplo 3.29. Onde a função h(x) = ln(1 + cos x) é contı́nua?
h(x) = f (g(x)), onde f (x) = ln x e g(x) = 1 + cos x que são funções contı́nuas. Portanto,
pelo Teorema h(x) é contı́nua onde está definida. Agora ln(1 + cos x) está definida quando
1 + cos x > 0. Assim, não está definida quando cos x = −1, ou seja, quando x = ±π, ±3π, ...
Exercı́cio: Calcule lim g(x2 − 4), sabendo que g é uma função contı́nua.
x→1
Definição 3.8 (Intuitiva). Seja f uma função definida a ambos lados de p, exceto possivel-
mente no próprio p.
•
lim f (x) = +∞,
x→p
significa que podemos fazer os valores de f (x) ficarem arbitrariamente grandes tomando
valores de x suficientemente próximos de p.
•
lim f (x) = −∞,
x→p
significa que podemos fazer os valores de f (x) ficarem arbitrariamente grandes, porém
negativos, tomando valores de x suficientemente próximos de p.
48
Definição 3.9 (Limite Infinito). Seja f uma função definida num intervalo aberto con-
tendo p, exceto possivelmente no próprio p. Então diremos que
• o limite de f (x) quando x tende a p é +∞ se, dado R > 0, existir δ > 0 tal que
f (x) > R para todo 0 < |x − p| < δ,
• o limite de f (x) quando x tende a p é −∞ se, dado R < 0, existir δ > 0 tal que
f (x) < R para todo 0 < |x − p| < δ.
1
Exemplo 3.32. Prove que lim+ = +∞.
x→0 x
Dado R > 0, queremos achar δ > 0 tal que
1
>R sempre que 0 < x < δ,
x
ou seja
1
x< sempre que 0 < x < δ.
R
1 1
Isto sugere que devemos tomar δ = . De fato, seja R > 0 escolha δ = . Se 0 < x < δ,
R R
então
1 1
0<x<δ ⇒ > = R.
x δ
1
O que mostra que lim+ = +∞.
x→0 x
49
lim f (x) = +∞ lim (f + g)(x) = +∞
x→p x→p
• =⇒
lim g(x) = +∞ lim (f · g)(x) = +∞
x→p x→p
lim f (x) = L lim (f · g)(x) = +∞, L > 0
x→p x→p
• =⇒
lim g(x) = +∞ lim (f · g)(x) = −∞, L < 0
x→p x→p
lim f (x) = −∞
x→p
• =⇒ lim (f · g)(x) = −∞
lim g(x) = +∞ x→p
x→p
lim f (x) = L
x→p
• =⇒ lim (f + g)(x) = +∞
lim g(x) = +∞ x→p
x→+p
lim f (x) = L
x→p
• =⇒ lim (f + g)(x) = −∞
lim g(x) = −∞ x→p
x→p
lim f (x) = −∞ lim (f + g)(x) = −∞
x→p x→p
• =⇒
lim g(x) = −∞ lim (f · g)(x) = +∞
x→p x→p
lim f (x) = L lim (f · g)(x) = −∞, L > 0
x→p x→p
• =⇒
lim g(x) = −∞ lim (f · g)(x) = +∞, L < 0.
x→p x→p
+∞ 0
+∞ − ∞, −∞ − (−∞), 0 · (+∞), , , 1(+∞) , 00 , (+∞)0 .
+∞ 0
cos x
Exemplo 3.33. Calcule lim .
x→0 x2
cos x 1
lim 2
= lim cos x 2 = 1 · (+∞) = +∞.
x→0 x x→0 x
50
sen x2
Exemplo 3.34. Calcule lim .
x→0 x4
sen x2 sen x2 1
lim = lim = 1 · (+∞) = +∞.
x→0 x4 x→0 x2 x2
A seguinte proposição será útil para calcular limites.
Proposição 3.2. Suponha que lim+ f (x) = 0 e que existe r > 0 tal que f (x) > 0 (re-
x→p
spectivamente f (x) < 0) para p < x < p + r. Então, lim+ f (x) = +∞ (respectivamente
x→p
−∞.)
Observação: Vale um resultado análogo para x → p− e para x → p.
Exemplo 3.35. Calcule os limites seguintes e interprete-os graficamente:
1 1 1
lim+ , lim− , lim .
x→1 x − 1 x→1 x − 1 x→1 x−1
Temos
• lim+ (x − 1) = 0 = lim− (x − 1);
x→1 x→1
x2 + 3x
Exemplo 3.36. Calcule lim+ .
x→2 x2 − 4
x2 + 3x x2 + 3x 1 x2 + 3x 5
lim+ 2 = lim+ = lim+ = +∞ · = +∞.
x→2 x −4 x→2 (x − 2)(x + 2) x→2 x − 2 x + 2 2
x3 − 1
Exemplo 3.37. Calcule lim− 2 .
x→1 x − 2x + 1
x3 − 1 (x − 1)(x2 + x + 1)
Observe que 2 = . Assim,
x − 2x + 1 (x − 1)2
x3 − 1 1
lim− 2
= lim− (x2 + x + 1) = −∞ · 3 = −∞.
x→1 x − 2x + 1 x→1 x − 1
Exercı́cio:
(a) Calcule os limites laterais lim tg x e esboce o gráfico da função f (x) = tg x.
x→π/2±
51
3.7 Limites no Infinito
Vamos analisar o comportamento de uma função f (x) quando os valores de x ficam arbitrari-
x2 − 1
amente grandes. Consideremos a função f (x) = 2 . Então f (x) assume os seguintes
x +1
valores:
x f (x)
0 −1
±1 0
±10 0, 98
±100 0, 9998
±1000 0, 99999
Observemos que, quando x for muito grande, então f (x) será aproximadamente igual a 1.
Este fato pode ser escrito seguinte forma
lim f (x) = 1 e lim f (x) = 1.
x→+∞ x→−∞
se, dado ε > 0, existir R > 0 tal que |f (x) − L| < ε sempre que x > R .
• Seja f uma função definida em algum intervalo (−∞, a). Então
lim f (x) = L
x→−∞
se, dado ε > 0, existir R < 0 tal que |f (x) − L| < ε sempre que x < R .
52
Definição 3.13. A reta y = L é chamada de assı́ntota horizontal da curva y = f (x) se
ou
lim f (x) = L ou lim f (x) = L.
x→+∞ x→−∞
1 1
Exemplo 3.38. Temos lim = 0 e lim = 0.
x→+∞ x x→−∞ x
1 1 n
lim = lim = 0.
x→+∞ xn x→+∞ x
1
Em geral, temos que lim r = 0 onde r é um número racional.
x→±∞ x
x5 + x4 + 1
Exemplo 3.40. Calcule lim .
x→+∞ 2x5 + x + 1
x5 1 + x1 + x15 1 + x1 + x15
x5 + x4 + 1 1+0+0 1
lim 5
= lim 5 1 1
= lim 1 1 = = .
x→+∞ 2x + x + 1 x→+∞ x 2 + 4 + 5 x→+∞ 2 + 4 + 5 2+0+0 2
x x x x
1
Um cálculo análogo mostra que o limite quando x → −∞ também é .
2
Observação: A estratégia para calcular limites no infinito de uma função racional consiste
em colocar em evidência a mais alta potência de x no denominador e numerador.
√
2x2 + 1
Exemplo 3.41. Ache as assı́ntotas horizontais de f (x) = .
3x + 5
53
Consideremos x → +∞, então x > 0.
√ √
q q q
1 1
2x2 + 1 x 2 (2 + x2
) |x| 2 + x2
2 + x12 2
lim = lim 5 = lim 5 = lim 5 = .
x→+∞ 3x + 5 x→+∞ x(3 + x ) x→+∞ x(3 + ) x→+∞ 3 + 3
x x
√ √
q q
1
2
2x + 1 |x| 2 + x2
2 + x12 2
lim = lim 5 = lim − 5 =− .
x→−∞ 3x + 5 x→−∞ x(3 + ) x→−∞ 3 + 3
x x
√ √
2 2
Logo, a reta y = é assı́ntota para x → +∞ e y = − é assı́ntota para x → −∞.
3 3
sen x
Exemplo 3.42. Calcule lim 2 + .
x→+∞ x
sen x 1 1 1
Observe que ≤ = , para x > 0. Como lim = 0, pelo Teorema do Confronto,
x |x| x x→+∞ x
sen x sen x
lim = 0. Portanto, lim 2 + = 2 + 0 = 2.
x→+∞ x x→+∞ x
1
Exemplo 3.43. Calcule lim x sen .
x→∞ x
1
Fazendo u = temos que quando x → +∞, u → 0. Portanto,
x
1 1
lim x sen = lim senu = 1.
x→∞ x u→0 u
para indicar que os valores de f (x) tornam-se tão grandes quanto x. De forma análoga
utilizamos a notação
54
Quando x torna-se grande, x2 também fica muito grande. Por exemplo, 102 = 100, 1002 =
10.000, 10002 = 1.000.000. Portanto, podemos dizer que lim x2 = +∞.
x→+∞
Podemos estabelecer a definição precisa de limite infinito no infinito.
Definição 3.14 (Limite Infinito no Infinito). Seja f uma função definida em algum
intervalo (a, +∞).
•
lim f (x) = +∞
x→+∞
se, dado K > 0, existir R > 0 tal que f (x) > K sempre que x > R .
•
lim f (x) = −∞
x→+∞
se, dado K < 0, existir R > 0 tal que f (x) < K sempre que x > R .
6 R -
x
6
f (x)
K
K
f (x)
-
R x
6 x R 6
-
f (x)
K
f (x) K
-
x R
55
Observação: Todas as propriedades de limites infinitos dadas na seção 3.6 valem se substi-
tuirmos x → p por x → +∞ ou x → −∞.
Observação: Temos as mesmas indeterminações:
+∞ 0
+∞ − ∞, −∞ − (−∞), 0 · (+∞), , , 1(+∞) , 00 , (+∞)0 .
+∞ 0
Exemplo 3.45.
Observe que temos uma indeterminação da forma ∞−∞. Não podemos aplicar a propriedade
da soma. Contudo, podemos escrever
x3 + 3x − 1
Exemplo 3.47. Calcule lim .
x→+∞ 2x2 + x + 1
x3 1 + x32 − x13
x3 + 3x − 1 1+0−0
lim 2
= lim 2 1 1
= +∞ = +∞.
x→+∞ 2x + x + 1 x→+∞ x 2 + + x2 2+0+0
x
x3 − 3x2 + 1
Exemplo 3.48. Calcule lim .
x→−∞ 1 − 2x2
x3 1 − x3 + x13
x3 − 3x2 + 1 1
lim 2
= lim 1
= (−∞) − = +∞.
x→−∞ 1 − 2x x→+∞ x 2 x2 − 2 2
Exercı́cio:
p(x)
(b) Sejam p e q polinômios, com q 6= 0. Encontre os limites lim .
x→±∞ q(x)
(d) Verifique que lim ax = +∞, a > 1 e que lim ax = +∞, 0 < a < 1.
x→+∞ x→−∞
56
3.9 O Número e
Definimos o número e como o seguinte limite, assumindo que ele existe,
1 x
e = lim 1+ .
x→+∞ x
A partir deste limite vamos calcular outros limites que serão úteis mais adiante.
1 x
Exemplo 3.49. lim 1 + = e.
x→−∞ x
Fazendo x = −(t + 1), t > 0, temos
1 x 1 −t−1 1 t t + 1
1+ = 1− = 1+ .
x 1+t t t
Para x → −∞, t → +∞, assim
1 x 1 t t + 1
lim 1 + = lim 1 + = e.
x→−∞ x x→+∞ t t
h1
Exemplo 3.50. lim+ 1 + h = e.
h→0
1
Fazendo h = , temos que para h → 0+, x → +∞, assim
x
h1 1 x
lim 1 + h = lim 1 + = e.
h→0+ x→+∞ x
Analogamente, temos que
h1
Exemplo 3.51. lim− 1 + h = e.
h→0
Portanto,
h1
lim 1 + h = e.
h→0
Observação: O número e também pode ser definido como o limite acima e claramente as
duas definições são equivalentes.
eh − 1
Exemplo 3.52. lim = 1.
h→0 h
57
Fazendo u = eh − 1 ou h = ln(1 + u) temos
eh − 1 u 1
= = 1 .
h ln(u + 1) ln(u + 1) u
Para h → 0, u → 0, assim
eh − 1 1 1
lim = lim 1 = = 1.
h→0 h u→0 ln(u + 1) u ln e
Observação: O número e também pode ser definido como um número tal que satisfaz o
limite acima.
Teorema 3.11 (da Conservação do Sinal para Funções Contı́nuas). Seja f contı́nua
em p . Se f (p) > 0, então existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
Analogamente, se f (p) < 0, então existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
Além do Teorema da Conservação do Sinal acima vamos apresentar três Teoremas im-
portantes envolvendo funções contı́nuas. Consideraremos f : [a, b] → R nos resultados desta
seção.
O TVI estabelece que uma função contı́nua assume todos os valores intermediários entre
os valores f (a) e f (b). Geometricamente, o TVI diz que se for dada uma reta horizontal
qualquer y = γ entre y = f (a) e y = f (b), como mostra a figura abaixo, então o gráfico de
f intercepta a reta y = γ pelo menos uma vez.
58
6
f (b) f (x)
γ1
γ
f (a)
-
a c c1 c1 c1 b x
Teorema 3.14 (de Weierstrass ou do Valor Extremo). Se f for contı́nua, então exis-
tirão x1 , x2 ∈ [a, b] tais que
f (x1 ) ≤ f (x) ≤ f (x2 ), para todo x ∈ [a, b].
Observação: Neste caso, dizemos que f (x1 ) é um valor mı́nimo de f no intervalo [a, b] e
f (x2 ) é um valor máximo e, [a, b]. O Teorema de Weierstrass diz que, se f for contı́nua
em um intervalo fechado e limitado, então f assumirá os valores máximo e mı́nimo neste
intervalo.
Como uma conseqüência do Teorema do Valor Intermediário e do Teorema de Weierstrass,
obtemos o seguinte resultado
Corolário 3.4. Sejam f : [a, b] → R uma função contı́nua, m = min{f (x) : x ∈ [a, b]} e
M = max{f (x) : x ∈ [a, b]}. Então Im(f ) = f ([a, b]) = [m, M ].
2 1 1
Exercı́cio: Prove que o conjunto A = x + ; ≤ x ≤ 2 admite máximo e mı́nimo.
2 2
59
3.11 *Limite de Funções e Seqüências
lim f (x) = L.
x→b
lim f (x) = L.
x→b
2x2 − 4x
Exemplo 3.54. Seja f : R\{1, 2} → R dada por f (x) = . Então o limite de
x2 − 3x + 2
f (x) quando x → 2 é 4.
x
Exemplo 3.55. Seja f : R\{0} → R dada por f (x) = . Então o limite de f (x) quando
| x|
x → 0 não existe.
