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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O crescimento do mercado mundial de pescado, modo geral, tem sido sustentado pela
aqüicultura. A captura em águas salgadas e doces, apesar de responder por cerca de 70% da
produção mundial, tem permanecido estacionada em torno de 93 milhões de toneladas ao
longo dos últimos anos (ORMOND et al, 2004).
Garcia e Moreno (2001) analisam que a estagnação da produção de pescados por
captura decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros. Em 1999 apenas 25% dos
estoques eram encontrados moderadamente ou subexplorados. Os outros 3/4 já estariam sem
potencial de crescimento e, em alguns casos, até mesmo esgotados, conseqüência da
sobrepesca1.
Segundo McGoddwin (1990), os primeiros registros históricos de sobrepesca foram
observados na costa peruana há 3.000 anos, porém, desde o surgimento do homem até o início
da era moderna, as racionalidades sociais, o baixo nível das tecnologias empregadas na
atividade pesqueira, a baixa demanda por alimentos, em decorrência do reduzido tamanho das
populações da época e a vastidão de espaços pesqueiros disponíveis circunscreveram os casos
de sobreexplotação2 a algumas poucas espécies, notadamente espécies sésseis3 como as ostras
(MARRUL FILHO, 2003).

Um importante marco histórico nas relações homem-recursos pesqueiros foi à


revolução industrial, a partir da qual as formas de organização social da produção pesqueira,
(em que os seres humanos retiravam da natureza pequenas quantidades, sem grandes danos
ambientais), foram radicalmente modificadas pelas grandes transformações tecnológicas e pela
rápida urbanização, características do período, e pela construção de portos pesqueiros urbanos,
já no século XIX. (MARRUL FILHO, 2003).

Do ponto de vista tecnológico, a primeira grande modificação se deu nos meios de


propulsão.Os barcos pesqueiros, até então, movidos apenas à vela, tendo suas condições de

1
Sobrepesca: É a pesca excessiva, ou seja, além do limite que possibilita a manutenção de um estoque pesqueiro
em explotação. (SILVA & SOUZA, 1998).
2
Sobreexplotação: Tirar proveito econômico de (determinada área), sobretudo quanto aos recursos naturais.
3
Sésseis: Que permanecem aderidas no mesmo local
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operação condicionadas pelas próprias forças da natureza, passaram a ser movidos por
máquinas a vapor e, mais tarde, por máquinas movidas a combustíveis fósseis, ampliando
assim seus raios de ação e podendo ir até pesqueiros nunca antes explotados. As
transformações tecnológicas e o maquinismo logo atingiram as tarefas de captura, permitindo
o desenvolvimento de grandes redes e equipamentos de auxílio à pesca. Além disso, o
desenvolvimento das tecnologias de resfriamento a bordo proporcionou o aumento do número
de dias que uma embarcação podia passar no mar, assim como a melhora significativa da
qualidade do pescado desembarcado, com fortes reflexos nos preços dos produtos pesqueiros.
Portanto, ampliou-se o poder de captura para limites até então desconhecidos (MARRUL
FILHO, op.cit).

No Pós-Guerra, o poder de pesca das frotas mundiais foi de novo ampliado na medida
em que toda a tecnologia naval desenvolvida com fins militares foi sendo rapidamente
apropriada e adaptada para as embarcações pesqueiras (MARRUL-FILHO, op.cit). A partir
desse momento, surgiram novas técnicas de navegação e localização de cardumes, com a
utilização de radares e ecossondas, e novos avanços nos sistemas de refrigeração que
permitiam o congelamento a bordo. Na atualidade, a navegação orientada por satélite e o uso
incessante de computadores que controlam várias tarefas pesqueiras com precisão, permitiram
um expressivo avanço entre os seres humanos e a natureza, no que se refere à apropriação dos
recursos pesqueiros em termos globais.

De acordo ainda com o autor, o processo iniciado com a Revolução Industrial gerou,
por sua vez, as condições para a penetração e o desenvolvimento do modo de produção
capitalista na atividade pesqueira o qual separando completamente o homem da natureza,
permite desenvolver uma racionalidade utilitarista e produtivista na apropriação dos recursos
pesqueiros.

Esse processo pode ser dividido em dois períodos, seguindo as etapas globais do
desenvolvimento do modo de produção capitalista em suas relações com a natureza, segundo
O`Connor (1994). No primeiro, dominado pela ética da economia de fronteira, prevalece à
lógica de dominação e exploração da natureza, seus bens e serviços, considerada externa ao
capital. Nessa etapa, o aumento constante da produção pesqueira, na proporção direta do
aumento de esforço – movimento típico das fases iniciais das pescarias – consolidou a visão de
inesgotabilidade dos recursos pesqueiros.
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O segundo período, mais recente, tem origem no momento em que o desenvolvimento


das forças produtivas do capital foi surpreendido pelos primeiros sinais de que os recursos
ambientais, entre eles os pesqueiros, não eram inesgotáveis. A partir de então, teve início um
processo de ressignificação da natureza que, de externa, passa a ser entendida como interna ao
próprio capital, sendo seus bens agora vistos como estoques e classificados como elementos de
uma natureza considerada como capital para a finalidade da reprodução expandida de capital,
chamados de capital natural. (O´CONNOR, op.cit).

Tal ressignificação ocorre na fase que o mesmo autor denomina de “fase ecológica do
capital” e constitui base ideológica para uma nova etapa de acumulação e crescimento, sob os
argumentos da gestão e conservação dos elementos da natureza, cuja regeneração agora se faz
“ pelo controle dos regimes de investimento integrados no cálculo racional da produção e
troca, através do milagre do sistema de preços”.

Marrul Filho (2003) ressalta que, diferentemente de outros setores produtivos, a pesca
encontra nos próprios recursos de que se apropria algumas características muito especiais que
atuam de forma contrária à racionalidade que hoje a preside. Assim, cabe destacar que os
recursos pesqueiros não surgem como produto do trabalho humano, pois, “ao contrário da
produção industrial, a reprodução biológica dos cardumes, os quais escapam ao controle do
homem” (DIEGUES, 1983).

A reprodução biológica e o crescimento dos indivíduos, fenômenos indispensáveis à


renovação dos estoques são limitados pela capacidade de carga do ambiente no qual ocorrem,
impondo limites ao tamanho dos estoques capturáveis. Constrói-se, assim, um teto máximo
sob o qual a atividade pesqueira pode operar – fato contrário à própria dinâmica do capitalismo
em sua tendência ao desenvolvimento infinito, ou seja, um limite biofísico ao processo de
acumulação. (O`CONNOR, op.cit).

As flutuações no tamanho dos estoques explotáveis, provocadas tanto por fatores


naturais como por aqueles decorrentes de desequilíbrios ambientais ocasionados por atividades
antrópicas, causam imensas dificuldades na previsão de rendas futuras, resultando em altas
incertezas econômicas para a atividade pesqueira (MARRUL FILHO, 2003).

A mobilidade dos organismos aquáticos, a distribuição geográfica das populações, a


extensão territorial onde acontece a pesca extrativa e a ocorrência de várias espécies em um
mesmo ambiente explotado são propriedades que circunscrevem os recursos pesqueiros em
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uma classe de recursos em que a exclusão é difícil e o uso comum implica rivalidade. (FENNY
et al., 1990).

Marrul Filho (2003) analisa que as características de rivalidade e não-exclusividade,


aliadas à incerteza econômica, são responsáveis pelos conflitos entre racionalidades
individuais e coletivas na apropriação dos recursos pesqueiros, fazendo predominar, quase
sempre, a visão e a prática entre agentes econômicos de que tudo aquilo que não é pescado
agora e no máximo possível por um pescador, outro o fará logo em seguida.

Em contrapartida Garcia & Grainger (1997) consideram que a natureza dos recursos, a
dinâmica dos setores pesqueiros e a deficiência dos sistemas de manejo são as causas
fundamentais da sobrepesca e da sobrecapitalização, atribuindo responsabilidades
compartilhadas entre o setor produtivo – empresários e pescadores – os cientistas e os gestores
dos recursos.

As diretrizes para o desenvolvimento da aqüicultura responsável que se encontram no


Código de Conduta para a Pesca e Aquicultura (FAO, 1994) têm como objetivo facilitar a
identificação das responsabilidades, deveres e obrigações dos governos, das autoridades e das
pessoas envolvidas com a atividade de aqüicultura, e são essenciais para apoiar e garantir a
contribuição sustentável desta atividade para a segurança alimentar, a mitigação da pobreza e o
bem estar socioeconômico das gerações atuais e futuras.

É nesse contexto que a aqüicultura está cada vez mais sendo inserida no mercado,
pois, tanto nos países em desenvolvimento como em subdesenvolvimento, ela tem caráter
quase exclusivamente empresarial, assim como pode ser parte da economia de subsistência
(PETRERE JR, et al, 1997).
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1.2 HISTÓRICO DA AQÜICULTURA

A aqüicultura é uma prática milenar apesar das inovações tecnológicas mundiais da


atualidade no setor pesqueiro, a aqüicultura inicialmente prosperou, por exemplo, com o
cultivo das ostras sendo praticado na antiga Roma. Há ainda outros relatos mais intrínsecos
que determinaram que a propagação artificial ictiológica ou dos peixes provém de um
legendário chinês chamado Fan-Li, do quinto século a.c, o qual criava carpas em uma lagoa
(BARDACH et al, 1972).
De acordo com Petrere Jr, et al (1997), os primeiros estudos científicos com a
aqüicultura, com ênfase na piscicultura, no Brasil, foram realizados pelo Dr. Rodolpho Von
Ihering nos anos de 1920 e 1930. Desde então, a atividade teve grande impulso,
principalmente a partir de 1970, com a organização e aperfeiçoamento de várias estações de
pesquisa e produção.
Tanto a aqüicultura semi-intensiva, na qual a produtividade natural é estimulada pela
adubação, mas, em virtude da maior densidade de estocagem, existe necessidade de
alimentação complementar, quanto a intensiva, que é mais sofisticada, com rações balanceadas
em virtude das densidades de estocagem bastante altas, podem ser realizadas em tanques,
viveiros e demais reservatórios nos quais se tem controle total sobre a entrada e saída de água.
A implantação da infra-estrutura necessária envolve a construção e preparação das instalações,
estocagem de peixes, crustáceos, moluscos, outros organismos aquáticos, fornecimento de
alimentação, controle de predadores e parasitas, acompanhamento do crescimento, despesca e
manutenção das instalações. A rentabilidade depende fundamentalmente da freqüência-
qualidade-preço do produto oferecido (PETRERE Jr. et al, 1997).
Existe um ramo na aqüicultura que, na atualidade, tem apresentado um significativo
crescimento na economia do agronegócio de vários países que se chama carcinicultura
marinha, ou arte e técnica de criar e multiplicar camarões de utilidade alimentar para o homem
(SILVA & SOUZA, 1998).
Para Shigueno (1972), essa arte de cultivar camarões teve sua origem histórica em
1933, quando um número de biólogos se juntou em um trabalho científico sobre camarões,
liderados por M. Fuginaga, biólogo graduado pela Universidade de Tóquio; o grupo
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desenvolveu técnicas durante trinta anos, suspensas apenas pela II Grande Guerra. A pesquisa
teve ênfase inicialmente ao esclarecimento da morfologia de larvas do camarão Penaeus
japonicus (Bate, 1888); tiveram a brilhante idéia de colocar o camarão fêmea, no período de
maturação, em um aquário onde descarregou seus ovos; então assim, ficou mais fácil a
iniciação das etapas de crescimento do crustáceo para as pesquisas, proporcionado com isso a
etapa inicial para outras pesquisas no ramo da carcinicultura.
Souza Filho (2003) acrescenta que no Sudoeste da Ásia, através de conhecimentos
básicos sobre o camarão, pescadores artesanais construíam diques de terra nas zonas costeiras
para o aprisionamento de pós-larvas selvagens que cresciam nas condições naturais
prevalecentes. Com o aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e de reprodução, a atividade
passou a ser praticada comercialmente, apresentando bons resultados e uma conseqüente
expansão mundial, passando, assim, a assumir grande importância econômica e social em
diversos países, principalmente os emergentes.
A criação mundial de camarões se concentra no hemisfério oriental, que responde por
mais de um milhão de toneladas anuais de camarão cultivados majoritariamente em pequenas
propriedades de até 20 hectares, conforme informações da Associação Brasileira de Criadores
de Camarão – ABCC (2004). Dentre os países produtores, destacam-se China, Tailândia,
Vietnã e Indonésia. No oriente, predomina a espécie conhecida por Tigre asiático, Penaeus
monodom, (Fabricius, 1798) enquanto no Brasil prevalece a espécie Litopenaeus vannamei
(Boone, 1931), camarão exótico da Costa do Pacífico (ORMOND et al, 2004).
Conforme Flambot (1988), o desenvolvimento da tecnologia para a criação artificial
de camarão marinho no Brasil teve início no Rio Grande do Norte, na primeira metade da
década de 70, como conseqüência da necessidade de aproveitamento de pequenas e médias
empresas salinas que se tornaram antieconômicas, face à implantação de modernos projetos
para a exploração do sal em grande escala naquele Estado.
Com o patrocínio do Governo estadual, que pretendia, também, solucionar o sério
problema da mão-de-obra liberada após a desativação das salinas deslocadas do mercado com
a implantação dos grandes projetos, foram enviados técnicos ao Japão, Hawaí, Estados Unidos,
México e França, entre outros locais, com a missão de dotar aquele Estado dos conhecimentos
necessários ao desenvolvimento da carcinicultura (FLAMBOT, 1988).
De acordo com ABCC (2004), apesar do esforço inicial, o primeiro projeto de
produção comercial do camarão cultivado ocorreu no período entre 1978 e 1984, quando o
Governo do Rio Grande do Norte importou a espécie de camarão Penaeus japonicus. Isso
fortaleceu o “Projeto Camarão” ocorrendo assim a fase de adaptação e sistematização da
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espécie exótica às condições locais. Este período foi diagnosticado como a primeira fase do
camarão cultivado no Brasil. Esta espécie teve sucesso por apenas três anos, pois a falta de um
plano abrangente e validações tecnológicas levaram a um fracasso em sua domesticação.
Mesmo diante do insucesso na domesticação do Penaeus japonicus, os esforços de
viabilização da carcinicultura comercial no Brasil continuaram: foram aproveitados os
laboratórios e fazendas carcinicultoras e intensificados os trabalhos com novas espécies de
camarões nativos, ou seja, os do território nacional como o Litopenaeus schmitti (Burkenroad,
1936), Farfantepenaeus subtillis (Pérez-Farfante, 1967) e Farfantepenaeus paulensis (Pérez-
Farfante, 1967). Esse período constitui a segunda fase de cultivo no Brasil (ABCC, 2004).
Os esforços para domesticação e manejo dessas espécies de camarão em viveiros
duraram dez anos, porém os níveis de produtividade não foram suficientes para cobrir os
custos diretos de produção das fazendas com melhor manejo. Assim, através das validações
tecnológicas dessa segunda fase, chegou-se à conclusão de que as espécies nativas não
estavam se adaptando às rações alimentares e foi decidido pela descontinuidade da
domesticação das espécies nativas nacionais (ABCC, 2004). No entanto, um grupo pioneiro de
técnicos e produtores não se desestimulou e buscou a provável solução na espécie exótica (de
outro país) Litopenaeus vannamei, na década de 80, importando pós-larvas e reprodutores
dessa espécie. Em razão disso, os trabalhos de validação tecnológica se acentuaram no início
da década de 90.
Nesse terceiro período, em que os laboratórios brasileiros dominaram a larvicultura e
reprodução do L.vannamei, iniciando assim, sua distribuição comercial de pós-larvas através
das fazendas que anteriormente estavam semiparalisadas e aderiam à espécie exótica, os
índices de produtividade e rentabilidade desta superaram aos das espécies nativas. Desse
modo, foi intensificado ainda mais o processo de adaptação do L.vannamei e, a partir de
1995/1996, ficou demonstrada a viabilidade total e comercial da sua produção no Brasil
(ABCC, op.cit).
Aproximadamente 95% da produção nacional de camarões se concentra na região
Nordeste, além de a região deter também os melhores resultados de produtividade,
confirmando assim o camarão marinho efetivamente como uma nova riqueza do setor primário
que abre perspectivas altamente favoráveis de retomada do desenvolvimento regional
(ROCHA et al, 2004).
Para Flambot (1988) a Amazônia, nesse setor aquícola, oferece ao país um imenso
leque de opções na diversidade biológica, haja vista possuir em seu território cinco
macroecosistemas bem definidos: lacustre, fluvial, estuarino, litorâneo e marítimo, nos quais
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se reproduzem espécies animais com significativas possibilidades de exploração racional. Sob


