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Propostas de provas-modelo

PROPOSTA DE PROVA-MODELO
12.° ANO DE ESCOLARIDADE

Duração da prova: 120 minutos PROPOSTA DE PROVA-MODELO 1

PROVA ESCRITA DE HISTÓRIA

GRUPO I

O ESTADO TOTALITÁRIO ESTALINISTA

Documento 1 Documento 2
Emprego nos sectores secundário e terciário Colectivização dos campos
(em milhões) (em percentagem)

24 1,7 %

22 Operários
20 Empregados
de serviços
18 1928
16
14 61,5 %

12
10 1932

8
6 96,9 %

4
2 1940

0 Unidades agrícolas Outras unidades


1928 1940 colectivizadas agrícolas

Documento 3
A oposição à colectivização da agricultura
Todos os dias nos enviam pessoas que vêm pedir-nos para assinar a nossa adesão a tal ou a tal kolkhoze,
para uma escravidão eterna, mas não queremos deixar as nossas casas. Talvez seja uma pobre cabana,
mas ela é minha; o meu cavalo é talvez uma mula, mas pertence-me. Entre nós o que trabalha mais tem
alguma coisa para comer. Nós, os camponeses, estamos habituados ao trabalho. [...]. É por isso que nós
vos pedimos para renunciar a criá-lo [o kolkhoze] e deixar aos camponeses as suas propriedades. Então
estareis seguros que cada um de entre nós será capaz de trazer para o mercado mais excedentes e o
comércio será livre. Nós, camponeses pobres, pedimo-vos para mudarem tudo, para nos darem a liber-
dade, e então seremos felizes em ajudar o Estado.

Documento 4
A repressão estalinista
Tem-se notado que um grande número de antigos kulaks e de criminosos, deportados nas longínquas
regiões da Sibéria e do Grande Norte e em seguida regressados a casa, estão hoje implicados numa série
de acções terroristas e de actividades anti-soviéticas, tanto nos kolkhoses e sovkhoses, como nos transpor-
tes e empresas.
O Comité Central do Partido Comunista propõe a todos os secretários das organizações regionais do
Partido e a todos os representantes regionais […] que elaborem uma lista de todos esses elementos anti-
-soviéticos. Os mais activos serão imediatamente presos e fuzilados […]. Os outros, menos activos, mas
não menos anti-soviéticos, serão internados e deportados.
Proposta de prova-modelo 1

Documento 5

Tradução: Estaline, o amigo

1. Justifique as alterações verificadas nos sectores secundário e terciário da população activa da


URSS (Documento 1).

2. Insira os dados evidenciados pelos Documentos 1 e 2 na conjuntura de construção da sociedade


socialista.

3. Esclareça as circunstâncias em que decorreu o processo de colectivização da agricultura (docu-


mentos 3 e 4).

4. Identifique a mensagem veiculada pelo Documento 5.

5. Explicite a estratégia do regime soviético nos anos 30 do século XX.


A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, os seguintes tópicos de desenvolvimento:
– a construção da sociedade socialista;
– o modelo político estalinista.
A sua resposta deve integrar, para além dos seus conhecimentos, os dados disponíveis nos documentos 1 a 5.
Identificação das fontes
Docs. 1 e 2 – A. Reis (dir. de), História do Século XX, Lisboa, Edições Alfa, 1995 (adaptado)
Doc. 3 – «Carta de um camponês, pequeno proprietário, dos arredores de Smolensk, a um jornaI», in Les Mémoires de L’Europe, vol. V, Paris, Robert Lafont, 1973
Doc. 4 – Resolução n.° 94 do Politburo, de 2 de Julho de 1937
Doc. 5 – Cartaz de propaganda estalinista

GRUPO II

A POLÍTICA DE ALIANÇAS LIDERADA PELOS EUA

Os EUA e o sistema defensivo ocidental (1954)