Embora 0 não pertença a Df no Exemplo 3.55, podemos nos aproximar de 0 por pontos de
(−1)n
Df . Note que, tomando bn = , temos bn ∈ Df , bn 6= 0 e lim bn = 0. Entretanto a
n n→∞
seqüência {f (bn )} = {(−1)n } não é convergente e, portanto, o limite de f (x) quando x tende
a 0 não existe.
A noção intuitiva de limite usando seqüências se relaciona à definição precisa de limite
da forma seguinte.
60
Proposição 3.3. Sejam f : B → R uma função e b ∈ R um ponto de acumulação de B.
Se
lim f (x) = L
x→b
lim f (bn ) = L.
n→∞
lim f (bn ) = L,
n→∞
então
lim f (x) = L.
x→b
Enunciamos este resultado apenas para mostrar que o caminho adotado para entender limite
é, de fato, equivalente à definição precisa e não faremos a prova deste resultado aqui.
Observações: Sejam f : B → R uma função e b ∈ R um ponto de acumulação de B e
suponhamos que exista lim f (x) = L. Note que
x→b
• lim f (x) = L significa que, uma vez especificado o erro ε > 0, para todo x suficiente-
x→b
mente próximo de b (isto é, 0 < |x − b| < δ) em B, o erro cometido ao aproximarmos
L por f (x) é menor que ε.
• É preciso excluir o ponto b mesmo que este pertença ao domı́nio da função (por exemplo
f (x) = 1 se x ∈ R\{1} e f (1) = 2).
• Não é possı́vel abrir mão do fato de que b deve ser um ponto de acumulação de B,
pois precisamos nos aproximar dele por pontos de B distintos de b o que equivale a b
ser um ponto de acumulação de B.
A proposição abaixo segue imediatamente do fato de que limites de seqüências são únicos
(Proposição 2.12) e da Proposição 3.3.
Também segue da Proposição 3.3 o seguinte critério negativo para existência de limite.
61
Proposição 3.5 (Critério Negativo). Sejam f : B → R uma função e b ∈ R um ponto
de acumulação de B. Se, para alguma seqüência {xn } com xn ∈ B, xn 6= b e lim xn = b, a
n→∞
seqüência {f (xn )} não for convergente, então o limite lim f (x) não existirá.
x→b
• Se o limite
(resp. lim f D (x) = L− )
lim f C (x) = L+
x→b x→b
+ −
existir, diremos que L (L ) é o limite lateral à direita (resp. à esquerda) de f
quando x tende a b.
Notação: Escrevemos
lim+ f (x) := lim f C (x) (resp. lim− f (x) := lim f D (x))
x→b x→b x→b x→b
existirem e L+ = L− .
62
Segue da definição acima que se f : B → R for uma função e {xn } for uma seqüência
convergente com limite b, então a seqüência {f (xn )} será convergente com
Teorema 3.15. Sejam f uma função e (xn )n∈A uma seqüência de elementos de Df tal que
xn → p e xn 6= p, ∀ n ∈ A. Então
Corolário 3.5. Seja f uma função. Se existem seqüências (xn )n∈A e (yn )n∈A de elementos
de Df tais que
xn −→ p , xn 6= p , ∀ n ∈ A
yn −→ p , yn 6= p , ∀ n ∈ A
e
lim f (xn ) = L1 e lim f (yn ) = L2 , L1 6= L2 ,
n→∞ n→∞
então
@ lim f (x) .
x→p
1, x∈Q
Exemplo 3.57. Seja f (x) = . Mostre que @ lim f (x) , ∀ p ∈ R .
0 , x 6∈ Q x→p
63
Capı́tulo 4
A Derivada
6 f
Tt
f (t) r T
f (t) − f (t0 )
f (t0 ) r
t − t0
-
t0 t t
64
Então, para cada t, a reta Tt que passa por (t0 , f (t0 )) e (t, f (t)) e tem coeficiente angular
mt , pode ser descrita pela equação
y − f (t0 ) = mt (s − t0 ), s∈R
onde
f (t) − f (t0 )
mt = .
t − t0
Assim, o coeficiente angular da reta Tt determina a velocidade média da partı́cula entre os
instantes t e t0 .
Notemos que, quando t se aproxima de t0 , a reta Tt “tende” à posição da reta T , ou
seja, quando t → t0 , o coeficiente angular, mt , da reta Tt tende para o valor do coeficiente
angular, m, da reta T . Logo
f (t) − f (t0 )
t → t0 =⇒ → m,
t − t0
ou seja
f (t) − f (t0 )
lim = m.
t→t0 t − t0
Isto mostra que a velocidade instantânea da partı́cula dada pelo coeficiente angular da reta
T é, de fato, o limite das velocidades médias dadas por mt .
Fazendo a mudança de variável t = t0 + h, temos
t → t0 ⇐⇒ h → 0.
f 0 (p) = L .
Neste caso,
f (x) − f (p) f (p + h) − f (p)
f 0 (p) = lim = lim .
x→p x−p h→0 h
65
• Quando f admitir derivada f 0 (p) em p , diremos que f é derivável ou diferenciável
em p .
Por definição
f (h) − f (0) 2h2
f 0 (0) = lim = lim = lim 2h = 0,
h→0 h h→0 h h→0
Exercı́cio: Seja f (x) = 2x2 − 3. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f nos
pontos
(a) (0 , f (0)); (b) (−2 , f (−2)).
66
Notações alternativas. Seja y = f (x), onde f é uma função derivável. Podemos escrever,
alternativamente,
dy d df d
f 0 (x) = y 0 = = (y) = = f (x) = Df (x) = Dx f (x)
dx dx dx dx
para denotar a derivada de y ou f em relação à variável x .
O sı́mbolo dy/dx não é um quociente; trata-se simplesmente de uma notação. Utilizando
a notação de incremento, podemos escrever a definição de derivada como
dy f (x + ∆x) − f (x)
= lim .
dx ∆x→0 ∆x
dy ∆y df ∆f
= lim ou = lim .
dx ∆x→0 ∆x dx ∆x→0 ∆x
Prova. Devemos mostrar que lim f (x) = f (p) ou equivalentemente que lim f (x) − f (p) = 0.
x→p x→p
Escrevemos
f (x) − f (p)
f (x) − f (p) = (x − p).
x−p
Assim
f (x) − f (p) f (x) − f (p)
lim f (x) − f (p) = lim (x − p) = lim lim (x − p) = f 0 (p)0 = 0.
x→p x→p x−p x→p x−p x→p
Portanto f é contı́nua em p.
Observação: Note que não vale a recı́proca. A função f (x) = |x| do Exemplo 4.2 é contı́nua
em x = 0 mas não é diferenciável em x = 0.
2
x x ≤ 1,
Exemplo 4.3. A função f (x) = é diferenciável em x = 1?
2 x>1
Como o lim− f (x) = 1 e lim+ f (x) = 2, f (x) não é contı́nua em x = 1, logo não é diferenciável
x→1 x→1
em x = 1.
67
4.2 Fórmulas e Regras de Derivação
Teorema 4.2 (Fórmulas de Derivação). São válidas as seguintes fórmulas de derivação
(a) f (x) = k, k constante =⇒ f 0 (x) = 0,
Então,
y n − xn
f 0 (x) = lim = lim (y n−1 + y n−2 x + · · · + yxn−2 + xn−1 ) = nxn−1 .
y→x y − x y→x
ex+h − ex eh − 1
f 0 (x) = lim = ex lim = ex
h→0 h h→0 h
eh − 1
pois, como vimos na seção 3.9, lim = 1.
h→0 h
Prova do item (f ).
ln(x + h) − ln x 1 x + h
f 0 (x) = lim = lim ln .
h→0 h h→0 h x
h
Fazendo u = temos que para h → 0, u → 0, assim
x
h h1 1 1 1 1
lim ln 1 + = lim ln 1 + u u = ln e = ,
h→0 x u→0 x x x
68
u1
pois, como vimos na seção 3.9, lim 1 + u = e.
u→0
O seguinte Teorema fornece regras para calcular derivadas.
Teorema 4.3 (Regras de Derivação). Sejam f e g funções deriváveis em p e k uma
constante. Então
(a) kf será derivável em p e
f
(d) será derivável em p, se g(p) 6= 0 e, neste caso, teremos
g
0
f f 0 (p) · g(p) − f (p) · g 0 (p)
(p) = , (Regra do Quociente).
g [g(p)]2
69
4.3 A Regra da Cadeia
A Regra da Cadeia nos fornece uma fórmula para achar a derivada de uma função composta
h = f ◦ g em termos das derivadas de f e g.
Teorema 4.4. Sejam y = f (x) derivável em p, x = g(t) derivável em t0 , com p = g(t0 ) , e
Im g ⊂ Df . Seja h = f ◦ g. Então h é derivável em t0 e
h0 (t0 ) = (f ◦ g)0 (t0 ) = [f (g(t 0
0 ))] =
= f 0 (g(t0 )) · g 0 (t0 ) = f 0 (p) · g 0 (t0 ) ,
ou seja,
h0 (t0 ) = f 0 (g(t0 )) · g 0 (t0 ) .
dy dy dx
= , para todo t ∈ Dg .
dt dx dt
70
√
Exemplo 4.8. Calcule a derivada de h(t) = cos( t).
√ 1
Fazendo g(t) = t e f (x) = cos x, então h(t) = f (g(t)), g 0 (t) = √ , f 0 (x) = −sen x. Pela
2 t
Regra da Cadeia,
√ 1
h0 (t) = f 0 (g(t))g 0 (t) = −sen( x) √ .
2 t
Exemplo 4.9. Calcule a derivada de h(t) = ln(4t − 2).
1
Fazendo g(t) = 4t − 2 e f (x) = ln x, então h(t) = f (g(t)), g 0 (t) = 4, f 0 (x) = . Pela Regra
x
da Cadeia,
1 4
h0 (t) = f 0 (g(t))g 0 (t) = 4= ..
4t − 2 4t − 2
Exercı́cio: Calcule f 0 (x) se
(a) f (x) = (x4 − 3x2 + 7)10 ; (b) f (x) = sen 4x.
dy
Exercı́cio: Calcule se
dx
4
3 −3x x+1
(a) y = x e ; (b) y = .
x2 + 1
Podemos usar a Regra da Cadeia para derivar a função exponencial de qualquer base.
x
Seja a > 0 uma constante com a 6= 1. Escrevemos ax = eln a = ex ln a e pela Regra da Cadeia
d x d x ln a d
a = e = ex ln a (x ln a) = ex ln a ln a = ax ln a.
dx dx dx
Logo
(ax )0 = ax ln a.
Também podemos provar a Regra da Potência. Seja α uma constante e x > 0. Escrevemos
α
xα = eln x = eα ln x e pela Regra da Cadeia
d α d α ln x d 1
x = e = eα ln x (α ln x) = xα α = αxα−1 .
dx dx dx x
Logo
(xα )0 = α xα−1 para todo x > 0.
71
4.4 Derivação Implı́cita e Derivada da Função Inversa
Em geral, as funções são dadas na forma y = f (x). Entretanto, algumas funções são definidas
implicitamente por uma relação entre x e y. Por exemplo, x2 + y 2 = 25. Em alguns casos
é possı́vel
√ resolver uma equação para y em função de x. Na equação anterior, obteremos
y = ± 25 − x2 . Logo, teremos duas funções determinadas pela equação implı́cita. Algumas
vezes não é fácil resolver a equação para y em termos de x, tal como x3 + y 3 = 6xy. Para
calcular a derivada de y utilizamos a derivação implı́cita, que consiste em derivar a ambos
os lados da equação em relação a x e então resolver a equação resultante para y 0 .
dy
Exemplo 4.10. Se x2 + y 2 = 25, encontre .
dx
Derivando a ambos os lados da equação,
d 2 d d 2 d
(x + y 2 ) = 25 =⇒ x + y 2 = 0.
dx dx dx dx
Pela Regra da Cadeia,
d 2 d dy dy
y = y2 = 2y .
dx dy dx dx
dy x
Assim, =− .
dx y
Exemplo 4.11. Seja y = f (x) uma função diferenciável tal que xf (x) + sen(f (x)) = 4.
Determine f 0 (x).
f (f −1 (x)) = x.
[f (f −1 (x))]0 = x0 = 1.
1
(f −1 )0 (x) =
f 0 (f −1 (x))
72
Proposição 4.1 (Derivada de funções inversas). Seja f invertı́vel. Se f for diferenciável
em q = f −1 (p), com f 0 (q) 6= 0, e f −1 for contı́nua em p, então f −1 será diferenciável em p e
1
(f −1 )0 (p) = .
f 0 (f −1 (p))
1 1 1 −1
Exemplo 4.12. g(x) = x n =⇒ g 0 (x) = x n , onde x > 0 se n for par e x 6= 0 se n for
n
ı́mpar (n ≥ 2).
1
g(x) = x n é a função inversa de f (x) = xn . Então
1 1 1 1 −1
g 0 (x) = (f −1 )0 (x) = 0 −1 = n−1 = xn .
f (f (x)) nx n n
m m m −1
Exercı́cio: Se f (x) = x n =⇒ f 0 (x) = x n , onde x > 0 se n for par e x 6= 0 se n for
n
ı́mpar (n ≥ 2).
−π π
Exemplo 4.13. A inversa da função f (x) = sen x, para x ∈ , , é a função g(x) =
2 2
arcsen x. Qual é a derivada de g(x) ?
Solução 1: Aplicando a Proposição 4.1.
1
arcsen0 x = .
cos(arsen x)
Agora, 1 = cos2 (arcsen x) + sen2 (arcsen x) = cos2 (arcsen x) + x2 , logo
1
arcsen0 x = √ .
1 − x2
Solução 2: Utilizando derivação implı́cita.
π π
y = arcsen x ⇐⇒ sen y = x, − ≤y≤ .
2 2
Derivando implicitamente,
dy dy 1
cos y =1 ou = .
dx dx cos y
Agora 1 = cos2 y + sen2 y = 1 − x2 . Portanto,
1
arcsen0 x = √ .
1 − x2
Exercı́cio: Mostre que
1 1
(a) arccos0 x = − √ ; (b) arctg0 x = ;
1 − x2 1 + x2
1 1
(c) arcsec0 x = √ ; (d) arccotg0 x = − .
x 1 − x2 1 + x2
73
4.5 Derivadas de Ordens Superiores
Seja f uma função derivável em A. A função f 0 : A → R ou simplesmente f 0 é dita derivada
de f ou derivada primeira de f . De modo análogo, podemos definir a derivada de f 0 que
será chamada derivada segunda de f . Neste caso,
f 0 (x + h) − f 0 (x)
(f 0 )0 (x) = lim
h→∞ h
0
e escrevemos f 00 = (f 0 ) , quando o limite existir. Também podemos escrever
f (2) := f 00 .
