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ESTADO, GOVERNO,

SOCIEDADE
Para uma teoria geral da política
A grande dicotomia:
PÚBLICO x PRIVADO
• É denominada uma grande dicotomia por dois
motivos:

• 1- Divide o universo em duas esferas


reciprocamente exclusivas que englobam nelas
todos os entes.

• 2- Tende a convergir em sua direção outras


dicotomias.
Definição dos termos da dicotomia
• Definidos independentemente um do outro, ou
apenas um é definido e o outro ganha
conotação negativa.

• 1-Defini-se o termo forte. (Ex: Público=forte)


• 2-Consequentemente, o outro termo é o fraco
(Ex: Privado=fraco)
• 3-Fraco=não-forte. Assim,
Privado= não-público
Os limites dos termos
• Ambos delimitam-se reciprocamente no sentido de que a esfera do
público chega até onde começa a esfera do privado e vice-versa.

• A discussão secular entre eles é geralmente acompanhada e


complicada por juízos de valor contrapostos, pois ao aumentar a
esfera do privado diminui-se a do público. Do mesmo modo, ao
aumentar a do público, a do privado é enfraquecida.

Onde ocorre a dicotomia


• Em grupos sociais onde já ocorreu a diferenciação entre o que
pertence à coletividade e o que pertence aos singulares . De
modo geral, entre a sociedade global e eventuais grupos
menores, como a família, por exemplo.
AS DICOTOMIAS
CORRESPONDENTES
• Público x Privado possui relevância conceitual, classificatória e
até axiológica. Nela convergem outras dicotomias tradicionais e
recorrentes que a completam e até podem substituí-las.

• A seguir, ilustramos as três principais destacadas por Noberto


Bobbio:

Sociedade de iguais X Sociedade de desiguais


Lei X Contrato
Justiça Comutativa X Justiça Distributiva
Sociedade de iguais X Sociedade de desiguais
• Sendo o Direito um ordenamento de IGUAIS DESIGUAIS
relações sociais, pode-se dividir em -Irmãos -Estado
dois tipos de relações: entre iguais e -Parentes -Família
entre desiguais.
-Amigos -Deus versus homens
-Hóspedes

Sociedade de desiguais
• O Estado é caracterizado por relações de subordinação ente
governantes e governados, entre detentores do poder de comando e
destinatários do dever de obediência, que são relações de desiguais.

Sociedade de iguais
• A sociedade natural dos jusnaturalistas ou a sociedade de mercado dos
economistas são relações de iguais (também chamada de
coordenação), na medida em que são elevados a modelo de uma
esfera privada contraposta à esfera pública.
NOTAS
IGUAIS DESIGUAIS
-Estado de natureza -Estado civil
-Esfera econômica -Esfera política
-Sociedade civil -Estado político

• A família é direcionada à esfera privada quando é


superada por uma organização mais complexa
(cidade, Estado, etc.)
• Para KANT, o público refere-se ao positivismo,
poder coativo, pertencente ao soberano. Já o privado,
ao naturalismo, e se fundamenta na propriedade e
contrato.
Lei x Contrato
• Negócio jurídico.
• Lei: PÚBLICA. Contrato: PRIVADO.
• Direito público: posto pelo detentor do
supremo poder e reforçado pela coação, assume
forma específica de lei.
• Direito privado: conjunto das normas que os
singulares estabelecem para regular suas
recíprocas relações mediante acordos bilaterais,
isto é, independentemente da regulamentação
pública, sobre o princípio da reciprocidade.
Doutrina do Direito Natural
• Quando não há um poder público, o contrato é
a forma típica com que os indivíduos singulares
regulam suas relações no estado de natureza.

• Por que o contrato não é encarado como um


fundamento legítimo do Estado?
1- Porque ele é revogável pelas partes, diferentemente
do vínculo que une o Estado aos cidadãos, o qual é
permanente e irrevogável
2- Porque o Estado pode requerer o sacrifício da vida
dos cidadãos, que é um bem contratualmente
indisponível.
Justiça comutativa X distributiva
• Justiça comutativa: preside às trocas. Pretende que duas
coisas sejam trocadas de forma justa, e, para isso, ambas
devem ter igual valor. O bem se troca pelo bem (no
comércio, dinheiro por mercadoria; no trabalho, a
remuneração pelas tarefas) e o mal se troca pelo mal (no
direito civil, a justa indenização pelo dano; no direito penal,
a pena pelo crime). Ela regula a sociedade de iguais.