esse enfoque, pesquisas devem ser estimuladas para que os recursos da fauna aquática possam
contribuir para a minimização dos problemas de alimentação da população.
No caso específico do Estado do Pará, a exploração dessa atividade começou através
de um projeto de criação de camarão marinho no município de Curuçá, na localidade
denominada Curuperé, na fazenda São Paulo, com bons índices de produtividade.Esse projeto
foi implantado pela empresa INTEMAR, localizada na colônia 3 de outubro, com a espécie de
camarão de água doce Gigante da Malásia, Macrobrachium rosembergui (De Man, 1979)
(FLAMBOT ,1988).
De acordo com intensas pesquisas nessa área, em termos de índices de salinidade da
água, períodos de aclimatação, limitações técnicas, descobriu-se que a espécie exótica
Litopenaeus vannamei se destacava muito mais favoravelmente aos criatórios e rações do que
as espécies nativas (regionais) e permanece, atualmente, em Curuçá nas localidades Nossa
Senhora de Fátima e São Paulo, alcançando resultados satisfatórios.

1.3 PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA

A cadeia produtiva do pescado no Estado do Pará se constitui em uma das mais


importantes da economia paraense, na ocupação de mão-de-obra, na geração de renda, nos
fluxos comerciais e, sobretudo, para a segurança alimentar.
O Estado do Pará é o maior produtor nacional do pescado (cerca de aproximadamente
17% da produção nacional) e é o quarto maior exportador de pescado do Brasil, representando
um pouco mais do valor total das exportações brasileiras.
Mediante esse contexto de sobrexplotação de estoques pesqueiros mundiais e
considerando as possibilidades de manutenção de oferta de produtos pesqueiros a partir da
prática da aqüicultura e particularmente da carcinicultura, é importante a execução de
pesquisas que auxiliem a compreensão mais abrangente das possibilidades de produção e
comercialização destes produtos.
Assim, a presente monografia visa responder à seguinte questão:
Qual a estrutura da concorrência e das relações sócioeconômicas que condicionam a
competitividade da cadeia produtiva da carcinicultura do Litopenaeus vannamei no Estado do
Pará?
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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Analisar a sustentabilidade e a cadeia produtiva da carcinicultura do Litopenaeus


vannamei no Estado do Pará.

1.4.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar o mercado da carcinicultura em âmbito internacional, nacional


e estadual.

- Identificar os agentes econômicos da cadeia produtiva no Estado do Pará;

- Identificar os pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades para a


sustentabilidade da cadeia produtiva do L.vannamei no Estado do Pará;

- Disponibilizar informações que permitam a formulação de estratégias


competitivas para a cadeia produtiva do L.vannamei no Estado do Pará.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Apesar de cada mercado apresentar características estruturais e competitivas


peculiares, existem similaridades suficientes na forma pela qual a concorrência se configura,
de modo que é possível empregar um instrumental teórico analítico geral para identificar a
natureza e a intensidade da concorrência.

Nesse sentido, a presente monografia se propõe a analisar a cadeia produtiva do


Litopenaeus vannamei adotando o modelo das cinco forças de Michael Porter.

O modelo está fundamentado em cinco forças que configuram o ambiente de


negócios: a) Entrantes potenciais, b) Ameaça de produtos substitutos c) Rivalidade entre os
concorrentes já existentes, d) Poder de negociação dos fornecedores e) Poder de negociação
dos compradores, conforme ilustrado na Figura 1.

1ª FORÇA

ENTRANTES POTENCIAIS

5ª FORÇA 2ª FORÇA 4ª FORÇA

FORNECEDORES CONCORRENTES COMPRADORES


EXISTENTES

3ª FORÇA

SUBSTITUTOS

Figura 1 – As cinco forças competitivas de mercado


Fonte: M. Porter, 1986.

Essas forças têm como intuito permitir aos agentes econômicos a formulação de
estratégias competitivas do mercado, com estudos de caso para setores emergentes, alguns já
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existentes e outros em declínio, com a árdua finalidade de sobreviverem nesse mercado


altamente competitivo o qual não pode ser limitado a uma simples rivalidade entre
concorrentes; é preciso estudar todos os ângulos possíveis dos problemas internos e externos
de uma empresa. A teoria de base das cinco forças ajudará com eficácia a pesquisa em
andamento, implantando uma estratégia competitiva essencial para obter resultados eficientes
na empreitada desse trabalho científico.

Segundo Porter (1986), a essência da formulação de uma estratégia competitiva é


relacionar uma empresa ao seu ambiente de negócios. Embora o meio ambiente relevante seja
muito amplo, abrangendo tanto forças sociais como econômicas, o aspecto principal do meio
ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias com que ela compete. A estrutura industrial
tem uma forte influência na determinação das regras competitivas do jogo, assim como das
estratégias potencialmente disponíveis para a empresa. Forças externas à indústria são
significativas principalmente em sentido relativo; uma vez que as forças externas em geral
afetam todas as empresas na indústria, o ponto básico encontra-se nas diferentes habilidades
das empresas em lidar com elas.

A intensidade da concorrência em uma indústria não é uma questão de coincidência ou


de má sorte. A concorrência tem raízes estabelecidas na estrutura econômica básica, e vai além
do comportamento dos concorrentes. O grau da concorrência em uma indústria depende das
cinco forças competitivas básicas, sendo que a interação destas forças determina o potencial de
lucratividade que é medido em termos de retorno em longo prazo.

Nem todas as indústrias têm o mesmo potencial, diferindo, fundamentalmente, em seu


potencial de lucro à medida que o conjunto das forças também difere. Nesse sentido, a meta da
estratégia competitiva é identificar uma posição em que a empresa possa se defender melhor
contra as forças competitivas ou influenciá-las em seu favor, dado que o conjunto de forças
pode estar exageradamente aparente para todos os concorrentes. Assim, a chave para o
desenvolvimento de uma estratégia é pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes de
cada força.

O modelo apresentado por Porter (op.cit) reflete o fato de que a concorrência não está
limitada aos participantes estabelecidos. Os clientes, fornecedores, substitutos e os entrantes
potenciais são todos “concorrentes” para as empresas, podendo ter maior ou menor
importância, dependendo das circunstâncias. Neste sentido, a concorrência poderia ser definida
como rivalidade ampliada.
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Todas as forças competitivas em conjunto determinam a intensidade da concorrência,


bem como a rentabilidade dos empreendimentos, sendo que a força ou as forças mais
acentuadas predominam, e tornam-se cruciais para a formulação de estratégias. Por exemplo,
mesmo uma companhia com uma posição consolidada num mercado no qual não haja ameaça
de entrada de novas empresas tenderá a um retorno baixo, caso se defronte com um produto
substituto superior e mais barato; sem produtos substitutos e com a entrada de novas empresas
bloqueadas, a intensa rivalidade entre os concorrentes existentes limitará os retornos
potenciais.

As características técnicas e econômicas de uma indústria são críticas para a


intensidade de cada força competitiva. A ameaça de entrada em uma indústria depende das
barreiras existentes, em conjunto com a reação que o novo concorrente pode esperar dos já
estabelecidos. No caso de as barreiras serem altas, o recém-chegado pode esperar retaliação
dos concorrentes; assim, a ameaça de entrada é pequena.

As fontes principais de barreiras de entrada, como as economias de escala, que


referem-se aos declínios nos custos unitários de um produto (ou operação ou função que entra
na produção de um produto), à medida que o volume absoluto por período aumenta.
Economias de escala detêm a entrada, forçando a empresa entrante a ingressar em larga escala
e arriscar-se a uma forte reação das empresas existentes, ou a ingressar em pequena escala e
sujeitar-se a uma desvantagem de custo; duas opções indesejáveis (PORTER, 1986).

A diferenciação do produto também é uma barreira de entrada muito poderosa,


desenvolvendo um sentido de lealdade para com os clientes, que provém de marketing,
publicidades, diferenças dos produtos, ou, até mesmo, por terem sido as primeiras a entrarem
na indústria.Nesse contexto, os entrantes terão que efetuar despesas muito pesadas para tentar
dissuadir os vínculos já estabelecidos com os clientes, muitas vezes criando prejuízos iniciais
que podem cessar ou perdurar por um longo período de tempo (PORTER, op.cit).

A necessidade de capital é uma fonte da barreira de entrada como uma necessidade


ímpar em casos iniciais quando há necessidade de capital para ser usado em publicidade,
desenvolvimento e pesquisa, assim como para estoques, instalações para produção e até
mesmo prejuízos iniciais, muitas vezes, irrecuperáveis.

Os custos de mudança são ligados a custos com o comprador quando muda de um


fornecedor para outro, incluindo custos com equipamentos, treinamento de empregados,
assistência técnica, custo e tempo para qualificar ou testar uma nova fonte. Caso esses custos
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logísticos sejam altos, o entrante potencial necessita redobrar seu desempenho e


aperfeiçoamento para convencer o cliente a não escolher um produtor já efetivo no mercado
(PORTER, 1986).

Outra barreira de entrada são os acessos aos canais de distribuição nos quais uma
barreira pode ser criada pela necessidade do entrante de assegurar a distribuição de seu
produto. Considerando que os canais de distribuição lógicos já estão sendo atendidos pelas
empresas estabelecidas, o entrante precisa persuadir os canais a aceitarem seu produto por
meio de descontos de preço, verbas para campanhas de publicidade em cooperação e coisas
semelhantes, o que reduz os lucros (PORTER, op.cit).

Assim, a força da barreira de entrada também cria uma fonte de desvantagens de custo
independentes de escala, visto que as empresas já estabelecidas criam obstáculos que tornam
praticamente impossíveis serem atingidas vantagens pelas empresas entrantes, mesmo com
economias de escala. Essas vantagens são obtidas através de localizações extremamente
favoráveis para as empresas estabelecidas, com acesso favorável às matérias-primas com
fontes seguras e confiáveis; com uma super tecnologia do produto, com patentes e segredos,e,
até mesmo por declínio nos custos através da experiência no mercado; com aprimoramentos
através dos funcionários com métodos mais eficientes. Logo, a curva de aprendizagem ou de
experiência é cada vez mais aperfeiçoada e reduz custos com distribuição, marketing, e
produção (PORTER, op.cit).

A política governamental entra como uma barreira de entrada importante, uma vez que
limita e até mesmo impede a entrada de certas empresas por determinados trâmites como
licenças de funcionamento e controles de poluição. Isso aumenta os custos iniciais da empresa,
exercendo uma margem de conhecimento para as já estabelecidas sobre a sua entrada em
potencial no mercado e fazendo com que haja estratégias de retaliação para com as entrantes.

Desse modo o entrante necessita esperar a retaliação prevista quanto à reação de seus
concorrentes estabelecidos, pois influenciarão na barreira de ameaça de entrada, de uma
maneira a tentar dissuadir de todas as formas a sua entrada. Muitas das empresas estabelecidas
detêm fatores favoráveis como a experiência de mercado, excedente de caixa, empréstimos a
seu favor, canais de distribuição equilibrados e confiáveis e clientes satisfeitos.

