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Processo Penal

Inquérito Policial
1) Conceito / natureza jurídica:
É o procedimento administrativo que visa apurar a autoria e a materialidade de
determinada infração penal.

2) Presidência do inquérito – 4º, CPP:


a) Policia judiciária – 144, CF;
I) Polícia Federal;
II) Policia Rodoviária Federal; Somente as duas Policias detém

III) Polícia Ferroviária Federal; a função de Policias Judiciárias.

IV) Polícia Civil;


V) Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

b) Autoridade policial:
- Delegado de Polícia.

c) Circunscrição (distritos policiais):


- Limite territorial.
OBS.: não há empecilho para que um delegado pratique atos na
circunscrição de outro (fora de seu limite territorial), dispensando a
carta precatória e a requisição.

3) Investigações extrapoliciais – art. 4º, parágrafo único:


Exemplos:
- C.P.I – Inquérito Civil (ação civil pública);
- Inquérito Policial Militar;
- Poder Judiciário investigar seus membros;
- MP investigar seus membros.
- Policia Legislativa – Súm. 397, STF
Investigar membros do S.F e da C.D.
► Procedimento de Investigações Criminais – investigação direta pelo MP:
Embora o dissídio doutrinário e jurisprudencial, tem prevalecido no STF a
legitimidade do MP para promover a investigação criminal, sob o argumento que, quando a
CF atribui ao órgão a titularidade exclusiva da ação penal pública, confere-lhe implicitamente
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os mecanismos e instrumentos para alcançar este fim, o que tem-se denominado de Teoria dos
Poderes implícitos.

● Notitia Criminis
a) Conceito:
É o conhecimento espontâneo ou provocado da noticia da infração penal.
b) Espécies:
b1) Cognição direta, imediata, espontânea ou inqualificada.
→ Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração
penal por suas atividades rotineiras.
b2) Cognição indireta, mediata, provocada ou qualificada.
→ Dá-se por meio de uma comunicação formal. O que ocorre, por
exemplo, com as requisições do juiz e do MP ou, ainda, com a “delactio
criminis”.
▪ Delactio Criminis: é a forma pela qual a vítima ou qualquer outra pessoa leva ao
conhecimento da autoridade a notícia da infração penal.
→ Espécies:
× Simples: quando a pessoa somente narra a existência de um fato delituoso.
× Postulatória: além de narrar o fato delituoso requer, à autoridade policial,
alguma providência.
× Compulsória ou obrigatória: decorre da posição que o agente ocupa/assume.
Ex.: art. 66, I, LCP (3.688/41)
b3) Cognição coercitiva:
Dá-se na hipótese única da prisão em flagrante.

4) Início do Inquérito Policial – art. 5º:


a) Nos crimes de ação penal publica incondicionada:
I) De ofício (por iniciativa própria da autoridade);
II) Por requisição do Ministro do MP ou do Juiz;
III) A requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
b) Nos crimes de ação penal publica condicionada:
I) Representação do ofendido (§4º); ou
II) Requisição do Ministro da Justiça.
c) Nos crimes de ação penal de iniciativa privada:
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I) Depende da manifestação da vítima (requerimento/autorização) - §5º.

5) Peças inaugurais do I.P:


a) Portaria:
Narração sucinta do fato delituoso com referência à data e local, autor da
infração e vítima (se possível), providências preliminares e comando de instauração.
b) Requisição (do MP ou do Juiz):
É uma exigência legal (ordem) que impõe à autoridade policial dever de
instaurar o I.P. Em se tratando de regra manifestamente ilegal, o delegado fica desobrigado a acatar a ordem.
Em eventual Habeas Corpus é o requisitante (MP ou Juiz) que figura
como autoridade coatora.
c) Requerimento:
É uma solicitação de instauração de I.P. Se a solicitação for indeferida, cabe
recurso ao chefe de polícia - §2º, art. 5º.
d) Representação:
É igualmente uma solicitação. Mas funciona, ainda, como autorização para
instauração do I.P e da Ação Penal.
e) Auto de prisão em flagrante (APF):
É o documento que formaliza a lavratura do flagrante.