A derivada terceira de f é a derivada da derivada segunda da f , escreveremos
f (3) ou f 000
Para n ∈ N∗ , a derivada n-ésima de f será denotada por
f (n)
quando esta existir.
Alternativamente, podemos escrever
d2 y d2 f
d dy d df
2
= ou 2
=
dx dx dx dx dx dx
para denotar a derivada segunda, f 00 , de y = f (x). Analogamente, usamos
d3 y d3 f
ou
dx3 dx3
para denotar a derivada de terceira, f 000 , de y = f (x), e assim por diante.
Exemplo 4.14. Seja f (x) = 3x2 − 4x. Calcule f 0 , f 00 e f 000 .
1
Exemplo 4.15. Se f (x) = . Calcule f n .
x
3
x , x≤1
Exercı́cio: Seja f (x) = . Calcule f 0 e f 00 quando existirem.
x2 , x > 1
Exercı́cio: Seja s = x(t) derivável até 2a¯ ordem. Mostre que
2 2
d 2 ds ds 2 ds
s = 2s +s .
dt dt dt dt2
Exercı́cio: Seja f : R → (1, +∞) diferenciável e suponha que x2 ln(f (x)) = 3, para todo
x 6= 0. Mostre que, para todo x 6= 0, vale
0 1
f (x) = ln .
f (x)2f (x)
74
4.6 Máximos e Mı́nimos
Definição 4.2. Seja I um intervalo e f : I → R uma função.
• Diremos que x0 ∈ I é um ponto de máximo local de f , se existir δ > 0 tal que
f (x) ≤ f (x0 ), para todo x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) ∩ I. Neste caso, diremos que f (x0 ) é um
máximo local.
• Diremos que x0 ∈ I é um ponto de mı́nimo local de f , se existir δ > 0 tal que
f (x) ≥ f (x0 ), para todo x ∈ (x0 − δ, x0 + δ) ∩ I. Neste caso, diremos que f (x0 ) é
mı́nimo local.
• Um ponto x0 ∈ I será dito um ponto extremo local, se x0 for um ponto de máximo
local ou um ponto de mı́nimo local.
• Diremos que x0 ∈ I é um ponto de máximo global de f , se f (x) ≤ f (x0 ), para todo
x ∈ I. Neste caso, diremos que f (x0 ) é máximo global.
• Diremos que x0 ∈ I é um ponto de mı́nimo global de f , se f (x) ≥ f (x0 ), para todo
x ∈ I. Neste caso, diremos que f (x0 ) é mı́nimo global.
• Um ponto x0 ∈ I será dito um ponto extremo global, se x0 for um ponto de máximo
global ou um ponto de mı́nimo global.
Exemplo 4.16. O valor máximo de f (x) = cos x é 1, o qual é assumido infinitas vezes.
Definição 4.3. Sejam I um intervalo aberto e f : I → R uma função diferenciável. Cada
elemento do conjunto {x ∈ I : f 0 (x) = 0} é chamado ponto crı́tico de f .
Observação: É claro que todo ponto extremo de uma função definida num intervalo aberto
é um ponto crı́tico e que nem todo ponto crı́tico é um ponto extremo. No entanto, se f
estiver definida em um intervalo aberto, deveremos procurar os pontos extremos entre os
pontos crı́ticos. Estes últimos são, em geral, mais fáceis de encontrar.
Proposição 4.2. Seja I é um intervalo aberto e f : I → R é uma função diferenciável. Se
c ∈ I for um ponto extremo (máximo ou mı́nimo) de f , então f 0 (c) = 0.
Observações:
• Note que, se I não for um intervalo aberto, o resultado acima poderá não ser verdadeiro.
Por exemplo, se f : [0, 1] → R for dada por f (x) = x, então os pontos extremos serão
x = 0 e x = 1. Em ambos os casos, teremos f 0 (x) = 1.
• Note, ainda, que não vale a volta. Um exemplo que ilustra este fato é a função f (x) = x3
que é estritamente crescente e é tal que f 0 (0) = 0.
• A função f (x) = |x| tem valor mı́nimo em x = 0, mas f 0 (0) não existe. Não podemos
tirar a hipótese de diferenciável.
75
4.7 O Teorema do Valor Médio e suas Conseqüências
O Teorema do Valor Médio é um dos Teoremas mais importantes do Cálculo. A sua demon-
stração depende do seguinte resultado:
Teorema 4.6 (de Rolle). Seja f : [a, b] → R uma função contı́nua em [a, b] e diferenciável
em (a, b). Se f (a) = f (b), então existirá c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
Interpretação: Seja x = f (t) a posição de um objeto em movimento. Se o objeto estiver
no mesmo lugar em 2 instantes diferentes, então pelo Teorema de Rolle existirá um tempo
no qual a velocidade é nula.
6
f 0 (c) = 0
f (x)
f (a) = f (b)
-
a c b x
Prova. Se f for constante em [a, b] então f 0 (x) = 0. Logo pode ser tomado qualquer
número c. Suponhamos agora que f não é constante. Como f é contı́nua, pelo Teorema
de Weierstrass 3.14, existem x1 e x2 tais que f (x1 ) ≤ f (x) ≤ f (x2 ), para todo x ∈ [a, b].
Como f não é constante, f (x1 ) 6= f (x2 ), logo x1 ou x2 pertence ao intervalo (a, b) e como
são pontos extremos, f 0 (x1 ) = 0 ou f 0 (x2 ) = 0. Portanto, existe c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
Teorema 4.7 (do Valor Médio - TVM). Seja f : [a, b] → R uma função contı́nua em
[a, b] e diferenciável em (a, b). Então existe c ∈ (a, b) tal que
ou seja
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
Observação: O TVM nos diz que, se f for contı́nua em [a, b] e derivável em (a, b) , então
existirá c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) é o coeficiente angular da reta S que passa por (a, f (a)) e
(b, f (b)). Veja a figura seguinte.
76
6
f
f (b) r s
f (a) r
-
a c c b
77
Prova. Queremos provar que se x1 < x2 então f (x1 ) ≤ f (x2 ). Pelo TVM aplicado a f em
[x1 , x2 ], existe um c ∈ (x1 , x2 ) tal que
Como f 0 (c) > 0 e x2 − x1 > 0 devemos ter que f (x2 ) − f (x1 ) > 0 ou seja, f (x1 ) < f (x2 ).
Logo f é crescente.
É fácil ver que, se f for diferenciável e crescente (resp. decrescente) em (a, b), então
f 0 (x) ≥ 0 (resp. f 0 (x) ≤ 0), para todo x ∈ (a, b). O corolário a seguir mostra que a recı́proca
também é verdadeira.
Corolário 4.2. Se f for contı́nua no intervalo [a, b] e diferenciável no intervalo (a, b) com
f 0 (x) ≥ 0 (resp. f 0 (x) ≤ 0), para todo x ∈ (a, b), então f será crescente (resp. decrescente)
em [a, b].
• f 0 (x) > 0 em (−∞, 13 ) e (1, +∞) ⇒ f é estritamente crescente em (−∞, 31 ) e (1, +∞),
Proposição 4.3 (Teste da derivada primeira). Seja f contı́nua em [a, b]. Suponhamos
que, para algum c ∈ (a, b), f seja diferenciável em (a, b)\{c} e tenhamos
Então c será um ponto de máximo local (resp. mı́nimo local) da f em [a, b].
x2 − 1
Exemplo 4.18. Determine os valores de máximo e mı́nimo locais de f (x) = e
2x2 + 1
esboce o gráfico.
3x2 + 2x − 1
Temos que f 0 (x) = . Como (1 + 3x2 )2 > 0 para todo x, o sinal de f 0 é dado
(1 + 3x2 )2
pelo sinal do numerador 3x2 + 2x − 1 = 3(x + 1)(x − 13 ). Então,
• f 0 (x) > 0 em (−∞, −1) e ( 13 , +∞) ⇒ f é estritamente crescente em (−∞, 13 ) e (1, +∞),
78
1 1
Portanto, x = −1 é um ponto de máximo local com valor máximo f (−1) = 2
ex= 3
é um
ponto de mı́nimo local com valor mı́nimo f ( 13 ) = − 16 .
Exercı́cio: Determine os intervalos de crescimento e decrescimento, os valores de máximo
2x2
e de mı́nimo e esboce o gráfico de f (x) = .
x − 3x2
Exercı́cio: Seja a ∈ R.
(a) Prove que g(x) = x3 + 3x2 + 3x + a admite uma única raiz real.
Então o gráfico de Tp coincide com a reta tangente T ao gráfico de f no ponto (p, f (p)) e
podemos dar a definição seguinte.
• f tem concavidade para cima em (a, b) se, para quaisquer x, p ∈ (a, b), com x 6= p,
tivermos
f (x) > Tp (x).
Neste caso, f será dita côncava ou côncava para cima em (a, b).
• f tem concavidade para baixo em (a, b) se, para quaisquer x, p ∈ (a, b), com x 6= p,
tivermos
f (x) < Tp (x).
Neste caso, f será dita convexa ou côncava para baixo em (a, b).
O próximo teorema estabelece condições suficientes para que uma função f seja côncava
ou convexa.
79
Teorema 4.8. Seja f uma função derivável em (a, b). Valem as afirmações
(i) Se f 0 for estritamente crescente em (a, b), então f será côncava em (a, b).
(ii) Se f 0 for estritamente decrescente em (a, b), então f será convexa em (a, b).
Corolário 4.3. Seja f uma função derivável até segunda ordem em (a, b) . Valem as
afirmações
(i) Se f 00 (x) > 0, para todo x ∈ (a, b), então f será côncava em (a, b).
(ii) Se f 00 (x) < 0, para todo x ∈ (a, b), então f será convexa em (a, b) .
x2
Exemplo 4.20. Estude a concavidade de f (x) = e− 2 e esboce o gráfico.
x2 x2 x2
f 0 (x) = −xe− 2 e f 00 (x) = (x2 − 1)e− 2 . Como e− 2 > 0 para todo x, o sinal de f 00 é dado
pelo sinal de x2 − 1. Portanto,
• f 00 (x) > em (−∞, −1) e (1, +∞) ⇒ f é côncava para cima em (−∞, −1) e (1, +∞),
(i) p ∈ (a, b) ⊂ Df ;
Definição 4.6. Se f for uma função diferenciável em p ∈ (a, b) e p for um ponto de inflexão
de f , diremos que p é um ponto de inflexão horizontal, se f 0 (p) = 0. Caso contrário
diremos que p é um ponto de inflexão oblı́quo.
80
Observação: Os pontos de inflexão horizontais são pontos crı́ticos, enquanto que os pontos
de inflexão oblı́quos não os são. No exemplo acima, x = 0 é um ponto de inflexão horizontal.
Corolário 4.4. Se f for duas vezes diferenciável em (a, b) e p ∈ (a, b) for um ponto de
inflexão de f , então f ”(p) = 0.
Exercı́cio: Mostre que x = 0 é um ponto de inflexão de f (x) = x2n+1 , para todo número
natural n ≥ 1.
Teorema 4.9. Seja f três vezes diferenciável em (a, b) com derivada terceira contı́nua. Se
p ∈ (a, b) for tal que f 00 (p) = 0 e f 000 (p) 6= 0, então p será um ponto de inflexão de f .
Teorema 4.10. Sejam f : [a, b] → R derivável em (a, b) e p ∈ [a, b]. Valem as afirmações:
(i) Se f 0 (p) = 0 e f 0 for crescente em (a, b), então p será ponto de mı́nimo local de f .
(ii) Se f 0 (p) = 0 f 0 for decrescente em (a, b), então p será ponto de máximo local de f .
x4
(a) f (x) = − x3 − 2x2 + 3; (b) f (x) = x2 e−5x .
4
Exercı́cio: Esboce o gráfico das seguintes funções
1 t x
(a) f (x) = x2 + ; (b) g(t) = ; (c) f (x) = .
x t2 +4 1 + x2
Exercı́cio: Mostre que x = 0 é um ponto de mı́nimo e um ponto de inflexão para
√
x, x ≥ 0
f (x) = 2
x , x < 0.
• Nas condições da Proposição 4.2, se f 0 (p) 6= 0, então p não será ponto de máximo ou
mı́nimo local de f .
81
Entretanto,
• Podemos ter p um ponto de máximo ou mı́nimo local de f sem que exista f 0 (p). Neste
caso, p será ponto das extremidades de [a, b], isto é, p = a ou p = b.
Exercı́cio: Encontre as dimensões do triângulo isósceles de maior área que esteja inscrito
na circunferência de raio R.
Exercı́cio: Entre todos os cilindros retos de volume V encontre aquele cujas dimensões
sejam tais que a área de sua superfı́cie seja mı́nima.
f 0 (x) f (x)
e o limite lim existir (finito ou infinito), então o limite lim também existirá e
x→p g 0 (x) x→p g(x)
teremos
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→p g(x) x→p g (x)
f (x) − f (p)
0 0 lim
f (x) f (p) x→p x−p f (x) − f (p) f (x)
lim 0 = 0 = = lim = lim .
x→p g (x) g (p) g(x) − g(p) x→p g(x) − g(p) x→p g(x)
lim
x→p x−p
Observação: A 1a¯ regra de L’Hospital ainda será válida se, em lugar de x → p , tivermos
x → p+ , x → p− , x → +∞ ou x → −∞ .
1 − e2x
Exemplo 4.23. Calcule lim .
x→0 x
82
Como lim 1 − e2x = 0 e lim x = 0 pela Regra de L’Hospital,
x→0 x→0
f 0 (x) f (x)
e o limite lim 0
existir (finito ou infinito), então o limite lim também existirá e
x→p g (x) x→p g(x)
teremos
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→p g(x) x→p g (x)
Observação: A 2a¯ regra de L’Hospital ainda será válida se, em lugar de x → p , tivermos
x → p+ , x → p− , x → +∞ ou x → −∞ . Esta regra também permanecerá válida caso
tenhamos −∞ em lugar de +∞ em um ou ambos os limites.
ex
Exemplo 4.25. Calcule lim .
x→+∞ x
ex (ex )0 ex
lim = lim = lim = +∞.
x→+∞ x x→+∞ x0 x→+∞ 1
0 ∞
Observação: As Regras de L’Hospital se aplicam a indeterminações da forma e . As
0 ∞
outras formas de indeterminação (0 · ∞, ∞ − ∞, 00 , ∞0 , 0∞ ) podem ser reduzidas a estas.