A intensidade da rivalidade entre os concorrentes estabelecidos assume a forma de


disputa por posição com o uso de táticas como concorrência de preços, batalha de publicidade,
introdução de produtos e aumento dos serviços ou das garantias ao cliente. A rivalidade ocorre
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porque um ou mais concorrentes sentem-se pressionados ou percebem a oportunidade de


melhorar o posicionamento. Na maioria das indústrias, os movimentos competitivos de uma
firma têm efeitos notáveis em seus concorrentes e pode, assim, incitar a retaliação ou os
esforços para conter estes movimentos; ou seja, as empresas são mutuamente dependentes.
Este padrão de ação e reação pode, ou não, permitir que a empresa iniciante e a indústria como
um todo se aprimore. Se os movimentos e contramovimentos crescem em um processo de
escalada, todas as empresas da indústria podem sofrer as conseqüências e ficar em situação
pior do que a inicial.

Existem vários fatores que podem ser estruturais para formar uma rivalidade acirrada
entre as indústrias, cujas políticas competitivas podem vir a ser amargas e impiedosas como
cavalheirescas e polidas. Quando os concorrentes são numerosos ou até mesmo quando são
poucas as empresas, existe a possibilidade de sofrerem retaliações, pois cada uma lutará para
abocanhar uma parcela do mercado em que produzem seus insumos.

A terceira força é a pressão dos produtos substitutos; as empresas estão competindo,


em termos amplos, com indústrias que fabricam produtos substitutos. Os substitutos reduzem
os retornos potenciais de uma indústria, colocando um teto nos preços que as empresas podem
fixar com lucro. Quanto mais atrativa a alternativa de preço-desempenho oferecida pelos
produtos substitutos, mais firme será a pressão sobre os lucros da indústria. Os substitutos não
apenas limitam os lucros em tempos normais, como também reduzem as fontes de riqueza que
uma indústria pode obter em tempos de prosperidade.

A identificação de produtos substitutos é conquistada através de pesquisas na busca de


outros produtos que possam desempenhar a mesma função que aquele da indústria. Algumas
vezes essa pode ser uma tarefa sutil e que leva o analista a negócios aparentemente muito
afastados da indústria. Os produtos substitutos que exigem maior atenção são aqueles que
estão sujeitos a tendências de melhoramento do seu “trade-off” de preço-desempenho com o
produto da indústria, ou são produzidos por indústrias com lucros altos.

O poder de negociação dos compradores é uma força segundo a qual estes competem
com a indústria forçando os preços para baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais
serviços e jogando os concorrentes uns contra os outros, tudo à custa da rentabilidade da
indústria. O poder de cada grupo importante de compradores da indústria depende de
características quanto à sua situação no mercado e da importância relativa de suas compras na
indústria, em comparação com seus negócios totais.
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Os compradores são ameaças concretas de integração para trás. Se os compradores são


parcialmente integrados ou colocam uma ameaça real de integração para trás, eles estão em
posição de negociar concessões. Determinados fabricantes engajam-se na prática de integração
crônica, ou seja, produzem parte de suas necessidades de um dado componente internamente, e
compram o resto, de fornecedores externos. Assim, suas ameaças de maior integração não só
são particularmente dignas de crédito, como também a produção parcial interna dá-lhes
conhecimento detalhado dos custos, o que é de grande auxílio na negociação. O poder do
comprador pode ser parcialmente neutralizado quando as empresas na indústria ameaçam com
uma integração para frente na indústria do comprador.

A quinta força é o poder de negociação dos fornecedores. Eles exercem essa pressão
sobre os participantes de uma indústria, ameaçando elevar preços ou reduzir a qualidade dos
bens e serviços fornecidos. Fornecedores poderosos podem, conseqüentemente, reduzir a
rentabilidade de uma indústria em função dos aumentos de custos em seus próprios preços. As
condições que tornam os fornecedores poderosos tendem ser aquelas que tornam os
compradores poderosos, sendo que um grupo fornecedor é poderoso quando é dominado por
poucas companhias, e é mais concentrado do que a indústria para a qual vende. Fornecedores
vendendo para compradores mais fragmentados terão em geral capacidade de exercer
considerável influência em preços, qualidade e condição. (PORTER, 1986).

Assim, modo geral, uma vez determinadas as forças que afetam a concorrência na
indústria e suas causas subjacentes, a empresa está em posição para identificar seus pontos
fracos e fortes em relação à indústria. Qual a posição que a empresa deve ficar em relação aos
seus substitutos? Quais as fontes de barreiras de entrada para se defender?Deve competir com
a rivalidade e possíveis retaliações de concorrentes já existentes?Uma indústria pode mapear
uma estratégia que assume a ofensiva no lugar somente da defensiva? Esta postura é
determinada para fazer algo mais do que simplesmente enfrentar as forças propriamente ditas;
ela visa alterar suas causas.

É nesse sentido que a presente teoria irá subsidiar o trabalho na identificação dos
pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades na carcinicultura do Litopenaeus vannamei no
Estado do Pará.
27

3 METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A cadeia produtiva do pescado é uma das mais importantes da economia paraense


dada a sua relevância na ocupação de mão-de-obra e produção de alimentos. Atualmente, o
Estado do Pará assume destaque no contexto nacional ao responder por 17,3% da produção e
por 9,61% das exportações de pescado do país, números que o colocam na posição de maior
Estado produtor e quarto maior exportador de pescado do Brasil (SANTOS et al, 2004 e
SANTOS et al, 2005).

No período 1993/2003, foi um dos Estados que mais contribuiu para a ampliação da
produção nacional. Ao passar de uma produção de 82,1 mil toneladas, em 1993, para 174,2 mil
toneladas, em 2002, o Estado exibiu uma taxa de crescimento de 10,6% ao ano, sobejamente
superior ao crescimento observado no país que foi de 4,39% ao ano, na maior parte das outras
regiões do país (SANTOS et al, 2004 e SANTOS et al, 2005).
A mesorregião nordeste do Estado do Pará é muito rica por ser uma área estuarina e
será utilizada como base desse trabalho, especificamente na Vila de Caratateua, na fazenda
Nossa Senhora de Fátima, no município de Curuçá.
28

Fig
ura
2-

Mesorregião nordeste do Estado do Pará.


Fonte: Dados de pesquisa.

3.2 DADOS UTILIZADOS


Para atender os objetivos do trabalho, além da revisão de literatura para identificar as
publicações, diagnósticos e pesquisas já realizadas sobre a cadeia produtiva da pesca e,
particularmente, da aqüicultura, foram executados levantamentos de dados secundários e
primários, cujas especificações são apresentadas a seguir:

3.1 DADOS SECUNDÁRIOS

 Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO): Dados


estatísticos internacionais sobre a aqüicultura.

 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA):


dados sobre estatísticas da pesca extrativa e aqüicultura no Brasil, Regiões, Estados e
Municípios;

 Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC): dados referentes ao censo


anual da evolução da carcinicultura no Brasil, Regiões e Estados;

 Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (CEPNOR):


dados sobre a carcinicultura no estado do Pará;
29

 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC): dados sobre o


fluxo de comércio de pescado (exportações e importações), obtido a partir do Sistema
Aliceweb.

3.2 DADOS PRIMÁRIOS

Os dados primários utilizados no trabalho foram obtidos por meio de entrevista com
os agentes que compõem a cadeia produtiva da carcinicultura no Estado do Pará, como
empresários e fazendeiros do setor.

3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Após a conclusão dos levantamentos, foram constituídos dois bancos de dados para
armazenamento dos dados de natureza primária e secundária.

Os dados secundários foram processados por meio do programa Microsoft Excel –


2003, no qual foram elaborados, principalmente, tabelas e gráficos para o acompanhamento do
comportamento das variáveis.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PANORAMA MUNDIAL

A produção mundial da pesca por captura, na atualidade, está em torno de 101 milhões
de toneladas de pescado para o consumo humano (FAO, 2008). Na Figura 3, demonstra-se a
evolução da produção mundial por captura na pesca extrativa e aqüicultura, na qual se percebe
que as flutuações na pesca extrativa obtêm oscilações decorrentes dos estoques explotáveis.
Conforme Garcia e Moreno (2001) analisam, a estagnação da produção de pescados por
captura extrativa decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros, demonstram
ainda mais a viabilidade da aqüicultura como setor em crescimento.
30

120000000
Pesca extrativa
Aquicultura
100000000

80000000
el

(t

(t

(t
T
o
n

d
a

a
s

60000000

40000000

20000000

0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano

Figura 3 - Produção mundial por captura da Pesca Extrativa e Aqüicultura, 1994 a 2003.
Fonte: FAO (2008).

No período de 1998 a 2007 o percentual total na produção oriunda da pesca extrativa


foi de 74,3%, contra 25,7% na aqüicultura, sendo que, somente no ano de 1998 a pesca
extrativa obteve 81,54% do total da produção mundial em milhões de toneladas contra 18,46%
da produção mundial na aqüicultura, em contrapartida, no ano de 2007, percebe-se que a pesca
extrativa perfaz um total de 68,08% em milhões de toneladas, enquanto a aqüicultura obteve
31,92% dessa produção oriunda de uma taxa de crescimento anual médio de cerca de 5% a.a
até 1969. Essa taxa aumentando para 8% nas décadas de 70 e 80 e desde 1990 vem crescendo
a uma taxa superior a 10% a.a (SONODA, 2002), indicando assim uma redução e aumento nos
respectivos setores do setor pesqueiro mundial (Figuras 3 e 4).
31

Aquicultura
25,7%
Figura 4 - Distribuição mundial da produção de pescado por captura (Pesca Extrativa) e Aqüicultura,
1998 a 2007.
Fonte: FAO (2008)

Os dados da Figura 5, na produção da aqüicultura por ambiente de cultivo mundial,


demonstram a evolução por período de 1998 a 2007 da aqüicultura com destaque para o
cultivo em água doce com produção total em 184 milhões de toneladas/ano.
32

30000000 Água doce


Salobre
Marinha
25000000

20000000
PRO
DUÇ
ÃO
(T)

15000000

10000000

5000000

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Figura 5 - Produção mundial de aqüicultura por ambiente de cultivo, 1994 a 2003.
Fonte: FAO (2008)

Na Figura 6, a produção mundial de água doce é de 57,6%, e destaca a crescente


evolução desse ramo a nível mundial.
33

Figura 6 - Distribuição mundial de aqüicultura por ambiente de cultivo, 1998 a 2007.


Fonte: FAO (2008).
Marinha
36,3%

Na figura 7, o destaque vai para as capturas mundiais segmentadas por área, como os
peixes, seguidos de crustáceos, moluscos e outros organismos aquáticos, com posições de
destaque para maior valor agregado e obtenção de maior produtividade para a pesca por
captura dos peixes e moluscos seguidos dos crustáceos no período de 2001 a 2007.
34

120000000 Peixes

Crustáceos

100000000 Moluscos

Outros organismos
CAPTURA (T)

aquáticos
80000000

60000000

40000000

20000000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007


ANO

Figura 7: Captura mundial (Peixes, moluscos, crustáceos, outros organismos aquáticos), 1997 - 2003 .
Fonte: FAO (2008)

Considerando-se somente a pesca por captura marinha, para o ano de 2006, os 10


principais países produtores são: China, Japão, Estados Unidos, Federação da Rússia, Peru,
Indonésia, Chile, Índia, Tailândia, Noruega expostos na Figura 8. A produção da pesca por
captura marinha, em 2006, foi de 84,5 milhões de toneladas, o que representa uma redução de
2,6% em relação a 2004 e um ligeiro aumento de 0,4% em relação a 2005. China e Peru
35

continuam ocupando os primeiros lugares em 2005 como em 2006. A produção por captura
declarada pela China vem se mantendo bastante estável desde 2000 e a tendência ao Peru
segue dependendo, em grande escala, das variações nas capturas da espécie anchoveta, Anchoa
spinifer (Valencienes, 1848).

China

Peru

Estados Unidos

Indonésia
Figura 8 – Produção marinha e continental dos dez principais países produtores no ano de 2006.
Fonte: FAO (2008)
Japão

Chile
Ainda de acordo com a FAO (1999), o estado de explotação dos principais recursos
pesqueiros, os quais tem sido objeto de avaliação, e sobre os quais mais se dispõe de
informações, vem se mantido praticamente inalterado desde o início dos anos de 1990. Assim,
Índia
confirma-se o fato, já divulgado pelo documento Estado Mundial das Pescarias, em sua versão
de 1997, de que 44% das principais pescarias mundiais estão totalmente explotadas e, portanto,

Federação Russia
as capturas se encontram no nível máximo ou muito próximo dele, o que significa que não se 3,
prevêem margens para expansão.

Nesse contexto, com a explotação da pesca extrativa, está havendo um significativo


Tailândia
aumento na aqüicultura em água doce e/ou salgada para alimentação humana e finalidades 2,9
industriais ou experimentais (Silva e Souza, 1998).

Noruega 2,7
36

Conforme Petrere Jr, et al (1997), uma das vantagens que a aqüicultura oferece, tanto
para o produtor quanto para o consumidor, é a segurança da oferta no espaço e no tempo, pois
a pesca extrativa está sujeita às variações de abundância, às portarias normativas que impedem
as pescarias mais lucrativas na época da desova, às avarias dos barcos e aparelhos, fatores que
tornam a atividade intermitente.

A comunidade internacional reconhece agora que o excesso de capacidade de pesca e


de investimentos afeta negativamente os esforços de conservação e ordenamento da pesca e
ameaçam a sustentabilidade no longo prazo das pescarias, impedindo, por sua vez, uma
contribuição maior da pesca para a segurança alimentar (FAO, 1995).

