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FITOTERAPIA

Por Ana Elizabeth

A Fitoterapia é sistema terapêutico de prevenção e tratamento de doenças


através do uso de vegetais e seus princípios ativos. Considerada uma das
práticas mais antigas de medicina da humanidade, a fitoterapia foi
negligenciada por mais de um século com o avanço da medicina tradicional, o
uso de antibióticos e remédios alopáticos. A partir da década de 1970 o
interesse pela fitoterapia renasceu, dando origem a diversos centros de
pesquisas no Brasil e no mundo.
A palavra tem origem grega e deriva dos termos phyton (vegetal) e therapeia
(terapia). O termo fitoterapia foi usado pela primeira vez pelo médico francês
Dr. Henri Leclerc (1870-1955) quando publicou numerosos ensaios sobre o uso
de plantas medicinais num importante jornal médico, La Presse Médicale.
Na medicina chinesa sempre houve o interesse e estudo sobre o uso das
plantas. O imperador Shen Nung (2838 - 2698 a.C.), considerado um dos
fundadores da medicina em seu país relacionou 365 ervas e prescrições em
sua obra Pen T'sao Ching (Herbário). Durante a dinastia Ming, o Pen T’sao
Kang Um (Grande Herbário), se tornou uma das obras mais importantes sobre
ervas. Li Shi-Chen após 27 anos de estudos relacionou em 52 volumes
aproximadamente 1871 tipos de drogas terapêuticas.
Manuscritos egípcios, datados de 1500 a.C., mencionam o uso de vegetais no
combate às doenças. Na Grécia, Hipócrates deixou uma obra notável, Corpus
Hippocraticum, com dados sobre a terapia com vegetais. Theophrastus,
famoso botânico grego e considerado pai da Botânica, no século 4 a.C.
realizou diversos estudos sobre as propriedades de aproximadamente 455
plantas medicinais.
Durante o Império Romano o uso de ervas foi marcante, principalmente pela
influência dos gregos. O médico romano Aulus Cornelius Celsus, além de ter
sido um grande cirurgião, deixou em sua obra De Medicina, 2 volumes
específicos sobre o uso de plantas medicinais. Dioscórides estudioso greco-
romano,em sua obra De materia medica, descreveu cerca de 600 plantas, 35
fármacos de origem animal e 90 de origem mineral. A obra foi a principal fonte
de informação sobre drogas medicinais do século I ao 18.
Galeno, médico grego que viveu em Roma durante o século 2, combinou ervas
para o uso na medicina. As misturas de ervas eram conhecidas como
galênicas, termo que ainda é utilizado nos dias de hoje.
Após a queda do Império Romano, o trabalho científico na Europa entrou em
estagnação. Durante esse período os persas e árabes, mantiveram as idéias
de Galeno. No século 11, o médico árabe Avicena escreveu a enciclopédia
médica The Canon Medicinae, que se tornou base do conhecimento médico do
Ocidente por muitos séculos.
Durante o Renascimento muitas obras clássicas da antiguidade sobre o uso de
plantas medicinais foram traduzidas, o que favoreceu o resgate de
conhecimentos praticamente perdidos durante a Idade Média.
No século 16, o médico e alquimista suíço Paracelso estudou a extração do
que chamou “alma dos vegetais”, mais tarde conhecida como essência ou óleo
essencial. Através da observação da morfologia das plantas e suas diferentes
características, ele podia prever suas indicações terapêuticas.
BOX

De acordo com as tradições orientais o universo é movido por uma energia


vital, presente em todo ser vivo. Essa energia se divide em dois centros, Yin
(negativo, sombra) e Yang (positivo, luz). A enfermidade no corpo físico ocorre
quando há um desequilíbrio entre esses centros, impedindo o fluxo da energia
vital.
As plantas e ervas auxiliam a corrigir desequilíbrios e liberar o fluxo de energia.
Por esse motivo as plantas, em estudos orientais, são divididas de acordo com
suas características: gosto (doce ou amargo), cheiro (tênue ou acentuado) e
até mesmo pelo ambiente em que cresce (luz ou sombra).