83
Exemplo 4.26. Calcule lim+ x ln x.
x→0
ln x
Observe que é uma indeterminação da forma 0 · −∞. Escrevendo x ln x = 1 obtemos uma
x
−∞
indeterminação da forma . Pela Regra de L’Hospital,
∞
1
ln x x
lim x ln x = lim+ 1 = lim+ = lim+ −x = 0.
x→0+ x→0
x
x→0 − x12 x→0
1 1
Exemplo 4.27. Calcule lim+ − .
x→0 x sen x
Observe que é uma indeterminação da forma ∞ − ∞. Escrevendo
1 1 sen x − x
− =
x sen x xsen x
0
obtemos uma indeterminação da forma e podemos aplicar a Regra de L’Hospital.
0
Exemplo 4.28. Calcule lim+ xx .
x→0
x
Observe que é uma indeterminação da forma 00 . Escrevemos xx = eln x = ex ln x , e como a
função exponencial é contı́nua,
lim+ xx = lim+ ex ln x = exp lim+ x ln x = e0 = 1.
x→0 x→0 x→0
1
Exemplo 4.29. Calcule lim x x .
x→+∞
1 1 ln x
Observe que é uma indeterminação da forma ∞0 . Escrevemos x x = eln x x = e x , e como a
função exponencial é contı́nua,
1 ln x
ln x
lim x x = lim e x = exp lim .
x→+∞ x→+∞ x→+∞ x
∞
Observe que temos uma indeterminação da forma , então pela Regra de L’Hospital
∞
1
ln x (ln x)0 x
lim = lim = lim = 0.
x→+∞ x x→+∞ x0 x→+∞ 1
Logo,
1
lim x x = e0 = 1.
x→+∞
1 x+1
Exemplo 4.30. Calcule lim .
x→+∞ ln x
84
1 x+1 1
Observe que é uma indeterminação da forma 0∞ . Escrevemos = e(x+1) ln e
ln x ln x
que 1
lim (x + 1) ln = +∞ · +∞ = −∞
x→+∞ ln x
e como a função exponencial é contı́nua,
1 x+1 1 1
(x+1)
lim = lim e ln = exp lim (x + 1) ln = 0.
x→+∞ ln x x→+∞ ln x x→+∞ ln x
Exercı́cio: Calcule os seguintes limites:
1 x 1
(a) lim 1 + , [R : e]; (b) lim (x + 1) ln x , [R : e];
x→+∞ x x→+∞
ex ln x
(c) lim 2 , [R : +∞]; (d) lim √ , [R : 0];
x→+∞ x x→+∞ 3 x
sen x tg x − x h 1i
(e) lim , [R : 0]; (f ) lim , R : .
x→π 1 − cos x x→0 x3 3
4.10 Assı́ntotas
Definição 4.7. A reta x = p é chamada de assı́ntota vertical para uma função f se
ou
lim f (x) = −∞ ou lim f (x) = −∞ ou lim f (x) = −∞.
x→p x→p− x→p+
2
Exemplo 4.31. A reta x = 3 é assı́ntota vertical de f (x) = .
x−3
Definição 4.8. A reta y = L é chamada de assı́ntota horizontal para uma função f se
x2 − 1
Exemplo 4.32. A reta y = 1 é assı́ntota horizontal de f (x) = 2 .
x +1
Definição 4.9. Seja f uma função. Se existir uma reta de equação y = mx + n tal que
ou
lim [f (x) − (mx + n)] = 0 ,
x→−∞
então tal reta será dita uma assı́ntota para f . Se m = 0, teremos uma assı́ntota hori-
zontal e, se m 6= 0, teremos uma assı́ntota oblı́qua.
85
Observação: A distância vertical entre a curva y = f (x) e a reta y = mx + n tende a 0.
x3
Exemplo 4.33. Determine a assı́ntota de f (x) = .
x2 + 1
Como x2 + 1 nunca é 0, não há assı́ntota vertical. Uma vez que lim f (x) = ±∞, não há
x→±∞
assı́ntotas horizontais. Escrevemos
x3 x
2
=x− 2 ,
x +1 x +1
então
x3 x
lim 2
− x = lim 2 = 0.
x→±∞ x + 1 x→±∞ x + 1
Portanto, a reta y = x é uma assı́ntota oblı́qua.
Procedimento para determinar assı́ntotas: Primeiro determine m, caso exista, através
do limite
f (x)
lim .
x→±∞ x
Em seguida, calcule
n = lim [f (x) − mx].
x→±∞
Se n for finito então y = mx + n será assı́ntota para x → ±∞.
√
Exemplo 4.34. Determine a assı́ntota de f (x) = 4x2 + x + 1.
Temos q q
1 1
f (x) |x| 4 + x
+ x2
4 + 1 + 12 se x > 0
= = q x x
x x − 4 + 1 + 12 se x > 0.
x x
f (x) f (x)
Segue que lim = 2 e lim = −2. Assim m = 2 para x → +∞ e m = −2 para
x→+∞ x x→−∞ x
x → −∞. Determinemos agora n.
√ x+1 1
lim [ 4x2 + x + 1 − 2x] = lim √ = .
x→+∞ x→+∞ 2
4x + x + 1 + 2x 4
1 1
Logo, y = 2x + é assı́ntota para x → +∞. Analogamente vemos que y = −2x − é
4 4
assı́ntota para x → −∞.
Exercı́cio:
(a) Mostre que
√ !
√
3
√
3
3
3
lim 3x3 − x2 − 3x + = 0.
x→−∞ 9
√
√
3
3
3
(b) Conclua que a reta de equação y = 3x + é uma assı́ntota de f .
9
86
4.11 Esboço de Gráficos de Funções
A lista a seguir fornece todas as informações necessárias para fazer um esboço do gráfico de
uma função que mostre os aspectos mais importantes do seu comportamento.
5. Calcule os limites laterais de f nos pontos p tais que f não é contı́nua em p ou se f (p)
não estiver definida, mas p for um extremo do domı́nio de f .
7. Determine as assı́ntotas.
8. Localize as raı́zes de f.
2x2 x2
(a) f (x) = ; (b) f (x) = √ ;
x2 − 1 x+1
(c) f (x) = xex ; (d) f (x) = ln(4 − x2 );
x3 √3
(e) f (x) = ; (f ) f (x) = x3 − x2 .
x2 + 1
87
Capı́tulo 5
Aplicações da Derivada
f (t + ∆t) − f (t)
,
∆t
onde f (t+∆t)−f (t) é o deslocamento da partı́cula entre os instantes t e t+∆t. A velocidade
instantânea da partı́cula no instante t é dada por
f (t + ∆t) − f (t) dx
v(t) = lim = f 0 (t) = .
∆t→ 0 ∆t dt
De maneira análoga, a aceleração média da partı́cula entre os instantes t e t + ∆t é dada
por
v(t + ∆t) − v(t)
,
∆t
onde v(t + ∆t) − v(t) é a variação da velocidade entre os instantes t e t + ∆t , e a aceleração
instantânea ou simplesmente aceleração da partı́cula no instante t é dada por
Exercı́cio: Uma partı́cula move-se sobre o eixo x de modo que, no instante t , a posição x
é dada por
x = t3 , t ≥ 0 ,
onde t é dado em segundos e x é dado em metros.
88
(a) Determine as posições da partı́cula nos instantes t = 0, t = 1 e t = 2.
Exercı́cio: Uma partı́cula move-se sobre o eixo x de modo que, no instante t , a posição x
é dada por
x = sen 2t , t ≥ 0 ,
Suponha que x é dado em metros e t em segundos.
π π π
(a) Determine as posições da partı́cula nos instantes t = 0, t = , t= e t= .
6 3 2
(b) Qual a velocidade da partı́cula no instante t ?
y = x ln x
de modo que sua abscissa x > 0 varia a uma velocidade constante de 2(cm/s). Qual é a
velocidade da ordenada y , quando x = e (cm) ?
Exercı́cio: Um corpo de massa m realiza um movimento retilı́neo sob a ação de uma força
constante F . Suponha que F tenha mesma direção do movimento, que a velocidade inicial
seja v0 e que a posição inicial seja x0 . Encontre a posição do corpo em cada instante de
tempo t.
89
A taxa de variação (instantânea) de f em x é dada por
f (x + ∆x) − f (x)
lim
∆x→0 ∆x
dy
e coincide com a derivada f 0 (x) = de f em x .
dx
Observação: A taxa de variação tem uma interpretação especı́fica dependendo da ciência
à qual se refere. Por exemplo, na seção anterior, vimos que se y = f (x) for uma função
posição, a taxa de variação representa a velocidade. A seguir temos outros exemplos:
• Suponha que a massa m de uma barra não homogênea seja uma função do comprimento,
m = f (x). Então definimos a densidade linear ρ como taxa de variação da massa em
relação ao comprimento, ou seja, ρ = f 0 (x).
• Suponha que C(x) seja o custo total que uma companhia incorre na produção de x
unidades de um produto. A taxa de variação do custo em relação ao número de ı́tens
produzidos é chamado de custo marginal.
dz dz dy
= .
dx dy dx
Portanto, a taxa de variação de z com relação a x é o produto entre a taxa de variação de z
com relação a y e da taxa de variação de y com relação a x.
Exemplo 5.1. Suponha que está sendo bombeado ar para dentro de uma balão esférico, e seu
volume cresce a uma taxa de 50cm3 /s. Quão rápido o raio do balão está crescendo quando
o raio é 5cm.?
90
dV
Seja r o raio e V o volume do balão no instante t. Sabemos que = 50 e queremos
dt
dr
determinar quando r = 5. Pela Regra da Cadeia,
dt
dV dV dr
= .
dt dr dt
4 dV
Lembrando que V = πr3 =⇒ = 4πr2 , logo
3 dr
dV dr dr 1 dV
= 4πr2 =⇒ = .
dt dt dt 4πr2 dt
dr 1
Concluı́mos que para r = 5, = .
dt 2π
Exercı́cio: O raio r de uma esfera está variando, com o tempo, a uma taxa constante de
5(m/s). Com que taxa estará variando o volume da esfera no instante em que r = 2(m) ?
Exercı́cio: Um ponto P move-se sobre a elipse
4x2 + y 2 = 1 .
Sabe-se que as coordenadas x(t) e y(t) de P são funções definidas e deriváveis num intervalo
I. Verifique que
dy 4x dx
=− , para todo t ∈ I com y(t) 6= 0 .
dt y dt
Definimos a reta normal ao gráfico de f no ponto (p, f (p)) como a reta que é perpendicular
à reta tangente nesse ponto.
91
6 f
T
f (p)
-
p x
1
Se f 0 (p) 6= 0, então o coeficiente angular da reta normal é e sua equação
f 0 (p)
1
y − f (p) = (x − p).
f 0 (p)
Exemplo 5.2. Determine a reta tangente e a reta normal à parábola f (x) = 1 − x2 no ponto
(2, −3).
Temos que f 0 (x) = −2x então f 0 (2) = −4. Portanto, a equação da reta tangente é y + 3 =
1
−4(x − 2) e a equação da reta normal é y + 3 = − (x − 2).
4
Exemplo 5.3. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = x2 +3x e paralela
à reta y = 2x + 3.
92
5.5 Aproximações Lineares e Diferencial
Para aproximar uma função y = f (x) quando x está próximo de p, usamos a reta tangente
ao gráfico de f no ponto (p, f (p)), cuja equação é
y = f (p) + f 0 (p)(x − p)
e a aproximação
f (x) ≈ f (p) + f 0 (p)(x − p)
é chamada aproximação linear ou aproximação pela reta tangente de f em p. A função
linear L(x) = f (p) + f 0 (p)(x − p) é chamada de linearização de f em p.
√ √ √
Exemplo 5.4. Aproxime os números 3, 98 e 4, 05 utilizando a função f (x) = x + 3.
1
Determinemos a equação da reta tangente em p = 1. Temos que f 0 (x) = √ . Logo a
2 x+3
aproximação linear é
1
L(x) = f (1) + f 0 (1)(x − 1) = 2 + (x − 1).
4
Agora,
p p
3, 98 = f (0, 98) ≈ L(0, 98) = 1, 995 e 4, 05 = f (4.05) ≈ L(0, 05) = 2, 0125.
As idéias por trás das aproximações lineares são algumas vezes formuladas em termos de
diferenciais. Seja y = f (x) uma função diferenciável. Considerando dx como uma variável
independente, a diferencial é definida em termos de dx pela equação
dy = f 0 (x)dx.
6 f
T
f (x + dx)
6 r
∆y
dy = tg α dx = f 0 (x)dx
6
f (x) ? r r ?
-
dx
α -
x x + dx
93
Seja dx = ∆x a variação em x e ∆y = f (x + dx) − f (x) a variação em y. Sabemos que f 0 (x)
é o coeficiente angular da reta T tangente ao gráfico de f no ponto (x, f (x)). Portanto dy
representa a distância que a reta tangente sobe ou desce, enquanto ∆y representa a distância
que a curva y = f (x) sobe o desce quando x varia por uma quantidade dx.
Observação: Note que, quando dx for suficientemente pequeno, dy irá se aproximar de
∆y = f (x + dx) − f (x) no seguinte sentido
∆y − dy
−→ 0, quando dx → 0.
dx
Isto significa que o erro cometido ao aproximarmos ∆y por dy é pequeno quando comparado
a dx. Portanto
∆y ≈ dy
para dx suficientemente pequeno.
Na notação de diferenciais, a aproximação linear pode ser escrita como
Exemplo 5.5. O raio de uma esfera tem 21 cm, com um erro de medida possı́vel de no
máximo 0,05 cm. Qual é o erro máximo cometido ao usar esse valor de raio para computar
o volume da esfera?
4
Se o raio da esfera for r, então seu volume é V = π r3 . Denotamos o erro na medida do raio
3
por dr = ∆r. O erro correspondente no cálculo do volume é dV = 4πr2 dr. Quando r = 21
e dr = 0, 05, temos dV = 4π212 0, 005 ≈ 227. Logo o erro máximo no volume calculado será
de aproximadamente 277cm3 .
Exercı́cio: Utilizando a diferencial, calcule um valor aproximado para o acréscimo ∆ y que
a função y = x3 sofre quando se passa de x = 1 para 1 + dx = 1, 01. Calcule o erro ∆y − dy.
4
Exercı́cio: Seja V = π r3 .
3
(a) Calcule a diferencial de V = V (r)
94
5.6 Polinômios de Taylor
Os polinômios são as funções mais fáceis de manipular, já que os valores das funções poli-
nomiais podem ser obtidos através de simples adições e multiplicações. Parece natural,
portanto, aproximar funções mais complicadas por funções polinomiais.
Nesta seção, vamos discutir a Fórmula de Taylor a qual nos fornece uma regra para
determinar o polinômio de grau n que melhor aproxima uma dada função ao redor de um
ponto a interior ao domı́nio de f .
O exemplo mais simples de aproximação de uma função por um polinômio é a aprox-
imação linear (diferencial) que estudamos na seção anterior. Assim como naquele caso, vamos
considerar a reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto x = a
T (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a)
para aproximar a função f (x) para x no ao redor de a. A idéia básica é aproximar a função
f (x) ao redor de a por uma função linear que passe pelo ponto (a, f (a)) e cuja derivada seja
a mesma da função f (x) no ponto a.