• Justiça distributiva: a autoridade pública é responsável


pela distribuição de honras e/ou obrigações. Pretende que
seja dado a cada um o que lhe cabe com base em critérios
variáveis segundo a diversidade das situações ou segundo os
pontos de vista. “A cada um segundo o mérito, a
necessidade ou o trabalho”. Regula a sociedade de desiguais.
A cautela necessária para tais
correspondências
• A coincidência entre as dicotomias jamais é
perfeita. Um exemplo é família: dentro do
Estado, ela é um instituto de direito privado,
mas, ao mesmo tempo, uma sociedade de
desiguais, e esta regida pela justiça distributiva.
Outro exemplo é a sociedade internacional: é
uma sociedade de iguais (formalmente) e
regida pela justiça comutativa, habitualmente
referida à esfera do público.
REGRA GERAL
• Excluindo os casos-limites expostos, de modo geral,
tem-se a seguinte regra de divisão:

-DIREITO PRIVADO -DIREITO PÚBLICO

-JUSTIÇA COMUTATIVA -JUSTIÇA DISTRIBUTIVA

-SOCIEDADE DE IGUAIS -SOCIEDADE DE


DESIGUAIS

-CONTRATO -LEI
O uso axiológico da grande
dicotomia
• Público/privado possuem também um significado
valorativo. No seu uso descritivo comum, como
visto anteriormente, são tidos como
contraditórios. Do mesmo modo, o significado
valorativo de um tende a ser oposto ao do outro,
no sentido de que se um é tido como positivo, o
outro será visto como negativo, ou vice-versa.
Daí derivam duas concepções diversas da relação
entre público e privado: o PRIMADO DO
PRIVADO sobre o público e o PRIMADO DO
PÚBLICO sobre o privado.
O primado do privado
• Se afirma através da difusão e recepção do direito
romano no Ocidente. Assim, o direito privado
romano, embora tendo sido na origem um direito
positivo e histórico, transforma-se através da obra
secular de juristas, glosadores e outros, num direito
natural, até tornar-se novamente em positivo, com
validade absoluta, considerando-o dessa forma como
direito da razão, isto é, de um direito cuja validade
passa a ser reconhecida independentemente das
circunstâncias de tempo e lugar.
O primado do privado
• Hegel: direito privado é o “direito abstrato” e direito
público é o “direito constitucional”.
• Marx: quando fala de direito e desenvolve uma
crítica ideológica a ele, refere-se sempre ao direito
privado. A este, ele critica sua identificação com o
direito burguês, e ao direito público, a sua
concepção tradicional do Estado e do poder político.
• Kelsen: direito privado é como relações jurídicas,
como relações “de direito”, no sentido mais próprio
e estrito do termo, enquanto o direito público é visto
como relações de poder.
O primado do privado
• Um dos eventos que revela a persistência do direito privado
sobre o público é a resistência que o direito de propriedade
opõe à ingerência do poder soberano, e portanto ao direito
por parte do soberano de expropriar os bens do súdito.

• Para Bodin, é injusto o príncipe que viola sem motivo justo


e razoável a propriedade de seus súditos, pois isto é uma
violação das leis naturais a que todos estão submetidos.

• Hobbes reconhece que os súditos são livres para fazer tudo


aquilo que o soberano não proibiu, e o primeiro exemplo
que lhe vem à mente é “a liberdade de comprar e vender e
de fazer outros contratos um com o outro”.
O primado do privado
• Para Locke, a propriedade é um direito natural, pois nasce do esforço
pessoal no estado de natureza antes da constituição de poder político, e
por isso deve ter seu livre exercício garantido pela lei. Através de Locke
a inviolabilidade da propriedade -que compreende todos os outros
direitos individuais naturais (liberdade, vida) e indica a existência duma
esfera do indivíduo autônoma em relação ao poder público- torna-se um
eixo da concepção liberal do Estado, a mais consciente, coerente e
historicamente relevante teoria do primado do privado sobre o público.