6) Procedimentos investigatórios – art. 6º:


a) Conservação do local do crime:
- Objetivo: para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos.
- Exceção: em acidente de transito é possível o desfazimento do local
para atendimento aos feridos e desobstrução do trafego.
OBS.: Desfazimento criminoso – conseqüências:
Regra: art. 347, CP (fraude processual).

b) Apreensão de objetos:
b1) Momento:
- no local do crime (se liberado pelos peritos);
- no momento da prisão;
- a qualquer momento com autorização judicial (mandado de busca)
respeitada a inviolabilidade do domicílio.
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b2) Apreensão em domicílio – art. 5º, XI, CF:


- Somente durante o dia.
→ Conceito de dia:
▪ Flexível (luz solar): dia é o período compreendido do amanhecer ao anoitecer.
▪ Rígido (cronológico): das 06 as 18 horas.

b3) Destino dado aos objetos:


▪ Se interessar ao processo, acompanha o I.P (art. 11)
▪ Se não interessam ao processo:
→ Se não há dúvida quanto ao direito do reclamante, é possível efetuar a
restituição do objeto. OBS.: do indeferimento da restituição, cabe M.S.
→ Se houver dúvida: incidente de restituição de coisa apreendida.

c) Oitiva de vítimas e testemunhas:


- Informação dada por meio de Mandado de Intimação.
OBS.: Se, regularmente intimados, deixarem de comparecer sem justo motivo,
podem ser conduzidas coercitivamente – arts. 201, §1º e 218, CPP.

d) Interrogatório do indiciado/investigado:
- Duas fases: sobre a pessoa e sobre os fatos.
- Direito ao silêncio.
- Principio da não auto-incriminação (“Nemo tenetur se detegere”).

OBS.: - Curador (art. 15) – artigo revogado tacitamente – o dispositivo perdeu sua aplicação
quando o código civil equiparou a maioridade civil à penal.
OBS².: - Incomunicabilidade do indiciado (art. 21) – prevalece na doutrina que o dispositivo
não foi recepcionado pela CF.

e) Reconhecimento de pessoas ou de objetos (arts. 226 a 228, CPP):


Serve para esclarecer dúvidas quanto às pessoas ou coisas envolvidas no crime.
Embora não haja previsão legal, tem-se admitido o reconhecimento fotográfico, desde que
observadas as formalidades do reconhecimento pessoal.
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f) Acareação (arts. 229 e 230, CPP):
Serve para esclarecer PONTOS DE DIVERGÊNCIA nas declarações dos
investigados, das testemunhas e das vítimas.
Pode ser:
- Direta: dá-se pelo confronto pessoal (cara a cara);
- Indireta: ocorre por carta precatória.

g) Perícia (arts. 158 e seguintes, CPP):


- Sempre que a infração deixar vestígios (infração não transeunte/imóvel);
- Realizadas apenas por um perito oficial ou, se não tiver, dois peritos NÃO
oficiais.

h) Identificação criminal:
- Objeto:
Coleta de digitais e fotos.
OBS.: O civilmente identificado não será submetido a medida de identificação
criminal, salvo nas hipóteses da lei 12.037/09. Fora destas hipóteses a medida constitui
constrangimento ilegal.
OBS².: A súmula 568 do STF perdeu a sua eficácia em razão do texto
constitucional.

i) Reprodução simulada dos fatos (reconstituição do crime) (art. 7º, CPP)


Limitações:
- A medida não pode atentar contra a moralidade e a ordem pública.
- Não pode obrigar o investigado a participar (ninguém é obrigado a
fazer prova contra si mesmo).

7) Características do inquérito policial:


a) Unidirecional - colher indícios de autoria e materialidade. Art. 4º.
b) Oficialidade – somente pode ser procedido pelas Policias Federal e Civil. Art. 4º.
c) Obrigatório à autoridade policial – art. 5º, caput, CPP.
d) Dispensável (prescindível) ao MP – arts. 12, 27, 39 §5º e 46 §1º, CPP.
e) Formal ou escrito – art. 9º, CPP - atos reduzidos a termo.
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f) Indisponível – art. 17, CPP – SOB HIPÓTESE alguma o inquérito pode ser
arquivado pela autoridade policial.
g) Inquisitivo:
Revogação (mitigação / inaplicabilidade ou descabimento) do contraditório e
da ampla defesa.
h) Sigilo das investigações – art. 20, CPP.
Regra da sigilação ou regra da sigilosidade.
- Pró-sociedade;
- Pró-indiciado.
▪ OBS.: sigilo quanto ao advogado – antinomia aparente de norma.
Art. 20 – o I.P é sigiloso. Porém, o Estatuto da OAB, art. 14, diz: O
advogado tem direito de vista aos autos do I.P, independentemente de
procuração, no estado em que se encontra.
▪ POSIÇÃO do STF – súm. 14: o advogado tem amplo acesso aos atos
JÁ documentados do inquérito.
Garantias, em caso de negativa de vista ao advogado:
- Mandado de Segurança;
- Habeas Corpus (preservativo / profilático);
- Reclamação ao STF.
i) Impossibilidade de se opor suspeição da autoridade policial – art. 107, CPP.