Definimos o erro que se comete ao aproximar f (x) por T (x) por
E(x) = f (x) − T (x).
Observemos que, para x 6= a, temos
E(x) f (x) − f (a)
= − f 0 (a).
x−a x−a
Daı́,
E(x)
lim = 0,
x→a x − a
ou seja, quando x → a, o erro E(x) tende a zero mais rapidamente do que (x − a).
Então definimos o polinômio de Taylor de ordem 1 de f (x) ao redor de a por
95
• f (a) = P (a) =⇒ c0 = f (a),
Ou seja, quando x → a, o erro E(x) tende a zero mais rapidamente que (x − a)2 .
Definimos o polinômio de Taylor de ordem 2 de f (x) ao redor de a por
0 f 00 (a)
P2 (x) = f (a) + f (a)(x − a) + (x − a)2 ,
2
e temos que P2 é o polinômio de grau 2 que melhor aproxima localmente f (x) ao redor de a.
Exemplo 5.7. O polinômio de Taylor de grau 2 da função f (x) = ex ao redor do ponto zero
é P2 (x) = 1 + x + 12 x2 .
De forma geral, se a função dada f (x) for derivável até ordem n e procuramos um
polinômio P de grau n satisfazendo
96
o qual é chamado de polinômio de Taylor de ordem n de f (x) ao redor de a.
Para avaliarmos a precisão com que uma função é aproximada por polinômios de Taylor,
vamos definir o erro como sendo
Teorema 5.1. Suponhamos que a função f (x) seja (n + 1) vezes diferenciável no ao redor
do ponto a. Então
f n+1 (x̄)
Rn (x) = (x − a)n+1
(n + 1)!
97
Exercı́cio: Uma lata cilı́ndrica é feita para receber um litro de óleo. Encontre as dimensões
que minimizarão o custo do metal para produzir a lata.
Exercı́cio: Uma caixa sem tampa será feita recortando-se pequenos quadrados congruentes
dos cantos de uma folha de estanho medindo 12 × 12 pol e dobrando-se os lados para cima.
Que tamanho os quadrados dos lados devem ter para que a caixa chegue a sua capacidade
máxima?
Exercı́cio: Encontre o ponto sobre a parábola y 2 = 2x mais próximo de (1, 4).
Exercı́cio: Um fabricante de armários é capaz de fazer 5 peças por dia. Uma entrega do
material custa 5.000, enquanto sua estocagem custa 10 por dia por unidade (quantidade de
materia prima para fazer uma peça). Quanto materia prima deve ser encomendada de cada
vez e com que freqüência, de modo a minimizar o custo médio diário nos ciclos de produção
entre as entregas?
98
Capı́tulo 6
A Integral
onde n ∈ N, é uma partição ou divisão de [a, b]. Neste caso, escrevemos P = (xi ).
... ... -
a = x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 b = xn x
∆P = max ∆xi
1≤i≤n
que é o “tamanho máximo” ou comprimento máximo que um intervalo [xi−1 , xi ] pode ter.
Sejam f : [a, b] → R e P = (xi ) uma partição de [a, b]. Para cada ı́ndice i seja ci um
número em [xi−1 , xi ] escolhido arbitrariamente.
c1 c2 ... ci ... cn
• • • • -
a = x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 b = xn x
99
6
f (c3 )
f (c2 )
f (ci ) y f
f (c1 )
cj
K
xj−1 xj
• • • • • -
a = x0 x1 x2 x3 xi−1 xi b = xn
? ?
c1 c2 c3 ci
?
f (cj )
n
X
f (ci )∆xi .
i=1
Observação: Note que a soma de Riemann é igual à soma das áreas dos retângulos que
estão acima do eixo x menos a soma das áreas dos retângulos que estão abaixo do eixo x .
Portanto a soma de Riemann é a diferença entre a soma das áreas dos retângulos que estão
acima do eixo x e a soma das áreas dos retângulos que estão abaixo do eixo x .
f
A2
-
a b
: A1
100
Sejam f uma função contı́nua definida em [a, b] e P = (xi ) uma partição tal que ∆P =
max ∆xi seja suficientemente pequeno. Então a área
1≤i≤n
A = A1 − A 2 ,
pode ser aproximada pela soma de Riemann
n
X
f (ci )∆xi ,
i=1
ou seja,
n
X
A≈ f (ci )∆xi .
i=1
Fazendo ∆P −→ 0, temos
n
X
f (ci )∆xi −→ A
i=1
e, portanto,
n
X
lim f (ci )∆xi = A.
∆P →0
i=1
n
X
lim f (ci )∆xi = A
∆P →0
i=1
para toda partição de [a, b] com ∆P < δ, qualquer que seja a escolha de ci ∈ [xi−1 , xi ]. Neste
caso, escrevemos Z b
A= f (x) dx
a
que é chamada integral definida ou simplesmente integral de f em relação à x no inter-
valo [a, b].
101
Observação: De acordo com a definição, o limite não depende da escolha dos ci .
Propriedade: Se f for contı́nua em [a, b] então f é integrável em [a, b].
Z b
Definição 6.5. Se existir a integral f (x) dx , então definiremos
a
Z a Z b
f (x) dx = − f (x) dx .
b a
Z b
• A integral é positiva, isto é, se f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b], então f (x) dx ≥ 0.
a
Em particular, se g(x) ≤ f (x) para todo x ∈ [a, b], então
Z b Z b
g(x) dx ≤ f (x) dx .
a a
Z c Z b
• A integral é aditiva, isto é, se existirem as integrais f (x) dx e f (x) dx , com
Z b a c
Isto quer dizer que se f for integrável em todos os subintervalos de umZ intervalo [a, b],
a
então f será integrável em [a, b]. Em particular, quando c = a, teremos f (x) dx = 0.
a
102
Teorema 6.1 (Critério de Cauchy). Seja f : [a, b] → R tal que para todo ε > 0, exista
δ > 0 tal que para quaisquer partições P = (ti ), ci ∈ [ti−1 , ti ] e P 0 = (sj ), ζj ∈ [sj−1 , sj ] de
[a, b], com ∆P , ∆P 0 < δ, tenhamos
X n m
X
f (ci )(ti − ti−1 ) − f (ζj )(sj − sj−1 ) < ε.
i=1 j=1
f (x) dx.
c
Corolário 6.1. Sejam f : [a, b] → R integrável e [c, d] ⊂ [a, b]. Então a função f χ[c,d] :
[a, b] → R dada por
f (t), t ∈ [c, d]
f χ[c,d] (t) = f (t)χ[c,d] (t) =
0, t∈/ [c, d]
é integrável e Z b
Z d
f χ[c,d] (t)dt = f (t)dt.
a c
Corolário 6.2. Seja f : [c, d] → R integrável, com [c, d] ⊂ [a, b] e seja fb a prolongada de f
por 0 a [a, b] \ [c, d], isto é, fb : [a, b] → R é dada por
f (t), t ∈ [c, d]
f (t) =
b
0, t∈/ [c, d].
Então fb é integrável e Z b Z d
fb(t)dt = f (t)dt.
a c
103
6.3 O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo
O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo estabelece uma conexão entre cálculo integral
e o cálculo diferencial. Z x
Consideremos qualquer função contı́nua f com f (t) ≥ 0. Então a função g(x) = f (t) dt
a
pode ser interpretada como a área de f de a até x, onde x pode variar de a até b.
6
área = g(x)
6
f (t)
-
a x x+h b
Para calcular g 0 (x) por definição, primeiro observamos que, para h > 0, g(x + h) − g(x) é
obtida subtraindo-se as áreas, logo ela é a área sob o gráfico de f de x até x + h. Para h
pequeno essa área é aproximadamente igual à área do retângulo com altura f (x) e largura
h,
g(x + h) − g(x)
g(x + h) − g(x) ≈ hf (x), logo ≈ f (x).
h
Portanto, intuitivamente esperamos que
g(x + h) − g(x)
g 0 (x) = lim = f (x).
h→0 h
Isso é verdade em geral, como demonstra o seguinte Teorema.
Teorema 6.3 (Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo - 1TFC). Seja f uma
função contı́nua em [a, b], então a função g definida por
Z x
g(x) = f (t) dt, a≤x≤b
a
0
é diferenciável em (a, b) e g (x) = f (x).
104
logo para h 6= 0,
x+h
g(x + h) − g(x)
Z
1
= f (t) dt.
h h x
Suponhamos que h > 0. Como f é contı́nua em [x, x + h], pelo Teorema de Weierstrass 3.14
existem x1 e x2 em [x, x + h] tais que f (x1 ) ≤ f (t) ≤ f (x2 ) para todo t ∈ [x, x + h]. Logo,
Z x+h
f (x1 )h ≤ f (t) dt ≤ f (x2 )h.
x
1 x+h
Z
f (x1 ) ≤ f (t) dt ≤ f (x2 ),
h x
ou equivalentemente,
g(x + h) − g(x)
f (x1 ) ≤ ≤ f (x2 ).
h
A desigualdade anterior pode ser provada de forma similar para h < 0.
Agora, quando h → 0, x1 → x e x2 → x. Conseqüentemente,
lim f (x1 ) = lim f (x1 ) = f (x), e lim f (x2 ) = lim f (x2 ) = f (x),
h→0 x1 →x h→0 x2 →x
g(x + h) − g(x)
g 0 (x) = lim = f (x),
h→0 h
e o 1TFC fica demonstrado.
Z x √
Exemplo 6.1. Ache a derivada da função g(x) = 1 + t2 dt.
0
√ √
Como f (t) = 1 + t2 é contı́nua, pelo 1TFC g 0 (x) = 1 + x2 .
Z x4
Exemplo 6.2. Calcule a derivada de g(x) = sec t dt.
1
105
6.4 Antiderivadas ou Primitivas
Já sabemos que a derivada de uma função constante é zero. Entretanto, uma função pode
ter derivada zero em todos os pontos de seu domı́nio e não ser constante; por exemplo a
x
função f (x) = é tal que f 0 (x) = 0 em todo ponto de seu domı́nio, mas f não é constante.
|x|
O seguinte corolário do TVM mostra que se f tiver derivada zero num intervalo, então f
será constante nesse intervalo.
Corolário 6.3. Se f for contı́nua em [a, b] e diferenciável em (a, b) e f 0 (x) = 0 para todo
x ∈ (a, b), então f será constante.
Prova. Seja x0 ∈ [a, b] um ponto fixo. Para todo x ∈ [a, b], x 6= x0 , pelo TVM existe um x̄
pertence ao intervalo aberto de extremos x e x0 tal que
f (x) − f (x0 ) = f 0 (x̄)(x − x0 ).
Como f 0 (x) = 0 para todo x ∈ (a, b), temos que f 0 (x0 ) = 0, logo
f (x) − f (x0 ) = 0 =⇒ f (x) = f (x0 )
para todo x ∈ [a, b]. Portanto, f é constante.
Corolário 6.4. Se duas funções definidas num intervalo I aberto tiverem mesma derivada
em todo ponto x ∈ I, então elas vão diferir por uma constante.
Exercı́cio: Encontre todas as funções f definidas em R tais que f 0 (x) = x2 e f 00 (x) = sen x.
Definição 6.6. Seja f : [a, b] → R. Uma primitiva ou antiderivada de f em [a, b] é uma
função derivável F : [a, b] → R tal que
F 0 (x) = f (x), para todo x ∈ [a, b] .
Observação: Se F for uma primitiva de f , então F será contı́nua, pois F é derivável.
Se F (x) é uma primitiva de f (x) então F (x) + k também será primitiva de f. Por outro
lado, se houver uma outra função G(x) primitiva de f, pelo visto anteriormente, F e G
diferem, neste intervalo, por uma constante. Segue que as primitivas de f são da forma
F (x) + k, com k constante. Denotamos por
Z
f (x) dx = F (x) + k, k constante
106
x3
Z
Exemplo 6.3. x2 dx = + k.
3
Z Z
Exemplo 6.4. dx = 1 dx = x + k.
Z Z
(a) c dx = cx + k; (b) ex dx = ex + k;
xα+1
Z Z
(c) xα dx = ; (d) cos x dx = sen x + k;
α+1
Z Z
1 1
(e) dx = ln x + k x > 0; (f ) dx = ln(−x) + k x < 0;
x x
Z Z
(g) sen x dx = − cos x + k; (h) sec2 x dx = tg x + k;
Z Z
(i) sec x dx = ln | sec x + tg x| + k; (j) tg x dx = − ln | cos x| + k;
Z Z
1
(k) sec xtg x dx = sec x + k; (l) dx = arctg x + k;
1 + x2
Z
1
(m) √ dx = arcsen x + k.
1 − x2
107
onde F é qualquer primitiva de f, ou seja, uma função tal que F 0 = f.
Z x
Prova. Seja g(x) = f (t) dt. Pelo 1TFC, g 0 (x) = f (x), ou seja, g é uma primitiva
a
de f . Pelo Corolário 6.4, duas primitivas só podem diferir por uma constante portanto,
F (x) − g(x) = k, onde k é uma constante. Fazendo x = a, a fórmula implica que F (a) = k
e fazendo x = b, temos F (b) − g(b) = k = F (a). Daı́,
Z b
F (b) − F (a) = g(b) = f (t) dt,
a
ou seja, a integral da derivada de uma função que é uma primitiva é a própria primitiva
calculada nos limites de integração.
1 1
Exercı́cio: Calcule a integral de f (x) = + 3 no intervalo [1, 2].
x x
Z π/8
Exercı́cio: Calcule sen 2x dx.
0
108
Observação: A função ln x está bem definida pois a integral de uma função contı́nua sempre
existe.
Propriedades do logaritmo.
(a) ln 1 = 0,
1
(b) ln0 x = para todo x > 0,
x
(c) ln(ab) = ln a + ln b, para todo a, b > 0,
a
(d) ln = ln a − ln b, para todo a, b > 0,
b
(e) ln(ar ) = r ln a para todo a > 0 e r racional.
Prova. A parte (a) segue da definição e a parte (b) do 1TFC 6.3. Para provar a parte (c),
seja f (x) = ln(ax), onde a é uma constante positiva. Pela Regra da Cadeia, temos
1 1
f 0 (x) = a= .
ax x
Portanto, f (x) e ln x tem a mesma derivada, então pelo Corolário 6.4, diferem por uma
constante:
ln(ax) = ln x + C.
Fazendo x = 1, temos que ln a = C. Assim,
ln(ax) = ln x + ln a,
e escolhendo x = b, fica demonstrada a propriedade (c).
(d) : Utilizando a parte (c) com a = 1/b, temos que
1 1
ln + ln b = ln 1 = 0, portanto ln = − ln b.
b b
Agora,
a 1 1
ln = ln a = ln a + ln = ln a − ln b.
b b b
A parte (e) é provada de maneira análoga.