• É elevada por Constant a emblema da liberdade dos modernos


contraposta à liberdade dos antigos, e defende que a tendência é a esfera
privada se alargar em detrimento da esfera pública, senão ao ponto da
extinção do Estado, ao menos até sua redução aos mínimos termos.
Redução que Spencer traduz como:
Sociedades militares do passado x Soc. Industriais do presente ,
entendida exatamente como a contraposição entre antigo predomínio do
público e o atual predomínio do privado.
O primado do público
• Funda-se sobre a contraposição do interesse coletivo ao interesse
individual e sobre a necessária subordinação destes em relação
àqueles, bem como sobre a irredutibilidade do bem comum à soma
dos bens individuais.

• “O indivíduo deve renunciar à própria autonomia em favorecimento


ao ente coletivo (nação, classe, comunidade do povo...)”.

• Todas as teoria do primado do público possuem o mesmo princípio: O


TODO VEM ANTES DAS PARTES. Tal idéia vem de Aristóteles e é
posteriormente difundia por Hegel.

• “O bem da totalidade, uma vez alcançado, transforma-se no bem das


suas partes”. Em outras palavras, o máximo bem do indivíduo não é
alcançado através de seu esforço pessoal, do próprio bem de cada,
mas da contribuição que cada um juntamente com os demais dá
solidariamente ao bem comum segundo as regras da comunidade.
O primado do público
• O primado do público significa o aumento da intervenção
estatal na regulação coativa dos comportamentos dos
indivíduos e dos grupos infra-estatais, ou seja, o caminho
inverso ao da emancipação da sociedade civil em relação
ao Estado. O Estado foi pouco a pouco se reapropriando
do espaço conquistado pela sociedade civil burguesa até
absorvê-lo completamente na experiência extrema do
Estado total (total no sentido exato de que não deixa
espaço algum fora de si).

• Hegel: filosofia do direito que se desdobra em filosofia da


história em que são julgadas épocas de decadência (onde
se manifesta a supremacia do direito privado, como a idade
imperial romana) e épocas de progresso (onde o direito
público se sobrepõe, como a idade moderna que assiste ao
surgimento do grande Estado territorial e burocrático).
Dois processos paralelos
• Primado do público sobre o privado = política sobre a economia.

• Prova disso é que o processo de intervenção dos poderes públicos


na regulação da economia é designado como processo de
“publicização do privado”, que também é acompanhado e
complicado por um processo inverso chamado de “privatização do
público”. Ao contrário do que havia previsto Hegel, as relações do
tipo contratual (privadas) não foram inferiorizadas, mas
reemergiram à fase superior das relações políticas sob duas formas:
Nas relações entre grandes organizações sindicais para a formação
e renovação de contratos coletivos e nas relações entre partidos
para a formação das coalizões de governo.

• Estado: mero mediador desses conflitos através da representação


moderna do contrato social ou em fase de degeneração.
O SEGUNDO SIGFINICADO DA DICOTOMIA
Público ou Secreto
• Distinção conceitual
• Habermas: “o exercício da dominação política é efetivamente
submetido à obrigação democrática da publicidade”.

Publicidade e poder invisível


• Fórmula transcendental do direito público de Kant: “ações relativas ao
direito de outros homens que não são conciliáveis com a publicidade
são injustas”.
• Teoria dos arcana imperii: “o poder do príncipe é tão mais eficaz e
condizente com seu objetivo quanto mais invisível for”, pois o
controle público retarda a decisão e o vulgo é desprezado por ter
fortes paixões que lhe impedem de formar uma opinião racional do
bem comum.
A SOCIEDADE CIVIL
• Sociedade civil: esfera das relações sociais não reguladas pelo Estado.

• Estado: órgão do poder coativo.

• Conjunto das idéias do mundo burguês:

• -Direitos naturais ao indivíduo; descoberta das relações inter-


individuais (econômicas) sem necessidade de poder coativo, visto que
se auto-regulam; Thomas Paine (“a sociedade é criada por nossas
necessidades, e o Estado, por nossa maldade, (...) pois o homem é
bom”); Em suma, a dilatação do direito privado em detrimento do
direito público ou político, que tem poder coativo.