4.2 PANORAMA NACIONAL

O Brasil possui cerca de 8.500 km de linha real de litoral e certo número de ilhas,
totalizando 3,5 milhões de km² de ZEE (Zona Econômica Exclusiva), a qual se estende desde o
Cabo Orange (5º N) até o Chuí (34º S), situando-se, na maior parte, nas regiões tropicais e
subtropicais (Dias-Neto & Dornelles, 1996).
37

As condições ambientais do mar que banha a costa brasileira são determinadas,


basicamente, pela ocorrência de três correntes: (a) a Corrente da Costa Norte do Brasil, que
flui para Nordeste; (b) a Corrente do Brasil, que flui em direção ao sul; ambas resultantes da
Corrente Sul-Equatorial que vem da costa da África que, ao se encontrar com o continente
brasileiro, na altura de João Pessoa, bifurca-se nas duas direções mencionadas; e (3) a Corrente
das Malvinas. As duas primeiras apresentam características comuns, uma vez que são de
temperatura e salinidade altas e pobres em sais nutrientes.

Estes parâmetros, associados à alta profundidade da termoclima nas áreas percorridas


pelas correntes, não permitem que os sais nutrientes alcancem a zona trófica, para favorecer a
produção primária, tornando a produtividade do mar baixa nestas regiões. A Corrente das
Malvinas, com baixa temperatura e salinidade, penetra a região costeira do Rio Grande do Sul
e, atingindo a altura do paralelo 34-36º S, encontra-se com a Corrente do Brasil, formando a
Convergência Subtropical. Esta corrente possui alta concentração de sais nutrientes (DIAS-
NETO & DORNELLES, op.cit).

O mesmo autor afirma que a pesca nacional está colocada entre as quatro maiores
fontes de fornecimento de proteína animal para o consumo humano. A produção oriunda do
mar contribuiu, no período de 1975 a 1994, com um mínimo de 67,7% e um máximo de 85,2%
da produção total do pescado no Brasil.

As últimas estimativas do setor pesqueiro apontam que o mesmo contribui para a


geração de 800 mil empregos diretos, e é composto por um parque industrial que integra mais
de 300 empresas. Esses dois indicadores, associados à infra-estrutura de apoio à pequena
produção, à comercialização e à distribuição do pescado formam um conjunto de indicadores
socioeconômicos da pesca marítima nacional. E tal conjunto não é tão expressivo quando
comparado ao mesmo conjunto de indicadores da economia nacional no seu todo.

Não se pode dizer o mesmo quando se considera essa atividade como geradora de
emprego e de alimentos para um expressivo contingente de brasileiros que vivem no litoral e
áreas ribeirinhas. A pesca nacional é uma das poucas atividades que absorve mão-de-obra de
pouca ou nenhuma qualificação, quer seja de origem rural ou urbana. Em alguns casos, é a
única oportunidade de emprego para certos grupos de indivíduos e para a população excluída.
Esses fatos indiscutíveis, associados àqueles demais indicadores, transformam a pesca nacional
38

em um dos pilares fundamentais da socioeconomia brasileira. (DIAS-NETO & DORNELLES,


1996).

Conforme análises do mesmo autor, a pesca extrativa marítima nacional também


enfrenta uma significativa crise. Os aspectos mais visíveis da crise da pesca brasileira podem
ser observados na situação de sobrepesca em que se encontra a grande maioria dos recursos
que suportam as mais importantes capturas. Podem ser observados igualmente na permanente
situação de falência do setor privado, nas fundamentadas reclamações dos pescadores quanto
ao “desaparecimento” dos cardumes, e na ausência de confiança entre os interlocutores do
Estado e da iniciativa privada.

A respeito do futuro da pesca marítima no Brasil em relação à crítica situação dos


estoques e à pesca mundial, cerca de 75% dos principais recursos encontram-se plenamente
explotados ou sob excesso de explotação, ou até esgotados ou se recuperando de tal nível de
utilização. No caso da pesca brasileira os principais recursos nessas condições ficam acima dos
80% (DIAS-NETO & DORNELLES , op.cit).

Analisando as pescarias industriais estuarinas/marinhas do Brasil, Paiva (1997)


conclui serem comuns às evidências de declínio (sobrepesca), e prevê, inclusive, o colapso da
explotação pesqueiras, principalmente decorrentes do aumento descontrolado dos esforços de
pesca a que estão sujeitas.

As últimas análises da FAO (2008) só tornam mais complicado o quadro anterior, uma
vez que a situação dos recursos pesqueiros marítimos que suportam as principais capturas,
tanto da pesca marítima mundial quanto da brasileira, só se agravou nestes últimos anos.

De acordo com análises de Dias-Neto (2003), deve-se considerar que o


comportamento da produção da pesca marinha é preocupante, seja pelo declínio a partir de
1986, seja pela posterior estagnação, entre 1990 e 1999, seja pelos segmentos sociais e
econômicos envolvidos e confirmados através de inúmeros estudos econômicos de pescarias
específicas como as da lagosta (CARVALHO et al., 1996 e SILVA & CAVALCANTE,
1994), do camarão da costa norte (VIEIRA et al., 1997) e da sardinha (IBAMA, 1992), seja
pelo declínio de estoques, ou sobrepesca, interligados à aguda crise por que passam as
pescarias dos principais recursos explotados.

Nesse contexto, serão analisados dados com estimativas da produção pesqueira


nacional, promovendo demonstrativos de como a pesca extrativa está em um patamar de
39

explotação, ou muito próxima a este e, com isto, havendo um destaque nas evoluções da
aqüicultura.

Na Figura 9, o período de 2001 a 2007 demonstra que a participação relativa da


produção de pescado apresentou um comportamento de declínio para a pesca extrativa,
registrando, em 2003, uma participação de 71,40%, perfazendo 711.406,0 t contra 88,0% e um
total de 644.585,0 t, em 1997.
40

1.200.000
Marinha Continental Aquicultura Produção Total (t)

1.000.000

800.000

600.000

400.000

200.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Figura 9 - Produção total (t) da pesca extrativa e da aqüicultura em águas marinhas e continentais,
2001 -2007.
Fonte: IBAMA, 2008.

No entanto, a aqüicultura apresentou um comportamento de crescimento ao longo de


todo o período e, em 2007, registrou uma participação de 28,6% com um total de 996.631,0 t,
contra 12,0% e 732.258,5 t em 1997 (IBAMA, 2008).

Na figura 10, descreve-se, uma síntese da situação do uso dos recursos estuarinos e
marinhos que suportam as principais pescarias brasileiras, de acordo com a distribuição
espacial, enfatizando sobrepesca para as espécies lagosta-vermelha, Panulinus argus (Latreille,
1804) (N – NE), lagosta-verde, Panulinus laevicauda (Latreille, 1817) (N - NE), sardinha-
verdadeira, Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) (SE - S), camarão-rosa,
41

Farfantepenaeus subtilis, (Pérez-Farfante, 1967) (SE –S), camarão-sete-barbas, Xiphopenaeus


kroyeri (Heller, 1862) (SE-S), peixes demersais4 (SE – S) e piramutaba, Brachyplatystana
vaillantii (Valenciennes, 1840) (N), destacando ainda colapso de pesca para o pargo, Lutjanus
purpureus (Poey, 1875) (N – NE). (MARRUL-FILHO, 2003).

Figura 10 - Distribuição espacial dos principais recursos pesqueiros da costa brasileira.


Fonte: Dias Neto & Marrul Filho, 2003.
Nota: N – Norte; NE – Nordeste; SE – Sudeste; S – Sul.

4.3 COMÉRCIO EXTERIOR

Nas exportações e importações brasileiras de pescado, no período de 1985 a 1994, é


destacado que, apesar das flutuações, as exportações apresentaram uma tendência de

4
Peixes demersais: Compreende o conjunto das espécies explotadas: corvina, castanha, pescada-olhuda e
pescadinha – real.
42

decréscimo analisada por Dias-Neto & Dornelles (1996). A quantidade exportada passou de
62.130t, em 1985, para 35.561t em 1994, equivalendo ao valor de US$ 176 milhões e US$ 168
milhões, respectivamente. Em contrapartida, as importações, neste período, apresentam uma
forte tendência de crescimento, passando de 38.624t, em 1985, para 157.462t em 1994,
equivalendo, respectivamente, a US$ 45 milhões e US$ 229 milhões.

Os dados de exportação dos anos de 1998 e 1999 mostram que as quantidades foram
de 31.635t e 36.361t, enquanto os valores foram de US$ 121 milhões e US$ 137 milhões,
respectivamente, aparentando, uma leve recuperação no último ano (IBAMA, 2000 e 2001).
Os dados de 1998 e 1999 mostraram que a tendência de crescimento das importações
continuou, apesar do decréscimo ocorrido no último ano. As quantidades atingiram 197.366t e
168.960t, enquanto os valores chegaram a US$ 433 milhões e US$ 288 milhões,
respectivamente (IBAMA, 2000).

De acordo com dados estatísticos do Ibama (2008), ilustrados na Figura 11, no ano de
2007, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 224,6 milhões, 61,39% maior
que o verificado em 2006, resultado da diferença entre as exportações, no montante de US$
427,5 milhões, e as importações, no valor de US$ 202,9 milhões, conforme apresentado na
Figura 11. O seguinte desempenho ocorreu não só em virtude do crescimento significativo do
volume das exportações (15,64%), mas também pelo baixo crescimento no volume das
importações (2,93%). O crescimento das exportações, no ano de 2003, foi de 21,31%,
enquanto as importações decresceram 4,82%, em relação a 2006.

É interessante destacar, também, os preços médios das exportações, que, em 2001,


mostravam-se declinantes (US$ 4,180/t em 2000 e US$ 3,930/t, em 2001). Em questão,
percebe-se que, em 2002, constatou-se uma redução de 8,8% (US$ 3,583/t), em relação a
2001.
43

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000
US

0
$

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007


-100.000

-200.000

-300.000

-400.000

Exportação Importação Saldo Balança comercial(US$)

Figura 11- Balança comercial brasileira de produtos pesqueiros, 2000-2007.


Fonte: IBAMA, 2008.

Para o ano de 2007, observou-se uma ligeira recuperação (US$ 3,759/t), porém muito
distante dos preços praticados no início da década. Este fato contribuiu para que o superávit na
balança comercial brasileira de produtos pesqueiros não se mostrasse mais expressivo, uma
vez que foi feito um esforço significativo em aumentar as exportações em 15.384 t de pescado.

Os países especificados na Figura 12 somaram 87,9% das vendas do Brasil ao exterior.


Percebe-se que, embora o Brasil tenha exportado para 62 países, constata-se certa rigidez na
abertura de mercados alternativos, o que, aliado ao fato de os principais mercados hoje
existentes serem concentrados em poucos produtos, deixa vulneráveis os exportadores
brasileiros de pescado.
44

Estados Unidos Espanha França Países Baixos


Japão Argentina Outros Países
250.000

200.000

150.000
US$

100.000

50.000

2006 2007

Figura 12 - Principais mercados importadores, 2002 - 2003.


Fonte: SECEX/IBAMA, 2008.

Registra-se que, em 2007, também houve uma ligeira queda na participação do valor
das exportações dirigidas a outros países que não os tradicionais, assim como uma diminuição
no número de países para os quais o Brasil vende os produtos pesqueiros.

Na pauta de exportações, o principal produto pesqueiro apresentou, no último período,


um crescimento vertiginoso, não só em termos de quantidade, mas também, em divisas
geradas. Em 2005, foi registrado US$ 129,4 milhões; em 2006 alcançou US$ 174,9 milhões; e
em 2007, passou para US$ 244,5 milhões. Em relação a 2006, observa-se que a venda de
45

camarões congelados ao exterior aumentou em US$ 69,6 milhões, respondendo por mais da
metade (57,2%) das exportações do setor.

300.000

250.000

200.000
US$

150.000

100.000

50.000

2006 2007

Camarões congelados
Lagosta congelada
Outs.Peixes Frescos, Refrig.Exc.Files, Outs.Carnes
Outs.Peixes Congelados, Exc.Files, Outs.Carnes,Etc.
Extratos e Sucos, de Carnes, de Peixes, de Crustáceos, Etc.
Prep/Conservas, de Atuns, Inteiros, ou em Pedaç.
Outs.Tipos de Pescados

Figura 13 - Principais Produtos exportados, 2006 - 2007.


Fonte: SECEX/IBAMA, 2008.

Em se tratando dos demais produtos, não se observaram mudanças expressivas, a não


ser o caso da lagosta que teve sua participação diminuída em 5% aproximadamente, conforme
a Figura 13. O principal destaque vai para os camarões congelados que, em 2006, detinham
44,7% (89.352 t) e, em 2007, atingiram 52,3% (116.348,5t), em função do crescimento
vertiginoso da produção oriunda da carcinicultura.

A Figura 14 demonstra os principais Estados exportadores de pescado, com destaque


para o Ceará como principal estado exportador, sendo responsável por 26,3% (US$ 112,5
milhões) das exportações globais do setor pesqueiro. O volume representa 33% da produção
total do estado perfazendo 65.355,5 toneladas.
46

120.000

100.000

80.000
US$

60.000

40.000

20.000

2006 2007

CEARÁ RIO GRANDE DO NORTE


PERNAMBUCO PARÁ
SANTA CATARINA
BAHIA
SÃO PAULO PARAÍBA
RIO GRANDE DO SUL OUTROS ESTADOS

Figura 14 - Principais Estados exportadores de pescados, 2006 – 2007


Fonte: IBAMA, 2008.

Nas exportações o Rio Grande do Norte, assim como em 2005, em 2007, teve um
crescimento considerável, não só em termos de quantidade (40%), como também em valores
(31,4%). As vendas ao exterior representaram 41,8% da produção estadual pesqueira
(56.231,5t). Analisou-se, ainda, que entre os nove principais estados exportadores, cinco são
da região Nordeste, responsáveis por 69,2% das exportações totais de pescado. Quanto aos
demais estados, operou-se alguma alteração em suas participações no ano de 2007, sem,
contudo, alterar o desempenho das exportações em suas respectivas Unidades, com exceção da
Bahia, que assumiu a quinta posição e teve suas vendas ao exterior aumentadas em US$ 3,5
milhões.