109
Por outro lado, fazendo t = 1/x, então t → +∞ quando x → 0+ . Portanto,
1
lim+ ln x = lim ln = lim − ln t = −∞.
x→0 t→+∞ t t→+∞
Esta definição é consistente com a definição do número e como um limite. Provemos que
lim (1 + x)1/x = e.
x→0
e portanto
lim (1 + x)1/x = e.
x→0
110
Capı́tulo 7
Técnicas de Integração
Com o Segundo Teorema Fundamental do Cálculo podemos integrar uma função a partir de
uma primitiva ou integral indefinida. Neste capı́tulo desenvolveremos técnicas para calcular
integrais indefinidas.
Z √
Exemplo 7.1. Encontre 2x 1 + x2 dx.
111
Z
Exemplo 7.2. Encontre x3 cos(x4 + 2) dx.
Fazemos a substituição u = x4 + 2, então sua diferencial é du = 4x3 dx. Assim, usando
du
x3 dx = e a Regra da Substituição temos
4
Z Z Z
3 4 1 1 1 1
x cos(x + 2) dx = cos(u) du = cos u du = senu + k = sen(x4 + 2) + k.
4 4 4 4
Z
x
Exemplo 7.3. Calcule dx.
1 + x4
Se fazemos u = 1 + x4 , teremos du = 4x3 dx. Como 4x2 não é constante
1 4x3 4x3
Z Z Z
x 1
dx = dx 6
= dx.
1 + x4 4x2 1 + x4 4x2 1 + x4
Isto nos mostra que a mudança u = 1 + x4 não resolve o problema. Entretanto, se fizermos
u = x2 , teremos du = 2x dx, assim,
Z Z
x 1 1 1 1
4
dx = 2
du = arctg(u) + k = arctg(x2 ) + k.
1+x 1+u 2 2 2
Z
Exemplo 7.4. Encontre tgx dx.
Existem dois métodos para calcular uma integral definida por substituição. Um deles
consiste em calcular primeiro a integral indefinida e então usar o 2TFC. Por exemplo,
Z 4 √ 4
2 2 2 54
2x 1 + x dx = (1 + x ) = (9)3/2 − (1)3/2 =
2 2 3/2
= 18.
0 3 0 3 3 3
112
Regra da Substituição para Integrais Definidas. Se g 0 for contı́nua em [a, b] e f for
contı́nua na variação de u = g(x), então
Z b Z g(b)
0
f (g(x))g (x) dx = f (u) du.
a g(a)
Prova. Seja F uma primitiva de f. Então, F (g(x)) é uma primitiva de f (g(x))g 0 (x), logo,
pelo 2TFC (Teorema 6.4), temos
Z b
f (g(x))g 0 (x) dx = F (g(b)) − F (g(a)).
a
Por outro lado, aplicando uma segunda vez o 2TFC também temos
Z g(b)
g(b)
f (u) du = F (u) = F (g(b)) − F (g(a)).
g(a) g(a)
1 √
Z
Exemplo 7.5. Calcule 2x − 1 dx.
1/2
1 1
Fazendo u = 2x − 1, temos du = 2 dx ou 2
du = dx Quando x = , u = 0; quando
2
x = 1, u = 1. Assim,
1
1 √ 1 √ 1 1 √
Z Z Z
1 1 2 3/2 1
2x − 1 dx = u du = u du = u = .
1/2 0 2 2 0 23 0 3
Z e
ln x
Exemplo 7.6. Calcule dx.
1 x
1
Fazendo u = ln x, temos du = dx. Quando x = 1, u = ln 1 = 0; quando x = e, u = ln e = 1.
x
Assim, 1
Z e Z 1
ln x u2 1
dx = u du = = .
1 x 0 2 0 2
113
7.2 Integração por Partes
Sejam f, g : [a, b] → R diferenciáveis em (a, b). Então, para cada x ∈ (a, b), vale
ou seja,
f (x)g 0 (x) = [f (x)g(x)]0 − f 0 (x)g(x) .
Como f (x)g(x) é uma primitiva de [f (x)g(x)]0 , se existir uma primitiva de f 0 (x)g(x), então
também existirá uma primitiva de f (x)g 0 (x) e valerá a fórmula de integração por partes:
Z Z
0
f (x)g (x) dx = f (x)g(x) − f 0 (x)g(x) dx . (7.2)
du = f 0 (x) dx e dv = g 0 (x) dx
Z Z
u dv = uv − v du .
Z
Exemplo 7.7. Calcule x sen x dx.
114
Utilizando a fórmula de integração por partes mais uma vez, calculamos
Z Z
xe dx = xe − ex dx = xex − ex + k.
x x
Portanto, Z
x2 ex dx = x2 ex − 2xex + 2ex + k.
Combinando a fórmula de integração por partes com o 2TFC, podemos avaliar integrais
definidas por partes. Sejam f e g duas funções com derivadas contı́nuas em [a, b], então
Z b
b Z b
0
f 0 (x)g(x) dx .
f (x)g (x) dx = f (x)g(x) −
a a a
Z t
Exemplo 7.10. Calcule x ln x dx.
1
t
t Z t
x2 1 x2 t2 1 t
Z Z
x |{z}
ln x dx = ln x −
dx = ln t − x dx
1
|{z}
0
2 |{z} 1 x |{z}
0 |{z} 2 2 2 1
g f |{z} g
f f0 g
t
t2 1 x2 t2 1 1
= ln t − = ln t − t2 + .
2 2 2 1 2 4 4
115
Z Z
f (x) dx = f (g(t))g 0 (t) dt.
π π
Como 1 − sen2 t = cos2 t, a mudança x = sen t , − < t < , elimina a raiz do integrando.
2 2
Temos dx = cos t dt. Então,
Z √ Z √ Z √ Z Z
2
1 − x dx = 2
1 − sen t cos t dt = cos t cos t dt = | cos t| cos t dt = cos2 t dt,
2
π π
pois cos t ≥ 0 se − < t < . Assim,
2 2
Z √ Z Z
2 2 1 1
1 − x dx = cos t dt = + cos(2t) dt
2 2
1 1 1 1
= t + sen(2t) + k = t + sen t cos t + k.
2 4 2 2
π π
Devemos retornar à variável x original. Como x = sen t − < t < , segue t = arcsenx e
√ 2 2
cos t = 1 − x2 ; logo
Z √
1 1 √
1 − x2 dx = arcsenx + x 1 − x2 + k, −1 < x < 1.
2 2
√
Z
Exemplo 7.12. Calcule x2 x + 1 dx.
2 2 2 3/2 2 4 2
= u7/2 − 2 u5/2 + u + k = (x + 1)7/2 − (x + 1)5/2 + (x + 1)3/2 + k.
7 5 3 7 5 3
Z √
Exemplo 7.13. Calcule 1 + x2 dx.
116
π π
Como 1 + tg2 t = sec2 t, a mudança x = tg t , − < t < , elimina a raiz do integrando.
2 2
Temos dx = sec t dt. Então,
Z √ Z p Z Z
2
1 + x dx = 1 + tg t sec t dt = | sec t| sec t dt = sec3 t dt,
2 2 2
π π
pois sec t ≥ 0 se − < t < . Agora,
2 2
Z Z Z Z
3 2
sec t dt = sec t sec
|{z} sec t tg t −
| {z }t dt = |{z} sec t tg t tg t = sec t tg t− sec t(sec2 t−1) dt.
|{z} | {z } |{z}
f g0 f g f0 g
Portanto,
Z Z
3
2 sec t dt = sec t tg t − sec t dt = sec t tg t + ln | sec t + tgt| + k.
Exercı́cio: Indique, em cada caso, qual a mudança de variável que elimina a raiz do inte-
grando.
Z √ Z √
2
(a) 1 − 4x2 dx, [R : 2x = sen t]; (b) 5 − 4x2 dx, [R : √ x = sen t];
5
Z √ Z p
2
(c) 3 + 4x2 dx, [R : √ x = tg t]; (d) 1 − (x − 1)2 dx, [R : x − 1 = sen t];
3
Z √ Z √
1 1
(e) x − x2 dx, [R : x − = sen t]; (f ) x2 − 1 dx, [R : x = sec t].
2 2
Observe que cos3 x = cos2 x cos x = (1−sen2 x) cos x. Fazendo u = sen x temos du = cos x dx.
u3
Z Z Z
1
cos x dx = (1 − sen x) cos x dx = (1 − u2 ) du = u −
3 2
+ k = sen x − sen3 x + k.
3 3
117
Z
Exemplo 7.15. Calcule sen(3x) cos(2x) dx.
1
Observe que sen(3x) cos(2x) = [sen(5x) + sen(x)]. Então,
2
Z Z
1 1 1
sen(3x) cos(2x) dx = [sen(5x) + sen(x)] dx = − cos(5x) − cos x + k.
2 10 2
Z
Exemplo 7.16. Calcule sen4 (x) dx.
1 1
Observe que sen2 (x) = (1 − cos(2x)) e cos2 x = (1 + cos(2x)). Então,
2 2
Z Z Z
4 1 2 1
sen (x) dx = (1 − cos(2x)) dx = (1 − 2 cos(2x) + cos2 (2x)) dx
4 4
Z
1 1 1 3x sen(4x)
= (1 − 2 cos(2x) + (1 + cos(4x)) dx = − sen(2x) + + k.
4 2 4 2 8
Z
Exemplo 7.17. Calcule sen5 x cos2 x dx.
Observe que sen5 x cos2 x = (sen2 x)2 cos2 x sen(x) = (1 − cos2 x)2 cos2 x senx. Fazendo u =
cos x temos du = −senx dx e assim
Z Z Z
sen x cos x dx = (1 − cos x) cos x senx dx = (1 − u2 )2 u2 (−du)
5 2 2 2 2
118
(c) Se m e n forem pares, utilizamos as identidades dos ângulos metade
1 1
sen 2 x = (1 − cos(2x)) cos2 x = (1 + cos(2x)).
2 2
Algumas vezes pode ser útil a identidade
Z Z
Estratégia para avaliar sen(mx) cos(nx) dx ou sen(mx) sen(nx) dx ou
Z
cos(mx) cos(nx) dx. Utilize a identidade correspondente:
Podemos usar uma estratégia semelhante para avaliar integrais envolvendo potências de
tangente e secante.
Z
Exemplo 7.18. Calcule tg6 x sec4 x dx.
Observe que tg6 x sec6 x = tg6 x sec2 x sec2 x = tg6 x(1 + tg2 x) sec2 x . Fazendo u = tgx temos
du = sec2 x dx e assim
Z Z Z
tg x sec x dx = tg x(1 + tg x) sec x dx = u6 (1 − u2 ) du
6 4 6 2 2
u7 u9 tg7 x tg9 x
= + +k = + + k.
7 9 7 9
Z
Exemplo 7.19. Calcule tg5 x sec7 x dx.
Observe que tg5 x sec7 x = tg4 x sec6 x sec xtgx = (sec2 x − 1)2 sec6 x sec x tgx. Fazendo u =
sec x temos du = sec x tgx dx e assim
Z Z Z
tg x sec x dx = (sec x − 1) sec x sec x tgx dx = (u2 − 1)2 u6 du
5 7 2 2 6
119
(a) Se n for par,
Z Z Z
tg x sec x dx = tg x (sec x) sec x dx = tgm x(1 + tg2 x)k−1 sec2 x dx.
m 2k m 2 k−1 2
Então faça u = tg x.
P (x)
f (x) =
Q(x)
onde P e Q são polinômios. É possı́vel expressar f como soma de frações mais simples desde
que o grau de P seja menor que o grau de Q. Se o grau de P for maior ou igual ao grau de
Q, então primeiro dividimos os polinômios,
P (x) R(x)
= S(x) + ,
Q(x) Q(x)
120
Dividindo obtemos
Z 3
x3 x2
Z
x +x 2 2
dx = x +x+2+ dx = + + 2x + 2 ln |x − 1| + k.
x−1 x−1 3 2
Uma segunda etapa consiste em fatorar o denominador Q(x) o máximo possı́vel. Pode
ser mostrado que qualquer polinômio Q pode ser fatorado como produto de fatores lineares
e de fatores quadráticos irredutı́veis.
Exemplo 7.21. x4 − 16 = (x − 2)(x + 2)(x2 + 4).
Finalmente, devemos expressar a função racional como uma soma de frações parciais.
Explicamos os detalhes dos diferentes casos que ocorrem.
Observação: Note que, para aplicarmos o teorema, o grau do numerador deve ser estrita-
mente menor do que o grau do denominador do lado esquerdo das igualdades em (i) e (ii)
do Teorema 7.1.
Z
P (x)
Procedimento para calcular dx , onde grau P < 2 .
(x − α)(x − β)
• Se α 6= β , então o Teorema 7.1 (i) implica que existem A, B ∈ R tais que
P (x) A B
= + .
(x − α)(x − β) x−α x−β
Portanto
Z Z Z
P (x) A B
dx = dx + dx = A ln |x − α| + B ln |x − β| + k .
(x − α)(x − β) x−α x−β
121
Z
x+3
Exemplo 7.22. Calcule dx.
x2 − 3x + 2
Observe que x2 − 3x + 2 = (x − 1)(x − 2). O método de frações parciais dá
x+3 A B
= +
x2 − 3x + 2 x−1 x−2
e portanto A(x−2)+B(x−1) = x+3 ou (A+B)x−2A−B = x+3. Como os polinômios são
idênticos, seus coeficientes devem ser iguais. Logo, A + B = 1 e −2A − B = 3. Resolvendo,
obtemos A = −4 e B = 5 e assim
Z
−4
Z
x+3 5
dx = + dx = −4 ln |x − 1| + 5 ln |x − 2| + k.
x2 − 3x + 2 x−1 x−2
x3 + 2
Z
Exemplo 7.23. Calcule dx.
(x − 1)2
Neste caso é melhor fazer uma mudança de variáveis. Seja u = x − 1 ou x = u + 1 e du = dx.
Assim,
x3 + 2 (u + 1)3
Z 3
u + 3u2 + 3u + 3
Z Z
dx = du = du
(x − 1)2 u2 u2
u2 3 (x − 1)2 3
= + 3u + 3 ln |u| − + k = + 3(x − 1) + 3 ln |x − 1| − + k.