• Num sentido não estritamente marxiano, pode-se falar na sociedade


civil como uma infra-estrutura e no Estado como uma superestrutura.
A sociedade civil
• Grupos de luta de emancipação, formação de contra-poderes.
• Três figuras: pré-condição do Estado (o que ainda não é estatal),
antítese do Estado (o que se opõe como alternativa ao Estado) e da
dissolução e fim do Estado.
• É nela onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos,
sociais, ideológicos, religiosos que as instituições estatais têm a
obrigação de resolver.
• Organizações de classe -> grupos de interesses (defesa dos direitos
civis, de libertação da mulher, ...): Partidos políticos, os quais
selecionam e transmitem as demandas da sociedade civil para se
tornarem objeto de decisão política.
• Quando as demandas não são atendidas -> ingovernabilidade
• Ingovernabilidade -> Crise de legitimidade
• Opinião pública: pública expressão do consenso e dissenso. Sem ela, a
esfera civil perderia sua própria função e desapareceria.
A interpretação Marxiana
• Substitui “sociedade natural” por “sociedade civil”, pois a
toma como conjunto das relações interindividuais que estão
fora ou antes do Estado, subtraindo desse modo seu papel pré-
estatal (defendido pelos jusnaturalistas).
• Coincide com o estado de natureza hobbesiano, que é “a
guerra de todos contra todos”.
• Na tradição jusnaturalista, chama-se “sociedade civil” aquilo
que hoje é dito “Estado”.
• Transferência da imagem de estado de natureza hipotética para
a realidade histórica da burguesia (classe politicamente
emancipada).
• “Homem egoísta” como sujeito: dele só pode nascer uma
sociedade anárquica, ou melhor, despótica.
Marx X Gramsci
• Não diversamente de Marx, também Gramsci considera as
ideologias como parte da superestrutura; mas diversamente de
Marx, que chama a sociedade o conjunto de relações
econômicas constituitivas da base material, Gramsci chama de
sociedade civil a esfera na qual agem os aparatos ideológicos
que buscam exercer a hegemonia e, através dela, obter o
consenso.

• Neste ponto, Gramsci, inconscientemente, recupera o


significado jusnaturalista de sociedade civil como sociedade
fundada sobre o consenso. Porém, difere-se dela ao dizer que a
sociedade de consenso não é por excelência o Estado, mas,
sim, a que surge a partir da extinção do Estado.
O sistema Hegeliano
• Sociedade civil como momento intermediário da eticidade, posto
entre a família e o Estado, permite a construção de um esquema
triádico que se contrapõe aos dois modelos diádicos precedentes: o
aristotélico, baseado na dicotomia família/Estado e o jusnaturalista,
baseado na dicotomia estado de natureza/ estado civil.
• O que diferencia a sociedade civil de Hegel daquela de seus
predecessores não é tanto o seu retrocesso em direção à sociedade
pré-estatal, quanto a sua identificação com uma forma que é estatal,
porém imperfeita. A sociedade civil hegeliana representa o primeiro
momento de formação do Estado, o Estado jurídico-administrativo.
• Sociedade civil = figura histórica (“Estados antigos não continham
em seu seio uma sociedade civil” e “... a descoberta da sociedade
civil pertence ao mundo moderno”)
• Mais que uma sucessão entre fase pré-estatal e fase estatal da
eticidade, a distinção hegeliana entre sociedade civil e Estado
representa a distinção entre um Estado inferior e um Estado superior.
O sistema Hegeliano
• A razão pela qual Hegel colocou o conceito de Estado
acima do conceito a que se tinham vinculado os seus
predecessores deve ser buscada na exigência de
explicar por que se reconhece ao Estado o direito de
solicitar dos cidadãos o sacrifício de seus bens
(através dos impostos) e da própria vida (quando
declara a guerra). O que caracteriza o Estado com
respeito à sociedade civil são as relações que apenas o
Estado, e não a sociedade civil, estabelece com os
outros Estados.
A tradição jusnaturalista
• O modelo aristotélico mostra que o Estado é o prosseguimento
natural da sociedade familiar, de sociedade doméstica ou família
e o modelo hobbesiano (ou jusnaturalista), para o qual o Estado
é a antítese do estado de natureza, da societas naturalis
constituída por indivíduos hipoteticamente livres e iguais
• O modelo aristotélico, por exemplo, se percebe em Bodin: “O
Estado é a sociedade civil que pode subsistir por si só sem
associações ou organismos, mas não sem família”
• Outro modelo jusnaturalista, de Kant: : “O homem deve sair do
estado de natureza, no qual cada um segue os caprichos da
própria fantasia, e unir-se com todos os demais... submetendo-se
a uma constrição externa publicamente legal...: vale dizer que
cada um deve, antes de qualquer outra coisa, ingressar num
estado civil”.
A tradição jusnaturalista
• Sempre no significado de Estado político
distinto de qualquer forma de Estado não
político, a expressão “sociedade civil” foi
comumente empregada também para distinguir
o âmbito de competência da Igreja ou do poder
religioso, na contraposição sociedade civil/
sociedade religiosa que se agrega à tradicional
sociedade doméstica/ sociedade civil. Ignorada
na antiguidade clássica, esta distinção é
recorrente no pensamento cristão.
Sociedade civil como sociedade
civilizada
• Com Ferguson e os escoceses a sociedade civil significa sociedade
civilizada que encontra um quase sinônimo em polished. A obra de
Ferguson descreve a passagem das sociedades primitivas às sociedades
evoluídas, é uma história do progresso. A civil society de Ferguson é
civil não porque se distingue da sociedade doméstica ou da sociedade
natural, mas porque se contrapõe às sociedades primitivas.