Na Tabela 1, cabe consignar que, da listagem arrolada, doze empresas estão ligadas
exclusivamente a carcinicultura. Destaca-se, também, que das 23 empresas que exportaram
igual ou acima de cinco milhões de dólares, quase a totalidade (20) estão localizadas no
Nordeste brasileiro. Observou-se que a empresa EMPAF – Empresa de Armazenagem
47

Frigorífica Ltda – primeira no ranking desde 2003, vem aumentando sua participação no
mercado exportador. De fato, em 2007, foi responsável por 11% das vendas brasileiras de
pescado ao exterior.

Tabela 1- Principais empresas exportadoras de produtos pesqueiros, 2007.


Empresa Municípios UF (t) US$
Camanor Produtos Marinhos Ltda CANGUARETAMA RN 2.791 102.378
EMPAF – Empresa de Armazenagem Frigorífica RECIFE PE 8.056 45.258
Compescal Com. de Pescado Aracatiense Ltda FORTIM CE 5.776 27.248
Pesqueira Maguary Ltda CAMOCIM CE 3.092 20.833
Norte Pesca S/A NATAL RN 4.186 12.573
Cina Cia Nordeste de Aqüicultura e Alimentação FORTALEZA CE 3.431 12.108
Bramex – Brasil Mercantil S/A GOIANIA PE 3.488 11.777
Potipora Aqualcultura Ltda PENDENCIAS RN 2.506 10.829
Lusomar Maricultura Ltda JANDAIRA BA 2.757 9.376
Valença da Bahia Maricultura S/A VALENCA BA 2.291 9.208
MM Monteiro Pesca e Exportação Ltda FORTALEZA CE 1.799 9.187
Qualimar Com. Importação e Export. Ltda RECIFE PE 494 8.155
Marine – Maricultura do Nordeste S/A CANGUARETAMA RN 2.034 7.786
Cida-Central de Ind. e Distribuição de Alimentos NATAL RN 2.049 7.781
Compex Indústria e Com. de Pesca e Exportação FORTALEZA CE 1.100 7.651
SM Pescados Indústria, Com. e Exp. Ltda FORTALEZA CE 1.577 7.650
Potiguar Alimentos do Mar Ltda NATAL RN 2.337 7.065
Aquática Maricultura do Brasil Ltda PORTO DO MANGUE RN 1.930 7.045
Amazonas Industriais Alimentícias – AMASA BELÉM PA 835 6.958
Pará Alimentos do Mar Ltda BELÉM PA 1.384 6.246
Mucuripe Pesca Ltda NATAL RN 1.368 5.989
Campasa Camarões do Pará S/A CURUÇÁ PA 2.196 5.635
Acarau Pesca Distrib. De Pescado Imp. e Exp ACARAÚ CE 928 5.223
Outras Empresas Exportadoras - - 49.298 57.756
Total Geral 107.703 411.715
Fonte: IBAMA, 2008.

4.4 CARCINICULTURA

Segundo Madrid (2004), no contexto do agronegócio mundial existem poucas


atividades que têm alcançado nos últimos vinte anos, principalmente a partir da década de
1980, taxas de crescimento tão elevadas como as do cultivo do camarão marinho.Uma das
principais causas desse alto índice de crescimento, de um certo modo, cabe aos progressos
tecnológicos e à elevada demanda do mercado, principalmente na União Européia, Estados
Unidos e Japão. Por outro ângulo, a diminuição da velocidade de crescimento da produção de
camarão oriundo da pesca extrativa.
Uma das fontes que tem contribuído positivamente para o aumento acelerado desta
atividade é o apoio que os Governos têm proporcionado, muitas vezes conseguindo
financiamentos internacionais, visando à obtenção de um produto com potencial para a
48

geração de divisas e/ou elaborando Planos e Programas de apoio ao desenvolvimento


(MADRID, 2004).
De acordo com Aragão (2007), no ano de 2006, havia 1,7 milhões de hectares de
viveiros em produção em mais de 50 países, e a produção total de camarão superou a cifra de
1,6 milhões de toneladas. Assim, a produção de camarão de cultivo apresentou um crescimento
de 29% em relação a 2001, contribuindo com 34% da produção mundial total de camarão que
atingiu 4,65 milhões de toneladas. Com destaque para a espécie Tigre asiático, Penaeus
monodom, (Fabricius, 1798) respondendo por 53% da produção total de cultivo, enquanto os
camarões brancos, por 35%.
Para Barbieri Jr. & Neto (2001), as primeiras experiências com o cultivo do camarão
marinho no Brasil ocorreram na década de 70, inicialmente com espécies nativas e,
posteriormente, com espécies exóticas. A princípio estes esforços não resultaram em uma
atividade comercialmente rentável e, somente no início dos anos 90, com a introdução do
camarão Litopenaeus vannamei, espécie exótica que originalmente se distribui do leste do
Pacífico, de Sonora (México) até Tumbes, no norte do Peru, com grande rusticidade é que foi
possível a obtenção dos melhores índices zootécnicos alcançados. E Aragão (2007)
complementa, ainda, que a excelente capacidade de adaptação dessa espécie às mais variadas
condições de cultivo possibilitaram a atividade se desenvolver de forma acelerada,
especialmente na região Nordeste, (ARAGÃO, 2007).
O Sudoeste da Ásia é responsável pela maior produção de camarão de cultivo; onde a
produção total superou a casa de 1,2 milhões de toneladas em 2007, conforme apresentado na
Tabela 2. Nessa região são utilizados, em sua maioria, sistemas intensivos em pequenas
fazendas com áreas inferiores a 20 ha. A China e a Tailândia são os líderes mundiais da
produção de camarão de cultivo, com 270 e 280 mil toneladas respectivamente, em 2007. Uma
grande parte destes produtos é destinada, principalmente, aos mercados americano e japonês.
São destacados, ainda, como importantes produtores mundiais, o Vietnã, Índia, Indonésia e
Bangladesh (ARAGÃO, 2007).

Tabela 2 - Produção mundial da carcinicultura e participação brasileira no ano de 2006 e 2007.


Principais 2006 2007
Países
produtores Produtividade Produtividade
Produção (t) Área (ha) (Kg/ha/ano) Produção (t) Área (ha) (Kg/ha/ano)
China 337.000 243.600 1.383 370.000 257.000 1.440
Tailândia 250.000 64.000 3.906 280.000 64.000 4.375
Vietnã 195.000 480.000 406 220.000 500.000 440
Indonésia 164.000 200.000 820 168.000 200.000 840
49

Índia 145.000 186.000 780 160.000 195.000 821


Brasil 60.128 11.016 5.458 90.190 14.824 6.084
Equador 64.875 125.000 519 81.000 130.900 619
Bangladesh 63.164 144.020 438 60.000 145.000 414
México 28.250 26.000 1.087 38.000 27.500 1.382
Malásia 20.000 20.500 976 21.000 20.900 1.005
Outros 127.829 141.782 902 141.810 146.466 968
TOTAL 1.455.246 1.642.100 886 1.630.000 1.701.590 958
Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC, 2008.

Nas Américas, o Brasil em 2007, manteve a liderança com 90,2 mil toneladas, ficando
o Equador em segundo lugar, com 81 mil toneladas e, depois, o México com 38 mil toneladas.
Destaca-se a grande vantagem comparativa do Brasil em termos de produtividade (6.084
kg/ha/ano), que é quase nove vezes a produtividade média mundial (958 kg/ha/ano)
(ARAGÃO, 2007).

A participação relativa da produção do pescado no período de 1999 a 2007 apresentou


um comportamento de declínio para a pesca extrativa do camarão, registrando em 2003 uma
participação de 27,4 %, contra 95,3% em 1999.
50

PESCA EXTRATIVA (t) CARCINICULTURA (t) TOTAL (t)

140.000

120.000

100.000
PRODUÇÃO (t)

80.000

60.000

40.000

20.000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Figura 15 - Produção da pesca extrativa do camarão e da carcinicultura marinha no Brasil,


1999 – 2007.
Fonte: IBAMA, 2008.

Enquanto isso, a carcinicultura apresentou um comportamento de crescimento ao


longo de todo período, registrando, em 2007, uma participação de 72,6 %, contra 4,7 %, em
1999, conforme observado na figura 15.

Quanto às perspectivas comparativas do decréscimo na produção da carcinicultura no


período de 2006 e 2007, em relação à participação no número de fazendas, houve um aumento
de 905 fazendas, em 2006, para 997, em 2007, enquanto, em termos da área dos viveiros,
houve um aumento 1.774 kg/ha/ano neste mesmo período.Ressalta-se a análise em termos da
51

queda na produção, que o mercado europeu está concentrado em dois países, Espanha e
França, embora a Itália venha apresentando incrementos nas suas importações.

Nº de fazendas Área (ha) Produção (t)


100.000
90.190
90.000
75.904
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
16.598
20.000 14.824

10.000 905 997


0 2006 2007

Figura 16 - Dados Comparativos da Carcinicultura Brasileira em 2006 e 2007.


Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC, 2008.

Note-se ainda que os mercados, nestes países, são muito influenciados pela oferta do
camarão vermelho capturado na Argentina, cuja produção oscila muito de ano para ano. Nos
anos em que a oferta deste camarão é grande, a tendência é de queda na produção e nos preços
do camarão marinho de cultivo, conforme demonstra a Figura 16. (ARAGÃO, 2007).

Na tabela 4, pode-se observar o desdobramento desses números pelas Unidades


Federativas, no ano de 2007; observa-se que o estado do Rio Grande do Norte lidera, em
número de produtores, a área de viveiros e o volume produzido, seguido pelo Ceará.
52

Posteriormente, por ordem de importância produtiva, aparecem os estados da Bahia,


Pernambuco, Paraíba, Piauí e Santa Catarina.

Tabela 4 - Quadro geral da Carcinicultura Brasileira por Estado em 2007.


Número de Área Produção Produtividade
Estado Produtores % (ha) % (t) % (Kg/há/ano)
RN 381 38,2 6.281 37,8 30.807 40,6 4.905
CE 191 19,2 3.804 22,9 19.405 25,6 5.101
BA 51 5,1 1.850 11,1 7.577 10 4.096
PE 98 9,8 1.108 6,7 4.531 6 4.089
PB 68 6,8 630 3,8 2.963 3,9 4.703
PI 16 1,6 751 4,5 2.541 3,3 3.383
SC 95 9,5 1.361 8,2 4.267 5,6 3.135
SE 69 6,9 514 3,1 2.543 3,4 4.947
MA 7 0,7 85 0,5 226 0,3 2.659
PR 1 0,1 49 0,3 310 0,4 6.327
Es 12 1,2 103 0,6 370 0,5 3.592
PA 5 0,5 38 0,2 242 0,3 6.368
AL 2 0,2 16 0,1 102 0,1 6.375
RS 1 0,1 8 0 20 0 2.500
TOTAL 997 100,0 16.598 100,0 75.904 100,0 4.573
Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Camarão - ABCC, 2008.

4.5 A CADEIA PRODUTIVA DA CARCINICULTURA DO L VANNAMEI NO ESTADO


DO PARÁ
53

O Estado do Pará, pela riqueza estuarina em seu litoral, vem desenvolvendo


paulatinamente, em algumas fazendas, a cadeia produtiva do camarão L.vannamei e, apesar de
ser uma atividade incipiente na região, vem despertando interesse em alguns pequenos
produtores do agronegócio paraense.

Matrizes Rações e
Artemias
Matrizes importadas
ou coletadas em
ambiente natural

Larvicultura

Pós-Larvas
Matrizes

Pesca

Engorda

Camarões adultos
Camarões
adultos

Processamento

Congelados, Resfriados e
Pré-processados

Mercado Mercado
Internacional Doméstico

Figura 18 – Representação esquemática da cadeia produtiva da carcinicultura marinha.


Fonte: (CADEIA produtiva..., 2003)

O processo produtivo se inicia com a primeira etapa que é a larvicultura em


laboratórios no Nordeste, onde se dá a reprodução da espécie a partir do cruzamento das
matrizes e dos reprodutores, para posterior ovulação. Após esse período, existem alguns
54

estágios em que os náuplios eclodem dos ovos, utilizando antenas como forma de
movimentação; a seguir, passam por um segundo período se transformando em protozoéa e se
alimentando de algas unicelulares; depois dessa fase passam para o estágio mísis, quando a
carapaça passa a recobrir todo o tórax, alimentando-se de fito plâncton – nessa etapa eles
crescem um pouco mais –; e, finalmente, a fase larval termina e o camarão é considerado uma
pós-larva (PL’s) (BARBIERI JR & OSTRENSKY NETO, 2001).
Enfatiza-se que o camarão proveniente da pesca extrativa pode ser enviado para
processamento e distribuído para o mercado externo e interno, assim como pode não ser
processado e comercializado diretamente no mercado interno.
Com a chegada dos pós-larvas nas fazendas, é feito o povoamento dos mesmos,
entrando, assim, o período de engorda da espécie para posterior despesca, ou seja, a retirada
total do camarão para o processamento. Nesse ponto, são levados às empresas para serem
congelados, refinados e pré-processados, sendo, a seguir, distribuídos para o mercado externo
e interno (ORMOND et al, 2004).