2 u 2 x−1
Z
2x + 1
Exemplo 7.24. Calcule dx.
x3 − x2 − x + 1
122
Como 1 é raiz de x3 − x2 − x + 1, sabemos que (x − 1) é um fator e obtemos x3 − x2 − x + 1 =
(x − 1)(x2 − 1) = (x − 1)2 (x + 1). A decomposição em frações parciais é
2x + 1 A B C
= + + .
x3 2
−x −x+1 x + 1 (x − 1) (x − 1)2
2(u − 1) + 1 −1
Z Z Z Z Z
2x + 1 2x + 1 2u
dx = dx = du = du + du
x2 + 2x + 2 (x + 1)2 + 1 u2 + 1 u2 + 1 u2 + 1
123
u+1
Fazendo u = 2x − 1 ou x = , temos du = 2 dx, assim
2
Z u+1
4x2 − 3x + 2 −1
Z
x−1 u−1
Z Z
1 2 1
2
dx = 1+ 2
dx = x+ 2
du = x+ du
4x − 4x + 3 (2x − 1) + 2 2 u +2 4 u2 + 2
Z Z
1 u 1 1 1 2 1 1 u
=x+ du − du = x + ln |u + 1| − √ arctg √ +k
4 u2 + 2 4 u2 + 2 8 4 2 2
1 2 1 1 (2x − 1)
= x + ln |(2x − 1) + 1| − √ arctg √ + k.
8 4 2 2
Agora, vamos considerar integrais do tipo
Z
P (x)
dx ,
(x − α)(ax2 + bx + c)
mx2 + nx + p A Bx + D
2
= + 2 .
(x − α)(ax + bx + c) x − α ax + bx + c
x5 + x + 1
Z
Exemplo 7.27. Calcule dx .
x3 − 8
Observe que x3 − 8 = (x − 2)(x2 + 2x + 4). Dividindo obtemos
x5 + x + 1 2 8x2 + x + 1 2 8x2 + x + 1
= x + = x + .
x3 − 8 x3 − 8 (x − 2)(x2 + 2x + 4)
8x2 + x + 1 A Bx + C
2
= + 2 .
(x − 2)(x + 2x + 4) x − 2 x + 2x + 4
124
Z
35 1 61x + 64
= ln |x − 2| + dx.
12 12 x2+ 2x + 4
Para calcular a última integral, escrevemos x2 + 2x + 4 = (x + 1)2 + 3 e fazemos u = x + 1
ou x = u − 1 e du = dx; portanto,
61(u − 1) + 64
Z Z Z
61x + 64 61x + 64
dx = dx = du
x2 + 2x + 4 (x + 1)2 + 3 u2 + 3
Z Z
u 1 61 3 u
= 61 2
du + 3 2
du = ln(u2 + 3) + √ arctg √ + k
u +3 u +3 2 3 3
61 3 x+1
= ln((x + 1)2 + 3) + √ arctg √ + k.
2 3 3
Finalmente,
Z 5
x +x+1 x3 35 61 3 x+1
3
dx = + ln |x − 2| + ln((x + 1)2 + 3) + √ arctg √ + k.
x −8 3 12 24 12 3 3
x4 + 2x + 1 x2 + 2x + 3
Z Z Z
1
(a) dx; (b) dx; (c) dx.
cos x x3 − x2 − 2x x2 + 4x + 13
sen(x/2)
sen x = 2sen(x/2) cos(x/2) = 2 cos2 (x/2).
cos(x/2)
Assim,
2tg(x/2) 2u
sen x = 2
= .
1 + tg (x/2) 1 + u2
Também temos que
cos x = 1 − 2sen2 (x/2) = cos2 (x/2) sec2 (x/2) − 2 cos2 (x/2)tg2 (x/2),
logo,
1 − tg2 (x/2) 1 − u2
cos x = = .
1 + tg2 (x/2) 1 + u2
Z
1
Exemplo 7.28. Calcule dx.
cos x + sen x
125
1 2
Fazendo u = tg(x/2), temos que du = (1 + tg2 (x/2))dx, então dx = du. Utilizando
2 1 + u2
as identidades trigonométricas anteriores,
1 − u2 + 2u
cos x + sen x = .
1 + u2
Assim, Z Z
1 1
dx = 2 du,
cos x + senx 1 − u2 + 2u
a qual pode ser integrada utilizando frações parciais. Note que
1 1 1 1 1
= = √ − ,
u2 − 2u − 1 (u − a)(u − b) 2 2 u−a u−b
√ √
onde a = 1 + 2 e b = 1 − 2. Portanto,
Z
1 1
dx = √ (ln |u − b| − ln |u − a|) + k
cos x + senx 2
1 √ √
= √ ln |tg(x/2) − 1 + 2| − ln |tg(x/2) − 1 − 2| + k.
2
Exercı́cio: Calcule as integrais:
Z
1
(a) dx, [R : ln |tg(x/2)| − ln |1 + tg(x/2)| + k; ]
1 − cos xsen x
Z
1 2 2tg(x/2) + 1
(b) dx, R : √ arctg √ +k .
2 + sen x 3 3
126
Capı́tulo 8
Aplicações da Integral
6
f
A
6
-
a b
127
conforme ilustra a figura seguinte.
6 6
f f
- -
a b a b
X
Isto significa que a soma de Riemann f (ci 0 )∆xi se aproxima da área A por “falta” e a
X i
00
soma de Riemann f (ci )∆xi se aproxima da área A por “sobra”.
i
Daı́, fazendo ∆P = max ∆xi −→ 0 temos
1≤ i≤n
X X
lim f (ci 0 )∆xi ≤ lim A ≤ lim f (ci 00 )∆xi
∆d→0 ∆d→0 ∆d→0
i i
q q q
Z b Z b
f (x)dx A f (x)dx
a a
Z b
ou seja, A = f (x)dx .
a
Exemplo 8.1. A área do conjunto do plano limitado pelas retas x = 0, x = 1 e pelo gráfico
1
de f (x) = x2 é .
3
Caso 2: Seja A o conjunto hachurado conforme mostra a figura.
A
−f
6
6 A 6
6
- -
b b
a a
f f
128
Logo Z b Z b Z b
área A = − f (x)dx = −f (x)dx = |f (x)| dx .
a a a
-
a c d b
Então Z c Z d Z b Z b
área A = f (x)dx − f (x)dx + f (x)dx = |f (x)| dx .
a c d a
1 A1
6
g
-
a b
R
B
: A2
129
Então A é o conjunto dos pontos (x, y) ∈ R2 limitado pelas retas x = a, x = b e pelos
gráficos das funções f e g, onde f (x) ≥ g(x), para todo x ∈ [a, b]. Segue que
Z b Z b Z b
área A = [f (x) − g(x)] dx = f (x)dx − g(x)dx
a a a
Portanto Z b
[f (x) − g(x)] dx = A1 + A2 .
a
130
8.2 Deslocamento e Espaço Percorrido
Consideremos uma partı́cula que se desloca sobre o eixo x com equação de posição x = x(t)
dx
e com velocidade v = v(t) contı́nua em [a, b]. Sabemos que (t) = v(t), ou seja, x(t) é uma
dt
o
primitiva de v(t). Portanto, pelo 1¯ 2TFC (Teorema 6.4), temos
Z b
v(t) dt = x(b) − x(a) (8.1)
a
v(t) 6
v = v(t)
-
a b t
Observação: Seja c ∈ [a, b] e suponha que v(t) ≥ 0 em [0, c] e v(t) ≤ 0 em [c, b] conforme a
figura.
131
v(t) 6
v = v(t)
- A1
-
a b t
A2
Exemplo 8.4. Uma partı́cula desloca-se sobre o eixo x com velocidade v(t) = 2 − t .
(a) Calcule o deslocamento entre os instantes t = 1 e t = 3.
(b) Calcule o espaço percorrido entre os instantes 1 e 3.
(c) Interprete o movimento.
3 3
t2
Z
Deslocamento = (2 − t) dt = 2t −
= 0.
1
1 2
Z 3 Z 2 Z 3
Espaço percorrido = |2 − t| dt = (2 − t) dt − (2 − t) dt = 1.
1 1 2
Interpretação: em [1, 2) a velocidade é positiva, o que significa que neste intervalo a partı́cula
avança no sentido positivo; em (2, 3] a velocidade é negativa, o que significa que neste
intervalo a partı́cula recua, de tal modo que em t = 3 ela volta a ocupar a mesma posição
por ela ocupava no instante t = 1.
Exercı́cio: Uma partı́cula desloca-se sobre o eixo x com velocidade v(t) = 1 − t2 .
(a) Calcule o deslocamento entre os instantes t = 0 e t = 2.
(b) Calcule o espaço percorrido entre os instantes 0 e 2.
(c) Interprete o movimento.
132
8.3 Volume de Sólido de Revolução
8.3.1 Secções Transversais
Seja S um sólido qualquer. Interceptamos S com um plano e obtemos uma região plana que é
chamada de secção transversal de S. Seja A(x) a área de secção transversal perpendicular
ao eixo x e passando pelo ponto x, onde a ≤ x ≤ b. Seja P = (xi ) uma partição de [a, b].
Vamos dividir S em n fatias usando os planos Px1 , · · · , Pxn−1 . Escolhemos pontos ci ∈
[xi−1 , xi ] e aproximamos a i-ésima fatia Si por um cilindro com área de base A(ci ) e altura
∆xi .
O volume deste cilindro é A(ci )∆xi ; assim, uma aproximação para o volume da i-ésima
fatia Si é
V (Si ) ≈ A(ci )∆xi .
Somando os volumes destas fatias obtemos uma aproximação para o volume total
n
X
V ≈ A(ci )∆xi .
i=1
n
X Z b
V = lim A(ci )∆xi = A(x) dx.
∆P →0 a
i=1
A = {(x, y) ∈ R2 , a ≤ x ≤ b, 0 ≤ y ≤ f (x)},
então
A(x) = π[f (x)]2 .
Portanto, o volume do sólido S obtido por rotação, em torno do eixo x, do conjunto
A é
Z b
V =π [f (x)]2 dx.
a
133
√
Quando fatiamos através do ponto x, obtemos um disco com raio x. A área desta secção
transversal é √
A(x) = π( x)2 = πx.
Portanto, o volume do sólido é
4 4
4
x2
Z Z
V = A(x) dx = π x dx = π = 8π.
0 0 2 0
Z d
2
A(y) = π[R(y)] e o volume V = A(y) dy.
c
Exemplo 8.6. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo y, da região
2
compreendida entre o eixo y e a curva x = , 1 ≤ y ≤ 4.
y
O volume é 2 4
Z 4 Z 4
2 1
V =π A(y) dy = π dy = 4π − = 3π.
1 1 y y 1
Exemplo 8.7. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo x , do
conjunto
2 1
A = (x, y) ∈ R ; ≤ y ≤ x, 1 ≤ x ≤ 2 .
x
O volume V = V2 − V1 , onde V2 e V1 são os volumes obtidos pela rotação, em torno do eixo
x, dos conjuntos
A2 = (x, y) ∈ R2 ; 0 ≤ y ≤ x , 1 ≤ x ≤ 2
e
2 1
A1 = (x, y) ∈ R ; 0 ≤ y ≤ , 1 ≤ x ≤ 2 .
x
Assim, Z 2 Z 2
2 7π 1 π
V2 = π x dx = V1 = π 2
dx = .
1 3 1 x 2
7π π 11π
Portanto, V = − = .
3 2 6
Exemplo 8.8. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo y , da região
compreendida entre a parábola y = x2 e a reta y = 2x no primeiro quadrante.
134
A reta e a parábola se cortam em y = 0 e y = 4, portanto os limites de integração são c = 0
e d = 4. O volume V = V2 − V1 , são os volumes dos sólidos obtidos pela rotação, em torno
√ y
do eixo y, das curvas R(y) = y e r(y) = , respectivamente. Assim,
2
Z 4 Z 4 2
√ 2 y π16
V2 = π ( y) dy = 8π V1 = π dy = .
0 0 4 3
16π 8π
Portanto, V = 8π − = .
3 3
Exercı́cio: Ache o volume de um sólido obtido pela rotação do eixo x do conjunto de pares
(x, y) tais que x2 + y 2 ≤ r2 , y ≥ 0 (r > 0). [R : 4πr3 /3].
Exercı́cio: Ache o volume de um sólido obtido pela rotação do eixo y da região limitada
por y = x3 , y = 8 e x = 0. [R : 96π/5].
Exemplo 8.9. Determine o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo y, da
região limitada por y = 2x2 − x3 e y = 0.
Z 2 Z 2 Z 2
2 3 32 16
V = 2π xf (x) dx = 2π x(2x − x ) dx = 2π (2x3 − x4 ) dx = 2π(8 − ) = π.
0 0 0 5 5
Exercı́cio: Ache o volume do sólido obtido pela rotação do eixo y do conjunto de todos os
x2
pares (x, y) tais que 0 ≤ xleq2, 0 ≤ y ≤ + 1 e y ≥ x2 − 1. [R : 7π/2].
2
135
8.4 Comprimento de Arco
Queremos definir o comprimento de uma curva. Se a curva é uma poligonal, podemos
facilmente encontrar seu comprimento somando os comprimentos dos segmentos de reta que
formam a poligonal. Agora suponhamos que a curva C seja dada pela equação y = f (x), onde
f é derivável e a ≤ x ≤ b. Seja P = (xi ) uma partição de [a, b]. Então a poligonal com vértices
(xi , f (xi )) é uma aproximação para C. O comprimento da curva C é aproximadamente o
comprimento da poligonal, e a aproximação torna-se melhor quando ∆P → 0.
O comprimento da poligonal é
n
X p
L(P ) = (xi − xi−1 )2 + (f (xi ) − f (xi−1 ))2 .
i=1
Aplicando o TVM 4.7 em cada intervalo [xi−1 , xi ], existe um ci ∈ (xi−1 , xi ) tal que
Segue
n
X n
X
p p
L(P ) = (∆xi )2 + (f 0 (c i )∆xi )2 = (1 + (f 0 (ci ))2 ∆xi .
i=1 i=1
n
X Z bp
p
L = lim (1 + (f 0 (c i ))2 ∆x i = 1 + [f 0 (x)]2 dx.
∆P →0 a
i=1
g
g θ
2πR
R
r2
r1
A área do tronco é calculada pela subtração das áreas dos dois cones:
AT = πr1 (m + g) − πr2 m = π[(r1 − r2 )m + r1 g]
Por semelhança de triângulos, temos
r1 r2
=
m+g m
137
o que resulta em
r1 m = (m + g)r2 ou (r1 − r2 )m = r2 g.
Logo a área lateral, AT , do tronco de cone é dada por
AT = π(r1 + r2 )g = 2πrg,
1
onde r = (r1 + r2 ).
2
Podemos generalizar para uma superfı́cie gerada pela revolução de uma poligonal plana
em torno de um eixo deste plano pois a área desta superfı́cie é a soma das áreas laterais de
troncos de cones.
Seja A a área lateral da superfı́cie gerada pela rotação da poligonal da figura abaixo.
Então temos
6 6
r r
r1 r `1
r r
r2 r `2
r r
r r
rn r `n
r r r
A = 2π r1 `1 + · · · + 2π rn `n
Agora vamos deduzir a área lateral de um sólido de revolução qualquer em torno do eixo
x pela aproximação da soma das áreas laterais de vários troncos de cone.