8) Valor probatório do I.P:


Por se tratar de procedimento informativo o I.P tem valor relativo, não podendo, o
juiz, embasar a sua decisão exclusivamente nele.

9) Vícios do I.P:
Os defeitos, por ventura, existentes no I.P não invalidam a subseqüente ação penal.

10) Encerramento das Investigações:


a) Relatório: é uma narrativa minuciosa do que foi apurado. As testemunhas não
ouvidas serão referidas (“qualificadas”) no relatório.
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b) Prazo para conclusão do I.P:
Regra, art. 10º, CPP:
Indiciado preso: 10 dias improrrogáveis.
Indiciado solto: 30 dias, poderá ser prorrogado pelo prazo assinado pelo juiz.

OBS.: Justiça Federal (inquérito promovido pelo delegado federal):


Art. 66, lei 5010/56.
Indiciado preso: 15 dias, prorrogáveis por mais 15.
Indiciado solto: 30 dias, prorrogáveis pelo período que o delegado solicitar e o
juiz autorizar.

OBS².: Lei de drogas:


Traficante preso: 30 dias.
Traficando solto: 90 dias.
Podem ser duplicados, ou seja, chegar a 60 dias (preso) ou 180 dias (solto).

c) Destinatários do Inquérito:
Imediato:
MP (crime de ação publica);
Ofendido (crime de ação privada).
Mediato:
Juiz (pois aguarda a manifestação dos destinatários imediatos).

d) Atribuições do MP com o I.P:


d1) Oferecer a denúncia;
d2) Se não tiver elementos suficientes para denunciar:
Requer novas e imprescindíveis diligências (arts. 13, II e 16);
d3) Se verificar que não há fato a ser investigado/autorizar instauração de ação
penal:
Requer o arquivamento.
d4) Se constata que aquele juízo não é competente para julgar aquele crime:
Requer a remessa ao juízo competente.
• Na ação penal privada: MP atua como custos legis (fiscal da lei)
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→ Prazo para o MP tomar as providencias (d1 a d4):
Indiciado preso: 05 dias.
Indiciado solto: 15 dias.
→ Prazos especiais:
Crime de drogas e crimes eleitorais: 10 dias.
Crime de economia popular: 02 dias.
Crime de abuso de autoridade: 48 horas.

► Conseqüência da perda do prazo pelo MP:


→ Para a vítima: caberá ação penal privada subsidiária.
→ Para o indiciado preso: acarretará o relaxamento da prisão.

11) Arquivamento do I.P:


a)Autoridade competente: SOMENTE o juiz, a requerimento do MP.

b) Caso o juiz não concorde com o pedido feito pelo MP – art. 28, CPP:
- Justiça Estadual: remete ao procurador-geral de justiça.
- Justiça Federal / DF/Territórios / Militar: Câmara de Coordenação e Revisão.

c) Arquivamento implícito ou tácito:


c1) Espécies:
Subjetivo: A polícia apura concurso de pessoas e o MP deixa de denunciar a
alguma delas (pessoas) sem justificar.
Objetivo: A polícia apura concurso de crimes e o MP deixa de denunciar a
algum fato sem justificar.
c2) Configuração:
O arquivamento implícito só se configura se houver dupla omissão. A do MP
que deixou de denunciar; e a do juiz que deixou de provocar a solução que o caso
exige.
c3) Solução:
Constatando omissão do MP, o juiz adota o art. 28 do CPP por analogia.

d) Carga da decisão que determina o arquivamento:


De regra: faz coisa julgado formal, SALVO em caso de atipicidade.
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13) Investigação posterior ao arquivamento do inquérito – art. 18, CPP e Súm 524,
STF:
→ Somente se houver novas provas;

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