Através de dados coletados no setor aquicultor do Estado do Pará e inserindo-os no


contexto das cinco forças competitivas, destaca-se a fase atual da carcinicultura no mercado
paraense.
55

1ª FORÇA

ENTRANTES POTENCIAIS
1º Fazenda Camasa
2º Fazenda Camalta

5ª FORÇA 2ª FORÇA 4ª FORÇA

FORNECEDORES CONCORRENTES COMPRADORES


EXISTENTES
1º Pós-larva: Aquanorte 1º Fazenda São Paulo 1º Pesqueira Maguary
2º Ração: Purina 2º Fazenda Nsa. de 2º Amazon Catfish
Fátima 3º Campasa
3º Fazenda Campasa

3ª FORÇA

SUBSTITUTOS

1º Farfantepenaeus
subtilis
(Camarão rosa)

Figura 19 – As cinco forças competitivas de mercado no contexto do Estado do Pará.


Fonte: Porter, 1986. (Adaptado pelo Autor).

4.6. PRIMEIRA FORÇA: ENTRANTES POTENCIAIS

Como discutido anteriormente no referencial teórico, os entrantes potenciais são


aqueles que estão aptos a aproveitarem uma oportunidade de negócio No caso específico desta
56

pesquisa, os empreendimentos aqui mencionados são entrantes no setor da carcinicultura


paraense.
Existem duas fazendas dentro desse potencial entrante no Estado do Pará:

4.6.1 Fazenda Camalta

A propriedade CAMALTA – Camarões Terra Alta S/A – , foi fundada em 1992 e


com duas atividades no setor carcinicultor: as espécies Gigante da Malásia, Macrobrachium
rosembergui (De Man, 1979) e Litopenaeus vannamei; e na piscicultura com ênfase nas
espécies Tambaqui, Colosoma macropomum (Cuvier, 1818), Pirarucu, Arapaima gigas
(Schinz, 1822) e Tucunaré, Cichla monoculus (Spix & Agassiz, 1831).
É localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Salinópolis, na
microrregião do Salgado. A fazenda opera na carcinicultura do Litopenaeus vannamei com 08
viveiros em 03 hectares de terra, e seu abastecimento é através de bombeamento, não
possuindo equipamento aerador para oxigenação dos pós-larvas. Os ciclos produtivos que
ocorreram do L.vannamei foram todos vendidos diretamente ao consumidor final como
restaurantes, supermercados e lojas especializadas em camarões congelados.

4.6.2 Fazenda Camasa

A propriedade CAMASA – Camarões Atalaia S/A–, é localizada na mesorregião do


nordeste paraense, no município de Salinópolis. Não foram encontrados registros da fazenda
no Sindicato dos Aquicultores do Estado do Pará, assim como o proprietário não foi localizado
para entrevista.

4.7.SEGUNDA FORÇA: CONCORRENTES EXISTENTES

São os empreendimentos que já estão atuando no setor aquicultor em um determinado


período no mercado paraense.
57

Existem três concorrentes estabelecidos no mercado que são:

4.7.1 Fazenda Nossa Senhora de Fátima

Foi fundada em 2003, com operação de atividade carcinocultora da espécie


Litopenaeus vannamei e utilizada como base deste trabalho de pesquisa.
Localizada na mesorregião do nordeste paraense; a cidade de Curuçá junto com
Colares, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Salinópolis, São Caetano de Odivelas, São
João de Pirabas e Vigia formam a microrregião do Salgado. A fazenda encontra-se em Curuçá,
a 4.5 km do ramal da Vila de Caratateua no Estado do Pará. Ela dista do centro de Belém 160
km, através da rodovia PA – 36, totalmente pavimentada. E, a partir da cidade de Curuçá
percorre-se 30 km de estrada de chão até a Vila de Caratateua; a partir daí, são mais 1,5 km até
a propriedade, com Latitude 00º 40′ 411” e Longitude 047º46′449”.
A fazenda de cultivo tem, como manancial para abastecimento dos viveiros, o Rio
Ingaí, ao norte da propriedade, e o Rio Grande, ao sul, os quais estão em comunicação com o
oceano atlântico, tendo, portanto, disponibilidade constante de água para o necessário
programa de bombeamento. Possui 02 viveiros em 02 hectares de terra.

a) Descrição da área de influência do empreendimento:

O clima é tropical úmido, a umidade média anual é de 80% e os ventos são acentuados
no verão, direção predominante do quadrante nordeste. A temperatura média anual fica em
torno de 27,7ºC, variando ao longo de 26 (8º C a 28,0º C). A temperatura média das máximas
varia de 30º C a 32, 1ºC, e a média máxima anual de 31,7ºC. A temperatura mínima média
anual de 25,2ºC e a média das mínimas oscilam de 24,1ºC a 26,0ºC; portanto, o clima é
caracterizado como litorâneo quente e tropical.
A salinidade da água, medida ao longo de dois anos, demonstra ser oligohalina, ou
seja, nem totalmente doce, nem totalmente salgada, mas sim salobre.

b) Descrição ambiental da área


58

A cobertura da área estudada é constituída de floresta tropical úmida, vegetação


litorânea de mangue e vegetação de restinga. Em grande parte da região, a floresta primitiva
foi retirada para exploração da agricultura itinerante.
O manguezal é um criadouro natural e abrigo de diversas espécies de peixes,
camarões, caranguejos, teredos (denominados de turus na região) e outros. É responsável,
também, pela existência de bancos de crustáceos, retendo e exportando nutrientes para o mar
aberto, onde os camarões são capturados. As águas oceânicas e estuarinas abrigam recursos do
mar e rios.
Os estuários caracterizam-se como sendo o sistema ideal para o cultivo dos crustáceos,
pois é genericamente definido como o local onde os rios deságuam nos oceanos. Assim,
constituem-se em uma zona de transição, sujeita a mudanças rápidas em suas características
hidrológicas, agindo como fator importante na manutenção do nível da água nos viveiros de
cultivo, e deverão estar localizados em área de fácil captação de água.

c) Avaliação de Impacto ambiental

A problemática ambiental é de múltiplo interesse, e dela participam diferentes idéias, e


há sobre elas, conceitos em esferas distintas para que o desenvolvimento sustentável ocorra
sem os problemas causados por impactos ambientais, é necessário tomar antecipadas
precauções na abertura de um empreendimento inserido em uma biota5 diversificada.

Logo, a área de influência do empreendimento Nossa Senhora de Fátima é objeto de


várias sansões legais para seu funcionamento através das esferas municipal, estadual e federal,
que são relacionadas abaixo:

- Resolução do CONAMA 001 de 23/01/86 – Estabelece e define diretrizes e critérios


para o uso de avaliação de impactos ambientais.

- Resolução do CONAMA 002 de 23/01/86 – Classifica as águas doces, salobras e


salinas em nove classes, de acordo com seus múltiplos.

- Portaria Normativa do IBAMA Nº. 1 de 04/01/90 – Institui a exigência de


fornecimento de licença ambiental e os custos operacionais referentes à análise de projetos.

5
Biota: Todas as espécies de plantas e animais que vivem em uma determinada área.
59

- Lei Nº. 7.803 de 18/07/89 – Altera a redação da Lei Nº. 4.771 de 15/09/65, e cujo
novo enunciado dispõe sobre a largura mínima da faixa marginal dos cursos d’água e sobre a
reserva legal.

d) Ciclo produtivo da carcinicultura

O primeiro ciclo produtivo da Fazenda Nossa Senhora de Fátima ocorreu de


novembro de 2003 a junho de 2004, seguindo as seguintes etapas:

 Viveiros

A área ideal escolhida para a implantação dos viveiros foi próxima a estuários,
conforme a Figura 20, genericamente definida, como sendo o local onde os rios deságuam nos
oceanos, constituindo-se uma zona de transição, sujeita a mudanças rápidas nas suas
características hidrológicas. Um fator determinante para a escolha deste local foi o
conhecimento da amplitude e das variações de marés (fluxo e refluxo), tornando-se muito
importante para a manutenção dos viveiros, pois será de fácil captação da água estuarina.

Tabela 6 - Estimativa do ciclo produtivo/ano nos viveiros de engorda.


Área Densidade Tempo Qtd de Qtde Sobrevivência Qtd. Peso
Total Estocage de ciclos/ano Estocada estimada Retirada/ciclo médio
(ha) m cultivo /ciclo final
02 40 PL’s 110 dias 01 800.000 65% 520.000 14 g
10 m² Pl/10 camarões
Fonte: Dados de Pesquisa
Nota: Pl´s = pós-larva

O tipo de solo dos viveiros apresenta graus de salinidade, alcalinidade e/ou matéria
orgânica, apresentando características argiloso-arenoso, e foram totalmente limpos de
vegetação, tocos e raízes para que o cultivo dos camarões seja técnico-economicamente viável.
60

Figura 20 – Viveiros da Fazenda Nossa Senhora de Fátima – Curuçá/PA


Fonte: Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR/IBAMA, 2007.

 Abastecimento

O tipo de abastecimento de água da Fazenda Nossa Senhora de Fátima ocorre através


de bombeamento feito através de tubos interligados ao estuário.

 Controle de qualidade de água

Essa etapa é de extrema importância para o cultivo do camarão, pois é feita através
do monitoramento diário por um Engenheiro de pesca ou técnico especializado, com leitura da:

- Temperatura: É necessário o monitoramento para que não haja um significativo aumento da


mesma, pois isso influencia diretamente no metabolismo dos camarões, forçando-os a
consumirem mais oxigênio, provocando uma queda nos níveis do referido gás.

- Salinidade: A salinidade para o cultivo do camarão marinho varia de 15% a 35%, e o


L.vannamei está na faixa de salinidade entre 15-25 ppt. O dado importante nesse tipo de
61

monitoramento é o fato de esse crustáceo não se adaptar a salinidades com menos de 1 ppt ou
água doce, pois seu crescimento tende a declinar.

- pH: O pH da água é a medida de sua acidez e o valor ideal está entre 7,2 a 8,2.

- Turbidez: Ou cor da água. Refere-se ao material em suspensão no viveiro, sendo partículas


orgânicas e inorgânicas, como a argila e fitoplânctons6, que dificultam a passagem da luz e
com isto prejudicando a fotossíntese.

- Oxigênio e Gás Carbônico: São monitorados porque são os gases mais importantes em
aqüicultura de viveiros. As concentrações de equilíbrio do oxigênio dissolvido na água
decrescem com o aumento da temperatura e da salinidade. Os camarões podem tolerar
concentração de oxigênio dissolvido por um determinado período, mas tal concentração poderá
causar-lhes estresse, passando com isso a não se alimentarem bem e ficarem sujeitos a
doenças. As concentrações de gás carbônico raramente são altas o suficiente para prejudicar os
camarões, mas longas exposições a concentrações acima de 10mg/l por vários dias devem ser
evitadas.

 Fertilização
A técnica utilizada para o cultivo dos camarões é a de fertilização orgânica ou
inorgânica, de maneira que propicie um bom desenvolvimento para a população fito e
zoobentônica7, servindo de base alimentar para os camarões. Esse método no cultivo é feito
cuidadosamente, sendo necessário uma fertilização inicial e de manutenção através de uréia,
esterco de galinha e esterco de gado.
Após a fertilização inicial, são aguardados de 5 a 25 dias para realizar o povoamento
dos camarões, e o nível d’água deverá estar em torno de 1,0m.
A uréia e os fertilizantes amoniacais são populares e de baixo custo, mas se utilizados
em doses altas, podem causar toxidez por amônia.

 Povoamento
6
Fitoplânctons: Comunidade vegetal microscópica, que flutua livremente nas diversas colunas da água; p. ex. algas verdes,
azuis e diatomáceas (SILVA e SOUZA, 1998).

7
Zoobentônica (zoobenthos): Organismos bentônicos, que vivem no sedimento aquático ou que utilizam outras estruturas
como substrato (SILVA e SOUZA, 1998).
62

Para realização do povoamento dos camarões nos viveiros, é necessária a compra dos
pós-larvas em laboratórios de larvicultura. As informações quanto à salinidade da água dos
viveiros são fornecidas ao laboratório, assim como é realizado um cuidado com a aclimatação
dos pós-larvas durante o povoamento. A temperatura da água dos recipientes em que se
encontram as pós-larvas deve se tornar igual à temperatura da água dos viveiros, misturando-se
aos poucos até o completo povoamento, conforme a Figura 21.

Figura 21 – Povoamento dos viveiros na Fazenda Nossa Senhora de Fátima – Curuçá/PA


Fonte: Dados de pesquisa.

 Biometria e Biomassa
63

Essa etapa é imprescindível para o bom desempenho dos camarões. Há um


acompanhamento semanal do crescimento do camarão após 15 dias do seu povoamento. A
técnica para essa observação é chamada de biometria, que é realizada retirando-se várias
amostras de camarão com tarrafas, cuja malha é de 5mm a 10mm, e depende do tamanho em
que o camarão se encontra. Logo em seguida, serão tomadas as medidas de tamanho e peso
dos camarões. Também é necessário o levantamento populacional, geralmente feito à noite,
quando se dão vários lances de tarrafas em volta do viveiro, contando-se o número de
camarões em cada lance e dividindo-os pelo número de tarrafadas efetuadas.Com isso,
conhece-se a densidade populacional do viveiro.

 Renovação da água

A renovação da água somente é feita por razões específicas como: descarregar o


excesso de nutrientes e plâncton; redução da salinidade; ou para reduzir a concentração de
amônia. Não devem ser esquecidos, ainda, os cuidados adequados para não elevar as despesas
com bombeamento.

 Uso de ração

A oferta da ração utilizada na alimentação complementar do camarão varia de acordo


com a espécie, podendo ser de 2 a 4 vezes ao dia. No caso do L.vannamei, são utilizadas 3
vezes ao dia. A quantidade da ração está relacionada diretamente com a biomassa de camarão,
ou seja, número de camarão x peso. A distribuição dessa ração é feita através do arraçoamento
em bandejas no viveiro, e a taxa ou peso da ração durante esse período se faz utilizando um
valor que varia de 25% na primeira semana de alimentação até 3% ao final do cultivo, quando
o peso da ração ofertado no cultivo fica em torno de 2:1, ou seja, 2kg de ração para 1 kg de
camarão.

