O desaparecimento das abelhas em muitos e diversos
locais, desde há muito que vem preocupando agricultores e cientistas, um pouco por todo o mundo. Nos últimos anos, todos os continentes têm sido vítimas do declínio destes insectos e, em alguns locais, a situação é tão grave que a polinização de algumas espécies já tem de ser feita manualmente pelos produtores, com custos elevadíssimos e com quebras incomportáveis na produção.
A ONU divulgou hoje um relatório onde demonstra a sua
preocupação relativamente ao agravamento da situação e à dificuldade em reverter o desaparecimento destes insectos. Peter Neumann, do Centro suíço de Investigação sobre Abelhas, e Marie-Pierre Chauzat, da Agência Francesa para o Ambiente, que elaboraram o documento, pedem mais atenção aos agricultores e apicultores, numa tentativa de recuperarem os habitats das abelhas, e também maiores cuidados nos períodos de aplicação e nas quantidades de insecticidas utilizados na agricultura.
Mas não são só os químicos que motivam o
desaparecimento das colmeias. Em muitas regiões, os campos electromagnéticos gerados por linhas eléctricas, as torres de telecomunicações, alguns fungos, que se têm propagado à escala global, ou espécies invasoras de outras abelhas, são motivos que têm sido apontados como fortes contributos para o declínio de colmeias por todo o planeta. As alterações climáticas podem constituir mais um motivo para piorar a situação, e a poluição descontrolada trouxe um novo impulso ao descalabro que já se fazia sentir desde há 40 ou 50 anos, já que os aromas que antes as abelhas podiam detectar a mais de 800 metros de distância hoje não ultrapassam, na maioria dos locais, os 200 metros.
Em alguns países, a situação já atingiu proporções
preocupantes. França, Bélgica, Suíça, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Itália e Espanha são os países europeus que mais sofrem os efeitos deste fenómeno, mas os Estados Unidos, o Japão, a China e o Egipto, por exemplo, são também já muito afectados e os agricultores começam a mostrar sinais de exaustão, por não conseguirem alterar o rumo dos acontecimentos.
Se nada for feito, ou se nada do que consiga fazer resultar,
em poucas décadas muitas flores e árvores de fruto podem começar a desaparecer e parte da alimentação de algumas populações pode estar em risco. O alarme parece ter, finalmente, soado na ONU, muitos anos depois de o problema se ter começado a sentir. Resta- nos esperar que não seja demasiado tarde.