• Como na maior parte dos escritores em que sociedade civil tem o


significado principal da sociedade política não está excluído também o
significado de sociedade civilizada, em Rousseau o significado
prevalente de sociedade civil como sociedade civilizada não exclui que
esta sociedade seja também, em embrião, uma sociedade política
diferente do estado de natureza, embora na forma corrupta do domínio
dos fortes sobre os fracos, dos ricos sobre os pobres, dos espertos sobre
os ingênuos, numa forma de sociedade política da qual o homem deve
sair para instituir a república fundada sobre o contrato social.
O debate atual
• O significado predominante foi o de sociedade
política ou Estado, usado, porém em diversos
contextos conforme a sociedade civil ou política
tenha sido diferenciada da sociedade doméstica, da
sociedade natural, da sociedade religiosa. Ao lado
deste, o outro significado tradicional foi o que
aparece na seqüência sociedades selvagens, bárbaras
e civis, que constituiu, um esquema clássico para o
delineamento do progresso humano. No debate atual,
como se disse ao início, a contraposição permaneceu.
O debate atual
• Porém com Maquiavel, considerado como o fundador
da ciência política moderna, o Estado é mostrado
como o máximo poder que se exerce sobre os
habitantes de um determinado território e do aparato
de que alguns homens ou grupos se servem para
adquiri-lo e conserva-lo. O Estado assim entendido
não é a Estado-sociedade, mas o Estado-máquina. A
contraposição entre a sociedade e o Estado que alça
vôo com o nascimento da sociedade burguesa é a
conseqüência natural de uma diferenciação que ocorre
nas coisas e, ao mesmo tempo, de uma consciente
divisão de tarefas, cada vez mais necessária.
O debate atual
• Nestes últimos anos pôs-se a questão de saber se a distinção
entre sociedade civil e Estado, que por dois séculos teve curso,
teria ainda a sua razão de ser. A contraposição entre sociedade
civil e Estado continua a ser de uso corrente, sinal de que
reflete uma situação real. Embora prescindindo da
consideração de que os dois processos são contraditórios, pois
a conclusão do primeiro conduziria ao Estado sem sociedade,
isto é, ao Estado totalitário, e a conclusão do segundo a
sociedade sem Estado, isto é, à extinção do Estado, o fato é
que eles estão longe de se concluir e, exatamente por
conviverem não obstante a sua contraditoriedade, não são
suscetíveis de conclusão. Sob outro aspecto, sociedade e
Estado atuam como dois momentos necessários, separados,
mas contíguos, distintos, mas interdependentes, do sistema
social em sua complexidade e em sua articulação interna.

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