Na Figura 22, o incremento biométrico (tamanho) do camarão é diretamente


proporcional ao volume de ração e inversamente proporcional à densidade.
64

gr

PL’S RAÇÃO
(2 ha) (gramas)

14

12

2 ha
Figura 22 – Ilustração esquemática da alimentação do camarão cultivado.
Fonte: Dados de Pesquisa

As PL’s (pós-larvas) se mantem a partir do camarão com 3 gr até atingirem a


maturidade com 14 gr, povoando apenas 2 hectares de terra. Na pirâmide inversa de rações,
quando as pós-larvas estão ainda na fase inicial de engorda, pesando apenas 3 gr, são utilizadas
quantidades pequenas de ração cujo teor protéico chega a 35% fornecida através de bandejas
colocadas no fundo dos viveiros. Com o incremento em tamanho e povoando com densidade
de 50 camarões/m² na mesma quantidade de hectares, a ração tende sempre a aumentar e o
espaço físico a ficar pequeno em decorrência do constante aumento do tamanho do camarão.

 Aeração
65

Esse tipo de técnica tem a função de aumentar a taxa de oxigênio na água dos
viveiros e são utilizados equipamentos aeradores, movidos à energia elétrica com a finalidade
de prevenir a mortandade do camarão quando ocorre falta de oxigênio. O horário mais comum
para aeração é entre meia noite e o amanhecer quando as concentrações de oxigênio dissolvido
são mais baixas.

 Tempo de cultivo

O cultivo do camarão depende muito do mercado ao qual ele irá se direcionar, dentro
de 90 a 110 dias o camarão atinge aproximadamente 12g e está pronto para comercialização
com preferência para os E.U.A. Quando se utilizam mais de 150 dias, ou 6 a 7 meses, o
camarão pesa em torno de 20g e a preferência é Européia. Como dado de pesquisa, analisamos
o ciclo produtivo da fazenda, no período de novembro de 2006 a junho de 2007, com destino
para o mercado europeu; o ciclo produtivo seguinte foi de 90 dias e supriu o mercado interno.

 Produção/ Produtividade:

Tabela 7 – Dados comparativos da carcinicultura na Fazenda N.Sa. de Fátima.


2006 2007
Número Área Produção Produtividade Número Área Produção Produtividade
Viveiros (ha) (t) Viveiros (ha) (t)
02 02 11,5 t 5.75 t/ha 02 02 7.2 t 3.6 t/ha
Fonte: Dados de pesquisa

A fazenda Nossa Senhora de Fátima, no ano de 2006, produziu 11,5 toneladas de


camarão cultivado, em um total de 02 hectares de terra com 02 viveiros. Sua produção total foi
vendida para a empresa Pesqueira Maguary. O camarão de 19 g obteve um preço de US$
4.85/kg e o método empregado na negociação foi de contrato firmado entre as partes no início
do ciclo produtivo e finalizado na despesca da produção total com destino ao mercado
internacional.
No ano de 2007, a fazenda produziu 7,2 toneladas de camarão marinho e negociou
essa produção processada na forma de pré - cozido/salgado para o mercado interno, por um
preço de R$ 23,00/kg.
66

Os custos dos insumos imprescindíveis à iniciação do ciclo produtivo, que provêm


dos fornecedores, obtiveram o seguinte percentual no ano de 2006: 6.80% para as PL’s e
41,16% para a ração, perfazendo um total de 47,96% da produção total. E, no ano de 2005, os
custos com as PL’s foram em torno de 6,80% e a ração em 45,5%, totalizando 52,3%.

 Despesca

A despesca é a etapa final do cultivo. Nesse ponto o cuidado com o produto é


redobrado, para que chegue ao mercado e ao consumidor final com um bom aspecto. Esse
método é realizado geralmente à noite quando a atividade dos camarões é mais intensa e as
temperaturas são mais amenas. A Figura 23 mostra essa fase.

Figura 23 – Despesca no período noturno na Fazenda N.Sa. de Fátima.


Fonte: Dados de pesquisa.
Utiliza-se uma rede para despesca (retirada do camarão) do viveiro; logo após, são
colocados em containeres de fibra de vidro com água e gelo, sofrendo assim um choque
térmico; em seguida, são expostos em uma bancada para que seja feita a seleção quanto ao
67

tamanho, depois acondicionados em basquetas com gelo, e enviados finalmente para


comercialização nas empresas processadoras.

4.7.2 Fazenda São Paulo

Foi fundada na década de 80 pela família Okagima, assessorada pelo Dr. Fernando da
Cruz Flambot, passando, em 2000, para outro proprietário, que manteve todas as técnicas de
cultivo anteriores.
Localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Curuçá, na
localidade de Curuperé, na microrregião do salgado no Estado do Pará, conta com 05 viveiros
em 15,8 hectares de terra.

a) Ciclo Produtivo:

Mantém o mesmo ciclo produtivo descrito pela fazenda Nossa Senhora de Fátima,
com exceção do abastecimento de água para os viveiros que são feitos de maneira natural, ou
seja, realizado através do fluxo e refluxo de maré.

b) Produção / Produtividade:

Tabela 8 – Dados comparativos da carcinicultura na Fazenda São Paulo.


2006 2007
Número Área Produção Produtividade Número Área Produção Produtividade
Viveiros (ha) (t) Viveiros (ha) (t)
05 13 65 t 5 t/ha 05 15,8 79 t 5 t/ha
Fonte: Dados de pesquisa

A fazenda São Paulo, no ano de 2006, produziu 65 toneladas de camarão cultivado,


em um total de 13 hectares com 05 viveiros. Sua produção total foi vendida para a empresa
Pesqueira Maguary, e o camarão de 12 g obteve um preço de R$ 8,00/kg. O método
empregado na negociação foi de contrato firmado entre as partes no início do ciclo produtivo e
finalizada na despesca ou retirada da produção total.
No ano de 2007, para um total de área de 15,8 hectares, com uma produção de 79
toneladas, foi firmado contrato, negociado antes do ciclo produtivo, com as empresas Amazon
68

Catfish e Campasa. Ambas negociaram o camarão marinho de 12 g por um preço de R$


6,50/kg.
Os insumos PL`S (pós-larvas) e a ração obtiveram um custo de 60%, em 2005, na
produção total da Fazenda São Paulo.

4.7.3 Fazenda Campasa

A propriedade CAMPASA – Camarões do Pará S/A –, foi fundada em 1975 e foi a


pioneira no cultivo de camarões no Estado do Pará. A família Flambot implantou inicialmente
todas as técnicas de cultivo e utilizou várias espécies de camarão como experiência; porém, de
todos, o que mais se adaptou ao cativeiro, do ano de 1996 em diante, foi a espécie de camarão
Litopenaeus vannamei.
Localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Curuçá, na
microrregião do salgado no Estado do Pará, conta com 21 viveiros distribuídos em 19,8
hectares de terra.

a) Ciclo Produtivo:

Mantém o mesmo ciclo produtivo descrito pela fazenda Nossa Senhora de Fátima.

b) Produção / Produtividade:

Tabela 9 – Dados da carcinicultura na Fazenda Campasa em 2006.


2006
Número Área Produção Produtividade
Viveiros (ha) (t)
21 19,8 86 t 5 t/ha
Fonte: Dados de pesquisa
A produção total de 86 toneladas do camarão cultivado L.vannamei no ano de 2006 foi
exportada para a União Européia, especificamente para a França.
Nos anos anteriores, mantinha comércio também com os Estados Unidos, porém
devido aos problemas de “Dumping” que alegava o referido país contra o Brasil, afetando os
carcinicultores como um todo, com pesadas sobretaxas, a fazenda optou pela permuta ao
comércio de seu produto com a União Européia.
69

No ano de 2005, não houve ciclos produtivos do camarão marinho.

4.8 TERCEIRA FORÇA: PRODUTOS SUBSTITUTOS

Os produtos substitutos são aqueles que podem vir a tornar obsoletos os produtos
vigentes em um mercado competitivo.

Uma das espécies que aponta como de maior viabilidade técnica e econômica para a
Região Norte do Brasil como provável coadjuvante substituto à espécie Litopenaues vannamei,
é o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis), espécie nativa da costa brasileira e que ocorre ao
longo da costa atlântica das Américas Central e do Sul; de Cuba a Cabo Frio, Rio de Janeiro, o
camarão-rosa é geralmente encontrado a profundidades que variam de 1 a 192 metros.
Os principais aspectos que têm levado a espécie do F. subtilis aos experimentos é
devido ser uma espécie nativa da região, de onde poderão ser retirados seus reprodutores sem
haver problemas de consangüinidade como é o caso do L. vannamei. Ao longo dos anos
bancos de reprodutores desta, vêm perdendo suas aptidões, já que a dependência contínua de
animais mantidos em viveiros por muitas gerações leva à consangüinidade, por ser uma
espécie exótica, levando, com o decorrer do tempo, em perda gradual das características
genéticas originais da espécie (MAIA, 2003).
Outro aspecto ligado à espécie que merece atenção diz respeito aos preços do
Litopenaeus .vannamei nos mercados internacionais, os quais têm estado sob pressão devido às
grandes produções provenientes dos países asiáticos, e também a um imenso jogo de
informações contraditórias, praticado pelos países importadores. Em contrapartida, os preços
para o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) e o Farfantpenaeus brasiliensis,(Latreille,
1817), tem sido mais altos, se comparados aos preços do camarão L. vannamei.
Em busca de respostas aos diversos questionamentos sobre a viabilidade comercial do
F. subtilis, um experimento de cultivo intensivo foi idealizado e desenvolvido na estação
experimental da Fazenda Compescal, localizada em Aracati – CE. Para tanto, quatro viveiros
de terra foram previamente preparados para garantirem o adequado suprimento alimentar
natural, à base de organismos vegetais e animais.
Os animais permaneceram nos primeiros 15 dias, em tanques berçários, antes de serem
estocados nos viveiros de terra. Nesse período, foram alimentados com biomassa de artêmia 8 e
8
Artêmia: Pequeno crustáceo desprovido de esqueleto calcário, cosmopolita, utilizados na forma de náuplio e
adulto utilizado no cultivo de camarões, devido ao seu alto valor nutritivo (SILVA & SOUZA, 1998).
70

ração comercial contendo 35% de proteína bruta. Os viveiros foram equipados com aeradores
de palheta.

Tabela 10 – Resultados da engorda experimental do F. subtilis comparados à performance do


L .vannamei na mesma fazenda.
Espécie Semanas de Peso na despesca (g) Taxa de engorda
engorda semanal
L.vannamei 27 11,3 0,4
F.subtilis – Viv. 1 28 12,5 0,5
F.subtilis – Viv. 2 28 12,9 0,5
F.subtilis – Viv. 3 28 12,8 0,5
F.subtilis – Viv. 4 28 12,5 0,5
Fonte: Maia, 2003.

Os camarões foram despescados após 28 semanas de cultivo e os parâmetros de


crescimento, sobrevivência, produtividade e tempo de cultivo foram considerados satisfatórios
quando comparados com a performance do L. vannmaei, nas mesmas condições de alta
estocagem. O período de engorda do F. subtilis variou de 197 a 200 dias. A despeito das
baixas taxas de ganho de peso semanal, os camarões cresceram continuamente durante todo
ciclo de produção. Ao final, as taxas de incremento de peso semanais variaram de 0 a 1,4
gramas, quando comparadas às do L .vannamei, cultivado nos viveiros comerciais da mesma
fazenda e no mesmo período.

De acordo com Maia (2003), os resultados obtidos pela fazenda Compescal foram os
seguintes:
- A atratabilidade das rações comerciais empregadas foi positiva, pois todo alimento
ofertado nas bandejas foi totalmente consumido durante todo o processo de engorda.
- Quanto à adaptação da espécie, às rações, existe a necessidade de melhorias, uma vez
que o crescimento ocorreu linearmente até que os animais atingissem o peso médio de 5 a 6
gramas, decrescendo de modo mais significativo após atingirem 6 a 8 gramas.
- A adaptabilidade da espécie ao sistema de engorda intensiva foi bastante positiva,
indicando a possibilidade concreta da sua cultura em densidades de estocagem semelhantes às
praticadas para L.vannamei.
- As taxas de conversão alimentar foram excessivamente altas em comparação às
obtidas para o L.vannamei. Isso indica a necessidade de estudos específicos sobre as
71

exigências nutricionais de F.subtilis, como fundamentos para a formulação de dietas


adequadas para a espécie, possibilitando a viabilização do seu cultivo em escala industrial.

Figura 24 – Camarão Litopenaeus vannamei


Fonte: Dados de pesquisa.

Figura 25 - Camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis)


Fonte: Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR/IBAMA,
2007.
72

No estado do Pará, está sendo idealizado, através do Centro de Pesquisa e Gestão dos
Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR, um projeto experimental e desenvolvido
inicialmente na estação experimental de Cuiarana, de propriedade da Universidade Federal
Rural da Amazônia – UFRA, localizada no município de Salinópolis/PA, em parceria com a
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Agência de Desenvolvimento da
Amazônia – ADA e Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. O projeto tem como
principal objetivo desenvolver tecnologia ambientalmente sustentável e promover o cultivo da
espécie de camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) na costa Norte do Brasil.
Esse projeto terá duração de 36 meses e suas principais metas são: desenvolver
técnicas de maturação e desova de fêmeas do camarão-rosa em cativeiro; estabelecer
metodologia de cultivo de larvas do F. subtilis; identificar as demandas nutricionais; aprimorar
a alimentação artificial; realizar zoneamento ecológico-econômico; desenvolver tecnologia de
redução de efluentes; e desenvolver alternativas econômicas de cultivo de camarão para
inclusão das populações tradicionais e de pescadores.

a) Biologia:

Os camarões adultos habitam áreas oceânicas, e os juvenis tanto podem ser


encontrados em ambientes estuarinos como oceânicos, preferindo fundos de lama, ou lama
com areia e conchas (MAIA, 2003).