Princípios

A fitoterapia trata de diversas enfermidades por meio de plantas medicinais


(folhas, caule, flores, raízes , sementes ou frutos), secas ou frescas, e seus
extratos naturais. As plantas medicinais são aquelas que possuem aplicação
consagrada pelo uso médico ou mesmo popular, e que geralmente constam da
Farmacopéia Brasileira ou The merk Index, enciclopédia composta de milhares
de medicamentos.
É considerado fitoterápico toda preparação farmacêutica (extratos, tinturas,
pomadas e cápsulas) que utiliza como matéria-prima partes de plantas. O uso
adequado dessas preparações traz uma série de benefícios para a saúde
humana auxiliando no combate de doenças infecciosas, disfunções
metabólicas, doenças alérgicas e traumas diversos.
A fitoterapia, assim como a farmacologia tem como princípio fundamental o
estudo e o isolamento do princípio ativo da planta, isto é, a substância ou
conjunto delas que são responsáveis pelos efeitos terapêuticos.O estudo é
importante, pois além do princípio ativo, a mesma planta pode conter
substâncias tóxicas, que podem induzir a reação alérgica ou outros males à
saúde. De acordo com a forma ou local onde foi cultivada, uma planta pode
conter agrotóxicos ou metais, prejudiciais à saúde.
Atualmente grande parte dos fitoterapeutas sugere aos seus pacientes o
consumo de produtos industrializados, pois o risco de contaminação nesse
caso é reduzido pelo controle de qualidade da matéria prima utilizada. Nas
conhecidas ultradiluições usadas na homeopatia, por exemplo, não existem tais
riscos.

Tratamento

A grande importância da fitoterapia está em seu caráter natural. Os tratamentos


feitos com ervas são mais suaves e agem com uma certa lentidão, permitindo
que o organismo se adapte àquilo que lhe é dado. Não há, portanto, “agressão”
a nenhum órgão ou função do organismo, como muitas vezes acontece na
medicina alopática que age rapidamente, mas causa efeitos colaterais
desagradáveis.
É muito comum a auto medicação nos tratamentos fitoterápicos, pois eles
fazem parte da medicina tradicional caseira, como os famosos chás para
diminuir uma cólica ou combater uma má digestão. Porém, para maior
segurança o uso de plantas medicinais deve ser feito de preferência sob a
orientação de um fitoterapeuta. Além desse cuidado é importante observar a
procedência do produto a ser utilizado, pois grande parte do que se encontra à
disposição no mercado consumidor não possui controle de qualidade ou
científico.

Os meios mais comuns do uso de plantas medicinais são:

Chás
Infusão: a água fervente é despejada sobre as plantas frescas (flores e folhas).
O recipiente deve ficar tampado por aproximadamente 10 minutos.
Decocção: Indicado para o preparo de chá com raízes, cascas, sementes e
folhas secas. Os ingredientes são fervidos por algum tempo em recipiente
tampado. Desligar o fogo e deixar em repouso por uns 15 minutos, abafado
antes de ser consumido.

Maceração
A parte da planta a ser usada deve ser picada ou amassada com um pilão.
Após o processo, ela pode ser mergulhada em água, óleo, vinagre ou vinho. As
partes tenras das plantas devem ficar em repouso por 12 horas. Cascas e
raízes geralmente devem ficar por um período de 24 horas em repouso. Antes
de usar é necessário coar a mistura.

Saladas
As plantas também podem ser consumidas cruas em forma de saladas ou
preparadas junto com os alimentos, como temperos. Devem ser bem lavadas
em água corrente.

Banhos
Algumas plantas podem ser acrescidas à água morna da banheira, e o banho
deve durar uns 20 minutos.

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