A ameaça que enfrentamos não é passageira. É uma ameaça que pode durar muito tempo. A nossa
política deve ter isso em conta [...]. O grupo de nações submetidas ao domínio soviético [...] constitui um
vasto e compacto território com uma população que se eleva a 800 milhões de habitantes [...]. A sua posi-
ção estratégica [...] dá possibilidade ao bloco soviético de utilizar com fins ofensivos as rotas do Árctico, o
que coloca as nossas regiões industriais ao alcance de um ataque súbito.
A ameaça que evocamos não é só de ordem militar. A Internacional Comunista põe à disposição dos
dirigentes soviéticos uma rede política que se estende pelo mundo inteiro. Esta rede compreende um
número considerável de agitadores treinados e apoiados por uma poderosa organização de propaganda.
Esta foi concebida para explorar o descontentamento sob todas as suas formas, quer seja o que se opõe
ao colonialismo quer seja o que surge das más condições económicas.
Não é fácil gizar uma política que se possa opor a um perigo tão centralizado, tão vasto, tão variado e tão sus-
tentado [...]. A nossa esperança está na combinação de dois princípios: a criação de uma força que seja obra de
todos os membros da nossa comunidade e a utilização desta força para desencorajar qualquer agressão, por
esta se revelar tão gravosa quanto possível para o próprio agressor. Para as nações livres, a pedra angular da
segurança deve ser um sistema colectivo de defesa [...]: a NATO constitui a melhor concretização desta ideia.
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1. Identifique as ameaças que, segundo o secretário de Estado americano, pairavam sobre a comu-
nidade ocidental.
2. Esclareça a estratégia defensiva proposta pelo referido governante americano.
3. Insira o conteúdo deste discurso no contexto geopolítico do tempo em que é proferido.

Identificação da fonte
Discurso de Foster Dulles, secretário de Estado dos EUA, durante a presidência de Eisenhower, Abril de 1954 (adaptado)

COTAÇÕES

Grupo Itens Pontuação Total


1. 20
2. 20
I 3. 20 130
4. 20
5 50
1. 20
II 2. 20 70
3. 30
TOTAL ....................................................... 200 pontos

Proposta de resolução

GRUPO I
Questão 1
A partir dos dados do documento 1, podemos verificar que a população soviética empregada nos sectores secun-
dário e terciário registou um considerável crescimento, nos anos 30 do século XX. Concretamente, num curto espaço
de 12 anos, o número de operários passou de pouco mais de nove milhões para cerca de vinte e três milhões e o
número de empregados nos serviços mais que triplicou, ao registar um crescimento de um pouco mais de dois milhões
para cerca de dez milhões.
Estes dados são consequência da profunda transformação por que passou a estrutura produtiva na URSS, com a
ascensão de Estaline ao poder. Efectivamente, Estaline, empenhado no arranque irreversível para a construção da
sociedade socialista e na transformação da URSS numa grande potência mundial, empreendeu uma política de indus-
trialização, sob rigorosa direcção do Estado, em sucessivos períodos de cinco anos. Foi o tempo dos planos quinque-
nais em que a URSS se lançou no desenvolvimento da grande indústria pesada e ligeira, arrastando, em consequên-
cia, o desenvolvimento dos sectores dos serviços, também ligados à burocratização do Estado.

Questão 2
Estaline ascendeu ao poder em 1928 defendendo a tese de que era necessário consolidar o comunismo na URSS
e só depois partir para a sua internacionalização, como defendia Trotsky, seu opositor. Esta consolidação do comu-
nismo, de que a sociedade socialista era a mais importante manifestação, só era possível através de um combate efi-
caz ao atraso económico que tinha marcado os anos 20, em consequência da guerra civil em que a Rússia se viu
envolvida.
Por conseguinte, Estaline suspendeu a NEP que vinha dando azo à formação de um forte sector privado de
homens de negócios, os nepmen, e de agricultores, os kulaks, e implementou uma política de nacionalização de todo
o sector produtivo, onde se insere o desenvolvimento da indústria sob forte direcção do Estado, conforme referimos
na resposta anterior, e de colectivização dos campos, conforme podemos concluir da análise do documento 2, no que
refere à agricultura.
Da actuação política de Estaline resultou que, em 1940, praticamente não havia propriedade privada na URSS.
O Estado apropriara-se da propriedade da terra, do subsolo, das instalações fabris, das redes de distribuição, do
comércio e até de capitais e de outros rendimentos do trabalho, transformando os antigos proprietários em simples
assalariados socialistas.
Proposta de prova-modelo 1

Questão 3
Claro que este processo de nacionalização da economia e de construção da sociedade socialista contou com uma
forte oposição do sector privado, nomeadamente dos camponeses, os kulaks, agarrados às suas propriedades e que
se opõem à instituição dos kolkhoses. Consideram que estas grandes propriedades colectivas, geridas e trabalhadas
por camponeses, geralmente da mesma região, em regime cooperativo, mais não são do que uma forma de “escravi-
dão eterna” e que não produzirão com a qualidade e a quantidade que produziriam as terras se se mantivessem como
propriedade privada.
A razão que podiam ter os camponeses foi duramente contrariada por Estaline ao impor uma severa repressão
sobre quem se opusesse ao processo de colectivização dos campos. Sob acusação de sabotagem do desenvolvi-
mento económico da URSS e do processo revolucionário, os antigos proprietários das terras que manifestassem o mais
pequeno sinal de oposição à política económica estalinista eram culpados de terrorismo e de actividade anti-soviética e,
como tal, condenados à prisão ou à morte ou, na melhor das hipóteses, à deportação.