Fêmeas maduras de F. subtilis são encontradas e distribuídas por toda a costa do Norte
e Nordeste do Brasil, verificando-se uma reprodução contínua ao longo do ano, mas com
evidências de dois períodos de maior ocorrência na Região Norte: Fevereiro-Abril e Julho-
Agosto (CINTRA, 2004).

Ainda Cintra (2004) estimou que as fêmeas de camarão rosa, completam a primeira
maturidade gonadal, ou seja, sua maturidade sexual, ao atingirem um comprimento médio total
135,5 mm.
73

O seu processo natural de reprodução ocorre em áreas oceânicas com a migração de


suas formas larvais aos estuários, onde permanecem até atingirem sua forma juvenil, quando
migram novamente para áreas oceânicas.

b) Vantagens da espécie:

A espécie Farfantepenaeus subtilis é tolerante a uma larga faixa de salinidade e se


desenvolve rapidamente sob condições de cultivo, especialmente em baixas densidades de
estocagem, ou sob a presença de alimentos naturais de origem animal.

Mesmo sendo uma alternativa ao L .vannamei, a espécie não tem se adaptado bem às
dietas comerciais disponíveis no Brasil, que foram especificamente formuladas para o L
.vannamei. Embora consumia muito bem estas rações ao longo do seu período de cultivo em
cativeiro, ocorre uma elevação nas taxas de conversão alimentar.

Por outro lado, apesar dos poucos insumos tecnológicos disponíveis para o F. subtilis,
são alentadoras as suas perspectivas econômicas em relação ao L. vannamei. Este apresenta
seus preços de comercialização no exterior fortemente pressionados pelas grandes produções
dos países asiáticos; já os preços para o camarão-rosa têm sido mais altos se comparados ao do
L. vannamei, apresentando uma diferença de 87% em favor daquele.

Em ambiente de cultivo, o período de engorda do F. subtilis variou de 197 a 200 dias


com um peso médio de 12,6 gramas, produtividade de 1.200 Kg/ha/ciclo e taxa de conversão
de 3 : 1, a uma taxa de estocagem de até 15 camarões/m2, segundo Maia (2003).

Diante das perspectivas apresentadas, o Estado do Pará está sendo contemplado com
esse experimento paulatinamente inserido no mercado, incluindo técnicas e metodologias de
cultivo do F. subitilis como alternativa ambientalmente saudável ao desenvolvimento da
atividade de carcinicultura, com intuito de melhorar a produtividade e ter melhores
rendimentos na comercialização do camarão cultivado.

4.9 QUARTA FORÇA: COMPRADORES

Esta força se refere às empresas que negociam a produção total das fazendas e operam
com o processamento do produto para comercialização externa ou interna.
74

Atualmente, existem três empresas atuando nessa linha de mercado no Estado do Pará:

4.9.1 Amazon Catfish Ltda

Empresa do setor pesqueiro, fundada em 2000 no Estado do Pará, fica localizada no


município de Belém, na Rodovia Arthur Bernardes, Km 15, no bairro do Tapanã. Seu ramo de
atividade é a pesca industrial de várias espécies e processamento de pescados em geral,
incluindo o camarão cultivado.
Em 2005, a empresa Amazon Catfish firmou contrato no início do ciclo produtivo
com a fazenda carcinocultora São Paulo, com intuito de adquirir toda produção na despesca da
espécie Litopenaeus vannamei, efetuando pagamento 100% antecipado que cobriram todos os
custos fixos e variáveis da fazenda, e pagando pelo camarão de 12 g o valor fixado em R$
6,50/kg. Após o processamento completo do camarão marinho, seu destino foi à exportação
para Europa. O L. vannamei representou 4,11 % no total da produção da empresa no ano
mencionado.

4.9.2 Pesqueira Maguary

A empresa Pesqueira Maguary foi fundada em 1999 e é uma das maiores empresas da
pesca industrial, situada no Distrito de Icoaraci, em Belém do Pará. Tem o apoio de 60
embarcações próprias, para pesca do camarão, pargo, lagosta e outras espécies de pescados,
que são industrializados no seu próprio parque industrial.
No ano de 2004, a Pesqueira Maguary firmou contrato no início do ciclo produtivo
do L.vannamei com a fazenda carcinocultora São Paulo. A produção total na despesca desta foi
entregue à Pesqueira, e o camarão de 12 g foi fixado em um preço de R$ 8,00/kg. No contrato
foram cobertas as despesas da fazenda com fornecedores de pós-larvas e ração. Com a fazenda
Nossa Senhora de Fátima, no ano de 2004, foi firmado contrato com o mesmo sistema da
fazenda anterior, diferenciando-se apenas no peso do camarão marinho que era de 19 g a um
preço de US$ 4,85/kg.
Essa negociação com as fazendas carcinocultoras, em pauta, representou para a
empresa 0,59 % do total de sua produção de pescados em geral.
75

4.9.3 Campasa – Camarões do Pará S/A

A empresa Campasa foi fundada em 1984, e localiza-se no nordeste do Pará, no


município de Curuçá, em um povoado denominado Abade. Sua produção envolve o pescado,
em geral, proveniente da pesca artesanal.
No ano de 2005, firmou contrato no início do ciclo produtivo do L.vannamei com a
fazenda São Paulo, e o camarão pesando 12 g foi negociado com preço de R$ 6,50/kg.
Ressalta-se que, nos anos anteriores, a empresa Campasa exportava toda produção do
L.vannamei, decorrente de sua própria fazenda denominada Campasa e vendia primeiramente
para os Estados Unidos e Europa. Porém, os E.U.A recorreram à O.M.C (Organização
Mundial do Comércio), alegando que algumas empresas do Nordeste estavam praticando
“Dumping”, ou seja, vendendo abaixo dos preços de mercado. Assim, houve sobretaxas muito
altas que afetaram todo o Brasil na venda do crustáceo aos norte-americanos, logo, a sua
produção subseqüente foi toda escoada para a União Européia.
Essa negociação com a fazenda carcinocultora, no ano de 2005, representou para a
empresa 5 % do total de sua produção de pescados em geral.
De acordo com as empresas de pesca, demonstrado na Figura 26, esse é o processo
que se configura o processamento do camarão cultivado.

HABITAT

CAPTURA E DESPESCA

MANUSEIO

ESTOCAGEM A
BORDO/ACONDICIONAMENTO

TRANSPORTE

DESCARGA

PESAGEM 1

RECEPÇÃO
CÂMARA DE ESPERA
76

DESCONGELAMENTO /
LAVAGEM

RESFRIAMENTO

LAVAGEM

CLASSIFICAÇÃO MECÂNICA

CLASSIFICAÇÃO MANUAL

EMBALAGEM PRIMÁRIA

PESAGEM II

GLAZEAMENTO

EMBALAGEM FINAL

ESTOCAGEM

EXPEDIÇÃO

Figura 26 – Fluxograma operacional do camarão inteiro cultivado e congelado nas empresas


Fonte: Dados de pesquisa

4.10 QUINTA FORÇA: FORNECEDORES

Esta força se refere às empresas que fornecem os insumos para iniciação do ciclo
produtivo da carcinicultura que são as PL`s (pós-larvas) do camarão e a ração para engorda.

a) Pós-larva:

Como fornecedora das PL`s para as fazendas no Estado do Pará, configura-se a


empresa Aquanorte, fundada há dois anos, porém com uma vasta experiência em âmbito
nacional e internacional. É situada em Parnaíba, no Estado do Piauí, e tem como principal
objetivo a produção de pós-larvas de camarão marinho Litopenaeus vannamei, com um
laboratório capaz de gerar 5 milhões de náuplios por dia e uma produção própria de algas para
o cultivo das PL`s. Seu ponto forte está na qualidade do produto que obtém de mortandade dos
pós-larvas em praticamente 0%.
77

O sistema adaptado pela empresa na venda dos pós-larvas é de pagamento antecipado;


no preço final já estão embutidos os valores do frete. Como exemplo de um ciclo produtivo
inicial em uma fazenda no Estado do Pará, é necessário 01 milheiro de PL´s que equivalem, na
Aquanorte, a um total de R$ 6.300,00, embutido o frete. A logística das PL´s é feita através de
transporte rodoviário e dura em torno de 28 a 30 horas para seu destino final em fazendas no
Norte do Brasil.

b) Ração:

Como fornecedora de ração para o período de engorda do camarão destaca-se a


empresa Purina, presente em 12 países e líder mundial, com mais de cem anos de pesquisa e
tecnologia em nutrição animal. Está presente no Brasil desde 1967, e localiza-se em todas as
regiões do País, com 06 fábricas e diversas centrais de distribuição.Sua sede principal está
situada no Estado de São Paulo.
A Purina tem produtos de alta qualidade e tem um programa denominado Camaronina,
uma marca mundial da Purina, que atende às necessidades dos camarões marinhos do ponto de
vista nutricional, assim como ambiental.
A formulação utilizada na ração para o camarão marinho contém como conceito de
aminoácido disponível para organismos aquáticos, o que resulta em alimentos mais digestíveis
e com rápido crescimento e ganho de peso. Do ponto de vista ambiental, é a única empresa de
rações no Brasil membro do GAA (Global Aquaculture Alliance), praticando ações para uma
nutrição ambiental correta.
Seu sistema de vendas é com pagamento 100% antecipado na negociação. Por
exemplo, para um ciclo produtivo inicial, quando são utilizadas três toneladas de ração e com
povoamento de 50 camarões/m², a proteína da ração é de 35%. O valor do saco de 40 kl para
pessoa jurídica fica em torno de R$ 77, 88, perfazendo um total de R$ 6.074,64 para 3 t,
embutido o frete. Enfatiza-se que quando a ração é vendida para pessoa física são embutidos
2,13% do valor total anterior. A logística até às fazendas no Norte do Brasil é feita via
transporte rodoviário e duram em torno de 10 a 15 dias para chegar ao destino final.
78

5 CONCLUSÕES

A partir dos resultados da pesquisa e com base no modelo teórico empregado, foi
possível, como conclusões, identificar os pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as
oportunidades que caracterizam o ambiente de negócios da cadeia produtiva da carcinicultura
do Litopenaeus vannamei no Estado do Pará, sintetizados a seguir:

Pontos fortes:

 Um dos principais pontos fortes que compõem a cadeia produtiva da carcinicultura no


Estado do Pará são as suas condições ecológicas, extremamente propícias à aqüicultura
de um modo geral, por possuir privilegiadas condições existentes, como berçários
naturais para o cultivo do camarão marinho através da riqueza estuarina. Em razão
dessa externalidade natural positiva, deve ser estimulado incentivos à pesquisa e aos
arranjos produtivos da carcinicultura, pois projetam oportunidades econômicas e
sociais para a região, e contribuem ainda para a minimização dos problemas de
79

alimentação da população, que já vem sofrendo com a sobrepesca de várias espécies,


decorrentes da pesca extrativa;
 A espécie de camarão marinho Litopenaeus vannamei alcança índices de produtividade
extremamente favoráveis para o seu cultivo zootécnico, com retornos lucrativos em
curto prazo. O Estado do Pará tem um diferencial positivo na economia em torno de
20% em relação ao Nordeste, por levar vantagens como o tipo de água da região que é
mais propícia e adaptável ao cultivo do crustáceo;
 O camarão marinho, se cultivado adequadamente pode ser produzido em dois ou três
ciclos ao longo do ano, enquanto o camarão decorrente da pesca extrativa tem que se
adequar às Leis federais as quais suspendem sua captura durante o período de defeso.

Pontos fracos:

 Para iniciar-se o primeiro ciclo produtivo de uma fazenda camaroneira, os custos


iniciais empregados com ração, PL’s (pós-larvas) e tecnologia são elevados. Logo, o
empreendimento entrante ou já existente nesse setor deverá obter um bom poder de
negociação com os compradores e fornecedores do produto, para tentar firmar contrato
antecipado de toda sua produção e alcançar uma receita lucrativa;

 Faltam também, na região paraense, incentivos fiscais, linhas de créditos, planos e


programas para os pequenos produtores da carcinicultura marinha, por parte das esferas
competentes, pois a carcinicultura se ressente do “Risco Brasil”, dos juros elevados.
Isso tudo impede o desenvolvimento sustentável desse setor, fazendo-se necessária a
implementação de princípios balizadores de co-responsabilidade, sustentabilidade, co-
participação, competitividade e um enfoque maior ao agronegócio;
 A burocracia e as regras implantadas pelos órgãos competentes para o licenciamento
ambiental e registro dos pequenos produtores da carcinicultura marinha são
extremamente complexos e morosos, constituindo-se como uma barreira inibidora de
novos investimentos no setor;
 A necessidade de diversificação de outras espécies de camarão, como o camarão-rosa
(Farfantepenaeus subtilis), para que se adapte ao ciclo produtivo em cativeiro, como
uma opção regional, pode representar ao carcinicultor o fim da dependência de
produção de uma única espécie.
80

Ameaças:

 A desvalorização cambial e a crise mundial se tornaram uma ameaça aos


incrementos de exportação na atualidade, fazendo com que os preços do
camarão marinho caíssem continuadamente no mercado externo. Isso influencia
direta e negativamente as exportações da espécie;

Oportunidades:

 A problemática da queda nos preços do camarão marinho no mercado externo acabou


causando uma permuta nova e promissora para o mercado interno, onde os produtores
estão conseguindo preços maiores e mais atrativos, negociando sua produção para o
consumidor final, e com isso, propiciando um maior estímulo a novos ciclos produtivos
da espécie de camarão Litopenaeus vannamei.

6 REFERÊNCIAS

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ARAGÃO, J.A.N. Carcinicultura: um momento de reflexão. Brasília: SEAP, 2007.

_____ .O cultivo de camarões no Nordeste do Brasil. Brasília: SEAP, 2004.

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