Consideremos f definida e positiva em [a, b] com derivada contı́nua em (a, b). Seja P =
(xi ) uma partição de [a, b]. Consideremos a poligonal com vertices (xi , f (xi )) e girando-a ao
redor do eixo x obtemos uma aproximação para a superfı́cie. A área de cada tronco de cone
é
f (xi ) + f (xi−1 ) p
Ai = 2π 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi ,
2
onde ci ∈ [xi−1 , xi ], como foi feito na seção 8.4. Quando ∆xi é pequeno temos que f (xi ) ≈
f (ci ) e também f (xi−1 ) ≈ f (ci ) pois f é contı́nua. Portanto,
p
Ai ≈ 2πf (ci ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi ,
e então uma aproximação para a área da superfı́cie é
n
X p
2πf (ci ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi .
i=1
138
Esta aproximação torna-se melhor quando ∆P → 0. Então definimos a área da superfı́cie
obtida por rotação, ao redor do eixo x, da curva y = f (x), f (x) ≥ 0, a ≤ x ≤ b,
como
n
X Z b
p p
S = lim 2πf (ci ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi = 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx .
∆P → 0 a
i=1
√
Exemplo 8.11. Encontre a área da superfı́cie obtida pela rotação da curva y = 4 − x2 ,
−1 ≤ x ≤ 1, ao redor do eixo x.
−x
Temos f 0 (x) = √ , e assim,
4 − x2
s
Z 1√ Z 1√ Z 1
x2 2
S = 2π 2
4−x 1+ dx = 2π 4−x √
2 dx = 4π 1 dx = 8π.
−1 4 − x2 −1 4 − x2 −1
8.6 Trabalho
Nesta seção, vamos definir trabalho realizado por uma força que varia com a posição. No
caso de uma força constante F, o trabalho realizado é definido pelo produto da força pela
distância d que o objeto se move:
Vamos considerar agora uma força F que atua sobre uma partı́cula que se desloca sobre
o eixo x . Suponhamos que esta força seja paralela ao deslocamento e variável com a função
de posição x . Então escrevemos
F~ (x) = f (x)~i ,
onde f (x) é a componente de F~ (x) na direção do deslocamento (isto é, na direção de ~i).
Consideremos o deslocamento da partı́cula de x = a até x = b com a < b e suponhamos
que f (x) seja contı́nua no intervalo [a, b]. Seja P = (xi ) uma partição do intervalo [a, b] e
escolhemos por amostragem ci ∈ [xi−1 , xi ] , i = 1, . . . , n. Se ∆xi = xi − xi−1 for suficien-
temente pequeno, f será praticamente constante no intervalo, e então podemos dizer que
trabalho realizado por F~ de xi−1 até xi será aproximadamente
τi = f (ci )∆xi .
139
→
−
Logo podemos aproximar o trabalho realizado por F de a até b pela soma dos trabalhos
realizados nos intervalos [xi−1 , xi ], i = 1, 2, . . . , n, isto é
n
X
τ≈ f (ci )∆xi .
i=1
n
X Z b
τ = lim f (ci )∆xi = f (x) dx .
∆P →0 a
i=1
x1
t
1 2 1
Z
1 2 1 2
f (x) dx = mv1 − mv0 = mv (t) .
x0 2 2 2 t0
Temos x = x(t). Logo dx = x0 (t) dt. Como x0 = x(t0 ) e x1 = x(t1 ), então para x = x0 , t = t0
e, para x = x1 , t = t1 . Assim
Z x1 Z t1 Z t1
0
f (x) dx = f (x(t) ) x (t) dt = f (x(t))v(t) dt. (8.3)
x0 t0 |{z} | {z } t0
x dx
140
Pela 2a¯ Lei de Newton, temos
f (x(t)) = m · a(t), (8.4)
onde a = a(t) é a aceleração da partı́cula no instante t. Fazendo a mudança de variável
v = v(t), dv = v 0 (t) dt = a(t) dt, para t = t0 , v = v0 e para t = t1 , v = v1 ; portanto, de 8.3 e
8.4, Z x1 Z t1 Z t1 Z t1
f (x) dx = f (x(t))v(t) dt = m a(t)v(t) dt = m v(t) a(t) dt =
x0 t0 t0 t0 |{z} | {z }
v dv
v1 2 v1
Z
v 1 1
=m vdv = m = mv12 − mv02 .
v0 2 v0 2 2
Exemplo 8.14. Considere uma mola sobre uma superfı́cie horizontal (paralela ao eixo x)
com uma das extremidades fixa num anteparo (paralelo ao eixo y). Suponha que a origem
x = 0 coincide com a extremidade livre quando a mola não está comprimida nem distendida.
Agora, suponha que a mola seja distendida e que uma partı́cula seja presa à sua extremidade
→
−
livre. Considere que a força exercida sobre a mola obedece a Lei de Hooke: F (x) = −kx~i,
onde k é a constante elástica da mola. Calcule o trabalho realizado pela mola quando a
partı́cula se desloca das posições x = 0, 5 até x = 0 e x = 0, 5 até x = −0, 5.
Z 0 0
x2 k
τ= −kx dx = −k = .
1/2 2 1/2 8
Z −1/2 −1/2
x2
τ= −kx dx = −k = 0.
1/2 2 1/2
A = (x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b , 0 ≤ y ≤ f (x) ,
onde f é função definida e contı́nua em [a, b], com f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b].
Consideremos uma partição P = (xi ) de [a, b] e escolhemos o ponto ci como sendo ponto
xi + xi−1
médio do intervalo [xi−1 , xi ], que é ci = . Isto determina uma aproximação poligonal
2
a A.
141
6
f (c2 )
f (ci ) f
1 • 1
(c2 , f (c2 )) •
- (ci , f (ci ))
2 2
a = x0 x1 • x2 xi−1•xi b = x
-
x3
n
? ?
c2 ci
f (ci )
O centro de massa do retângulo hachurado Ri é seu centro ci , . Sua área é f (ci )∆xi ;
2
assim sua massa é
mi = ρ ∆xi f (ci ) . (8.5)
|{z} | {z }
base altura
n n
X 1X
ci ρ f (ci )∆xi f (ci )ρf (ci )∆xi
i=1 2 i=1
=
X n , n
X
ρ f (ci )∆xi ρ f (ci )∆xi
i=1 i=1
n n
X 1X 2
ci f (ci )∆xi f (ci )∆xi
i=1 2 i=1
=
X n , n
.
X
f (ci )∆xi f (ci )∆xi
i=1 i=1
142
Daı́, fazendo ∆P = max ∆xi → 0, obtemos o centro de massa da região A
1≤i≤n
Z b Z b
1
2
a x f (x) dx 2
f (x) dx
(xc , yc ) =
Z b , Z ab
f (x) dx f (x) dx
a a
Z b Z b
1 1 1 2
= x f (x) dx , f (x) dx .
área A a área A 2 a
Exemplo 8.15. Calcule o centro de massa da região limitada pelas curvas y = cos x, y =
0, x = 0 e x = π/2.
Z π/2 π/2
A área da região é: Área A = cos x dx = sen x = 1; assim,
0 0
Z π/2 Z π/2
π/2 Z π/2
1 π
xc = x f (x) dx = x cos x dx = x sen x − sen x dx = − 1,
área A 0 0 0 0 2
π/2
1 π/2 1 π/2
Z Z Z
1 1 2 2
yc = f (x) dx = cos x dx = (1 + cos(2x)) dx
área A 2 0 2 0 4 0
π/2
1 1 π
= x + sen (2x) = .
4 2 0 8
π π
Portanto o centro de massa é − 1, .
2 8
Se a região A está entre as curvas y = f (x) e y = g(x), onde f (x) ≥ g(x), então o mesmo
argumento anterior pode ser usado para mostrar que o centro de massa de
é dado por
Z b Z b
1 1 1 2 2
(xc , yc ) = x [f (x) − g(x)] dx , [f (x) − g (x)] dx .
área A a área A 2 a
Exemplo 8.16. Determine o centro de massa da região A limitada pela reta y = x e pela
parábola y = x2 .
A área da região é 1
1
x2 x3
Z
2 1
Área A = (x − x ) dx = − = .
0 2 3 0 6
143
Portanto, 1
1
x3 x4
Z
2 1
xc = 6 x(x − x ) dx = 6 − = ,
0 3 4
0 2
Z 1 3 1
x5
1 x 2
yc = 6 (x2 − x4 ) dx = 3 − = .
2 0 3 5
0 5
1 2
O centro de massa é , .
2 5
Exercı́cio: Determine o centro de massa da região A limitada pela reta y = 1 e pela parábola
y = x2 . [R : (0, 2/5)].
144
Capı́tulo 9
Integrais Impróprias
Z b
Na definição de integral definida f (x) dx exige-se que a função f esteja definida num
a
intervalo limitado e fechado [a, b] e que f seja limitada nesse intervalo. Neste capı́tulo
estendemos o conceito de integral definida para casos mais gerais.
Fazendo b → +∞, temos A → 1. Isto quer dizer que a área A do conjunto ilimitado
{(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ y ≤ f (x), x ≥ 1}
é finita e igual a 1.
Z ∞ Z t
f (x) dx = lim f (x) dx,
a t→∞ a
se o limite existir.
145
Z b
• Se f (x) dx existe para cada número t ≤ b, então definimos
t
Z b Z b
f (x) dx = lim f (x) dx
−∞ t→−∞ t
se o limite existir.
Quando uma das integrais impróprias acima existir e for finita, diremos que ela é
convergente. Caso contrário, ela será dita divergente.
Observação: As integrais impróprias podem ser interpretadas como uma área, desde que
f seja uma função positiva.
Z ∞
1
Exemplo 9.1. Determine se a integral dx é convergente ou divergente.
1 x
Z ∞ Z t t
1 1
dx = lim dx = lim ln |x| = lim ln t = ∞.
1 x t→∞ 1 x t→∞
1
t→∞
Exercı́cio: Determine a área A da região do primeiro quadrante limitado pela curva y = 2−x ,
o eixo x e o eixo y. [R : 1/ ln 2].
Z ∞
1
Exercı́cio: Determine a convergência ou não da integral dx, p ∈ R. [R : Converge
1 xp
⇔ p > 1].
146
Z a Z ∞
Definição 9.2. Se as integrais f (x) dx, f (x) dx existem e são convergentes, então
−∞ a
definimos
Z ∞ Z a Z ∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
−∞ −∞ a
Z a Z ∞
Observação: Se uma das integrais impróprias f (x) dx ou f (x) dx for divergente,
Z ∞ −∞ a
Calculemos as integrais.
Z ∞ Z t
t
x x = π.
dx = lim dx = lim arctg x
0 1 + x2 t→∞ 0 1 + x2 t→∞
0 2
Z 0 Z 0
0
x x = π.
dx = lim dx = lim arctg x
−∞ 1 + x2 t→−∞ t 1 + x2 t→−∞
t 2
Portanto, Z ∞
x π π
2
dx = + = π.
−∞ 1+x 2 2
Z ∞
2
Exercı́cio: Calcule xe−x dx. [R : 0].
−∞
147
Z ∞ Z ∞
(ii) Se g(x) dx é divergente, então f (x) dx também é divergente.
a a
Z ∞
2
Exemplo 9.5. Mostre que e−x dx é convergente.
1
2
Não podemos avaliar diretamente a integral pois a primitiva de e−x não é uma função
elementar. Observe que se x ≥ 1, então x2 ≥ x, assim −x2 ≤ −x e como a exponencial é
2
crescente e−x ≤ e−x . Assim,
Z ∞ Z ∞ Z t
−x2 −x
e dx ≤ e dx = lim e−x dx = lim (e−1 − e−t ) = e−1 .
1 1 t→∞ 0 t→∞
148
Z ∞ Z ∞
1 1
Portanto, como a integral 2
dx converge, dx também é convergente.
1 x 1 1 + x2
Entretanto, as integrais convergem para valores diferentes.
Z ∞ Z t t
1 1 1 1
2
dx = lim 2
dx = lim − = lim 1 − = 1.
1 x t→∞ 1 x t→∞ x 1 t→∞ t
Z ∞ Z t
t
1 1 = lim (arctg t − arctg 1) = π .
dx = lim dx = lim arctg x
1 1 + x2 1 1+x
t→∞ 2 t→∞
1
t→∞ 4
Z ∞
3
Exemplo 9.9. Analise a convergência de x
dx.
1 e −5
1 3
As funções f (x) = x
e g(x) = x são positivas e contı́nuas em [1, ∞) e
e e −5
f (x) 1/ex ex − 5 1 5 1
lim = lim x
= lim x
= lim − x = .
x→∞ g(x) x→∞ 3/(e − 5) x→∞ 3e x→∞ 3 3e 3
Z ∞ Z ∞ Z ∞
1 −x 3
Portanto, como a integral dx = e dx converge, dx também con-
1 ex 1 1 ex − 5
verge.
√ 4
Z 4
√
A= f (x) dx = −2 x = 4 − 2 ε.
ε ε
{(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ y ≤ f (x), 0 ≤ x ≤ 4}
é finita e igual a 4.
149
• Seja f uma função contı́nua em (a, b] e descontı́nua em a, definimos
Z b Z b
f (x) dx = lim+ f (x) dx,
a t→a t
Z 5
1
Exemplo 9.10. Calcule √ dx.
2 x−2
1
Observemos que f (x) = √ não é contı́nua em x = 2. Então,
x−2
5 √
Z 5
1
Z 5
1
1/2
√ √
√ dx = lim+ √ dx = lim+ 2(x − 2) = lim+ 2 3 − t − 2 = 2 3.
2 x−2 t→2 t x−2 t→2 t t→2
Z π/2
Exemplo 9.11. Determine se sec x dx converge ou diverge.
0
Z 3
1
Exemplo 9.12. Calcule dx.
0 x−1
1
Observemos que f (x) = não é contı́nua em x = 1. Então,
x−1
Z 3 Z 1 Z 3
1 1 1
dx = dx + dx.
0 x−1 0 x−1 1 x−1
150
Agora,
Z 1 Z t
t
1 1
dx = lim+ dx = lim+ ln |x − 1| = lim+ (ln |t − 1| − ln | − 1|) = −∞,
0 x−1 t→0 0 x−1 t→0 0 t→0
tratada como uma integral imprópria. Daı́, se f (x) dx e f (x) dx forem convergentes,
Z b a c
1
Exercı́cio: Esboce o gráfico de f (x) = e calcule a área A da região sob o gráfico
(x − 3)2/3 √
da função f , acima do eixo x e entre as retas x = 1 e x = 5. [R : 2 3 2].
Exercı́cio: Calcule
Z 4 −2 Z π/2
3 cos x
(a) x− dx, [R : Diverge]; (b) √ dx, [R : 2].
3/2 2 0 sen x
151