Questão 4
O documento 5 evidencia uma das características dos regimes totalitários. Quando falamos em regimes totalitários,
referimo-nos, normalmente, aos regimes nazi-fascistas que se afirmaram na Europa ocidental, nos anos 30. Ora, de
uma análise mais cuidada, podemos concluir que o Estalinismo constituiu outra manifestação de totalitarismo. O culto
da personalidade documentado na gravura é disso uma clara evidência.
Com efeito, também na URSS se instituiu o culto da personalidade de Estaline, o chefe omnipotente, “amigo” e
protector do povo soviético, neste caso, dos jovens que o veneram extasiados e apaixonados. Este quadro é mais
uma das muitas manifestações culturais insistentemente divulgadas por todos os espaços públicos, onde se exaltam
as grandes realizações e a figura de Estaline, chefe incontestado do Estado soviético.

Questão 5
Os anos 30 do século XX foram os anos da afirmação de Estaline na liderança política da União Soviética e, com ele,
do arranque irreversível para a construção da sociedade socialista e transformação da URSS numa grande potência
mundial.
Com efeito, em 1928, após a morte de Lenine, Estaline ascendeu ao poder defendendo a tese de que era neces-
sário consolidar o comunismo na URSS e só depois partir para a sua internacionalização. Ora, esta consolidação do
comunismo só era possível através de um rápido desenvolvimento do país, de forma a resolver definitivamente a crise
económica que chegou a pôr em perigo a revolução.
Em conformidade com os seus princípios, Estaline interrompeu o processo de relativa liberalização da economia
instituído com a NEP e empreendeu uma política de nacionalização de toda a propriedade privada.
No âmbito desta estratégia, a propriedade rural foi organizada em kolkhoses, grandes propriedades agrícolas colecti-
vas geridas e trabalhadas pelos camponeses, geralmente da mesma região, em regime cooperativo, e em sovkhoses,
propriedades dirigidas directamente pelo Estado onde os trabalhadores auferiam um salário fixo, normalmente baixo. É
esta a realidade evidenciada no documento 2, onde podemos verificar que de apenas 1,7% de terras colectivas em 1928
(11 anos após a revolução) passou-se para a quase total colectivização da propriedade fundiária em 1940. Não comete-
remos grande erro se dissermos que, em igual período de tempo, todos os campos da URSS foram nacionalizados!
O comércio foi organizado à semelhança da propriedade rural em cooperativas de consumo local ou em grandes
armazéns estatais.
Mas foi na indústria que mais se fez sentir o rigor da planificação. Estaline projectou o desenvolvimento industrial em
sucessivos períodos de cinco anos, os planos quinquenais, executados metodicamente, tendo em vista o desenvolvi-
mento da indústria pesada, num primeiro plano, até 1933; da indústria ligeira e alimentar, num segundo plano, até 1938;
do sector energético e das indústrias químicas, num terceiro plano, nos cinco anos seguintes. Esta planificação estalinista
foi interrompida com o início da Segunda Guerra Mundial e só foi retomada após 1945, tendo como preocupação a reso-
lução das dificuldades surgidas com o conflito e a investigação científica, já num quadro de Guerra Fria. É o arranque
deste surto industrial que explica que, em apenas 12 anos, quase triplique o número de operários e mais do que triplique
o número de empregados de serviços, conforme evidencia o documento 1.
Em consequência desta acção política, em meados dos anos 30, praticamente não havia propriedade privada na
URSS. O Estado apropriara-se da propriedade da terra, do subsolo, das instalações fabris, das redes de distribuição,
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do comércio e até de capitais e de outros rendimentos do trabalho, transformando os antigos proprietários em simples
assalariados.
Porém, considerando as dificuldades estruturais em que decorreu a industrialização estalinista, a concretização e o
sucesso dos planos só foram possíveis através de uma forte disciplina que passava pela imposição forçada do trabalho,
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por deportações em massa de trabalhadores para os locais onde eram necessários, pelo apelo ao interesse pessoal
através da instituição de prémios, que podiam ir até à glorificação pública, e pela propaganda que instituiu o culto a
Estaline e ao Estado.
O mesmo se passou com a colectivização dos campos, onde os proprietários se ergueram contra a instituição dos
kolkhoses, que consideravam uma “escravidão eterna” e em defesa da propriedade privada, considerada mais produ-
tiva e mais rentável para o Estado, como podemos concluir do documento 3. Contra os kulaks actuou duramente
Estaline, considerando-os “implicados numa série de acções terroristas e de actividades anti-soviéticas” e, por isso,
passíveis de serem “presos e fuzilados” ou “internados e deportados”, como podemos concluir do documento 4.
Estas posições de Estaline perante os opositores ao processo das nacionalizações evidencia o carácter do modelo
político estalinista do período em análise.
São tempos em que o centralismo democrático, instituído pela Constituição de 1918, evoluiu claramente para a
ditadura. Mas não foi para a ditadura do proletariado, como prenunciavam os princípios marxistas, foi para a ditadura
do Partido Comunista, na pessoa do seu dirigente máximo e presidente da República, apresentado como o único e
legítimo intérprete do marxismo-leninismo. Em torno de Estaline gravitava a nomenclatura do partido, uma elite buro-
crática de sua ilimitada confiança, cuja constituição também deixava transparecer profundos desvios aos objectivos
marxistas, como era a supressão da sociedade sem classes.
Confirmado no poder, Estaline empreendeu uma feroz perseguição a todos os que revelassem possibilidades de
lhe fazer oposição. Através de sucessivas purgas, eliminou, pela condenação à morte ou à expatriação, através de
processos obscuros, todos os reais ou simplesmente potenciais opositores incluindo antigos e importantes interve-
nientes no processo revolucionário. Entretanto uma poderosa máquina de propaganda associada a políticas educati-
vas que visavam a arregimentação da juventude e a sua mobilização para o do culto do chefe e do regime, conforme
mostra o documento 5, faziam de Estaline o senhor absoluto do partido através do controlo de todas as suas estrutu-
ras organizativas. E, através do controlo do partido, Estaline controlava, de forma totalitária, toda a União.

GRUPO II

Questão 1
O secretário de Estado americano refere-se, no seu discurso, em 1954, à ameaça soviética sobre o bloco ocidental,
em particular sobre as “regiões industriais do Norte dos EUA e do Canadá”, dada a imensa massa territorial e humana
(“800 milhões de habitantes”) estrategicamente posicionada para “utilizar com fins ofensivos as rotas do Árctico”.
Mas considera que tão grave como a ameaça militar é a ameaça política que resulta da dispersão pelo “mundo
inteiro” da ideologia comunista sustentada pela Internacional Comunista. Consideram que esta organização, que con-
grega no seu seio os países alinhados com a URSS, é um poderoso instrumento de propaganda e de preparação de
“agitadores” com capacidade para explorarem o descontentamento dos povos sujeitos à dominação colonial e a situa-
ções de pobreza.

Questão 2
A estratégia defensiva proposta pelo secretário de Estado Foster Dulles assenta na formação, por parte das
“nações livres”, de um “sistema colectivo de defesa” de que, por exemplo, a OTAN constitui a melhor concretização”.
Trata-se da multiplicação de alianças de carácter político-militar lideradas pelos Estados Unidos e alicerçadas no
seu poder económico e militar com o objectivo de estender a sua influência a todo o mundo. A formação destas alian-
ças era normalmente acompanhada pela celebração de acordos bilaterais para estabelecimento de bases militares,
em pontos estratégicos, constituídas como autênticas sentinelas de alerta contra a ameaça comunista, com o objec-
tivo de fazer sentir à URSS a sua presença ameaçadora.

Questão 3
Este discurso insere-se num contexto de feroz antagonismo entre as duas superpotências, materializado no con-
ceito de Guerra Fria em que se envolveram nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial e que, em
meados da década de 50, atingia o momento de maior tensão.
O orador está a convidar o mundo livre a organizar-se politica e militarmente tendo em vista combater o cresci-
mento militar, nomeadamente nuclear, da URSS e o expansionismo soviético, não só na Europa de Leste, mas tam-
bém na Ásia e na América Latina.
No Leste europeu, afirmavam-se as chamadas democracias populares, autênticos estados-satélites unidos ideolo-
gicamente na Internacional Comunista, politicamente no COMINFORM e economicamente no COMECON. Na Ásia, a
URSS apoiava os movimentos nacionalistas de inspiração comunista e, na América Latina, proliferam movimentos
revolucionários de contestação da hegemonia americana na região, apoiados pelo comunismo internacional.

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